A Garota

Capitulo 9 - Sinto Saudade


Eu estava em desespero, eu chorava e não sabia se socorria Ana que gritava assustada com o barulho de tiro, ou se socorria James que estava cheio de sangue, peguei meu celular, eu tremia e disquei o número do bombeiro, eles disseram que logo chegariam, dei o número do meu apartamento.

– James, calma os bombeiros já vão chegar. - eu disse enquanto colocava as minhas mãos em sua cabeça.

– Eu não vou aguentar, está queimando muito. - ele diz com a voz já falha.

– Eu sei, eu sei. - eu digo e suspiro, derramo algumas lágrimas.

– Onde está, Ana?- ele pergunta.

– No quarto, chorando. - falei.

– Vai pegar a menina, pode me deixar aqui. - ele disse.

– Não posso deixar você sozinho na sala e se você morre? - eu pergunto e ele sorri.

– Eu não vou morrer, ainda. - ele diz.

– Então já venho. - eu levanto correndo e vou pro quarto de Ana, onde ela não só chora como grita.

– Calma, é só um susto, mamãe está aqui. - eu disse.

– Ma...ma - ela disse e deu os bracinhos e eu a peguei.

– Eu te amo nada de mal vai acontecer com a gente. - suspiro abraçando ela forte.
A verdade é que eu não saberia o que aconteceria se James não tivesse chegado e me tirado das garras de Bryan acho que eu seria morta pelo olhar de ódio dele, confesso que nunca tive medo de homem nenhum, mas vê-lo daquele jeito me fez entrar em choque, voltei pra sala, com Ana e os bombeiros já faziam os primeiros socorros.

– Eu vou indo atrás, James vai ficar tudo bem. - falo e os bombeiros o tira da minha sala.

Troquei de roupa rapidinho e fui sem tomar banho mesmo, troquei a roupa de Ana arrumei sua mala tão rápido que devo ter esquecido algo, mas o mais importante eu não esqueci... O leite. Sai correndo, tranquei a casa e peguei o elevador que por sorte logo chegou, ao chegar à portaria eu nem oi falei direito pro John, eu fui rasgando, peguei o primeiro táxi e em menos de quinze minutos estava na sala de espera do hospital, esperando por notícias, enquanto Ana brincava com seus dedinhos.

– Algum acompanhante de James Vieira Gonçalves? - uma recepcionista diz.

– Eu. - ergo a mão.

– Por favor, acompanhe-me o médico quer falar com você. - ela diz.

– Posso entrar com minha filha?- pergunto.

– Tudo bem. - ela disse e assim eu vou com ela, novamente pelos corredores escuros e frios do hospital.

Chegamos ao escritório, e ela me manda entrar.

– Por favor, sente-se. - o doutor diz e eu me sento.

– Como ele está? - eu digo.

–O que você é dele? -ele pergunta também.

– Aluna... - eu digo.

– O que ele estava fazendo em sua casa?- ele pergunta.

– Meu ex-namorado estava maluco querendo algo comigo e do nada ele chegou, eu não sei o que ele foi fazer lá, porém ele salvou a minha vida e resultou a isso. - eu disse.

– Nossa. - ele fala.

– Mas, como ele está doutor? - eu pergunto.

– Eu não tenho boas notícias. - ele fala.

– Qual é a noticia doutor? - meus olhos se enchem de lágrimas.

– Os bombeiros irresponsáveis demoraram muito pra chegar e o James perdeu muito sangue, e a bala ficou em um local nada adequado, ou ele morria, ou ele ficaria com sequelas do tipo de ter que amputar o braço por causa do ombro e tal. - ela disse.

– E o que aconteceu, ele ficou com sequelas? - eu perguntei, já derramava as lágrimas.

– Não moça, ele morreu - ele disse um pouco frio.

' O quê? James morreu, como assim... Ele não pode ir, ele não pode me deixar, socorro!"

– Não, o James não pode ter morrido doutor, não pode. - eu disse chorando demais.

– Infelizmente ele morreu, conseguimos retirar a bala, porém ele perdeu muito sangue e não foi o suficiente para mantê-lo vivo. - ele disse tentando me consolar.

– O que eu vou fazer agora? - eu disse chorando.

– Por favor, avise os familiares para preparar o funeral, ele pode ficar aqui no nosso necrotério por apenas seis horas. - ele disse.

– Tudo bem. - eu digo chorando e saio dali, destruída resolvo ligar pra Viviane, que logo atende.

– Oi amiga. - ela diz toda animada.

– Amiga... - eu digo chorando.

– O que foi o que aconteceu Bia? - ela diz.

– O professor James, morreu. - eu disse chorando.

– O que? Como assim, me conta tudo. - ela diz assustada.

– O Bryan o matou - eu falo.

– O que ele fez pra matá-lo? - ele diz.

– Bryan chegou em casa hoje logo cedo, louco de raiva por eu ter tido um caso com o Eduardo, e o James chegou e começou a lutar com ele, quando eu gritei pro James sair o Bryan atirou em seu ombro e saiu correndo - eu disse chorando, relembrando as cenas de pavor, tensão, medo e morte.

– Minha nossa, onde você está agora?- ela pergunta.

– Estou aqui em frente ao hospital, vou pegar um táxi tenho que ir até a escola, ver o endereço dele e ir avisar seus pais, o corpo pode ficar no hospital somente por seis horas. - eu disse tentando parar de chorar.

– Me espera aí, nós vamos juntas. - ela diz.

– Tudo bem, vou esperar. - falo, sentando-me em um dos bancos que ficavam expostos na entradinha do hospital.

– E agora, o que fazer meu Deus?. - eu fito o céu que hoje está escuro, com certeza choveria.


10 minutos depois...

. Viviane chegou me deu um abraço de conforto, e eu fui com Ana no banco do passageiro, passei o cinto em mim.

– Amiga que complicado. - ela falava olhando pra frente.

– Eu não sei como dar a notícia agora aos seus pais. - eu digo.

– Chega e conta tudo o que aconteceu. - ela diz.

– É pode ser, vamos à escola, primeiro. - eu falo.

– Eu sei onde o professor mora. - ela fala.

– Então vamos lá. - eu digo e ela toma o rumo à sua casa.

Chegando lá, ela estaciona meu coração acelera.

– Você vai comigo? - eu pergunto.

– Tudo bem. - ela diz, fecha os vidros, eu desço com as pernas bambas, entrego Ana à ela e aperto a campainha, logo uma mulher que aparenta ter seus cinqüenta e poucos anos, pele morena, cheia de maquiagem, cabelo bem penteado porém grisalhos já e um pouco alta, me atende.

– Oi. - eu digo com o coração acelerado.

– Olá. - ela sorri.

– A senhora é mãe do professor, James? - enrosco as palavras.

– Sou sim, porém ele não está. - ela diz.

– Posso conversar com a senhora? - eu digo.

– Tudo bem, entre. - ela me dá passagem, entro eu na frente e Viviane atrás com minha filha.

– É sua? - ela pergunta e aponta pra Ana.

– Sim. - falei e sorri.

– Uma graça. - ela sorri verdadeiramente.

– Eu vou direto ao ponto, a senhora tem problema no coração? - eu pergunto.

– Não, porque a pergunta? - ela diz.

– Hoje logo cedo, meu ex namorado chegou à minha casa louco de ódio porque eu estava namorando com outra pessoa, eu comecei a gritar, naquele momento seu filho o professor James chegou e ao ver aquela cena, começou a socá-lo, naquele momento meu ex namorado tirou uma arma, e quando eu gritei pro James correr, ele atirou! - eu falei derramando lágrimas, vi sofrimento em seu olhar e ela logo começou a derramar lágrimas também.

– E como ela está? - ela pergunta.

– O doutor disse pra mim que pela irresponsabilidade dos bombeiros de demorarem, ele perdeu muito sangue a bala atravessou para um local inadequado, e ele ficaria ou com sequelas ou morreria. - eu expliquei.

– Diz pra mim, que ele ficou com sequelas moça. - ela diz em desespero.

– Eu sinto muito - eu digo e abaixo a cabeça.

– Meu James, morreu? - ela pergunta chorando muito.

– Sim. - eu disse a abraçando.

– Eu perdi o meu filho, o meu único filho, eu nunca vou me perdoar eu nunca fui mãe. - ela dizia enquanto chorava em meu ombro.

– Calma, eu sei que está doendo, eu estou sofrendo também isso tudo por causa de mim. - eu falei chorando.

– Meu filho era apaixonado por você. - ela me disse.

– Como você sabe? - eu pergunto e arregalo os olhos.

– Há uma semana atrás ele chegou me falando que tinha se apaixonado por uma aluna e ia até pedir transferência da escola pra poder ficar com essa aluna, e ela se chamava Beatriz, seu nome é Beatriz? - ela pergunta.

– Sim. - eu digo e abaixo a cabeça.

– Ele chegou essa semana falando que já tinha pedido demissão, e falou que ia até sua casa te pedir em namoro, estava tão feliz Beatriz, ele nunca amou ninguém, ele deu a vida dele, por você. - ela dizia e chorava aquilo foi tudo um choque pra mim, meu professor deu a vida por mim, porque era apaixonado, porque me amava... Minha consciência estava pesada, eu não conseguia mais parar de chorar, estávamos abraçadas e Viviane também chorava com Ana em seu colo.

– Eu tenho que ir... O corpo de James está no necrotério do hospital da cidade, ele pode ficar somente por seis horas lá, o doutor mandou avisar os familiares dele para organizar o velório, vou deixar meu número com a senhora, o que precisar de mim pode contar comigo, e quando tudo estiver pronto, por favor, me liga? - eu pergunto.

– Sim querida, eu te ligo. - ela me dá um beijo no rosto e seca as lágrimas para me levar até a porta.

– Vai ficar tudo bem. - eu digo.

– A fase ruim passa querida, mas a dor de perder um filho permanece sempre no coração de uma mãe. - ela diz voltando a chorar e eu fico sem saber o que responder.

Eu também não aguentaria perder a Ana se ela chegasse a morrer, fui pra casa chorando e Viviane tentava me consolar de todas as maneiras, mas era impossível, que fase ruim, queria passá-la, uma hora eu perco meu professor que é apaixonado por mim, outra o amor da minha vida vai embora, outra meu ex namorado volta mais maluco que antes, quando isso vai melhorar? - eu penso.