A Garota

Capitulo 2 - Opostos


Acordei no outro dia com apenas um pensamento, Eduardo. Era estranho porque eu nunca pensei em ninguém ao me acordar, além de Bryan aquele brutamonte que insiste em me atentar, olho pros lados, levanto-me e fui seguindo até o banheiro para ver o estrago que estava minha cara, até que não estava muito, tinha apenas um pouco de rímel borrado, lápis preto por toda parte, nada que um papel higiênico não limpe, desfiz das minhas roupas e as coloquei no cesto e liguei o chuveiro, tomei um banho rápido, lavei meus cabelos depois sai, passei hidratante, anti-transpirante e coloquei uma roupa qualquer de ficar em casa, liguei o som no último volume e comecei a arrumar pra valer meu apartamento, quando a musica acabou a campainha do meu apartamento tocou, parecia mágica corri descalça com o cabelo desgrenhado, abri a porta com certo fôlego, e quando vi era o Eduardo, meu coração quase sai pela boca.

– Você - falei sorrindo fraco.

– Oi - disse o Eduardo.

– O que veio fazer aqui? - perguntei, não quis parecer grossa.

– Vim ver se posso ficar aqui por pelo menos uma hora, até sua amiga, e meu amigo saírem daqueles love deles, é horrível, ela chegou as 8:00 hrs lá em casa e ficaram por lá, simplesmente me traumatizando - disse o Eduardo rindo.

– A claro, pode ficar sem problemas, porem estou limpando aqui - falei.

– Como assim limpando? Você não tem empregada? - ele perguntou.

– Aqui a única empregada sou eu mesma, não tenho esses luxos - falei sorrindo.

– Licença - ele disse entrando, olhou em volta, e sentou-se.

– Quer tomar algo? - perguntei, batendo as mãos no meu short.

– Não, obrigado - ele disse sorrindo.

– Espero que não se importe com o meu barulho e com minha destruição - falei rindo.

– Qualquer barulho e destruição é melhor do que ter que ficar aturando aqueles dois - disse o Eduardo rindo.

– É - falei pegando o aspirador e comecei a limpar, era como se ele não estivesse ali, eu agia naturalmente, também estragava as coisas naturalmente também, logo o barulho diminuiu, sim o Eduardo tinha desligado o aspirador de pó - O que você tá fazendo? - perguntei, olhando pra ele incrédula.

– Me ensina a aspirar com esse negócio? - perguntou o Eduardo.

– Esse negócio chama-se aspirador de pó, é super útil - falei.

– Que seja, me ensina? - perguntou o Eduardo.

– Ok, você pega aqui - falei colocando as mãos dele acima do aspirador junto as minhas, ele estava bem próximo de mim, o senti suspirar forte no meu ouvido e aquilo abalou o meu psicológico - Agora você pega aqui - coloquei uma das mãos dele em outro lugar do aspirador, sai de perto dele rapidamente, fui até o motor e liguei, e ele deu um pulo tão alto que soltou o aspirador na hora.

– Puta que pariu, que susto, isso tem vida - ele me olhou assustado.

– Calma -falei rindo da sua cara de idiota.

– Não tem graça isso - ele disse se fazendo de durão, mas logo caiu na risada.

– Não cola comigo - falei sorrindo e desliguei o aspirador - Pega novamente o aspirador, segura nos mesmos lugares que te falei, vou ligar o aspirador e você vai passar-lo pela sala - falei e ele prestou atenção.

– Tá , tudo bem - ele disse e deu um suspiro, liguei o aspirador, e ele começou a passar o aspirador pela sala, mas um pouco desajeitado - Assim? - ele perguntou um pouco alto pelo barulho do aspirador, e olhando pro chão e pro aspirador.

– Sim - falei um pouco alto também, e ele continuou, depois de um tempo desliguei o aspirador - Não é tão difícil - falei.

– É né - ele disse rindo e eu sai andando - Pra onde vai? - perguntou.

– Pra cozinha - falei e ele veio atrás de mim, chegamos a cozinha e ele sentou-se em uma das cadeiras da mesa, e eu comecei a lavar as louças um pouco rápido, queria terminar logo e ir arrumar meu quarto, depois disso as coisas estariam em sua perfeita ordem.

– Eu não sei lavar louça - ele disse me olhando.

– Claro, você filhinho de papai Eduardo, tem gente pra fazer isso por você, já eu não, meus pais me ensinaram principalmente a minha mãe a fazer tudo na cozinha e na casa - falei, depois de um tempo em silêncio terminei de lavar a louça e fui secando uma por uma, derrubei um copo no chão e cortei meu dedo, ardeu e eu coloquei-o abaixo d'água.

– Cortou ? - perguntou o Eduardo se levantando e se aproximando.

– Não muito, já virou costume - falei rindo.

– Me deixa ver - ele disse pegando minha mão com delicadeza, e olhou meu dedo e tinha um corte um pouquinho grande - Minha nossa, tá enorme - ele disse exagerado.

– Sem exageros Eduardo, é só um cortinho já fiz pior - falei pegando um band-aid na gaveta de medicamentos coloco e pronto, passou a dor.

– Você é ótima - ele disse.

– Ótima em que sentido? - perguntei.

– Em tudo, já fiquei com várias garotas que não sabiam ao menos passar uma vassoura na casa, meninas podres de ricas que só se preocupavam com si mesmo, e não com os outros, já você não... você se preocupa com a doida da sua amiga, faz tudo em casa, tem paciência pra me ensinar a fazer as coisas - ele disse rindo, eu apenas sorri.

–Obrigada , bom... ainda falta meu quarto, vai me acompanhar até lá? - perguntei, e ele sorriu malicioso, apenas revirei os olhos, e fui rumo a o meu quarto, ele foi junto e ainda por cima fechou a porta SOCORRO, comecei a pegar as coisas sujas e colocar tudo em uma sacola que estava ali por perto, ele sentou-se na cadeira que estava perto da mesinha do computador, arrumo as coisas no closet, guardo meu dinheiro e jóias dentro de uma caixinha que tinha em cima da cômoda e assim termino, sento-me na cama.

– Pronto - falei sorrindo e cruzando as pernas.

– Me diz, oque você mais faz da vida, além de se atrapalhar, e arrumar a casa? - ele perguntou sorrindo.

– Eu faço o terceiro ano no colegial na escola que você estuda, no período da manhã, e trabalho em uma livraria a tarde de meio período - falei.

– Então gosta de livros? - perguntou o Eduardo.

– Não exatamente, mas.. - falei sorrindo.

– Sabe oque eu acho? - ele perguntou.

– Não, oque? - perguntei.

– Eu acho que o cara que namorar ou casar com você vai ter muita sorte - ele disse rindo.

– A, sou meio complicada - falei pegando meu celular.

– Me passa seu número? - ele pediu.

– Claro - falei e passei o numero do meu celular pra ele, ele anotou e logo me mandou uma mensagem no WhatSapp.

" Oi Biazinha, adiciona ;D "

– É sério isso? - perguntei rindo e olhando pra cara dele.

– Sim - ele disse mostrando a língua.

– Ouvi uma vez que quem mostra língua pede beijo - falei sendo ousada, depois me dei conta do que tinha falado.

– Pode ser verdade, vai que eu quero um beijo mesmo. - ele disse se aproximando mais de mim.

– É né. - falei.

– E você, quer um beijo?- ele disse me olhando sério.

– Você deve querer. - falei fechando os olhos e quando íamos nos beijar a porta abre com tudo.

– Bonito né, já?- a Viviane diz rindo ele se afasta de mim.

– Não exatamente. - falou ele rindo.

– Idiota. - resmunguei.

– Cadê o Mathias?- ele perguntou.

– Foi pegar outras. - Viviane disse, e se jogou na cama, emburrada.

– Isso é ciúme? Se for venho logo dizendo que o Mathias não é homem de uma garota só Vivi então não se apega não, porque ali é complicado. - Eduardo diz.

– Não vou me apegar - disse Viviane e logo revira os olhos como se fosse óbvio - E vocês em?- Viviane pergunta.

– O que tem a gente?- Eduardo pergunta.

– Não rolou nada entre vocês? Que droga. - Viviane diz rindo.

– Ia rolar se você não tivesse entrado. - Eduardo diz na lata, sem rodeios.

– Nossa desculpa, vou sair e vocês continuam. - Viviane disse se levantando correndo, fechou a porta e gritou - TRANCA A PORTA.

– Desculpa, essa aí é doida. - falei.

– Bem louquinha ela não?- ele perguntou.

– Tipo bem pouco. - eu disse - E o que faz da vida além de dançar muito bem, sofrer com um aspirador de pó, ser exagerado e direto?- perguntei rindo.

– Somente estudo, odeio estudar, não trabalho nem nada, tenho quantas empregadas eu quiser, e quantas ficante também. - ele disse que desnecessário dizer aquilo.

– Desnecessário. - falei.

– Só é a verdade. - ele disse.

– Sabe o que eu acho?- perguntei olhando séria pra ele.

– Não, o quê? - ele pergunta curioso.

– Que você deveria sofrer um pouquinho, tipo não sofrer de sofrer, mas pra aprender a não ser tão metidinho por ter quantas empregadas quiser, quantas garotas quiserem como você mesmo disse, acho que você deveria aprender a se virar porque nem tudo é pra sempre Eduardo. - falei calma e ele me olhava.

– Nossa essa doeu - ele disse colocando a mão no peito.

– Não era pra doer, e sim pra você acordar - falei e dei uma piscadela.

– Mas você não deveria importunar assim na minha vida - ele disse e aumentou um pouquinho o tom de voz.

– Realmente eu não deveria, porém sou sua amiga ou conhecida e espero que abra seus olhos e enxergue realmente o que está à sua frente, você já notou de como lavar uma louça pode ser divertido? Acho que não porque você deve achar isso muito menininha, deve ser machista também e deve achar tediante, mas não... Com a espuma da esponja você faz desenhos incríveis sabia? Pode zoar com ela a vontade e não apenas lavar por lavar. - falei colocando um caderno que estava em cima da minha cama em um criado mudo.

– Você é louca, isso é coisa de garotas. - ele disse revirando os olhos.

– Machista. - falei.

– Realista. - ele disse.

– Não, isso não é realismo homens também podem muito bem lavar uma louça, arrumar uma casa sem ser considerado homossexual - falei séria.

– Você é uma chata. - ele disse revirando os olhos.

– Se sou uma chata, o que ta fazendo aqui ainda. - falei seca.

– Desculpa, já vou indo. - ele disse levantando e assim saindo, escutei a porta da sala batendo, que garoto estúpido.

– Idiota - resmungo pra mim mesma e Viviane entra no quarto.

– O que deu nele?- Viviane me perguntou, me olhando sem entender.

– Não aceita as verdades. - falei.

– Que verdades?- Viviane perguntou.

– Eu simplesmente disse que ele deveria sofrer um pouquinho, ser menos mimado essas coisas todas, mas ele se ofendeu e então só lamento. - falei respirando fundo.

– Vocês realmente, são opostos um do outro. - ela diz.

– Eu o odeio. - falei nervosa.

– Eu ainda acho que isso vai virar amor. - ela disse brincalhona.

– Eu duvido, muito!- falei indo pro banheiro.

Dias depois...

Hoje já é segunda-feira, dia de voltar às aulas, depois da minha pequena discussão com o Eduardo não o vi mais, e a Viviane sumiu do mapa deve estar com o Mathias seu novo amor, acordei com o despertador tocando, me enrolei na coberta na esperança de dormir de novo e o celular voltou a tocar, desliguei o despertador e fui meio que dormindo pro banheiro, entrei me despi coloquei as roupas sujas no cesto e tomei um banho rápido, escovei os dentes debaixo da água do chuveiro como de costume, sai enrolada na toalha passei creme coloquei a blusa do colégio e uma calça jeans, calcei meu allstar , passei uma maquiagem fraca pra disfarçar minha cara de sono, passei um batom cor de boca, fiz um rabo de cavalo peguei minha mochila com meu material e sai, passei na cozinha tomei um copo de leite rápido, tranquei a casa e sai rumo ao elevador, quando ia chegando dou de topa com o Eduardo saindo do seu apartamento, sem me ver virou com tudo e deu de cara comigo, arregalou seus olhos de uma forma inesperada e ficou sem graça.

– Desculpa. - ele disse e abaixou a cabeça, trancou a porta.

– De boa. - falei e continuei andando, chamei o elevador e parece que a hora não passa ali perto dele, os dois quietos sem conversar ele mexia em seu Iphone de última geração e eu olhava pra cima vendo os botões do elevador virar, logo chegou entramos ele apertou o botão e continuamos em silêncio.

– Olha , quero te pedir desculpas pelo modo que sai da sua casa. - ele disse colocando o celular no bolso.

– Fica tranqüilo Duda, sem crise. - falei pegando meu celular e dessa vez eu mexendo nele.

– Sabe, ninguém nunca me disse nada desse tipo por isso fiquei puto de raiva, todos sempre se gabaram pra cima de mim falando que eu era o melhor que é isso que é aquilo, mas nunca ninguém me deu uma bronca dessa nem mesmo meu pai. - ele disse.

– Relaxa, é normal. - falei dando fim naquela conversa se tinha uma coisa que eu não queria fazer era falar com o Eduardo, estava brava ele acha que é só pedir desculpas, dar aquele sorriso perfeito e totalmente branco que eu me derreto e vou desculpá-lo, mas não as coisas não são assim comigo. Que sorriso *-*

Peguei rumo à escola , ia a pé mesmo amava ver a natureza até que o longo ronco de um carro me fez virar para olhar,era o Eduardo.

– Entra aí. - ele disse.

– Não quero, muito obrigada. - falei.

– Não está muito perto. - ele disse.

– Eu estou bem e quero ir a pé. - falei um pouco seca.

– Eu não vou te beijar , que seja, só entra. - ele falou.

– Eu já disse que não quero, que saco. - gritei.

– Tudo bem, sem escândalo - ele disse dando partida, quando me virei dei de cara com um placa intrusa que se meteu ali, cai de costas pra trás com mochila e tudo.

– PLACA FILHA DA FRUTA, TRAÍRA. - falei colocando a minha mão na testa, estava doendo bisbilhotei pelo espelho e adivinha, sim estava vermelho e um galo que ficaria maior que o mundo, que ódio do Eduardo, que ódio, pela dor derrubei algumas lágrimas, logo sequei e continuei a andar minhas lágrimas não curaria minha testa, somente um gelo e olhe lá ainda, logo cheguei à escola e encontrei o Eduardo agarrando uma menina encostada em seu carro, que pegação, que nojo, balancei a cabeça negativamente e continuei a andar senti algo estranho com isso, certo incômodo que seja, procurei por Viviane e nada, logo deu o sinal ela havia faltado entrei pra sala de aula e não sei se foi sorte, azar ou conseqüência porque bem da minha frente estava Eduardo, sentando-se, como assim? Ele não era da minha sala, que ódio desses diretores, suspiro e tiro meu caderno com estojo o professor de matemática entra imitando um homossexual tirando sorriso de todos menos de mim, estava irritada com tudo o que estava acontecendo essa manhã.

– Classe, trabalho em dupla pra já. - ele disse de surpresa, que ótimo Viviane faltou, farei sozinha, peguei uma folha separada do meu caderno, abri as páginas do meu livro, os números ele passou na lousa , comecei a fazer, até sentir que alguém me observava , olhei pra cima era o Eduardo.

– Podemos fazer juntos?- ele perguntou.

– Não. - falei seca.

– Poxa, eu não conheço ninguém dessa sala. - ele falou.

– Só lamento pra você. - eu disse.

– O que eu te fiz?- ele perguntou.

– Nada além de me fazer bater a testa em uma placa idiota que significava lombada. - falei nervosa.

– Você bateu a testa na placa?- ele disse segurando o riso.

–Pode rir idiota, fique a vontade trouxa. - falei seca e voltei a fazer meu trabalho.

– Por favor, me deixa fazer com você eu prometo que não vou te encher a paciência. - ele disse

– Qual a parte do NÃO você NÃO entendeu Eduardo?- perguntei.

– Eu vou ficar sem nota e você também porque tem que ser dupla e não sozinho. - ele disse e isso era verdade, faria o trabalho a toa porque não teria uma parceira que no caso seria Viviane, aquilo era o cúmulo, o fim do mundo suspiro.

– O que eu fiz pra merecer isso Deus?- falei olhando pra cima.

– Você me ama. - ele disse se gabando.

– Cala a boca Eduardo, gruda aqui. - falei e exigi, e assim ele fez, colocou sua mesa do lado da minha.

– Por onde começamos?- ele perguntou.

– Faz a capa. - falei e joguei o papel A4 em sua mesa.

– O que eu escrevo?- ele disse.

– Escreve '' DUNHA ME COMA'' Eduardo, que droga, não sabe nem o que é pra escrever. - falei quase gritando e ele me olhou.

– Calma né querida, eu não sabia. - ele disse e suspirou.

– Você é um burro. - eu disse.

– Calma, é pra escrever trabalho de matemática?- ele perguntou.

– Sim Eduardo, trabalho de matemática porque isso é conta , e conta é matemática não acha?- perguntei seca.

– Sim. - ele abaixou a cabeça e começou a fazer a capa, fiquei observando e por um momento deu vontade de rir, ele estava atento e eu voltei a fazer as contas, logo acabei e ele terminou a capa que ficou muito caprichosa.

– Qual seu nome inteiro pra por na capa?- ele perguntou.

– Coloca somente Beatriz Chaddad. - falei.

– Seu número na chamada?- ele perguntou.

– 6 - falei.

Ele colocou meu nome e o dele no trabalho, colocou seu número que por sinal era 9, grampeei o trabalho e entreguei nas mãos do professor de matemática que nos olhou com cara de '' O CASAL DO ANO'' , desnecessário.

– Hum, fazendo junto com Eduardo, isso vai dar amor. - o professor nos zoou.

– Sem viagem professor, obrigada. - resmungo.

– Ui ela ficou revoltadinha, ai tem. - o professor disse provocando mais ainda.

Depois disso, Eduardo desencostou sua mesa da minha e ficou na frente como sempre, a aula acabou e logo deu a hora da educação física eu odiava as roupas que nós meninas tínhamos que colocar, era um short super agarrado , que nos marcava muito bem, as atiradas adoravam, e uma blusa regata branca com o nome da escola em azul, sim bem brega, pegamos a bola de vôlei enquanto a professora armava a rede , fiquei jogando com uma Nerd, quando a professora terminou, formamos nossos times e os meninos dessa vez não jogava , na primeira remeça que dei senti os olhares do Eduardo em mim, e quando uma garota rebateu acertou minha cabeça em cheio, sim eu desmaiei.

Na enfermaria...

Acordei com a tia da enfermaria colocando um gelo na minha testa que por sinal não tinha apenas um galo e sim dois pra cantar antes do despertador amanhã cedo, minha cabeça doía muito e em uma das cadeiras estava sentando Eduardo.

– Ta doendo. - falei pra tiazinha.

– Eu sei que está, foi dois galos perfeitos. - ela disse prensando um pouquinho o gelo na minha testa.

– Ai não coloca assim. - falei e derramei uma lágrima.

– Vai arder. - disse a tiazinha.

– Já está ardendo caramba. - falei secando a lágrima.

– Calma Bia - Eduardo disse todo amigável.

– Cala a boca. - falei grossa e ele me olhou sem entender, voltou a sentar-se.

– Fique com o gelo na cabeça, eu vou preencher uns papeis e logo volto. - a tia deu a ordem e saiu da sala me deixando com o Eduardo.

– O que eu fiz agora?- ele perguntou e me olhou sem entender.

– Me faz um favor Duda?- falei.

– Qual?- ele perguntou.

– Na educação física não fique me olhando o jeito de eu jogar, e também quando vir pra escola não me ofereça carona. - falei relembrando os fatos.

– Tudo bem, mas por quê?- ele perguntou.

– Porque sim. - falei baixo.

– Me deixa ver isso? - ele perguntou pegando em minha mão e tirando o gelo - Poxa, está enorme. - ele disse.

– Ava, jura mesmo?- falei com os olhos cheios de lágrimas.

– Juro e não chora. - ele disse.

– Ta doendo pra caramba, estou morrendo de vergonha de voltar pra quadra ou sala de aula e você não quer que eu chore?- falei.

– Isso, sem lágrimas é normal sentir dor e a vergonha, manda todos pra pqp - ele disse rindo.

– Você fala como se fosse fácil. - eu falei.

– E é, você que complica garota doida. - ele revira os olhos e a tia volta.

– Está liberada. - ela disse.

– Ta. - falei descendo da cama colocando meu peso nos braços do Eduardo que voltou comigo pra sala, ao chegar à sala vi um pouco de risada de uns playboyzinhos novos.

– Sabe o que eu quero? Que vocês vão tudo tomar no olho dos seus cús, porque quem caiu foi eu, quem está sentindo a dor sou eu e isso não tem um pingo de graça, só vai ter graça quando eu meter o soco na boca de cada um daqui. - falei gritando e a professora de Inglês que era de idade me olhou assustada.

– Beatriz? tenha modos. - ela disse.

– Modos nada, to cansada de ser a piada do dia pra todos vocês até mesmo pra senhora professora, me poupe você do modo que me trata. - falei seca e ela me olhou incrédula, voltei pro meu lugar e sentei, fixei o olhar no rosto de Eduardo que não demonstrou nenhuma emoção.

– Qual é não vai falar nada?- perguntei olhando pra ele.

– Uau. - ele disse e eu logo caí na risada - você é muito fofa irritada, sabia? - ele perguntou rindo.

Ficamos conversando e logo deu a hora de ir embora, eu estava faminta e não ia trabalhar hoje nem amanhã porque a dona da livraria resolveu ir viajar, então estou de folga, Eduardo saiu primeiro que eu, isso que era vontade de chegar em casa eu arrumei meu material e acabei ficando sozinha na sala, fechei a porta e sai, no portão encontrei Eduardo beijando quer dizer engolindo a mesma garota da entrada , não sabe ser discreto, fui andando pra minha casa tudo o que eu queria era chegar em casa ,comer um prato cheio de comida e esticar naquele sofá e assistir um filme, demorei um pouco pra chegar, peguei rumo ao elevador e logo Eduardo chegou atrás.

– Oi - ele disse com a boca cheia de batom, eu cai na risada. - O que foi?- ele perguntou sério.

– Sua boca está cheia de batom Eduardo - eu disse e o elevador chegou, entramos.

– Nossa, está mesmo. - ele disse e olhou no espelho grande do elevador e começou a limpar.


O elevador chegou, ele foi pro seu apartamento e eu pro meu, preparei o almoço rapidamente e fui tomar um banho, sai coloquei um pijama e fui pra cozinha, coloquei comida no prato de acompanho um copo de coca-cola, quando ia garfar minha comida a campainha toca.

– NÃO TENHO NEM PAZ PRA COMER. - gritei

Fui descalça abrir a porta e quando vi era Eduardo, nossa que garoto chato do caramba, ele estava com um caderno e um estojo quando me olhou e analisou.

– Fala. - falei o olhando.

– Me ajuda com uma conta?- ele perguntou.

– Tem que ser agora? Porque eu estou almoçando. - falei.

– Sim, daqui a pouco tenho que ir ao escritório do meu pai. - falou ele.

– Mas eu estou comendo , Eduardo. - falei.

– Eu prometo que vai ser rapidinho. - falou.

– Entra - reviro os olhos e dou passagem, fecho a porta - Vem aqui na cozinha. - falei.

Ele me acompanhou até a cozinha, sentou-se à mesa e enquanto eu comia, eu prestava atenção na lição dele.

– Que letra em. - falei resmungando, eu mal entendia.

– É estranha eu sei. - ele disse.

– Quer comer?- ofereço.

– Não, obrigado. - ele disse.

– Me dá o lápis. - falei e ele me entregou pegando em minhas mãos, arrepiei. - Obrigada, você faz assim - falei explicando e ele ficou super atento, até certo ponto que depois começou a me olhar de uma forma estranha.

– Para de me olhar. - falei continuando a explicar a lição.

– Você é muito linda. - ele disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Sem elogios, obrigada vamos prestar atenção aqui, concentre-se. - falei.

– Ta. - ele disse voltando a olhar pro caderno - gosto de azul. - ele disse olhando pro meu esmalte.

– Eu também. - falo sorrindo fraco.

– Não somos totalmente, opostos. - ele disse.

– Faz sentido, agora olhe pro caderno. - digo.

Termino a lição e depois que ele entende me olha novamente.

– Você tem uma facilidade incrível com contas. - ele disse.

– Se você se esforçasse poderia ser incrível também, porque você tem capacidade. - falei.

– Não acho isso. - ele disse.

– Você deveria prestar atenção na aula ao invés de ficar me encarando na educação física, me atormentando ou então beijando as garotas descaradamente na porta da escola. - falei.

– Você viu?- ele disse ficando vermelho.

– O certo seria perguntar, quem não viu né Eduardo - falei.

– Próxima vez, pego a Mariam, atrás da escola. - ele diz baixo, mas o suficiente pra eu ouvir.

– Tem mais alguma coisa que você não sabe e quer aprender, aproveita que eu estou boazinha. - falei.

– Sim - ele disse fechando o caderno.

– O quê? - olho sem entender.

– Como você beija. - ele diz na lata, meu coração acelera com sua proximidade.

– Não é uma boa ideia - falo afastando-o.

– Porque não é uma boa ideia?- ele pergunta.

– Por que eu não estou a fim de pegar baba de outra garota na sua boca, me poupe. - falei sorrindo e levantei deixando-o ali na mesa e ficando perto do batente da porta - É sério, tem mais alguma coisa Duda?- falei.

– Não, somente queria saber como você beija, mas ainda não perderei essa oportunidade. - ele falou e deu uma piscadela.

– Não conte tanto com isso. - falei e revirei os olhos e coloco meu prato na pia, perdi a fome depois disso.

Ficamos nos entreolhando sérios, é como se quiséssemos alguma resposta olhando um no fundo dos olhos um do outro, até que eu pisco e resolvo quebrar aquele silêncio.

– Eu estou cansada Eduardo, quero dormir, pode ir embora por favor?- eu disse, não querendo grossa.

– Foi mal, vou sim. - ele disse pegando suas coisas.

Fui com ele até a porta, quando abri dei de cara com o entregador de cartas do hotel ele me entregou uma carta, e Eduardo deu um beijo bem no canto da minha boca, veio no pé do meu ouvido e disse:

– Não perderei a oportunidade de te beijar - ele disse e saiu.

Eu odiava e amava ao mesmo tempo o que Eduardo fazia comigo, ele me deixava desconcertada e nas nuvens, mas era um idiota, galinha que pegaria todas que visse pela frente, abri a carta sem olhar o remetente e ela dizia...

" Olá minha querida, é sua tia novamente, esperei seu telefonema e não deu muito certo, por que não me ligou?Anda muito ocupada com as coisas? Precisava urgentemente falar com você, mas como você não me deu sinal de vida te darei uma pista, Daqui uma semana deixarei um presente pra você na porta de seu apartamento, espero que goste e cuide desse presente com muito amor dando tudo que eu não pude dar, sei que está bem de vida agora e estarei mandando um pouco de tudo é isso, Obrigada.

PS: Eu amo você''

By : Claudia

Me assustei com aquela carta, procurei seu número e não encontrei precisava mais do que qualquer coisa ligar pra ela, mas em minha faxina devo ter jogado seu número fora, que raiva de mim, que curiosidade, tenho até medo do que Claudia pode aprontar comigo, Deus queira que seja uma coisa boa e não uma coisa ruim.