A Garota

Capitulo 12 - Chuva de novembro


O dia passou sem muitas coisas interessantes, o Eduardo não me tirou mas do sério e passou o resto do dia com Ana, quando deram seis horas da tarde era hora dele voltar para Brasília, senti o mesmo aperto no peito quando senti há um mês atrás quando ele se foi, eu já não tinha mais esperanças se agora que ele resolveu voltar estava namorando, quando voltar novamente já vai estar casado SÓ PODE.

Fiquei no quarto com Ana até que ele entrou, é ainda não tinha ido

– Posso entrar? - ele pergunta.

– Já entrou - falei seca e volto a atenção pra Ana.

– Vim me despedir de vocês - ele diz.

– Eu não preciso, disso - falei.

– Só queria saber, porque não gosta que eu te fale um tchau, ou até um adeus - ele pergunta.

– Vou te falar a mesma coisa que disse no velório do James pra mãe dele,eu não gosto de despedidas, sei lá não me sinto bem, me dá uma aflição, parece que a pessoa nunca mais vai voltar, e no seu caso, é bem provável - eu digo.

– Eu vou voltar. - ele diz.

– Não preciso de promessas também, alias, eu não preciso de nada que venha de você, só um mero respeito - eu digo.

– Isso não é uma promessa, e sim uma certeza - ele diz.

– Mesmo assim, não preciso, já se despediu? Pode ir agora - digo e ele pega a Ana no colo e da um beijo bem demorado em sua bochecha.

– Papai te ama, por você faço a promessa de que volto - ele diz olhando pros olhinhos de Ana.

– Coitada - falo baixo, porém acho que ele ouviu.

– Como disse? - ele diz tentando entender.

– Eu disse... Coitada, me dá ela e sai - ordeno.

– Você não vai sentir minha - ele diz e tosse - Falta? - enrosca nas palavras.

– Eu deveria sentir? - pergunto.

– Não sei, acho que sim. - ele diz.

– Me dê um motivo pra sentir sua falta - digo e cruzo os braços.

– Nos amamos - ele diz seco.

– Você me ama, porque eu não te amo, alias, tirarei você do meu coração a partir do momento que você sair por aquela porta - digo apontando pra porta entreaberta.

– Não faz isso comigo - ele diz.

– Não só faço como já fiz, tchau Eduardo - eu digo e ele me entrega Ana.

– Tchau Beatriz - ele diz e sai batendo o pé, encosta a porta e eu fito o teto para não chorar, seria assim... Eduardo Almeida Campos sairia da minha vida por bem ou por mal.

Passei o resto da noite observando Ana, poderia ser estranho mas acho que ela teria o mesmo gênio orgulhoso do Eduardo, porque se ela derrubasse algum brinquedo ela não se esticava para pegar, eu tinha que dar uma de empregada e pegar para a madame, desço com ela pra cozinha e não tem ninguém, com certeza ele já deveria ter partido, senti um pouco de arrependimento pelo que eu disse, acho que o machuquei

Que irônico, uma garota machucada falando de machucados

Afasto os pensamentos de arrependimento e começo a preparar um miojo.

– Se arrepender só do que não disse, Eduardo merecia ouvir tudo, chega de se lamentar por águas passadas - eu digo olhando pra panela.

Começo a pensar em tudo que andou acontecendo nesses últimos meses, em James, como ele faz falta, não tenho mais coragem de ir a escola, porque sei que nas aulas de educação física não vai ser ele o professor, por que agora ele esta enterrado naquele buraco escuro, que raiva de mim, que raiva de Bryan.

Por Viviane

Minha vida na medida do possível esta ótima, posso dizer que o Mathias é a tampa da minha panela, a goiaba do meu queijo, a luz do meu abajur , e todas aquelas coisas fofas, mas o que me preocupa é minha melhor amiga a Bia, eu vejo em seus olhos que ela esta sofrendo muito por causa do Eduardo, porque ele prometeu pra ela que voltaria e só apareceu um mês depois e ainda veio namorando, vejo que ela ficou super mal quando ele disse que tinha que voltar para Brasilia, até se enfiou dentro do quarto com Ana, acho que aquela menininha é oque a mantém viva até agora, porque pelo que conheço a mente fraca da Bia, eu aposto que ela já teria feito algo que não nos agradasse por causa dos seus problemas, a ausência de seus pais, de Eduardo e ainda por cima a morte do James, que mexeu muito com ela.

Fomos eu e o Mathias levar o Eduardo no aeroporto, e fomos conversando com ele.

– E você e a Bia? - inicio a conversa.

– Na mesma - ele diz.

– Você a ama? - pergunto.

– Sim, mas não queria amá-la - ele diz.

– Por que não? - pergunto

– Por que ela é demais pra mim, e não confia mais em mim por causa dos meus erros, e com isso eu sofro - ele diz.

– Você não é o único que sofre Eduardo, ela também sofre muito, não esta comendo direito, ela emagreceu bastante, tudo isso e mais por você, tu não se arrepende? - pergunto.

– Me arrependo e muito Vivi, se eu pudesse voltar no tempo, eu concertaria tudo isso - ele diz.

– Ainda dá tempo, Duda - digo.

– Não, não dá - ele diz triste.

– Se você ama tanto ela porque está namorando? - pergunto.

– Só namoro pra curar minha carência, oque adianta estar lá se a dona do meu coração é a causadora das minhas insônias esta aqui, nessa cidade? - ele pergunta.

– Eu e o Mathias queremos ajudar vocês, fazer vocês voltarem, mas você tem que colaborar também, todo dia ela chora por você, e cara, ela é minha melhor amiga, tem noção de quanto dói vê-la chorando, ainda mais por ti? - pergunto.

– Não faço ideia - ele diz.

– É complicado Eduardo, você tem que ver suas ações, tudo oque esta fazendo, pelo que pode aparecer não está ajudando em nada, está apenas distanciando vocês e outra tem a Ana o laço do coração de vocês, mesmo não sendo filha biológica, é como se fosse, e vocês não gostariam de vê-la sofrendo gostaria? - pergunto.

– Nenhum pouco, eu já faço uma sofrer, não quero fazer a outra - ele diz e nós chegamos no aeroporto. - Tenho que ir - ele diz e me abraça.

– Lute pela Bia, ela é cabeça dura, mas vale a pena, afinal vocês vão sorrir de tudo isso, primeiro vem o obstáculo, depois a vida perfeita, é assim que funciona, com essas suas atitudes você vai acabar perdendo quem você ama. - eu digo me desfazendo do abraço.

– Você tem razão - ele me diz.

– Tchau Duda, e vê se volta - diz Mathias.

– Eu volto - Eduardo diz e dá um abraço em Mathias e vai rumo ao avião, assim ele se vai, e eu e o Mathias fomos embora dali.


Por Eduardo

Como alguém pode entrar na sua vida e fazer dela vamos dizer a melhor e a pior? Faz dias que ando chorando me sinto um fraco, um boiola por chorar por uma garota, sou machista sim compreendo vocês devem estar me odiando agora.

Já dentro do avião pra voltar pra Brasília, ouço a música ; Chuva de Novembro, do Projota. Comecei a lembrar dela, lembrar do seu beijo, das suas palavras que me machucaram e eu não deixei transparecer, me arrependo tanto de tê-la feito sofrer, estou preocupado pela falta de fome que ela anda sentindo, ontem ela não comeu nem dois pedaços de pizza, se fosse antes quando estávamos juntos ela teria devorado a caixa, sem ver, tudo faz sentido agora pra mim, talvez eu ainda tenha um crédito para reconquistá-la, eu sei que ela ainda me ama e que não é me gabando, mas vai ser difícil pra ela me tirar de seu coração.

Musica:

Sozinho posso te ver melhor,
Quando se vai o sol,
Procuro o fio do seu cabelo no lençol.

Baixei aquele filme que, ce disse que era bom,
E vi que nada é tão bom
Quando cê não tá aqui.

Um dia sem você é triste,
Uma semana é maldade.
Um mês não existe.
Dou meus pulos, atravesso a cidade.

Junto dinheiro pra financiar a viagem.
Uma bolacha, salgadinho,
2 "refri" e a passagem.

Já era, já fui, me espera amor,
Vo atrasar mais 10 minutos,
Parar pra te comprar uma flor
E tô pronto, na melhor roupa que eu tenho.
Uma rosa na mão esquerda, na outra mão um cartão com desenho.

Correndo pra rodoviária,
O "busão" sai às 9.
Desculpa o cartão molhado,
É que novembro sempre chove à tarde.

E hoje a chuva "tá" bolada,
Já me sentei, fiz minha oração,
Se Deus quiser,
Nem pega nada, vai.

Tô indo sentado,
Vendo as montanha.
Lembrando que quanto mais você me perde,
Mais vezes você me ganha.

E aquela briga ontem foi foda,
Eu não queria te dizer, que eu não queria ter você,
Mas eu queria que você soubesse que eu me importo.
E que eu sinto que essa chuva é o reflexo do estado do meu corpo.

E foi pensando nisso
Que me joguei pra cá.
Pra ver se quando eu te encontrar,
Eu faço essa chuva parar.

Será que isso é possível?
Eu sonhador demais,
Na entranha dor demais,
Essa estranha dor é mais do que saudade.

É como uma necessidade,
De poder ter a certeza que não era verdade,
O que você disse por telefone,
Que tava na hora de eu te provar que podia ser o seu homem.

Que um menino
Que nem pode sustentar um lar,
Nunca seria bom o suficiente
Pra tu casar.

Foi pensando nisso
Que eu entrei nesse "busão",
Mas talvez
Eu seja só um menino com uma rosa na mão.

E eu te ligo no celular,
Te avisando que eu tô indo,
E te pedindo,
Pra ir lá par me esperar,

Mas você,
Que nunca disse que me ama,
Mais uma vez desliga sem dizer
Se arruma e vai pra cama.

Tudo bem,
Dorme bem amor,
Te amo,
Quando acordar passa perfume
Que o seu homem "tá" chegando, vai.

A cada segundo a chuva aumenta,
Nessa poltrona, a cada minuto que eu durmo,
Eu acordo quarenta.

Janela embaçada,
Tampando minha visão.
Eu fecho os olhos
E praticamente sinto sua respiração.

É como o silêncio do meu quarto sem você.
Culpa dessa distância
Que me impede de te ver.

Me impede de provar que te mereço,
E te mostrar que o dinheiro "tá" pouco,
Mas que a alegria não tem preço.

E eu pensando em você nesse momento,
Aproveito o tempo, pra treinar o pedido de casamento.
Depois da briga, acordei cedo,
Peguei toda economia e comprei a aliança em segredo.

Juntei moeda por moeda,
Pra poder "tá" aqui.
Pra mostrar
Que um menino pode te fazer sorrir.

Te sentir mais uma vez,
Sentir por uma vez,
Que achar que eu sou teu sonho
Não é uma insensatez.

Mas pera aí,
Eu ouço um barulho,
Que que "tá" pegando.
A aliança caiu do meu bolso, tudo balançando.

Quem "tá" gritando? Por quê tá girando?
Alguém sabe?
Tento chamar seu nome,
Mas minha boca nem abre.

Barulho de chuva, pneu, escuridão.
Lembrar seu rosto se tornou a última opção.
Agarro forte a rosa na lama.
Menino ou homem você me deixou partir sem dizer que me ama.

Eu não pensei que fosse pra tão longe essa viagem.
Toca o celular é você me mandando mensagem.
Eu preso nas ferragem sem me mexer.
Sei que você me escreveu mas fecho os olhos sem saber o quê....

Sinto tanta falta da minha princesa, do seu beijo ela me fazia tão bem como eu consegui jogar toda essa felicidade, essa oportunidade, no lixo? Eu sou um idiota...

Quando dei por mim já havia chegado à Brasília e meu pai me esperava no aeroporto, fui ao seu encontro, era estranho, nos estávamos mais unidos do que nunca, conversamos um pouco no caminho pra casa e eu disse que queria ficar um pouco sozinho, pra pensar na minha vida em tudo que andou acontecendo, antes de ir ele puxou meu braço e me fez encara-lo.

– Filho. - ele diz. - Lute por aquilo que te faz bem, e se a Beatriz te faz bem, vá atrás dela. - ele diz, eu dou um sorriso fraco como agradecimento e subo pro meu quarto, me desfaço das minhas roupas e vou pro banheiro tomo um banho rápido, lembro de como nos conhecemos, lembro de quando recebemos nosso presente, a Ana... Lembro de tudo, todas as cenas passam na minha cabeça com o filme, desde o começo até agora com um pouco de arrependimento e lágrimas, dou com a cabeça na parede.

– Idiota você é um idiota Eduardo. - eu dizia aquelas palavras cuspindo, pra mim mesmo. Sai do banheiro com a testa toda vermelha, coloquei só uma cueca e uma bermuda, deitei na minha cama e fiquei mexendo um pouco no facebook, não tinha nada que me interessasse só uma solicitação de amizade que me fez sorrir de orelha a orelha, ela dela Beatriz... Aceitei como um bobo apaixonado e fiquei vendo suas fotos com Ana, com os amigos, ela parecia tão triste nas ultimas fotos tão recentes, olhei no bate-papo e ela estava ali verde, quando fui chamá-la,ela me chamou.

– Hei. - ela diz.

– Oii. - falo.

– Socorro, onde você colocou a galinha pintadinha da Ana? ela não dorme sem aquele treco. - ela fala.

– Na estante, perto do banheiro - falo.

– Obrigada, tchau.- ela fala.

– Bia? - falo.

– Oi. - ela responde.

– Podemos ser ao menos amigos? Eu não quero viver sempre em pé de guerra, contigo. - digo.

– Não! Boa noite, estou cansada, fui ;* - ela diz e sai.

– Ótimo, conquistar essa garota chata, como? Jogando a real, quero te namorar casar o mais rápido possível e você ser minha pra sempre? Que saco! - eu digo jogando o notebook um pouco longe de mim, o mouse cai no chão, que se dane, viro pro canto apago as luzes e vejo que ainda está clara por causa daquela tela, abaixo ela com tudo, acho que deve ter quebrado, viro de um lado pro outro e nada quando dá quatro da manhã, pego no sono.

Por: Beatriz.

Quando Viviane chegou em casa, eu já estava na sala assistindo televisão, Ana estava em seu quarto, dormindo.

– Oi amiga. - ela diz e pula no sofá, estava sem Mathias também.

– Cadê o Mathias? - pergunto.

– Foi pra casa, dele. - ela diz.

– Ata. - eu digo.

– Amiga, o Eduardo te ama. - ela diz.

– Ama tanto que está namorando. - digo e reviro os olhos.

– Ele disse pra mim e pro Mathias. - ela fala.

– E vocês acreditaram? - comecei a rir irônica.

– Não deveríamos acreditar nas palavras daquele bom moço? - ela pergunta.

– Não, ele é um falso que só faz promessas e blá,blá,blá. - eu falo.

– Vocês deviam se dar mais uma chance. - ela diz.

– Se tem uma coisa que eu não sou, é vídeo-game pra dar chance amiga. - eu falei.

– Para de se fazer de forte, porque eu sei que você está um caco por dentro Beatriz Chaddad. - ela fala pegando no meu ponto fraco, eu abaixo a cabeça.

– Para você, eu não amo o Duda. - eu minto.

– Olha nos meus olhos e diz que você não ama o Duda, diz amiga está escancarado, estampado em sua testa e nos seus olhos que você o ama, só não quer dar o braço a torcer por que ele já te machucou já te fez sofrer, amiga talvez as pessoas mudem e aprendem com os erros, eu acredito que o Eduardo esteja super arrependido de ter te feito sofrer, amiga ele te ama, vocês se amam, todo mundo percebe isso menos você, menos ele... Os dois são uns idiotas orgulhosos, que espera um ou o outro se declarar para serem felizes, saiba que um pedido de namoro ou até casamento, não vai cair do céu não querida, vai ficar é pra titia se continuar com isso. - ela dizia tão sincera.

– Você acha? - pergunto com um sorriso meio torto e falso.

– Preciso mesmo responder, Bia? - ela diz me olhando séria, como se estivesse cansada de tentar colocar na minha cabeça que eu e Duda, nos amávamos.

– Eu não sei, ainda dói, estou confusa vocês me deixam confusa, uma hora ele vem me chama de amor diz que vai voltar outra hora é um ogro, sem educação que joga os outros contra as paredes, que pede quase implorando pra levar na cara e ainda volta namorando, quer que eu acredite como nele? Fala que me ama, mas está com outra - digo

– Porra, você não entende que o cara te ama? Desisto de tentar te entender, Bia, boa noite! - ela me dá um beijo no rosto e sai da sala, me deixando sozinha lá.

Fico pensando, que idiotice... Quero tirar o Duda do meu coração, mas é tão impossível porque todo dia fazem questão de falar da existência dele pra mim, raiva! Subo pro meu quarto e procuro o facebook dele, pra quem não sabe nesse meio tempo, eu exclui ele da minha lista de amigos, o odiava, tive que mandar convite de novo, com a desculpa de procurar a galinha pintadinha que na verdade eu sabia onde estava,só queria ter assunto, mas nos primeiros momentos de conversa, senti-o meio '' ogro'' então dei uma resposta feia e imatura e sai depois me arrependi, Eduardo me causa muitas coisas e uma delas é ódio de não saber escolher as palavras certas, para usar com ele. Fui pro banheiro, tomei um banho rápido saí coloquei meu pijama virei de um lado para o outro eu não conseguia dormir, só conseguia pensar no que Eduardo disse pra Viviane, queria acreditar e não acreditar, minha mente e meu coração estava uma mistura de sentimentos , eu sentia tudo inclusive , amor.