"Além de atentar contra o bem-estar das pessoas de uma nação que lhe considerava um aliado, o Japão incitou um grupo de pessoas dentro do nosso pacato país a realizar uma guerrilha, hoje chegaram notícias de que nos Estados Gerais do Norte e do Oeste dois grupos guerrilheiros estão atuando. Esses grupos se autodenominam "Otukas" que foi entendido como um termo ofensivo e de baixo calão em japonês. Em resposta a essa desonrosa ameaça, As Forças Armadas, dirigidas pelo Marechal Parton, estão enviando pelotões pequenos de soldados para auxiliar num movimento rápido e instantâneo de desligamento desses grupos. No Estado Central o presidente Turks fez um rápido pronunciamento: ‘Nosso país pode não ter um grande histórico bélico e sempre ter se mostrado pacífico, fato do qual muito nos orgulhamos, mas nos estamos prontos para mostrar que defendemos com unhas e dentes nosso povo e nossa terra.' Algumas outras nações também ofereceram apoio ao País e o encorajaram, inclusive os EUA enviou, além de financiamento bélico, um ex-agente da CIA e do FBI para auxiliar com treinamento militar de nossas tropas, esse agente também foi empregado aqui como Ministro de Assuntos bélicos e está trabalhando junto com o Marechal Parton na luta contra o Japão. Pedimos a todos com mais de 15 anos, homens ou mulheres, adolescentes ou adultos, que contribuam para o país e a segurança da população nesse momento difícil se alistando para servir As Forças Armadas."

Apesar de essa ter sido a manchete do Jornal praticamente não havia informações sobre o embate contra o Japão nem nada parecido. E mesmo as informações na notícia estavam claramente distorcidas e várias informações eram difíceis de ser entendidas, dei graças aos céus por ter conseguido captar o golpe que estavam dando. Diante da importância da notícia me levantei da cama, mesmo com todos os músculos do meu corpo bem esfarelados, e segui com Yue e Akimi pro o conselho de guerra que havia sido convocado.

Yue ainda estava terminando de ler a notícia em voz alta para todos quando percebi que muitos não tinham entendido a real gravidade daquilo. Assim que ela terminou de ler um silêncio alastrou pelo recinto que foi quebrado por Tetsuo:

- Ok, aparentemente, há outros grupos de Otakus que, provavelmente, escaparam da repressão, como nós, mas o que diabos isso tem haver com nossa realidade aqui? Seria uma boa notícia no máximo, não? Podíamos pedir ajuda. Qual o motivo do alarde?

- Tetsuo, - Resolvi responder. - Você já ouviu falar do período denominado guerra fria?

- Já. Não é bem um conhecimento concreto, mas o que isso tem haver com...

- Tem haver que - Cortei-o. - durante a guerra fria, o embate silencioso entre EUA e URSS, durante o embate entre o capitalismo e o socialismo, para defender sua área de influência, os EUA enviou para os países da América Latina, agentes deslocados para treinamento militar, incentivou golpes de estado e coisas do tipo, foi por isso que houve uma onda de ditaduras militares por toda a América, em especial a do Sul. Agora você entendeu?

Tetsuo continuou com a testa franzida e ia balbuciar alguma resposta, mas Yue interveio:

- O que o Naoki está dizendo é que a história está se repetindo, os EUA estão intervindo novamente. O que pode significar que eles têm um bom interesse nisso.

Tetsuo acenou com a cabeça de leve.

- Ook, então na tentativa de defesa à repressão que atingiu nosso subgrupo social estamos indo de encontro com a maior potência bélica do mundo atual? - Perguntou com um tom meio sarcástico Luis.

- Ééé... É por aí sim! - Exclamei.

- Certo com isso acho que o melhor a fazer é continuar com nossos objetivos o mais quieto possível, sem dar bandeira. Somos um grupo pequeno, então podemos não ter chance contra um batalhão reforçado pelos EUA. Mas acho que por agora temos um pouquinho maior, não? Yue como estão nossas reservas de dinheiro e comida?

- Bem, alguns foram pra casa nesses dois dias e trouxeram alguma comida simples, nada demais. Talvez dure por mais uns dois dias se economizarmos. Quanto ao dinheiro só vendo com quem foi pra casa e se conseguirmos juntar alguma coisa não vai dar mais que uns 100 ou cento e poucos reais.

- Temos alguma chance de comprar comida? - Falei.

- Sim, acho que alguns ninjas usando o Henge no jutsu, poderiam fazer isso, o problema é o dinheiro.

- E alguma forma de arrumar dinheiro?

- Trabalhando, impossível. Vendendo, vendendo o que, né? E roubar, acho que concordamos que está fora de questão.

Muitos anuíram de leve com a cabeça.

- Alguém tem alguma ideia? - Perguntei.

- Os alquimistas não poderiam transmutar dinheiro ou comida? - Perguntou alguém que eu não consegui descobrir quem era.

- Não, infelizmente não podemos. - Falou Hiro.

- Não poderíamos contatar um dos grupos novos de Otakus? - Falou Felipe. - Para chamarem a atenção a ponto de sair nos jornais, eles teriam que no mínimo ter um contingente de pessoas grande e num deve ser nada fácil manter todos eles alimentados, no mínimo eles podem dizer como fazer para conseguir comida.

- É uma boa lógica, mas não sabemos o tempo que leva pra eles receberem e responderem uma mensagem, sem falar que eles podem nem ao menos confiar na gente, né? - Akimi ponderou.

- Ah... Com licença. - Quem falou era uma menina de uns 11 anos, que eu não conhecia, então devia ser novata. - Eu adquiri magia de plantas graças à Yue-dono, então acho que poderia fazer brotar algumas plantas mais urgentes.

- Bom, já é um começo, não? - Falei. - Então, o que decidimos hoje foi que vamos tentar um contato com os outros grupos, e que vamos fazer umas plantações. Mas eu queria adicionar duas coisas:

'1. Precisamos de mais gente. E, sinceramente, não acho uma boa ideia invadir escolas, então minhas sugestões são, pedir que os novatos saiam atrás de amigos otakus e tentem trazê-los pra cá, também acho que os otakus que foram pegos devem estar presos no quartel, acho que seria uma boa mandar ninjas para ter certeza dessa situação.

‘2. Precisamos começar um treinamento para todo o pessoal, porque essas notícias me dão um mal pressentimento.

- É... Bom eu concordo com as duas coisas, mas talvez não seja tão urgente... Enfim, o terceiro andar não tem muita utilidade então podemos transformá-lo na área de treino. E acho que com isso podíamos dividir pequenos grupos com funções isoladas, não? Um grupo pra recrutamento, outro para adaptações, para conseguir dinheiro e comida... – Falou Yue.

- E um para criar uma mensagem codificada pra os outros grupos de Otakus, né? – Falou Akimi. – Acho que seria mais seguro e tudo o mais.

De repente, todos olhamos para Akimi, que normalmente, ficava apenas no canto dela ouvindo e fazendo poucas colocações. Ela começou a balbuciar e seu rosto ficou meio avermelhado:

- Quer dizer, se todos concordarem, claro. É... Quer dizer... Ah... Desculpa!

- Besteira, você tá certa. Alguém se habilita? – Perguntei.

Três mãos se levantaram. Hayato, Haruko e Dante.

- Eu acho que uma boa ideia seria usar o código de Beale, onde você usa um texto base para decodificar sua mensagem, assim podemos usar um texto básico de mangá. Ou talvez o código de Vigenère, onde usamos uma palavra, pode ser uma bem comum nos mangás. Torna mais difícil uma intervenção por parte de alguém que não seja Otaku. Também podíamos encantar a carta pra ela só ser entregue nas mãos de Otakus. – Falou Hayato.

Ele parecia saber bastante de códigos...

- Tudo bem, escrevam a carta e a codifiquem, vocês são o primeiro grupo. E... Acho que a Yue-dono poderia distribuir e organizar o resto? – Olhei para ela, e ela acenou com a cabeça um tanto distraída.

- Certo, certo.

Rapidamente desfizemos o conselho de guerra e saímos. Cochichei para Yue que precisava de um banho e perguntei se tinham vestiários com chuveiros aqui. Ela acenou com a cabeça e falou de uns banheiros no segundo andar. Juntei as coisas que tinha pegado em casa e fui procurar o banheiro.

Tomei um banho demorado, e quando saí. Yue avisou que a carta para o outro grupo já havia sido terminada e que só faltava codificá-la, perguntou se eu queria vê-la. Eu aceitei, a carta parecia bem completa e expressava tudo que nos tínhamos passado. Escolhemos nossa base e começamos a decodificá-la.