Já fazia dois meses que Sasori tinha voltado para Suna, mas o buraco no coração de Sakura ainda não havia se fechado. A jovem dona da Full of Songs ainda sonhava com o ruivo e o dia que o encontraria de novo, mesmo se fosse por acaso. Sakura se recriminava por ter tais pensamentos, pois no fundo sabia que isso só prolongaria seu sofrimento. Aos poucos, ela havia voltado a sorrir, mas ainda era difícil se manter alegre durante todo o dia. Ainda mais quando sua loja tinha sido pano de fundo para sua história de amor com Sasori. Todas as coisas ao seu redor eram lembranças.

Cansada de sofrer, Sakura voltou a frequentar o Uzumaki’s com seus amigos a fim de beber um pouco e dançar. Aquilo aliviava um pouco de sua solidão. As besteiras que Naruto dizia, junto com Konan e Nagato discutindo por bobagens fazia que seus pensamentos sofredores escapassem por algumas horas. Naquela noite, em particular, Sakura resolveu que se daria uma chance de recomeçar. Foi isso o que decidiu quando Sasuke a chamou para dançar o forró O Sanfoneiro Só Tocava Isso.

O moreno mandava bem no arrasta-pé. Sakura gostou de tê-lo por perto. Era inegável o quanto o Uchiha era bonito e sedutor. Tudo nele era capaz de atraí-la como uma presa encantada por ser predador. Antes de Sasori aparecer, Sakura morria de amores pelo moreno. No entanto, Sasuke havia se tornado qualquer um depois do ruivo. Por mais que dançar com o Uchiha fosse prazeroso, nada a fazia se distanciar das lembranças de Sasori.

Mesmo assim, Sakura não afastou Sasuke quando ele tomou coragem para beijá-la. Ela consentiu e retribuiu o beijo, que ganhou um ritmo intenso, embora fosse automático. Não havia um sentimento poderoso ali. Quando Sasuke se afastou, ainda sorrindo, Sakura se perguntou porque o Uchiha não surtia mais efeito nela.

— Sakura, planeta Terra chamando! – Sasuke chamou sua atenção.

— O que foi?

— Você parece distante. Eu to aqui valeu?

— Eu sei. Só to um pouco aérea.

— Quer ir para um lugar mais privado? Sem esse som alto pra gente conversar melhor? – Sugeriu Sasuke.

— Pode ser. – Deu de ombros.

Sasuke pegou a rosada pela mão e juntos caminharam até o banco da praça, que ficava perto do bar. Sentaram-se próximos, então Sasuke resolveu puxar algum assunto.

— Fiquei feliz porque você deixou que eu me aproximasse. – Sorriu.

— Eu que agradeço, Sasuke. Você foi um ótimo parceiro de dança.

— Não é só isso que eu quero ser.

— Quer o que de mim?

— Ser seu namorado de novo.

— Não entendo da onde você tirou essa ideia. Eu passei anos esperando para ouvir isso da sua boca e você diz, justamente, quando eu me apaixono por outro?

— É como diz aquele ditado que fala que você tem que perder para dar valor.

— Eu acredito no contrário. Você tem que valorizar aquilo que tem. Depois que perde, não dá mais pra recuperar. Vai estar sempre faltando um pedaço.

— Você acha que a gente não tem volta?

— Não sei, Sasuke. Eu te amei muito, mas agora não é do mesmo jeito.

— O ruivo foi embora, Sakura. Já faz meses. Ele não vai voltar.

— Eu sei, mas nós dois não tem nada a ver com ele.

— Claro que tem! Você ficou tão estranha depois que se envolveu com esse cara. Nem te reconheço mais!

— No que eu mudei?

— Você sorri menos, tá sempre parecendo meio tristonha, sai menos também...

— Eu to tentando superar. Daqui a pouco volto a ser como antes.

— Eu posso te ajudar nisso, se você deixar!

— Como?

— Sendo um bom namorado, dessa vez. Prometo não te trair, nem te trocar ou ser descuidado com os seus sentimentos.

— Não seja como um político e pare de prometer o que não pode cumprir, Sasuke.

— Eu posso cumprir. É só você me dar um voto de confiança. O que acha?

— Prometo pensar no seu caso. Só pensar.— Enfatizou.

— Já é um começo! – Sasuke então roubou um beijo da rosada.

[...]

No dia seguinte, ainda de manhã, o Uchiha foi até a Full of Songs e encontrou Sakura atendendo a um cliente. Assim que ela terminou a venda, o moreno a surpreendeu com um abraço pelas costas.

— Que susto, Sasuke!

— Foi mal. Só queria te dar um abraço. – Desculpou-se.

— Tudo bem. E aí, o que faz aqui?

— Vim te ver. Quer almoçar comigo?

— Bem, ainda faltam algumas horas até o almoço. Não posso sair agora.

— Tudo bem, na hora do almoço eu volto.

— Ok.

[...]

Durante o almoço, Sasuke foi agradável, fez Sakura sorrir e ela ficou grata pelo esforço do moreno em fazê-la se sentir melhor. Quando ele tentou beijá-la, Sakura hesitou por um segundo, mas no instante seguinte se deixou levar pela situação e cedeu. O beijo de Sasuke era terno e ela lhe retribuiu de igual para igual. No entanto, quando as mãos do Uchiha deslizaram pelo seu corpo, a rosada o freou.

— Desculpe, mas estamos indo longe demais. – Disse Sakura, após afastar-se.

— Nós já fizemos isso antes, Sakura.

— Foi há muito tempo. Não me sinto mais à vontade dessa forma com você. – Falou sendo sincera.

— Compreendo. Então, não quer que retomemos nossa relação?

— Acho melhor não. Pelo menos, por enquanto. Ainda penso em Sasori.

— Sempre aquele ruivo maldito. – Retrucou.

— Ele não tem culpa de nada.

— Ele veio pra cá e te roubou de mim.

— Eu já não era mais sua, Sasuke. Lembre-se disso.

Sakura foi embora levemente irritada com a atitude de Sasuke. Não gostaria que ele confundisse as coisas. Embora ele matasse a sua carência com seus beijos, ela não estava disposta a entrar em um relacionamento agora. Sasori ainda habitava seus pensamentos e precisava esquecê-lo para dar um passo adiante e seguir sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido. Quando encontrou Konan, Sakura dividiu o que havia acontecido com Sasuke para a amiga.

— Sério que ele já foi te agarrando? – Perguntou incrédula.

— Sim, Konan. Mas cortei o barato dele.

— Que babaca!

— Eu sei, mas ao mesmo tempo acho que ele voltou a ter intenções sérias comigo. Sasuke me propôs namoro.

— E quanto tempo você acha que isso vai durar? Sasuke é volúvel. Logo encontrará outra garota e vai te trair de novo. – Alertou Konan.

— Eu sei que isso é provável, mas fiquei de pensar na proposta dele.

— Olha lá, Sakura! Sei que ainda pensa em Sasori.

— E o que adianta se ele está em Suna?

— Eu sei que é difícil, mas quem sabe...

— Não fale que talvez no futuro a gente consiga ficar junto. É loucura, Konan!

— Então o esqueça! Mas pensa bem sobre o Uchiha, afinal ele já a magoou muito.

— Prometo pensar direitinho. – Sorriu tentando se animar.

[...]

Enquanto isso em Suna...

Sasori tinha acabado de dar sua última aula, então resolveu passar no supermercado para comprar alguma coisa para comer, pelo menos um biscoito e uma água sem gás. Quando já tinha encontrado algo para forrar seu estômago, o professor esbarrou em Shion por acaso, que ficou surpresa por encontrá-lo.

— Sasori, que felicidade encontrá-lo! – Disse Shion com um belo sorriso na face.

— Oi, Shion. Pois é. Tá tudo bem com você?

— Sim, estou ótima. E sua avó?

— Ela tá como sempre. Reclama das dores, mas tá bem de saúde.

— Olha, se precisar da minha ajuda para qualquer coisa pode pedir. Eu ia adorar ajudar. - Fingiu ser prestativa, pois sabia que Sasori adorava isso.

— Ok, mas é sério que está tudo bem. E Deidara sempre me ajuda.

— Entendi. Faz algum tempo que a gente não se vê. Como foram as suas férias? Konoha é legal?

— Sim, Konoha é um ótimo lugar.

— Quem sabe um dia você possa ir junto comigo? – Ofereceu-se.

— Acho que essa não é uma boa ideia.

— Por que? Nós somos amigos, não somos?

— Somos, mas Shion...

— Já sei... você acha mesmo que eu não superei nossa história?

— Então superou? Fico feliz por você!

— Ainda acho que você está perdendo o melhor partido que poderia encontrar, mas fazer o que né? – Deu de ombros e Sasori sorriu.

— Tenho plena consciência dos seus encantos, Shion. Entretanto, já definimos nossa situação.

— É uma pena. Sempre quis ter filhos ruivos. – Lamentou.

— Eu não sou o único ruivo do planeta, Shion.

— Eu sei, mas ainda é o meu preferido.

— Eu, realmente, preciso ir. Outra hora nos falamos, pode ser? – Disse Sasori.

— É claro! Até mais! – Sorriu e então observou o ruivo partir.