— Então você quer batalhar comigo? – Calisto perguntava calma e sarcasticamente a Yagger. – Eu, que consegui fazê-lo dormir com um estalar de dedos. –

— Sim. E pretendo ganhar de forma justa. – Retrucou, o garoto-lobo-negro.

— Você fala como se meu modo de batalhar fosse injusto. –O falso príncipe conteve um bocejo, nesse momento. – Bem, é o meu modo, você terá que aceitar, querendo ou não. – terminou com uma gargalhada.

Eles estavam tensos, mas não pareciam prontos ainda. Eles estavam aguardando algo e então, ao longe ocorreu uma explosão azul seguida de uma nuvem enorme de areia brilhante apareceu no céu.

— Começou... - Calisto soava tão calmo quanto uma música de ninfa.

— É, começou! – Yagger partiu para cima de Calisto com suas garras enormes.

Uma grande explosão azul eclodiu a frente de Janna, Clary e Zack. Eles tinham se separado de Ian, Layah, Thiago e Daniel, que tinham seguido para o Oeste e de Layah, que havia sumido momentos antes. Eles não receberam nenhum dano, mas tiveram sua atenção captada por dois inimigos: Uma garota morena com olhos vermelhos claros, cabelos curtos e com uniforme camuflado e, o mais gritante, um garoto baixo com cabelo marrom-esverdeado e olhos negros, aparentando um pouco mais idade que os gêmeos, porém havia uma coisa: Ele era cinza e cheio de cicatrizes e tatuagens por todo o corpo.

— Quem são vocês?! – Janna gritou em posição defensiva.

— Somos os regentes do seu caminho, garota. – A garota morena era muito forte, até a voz dela passava isso. – Sou Xiouma. Foi uma péssima escolha vir por aqui. – Ela terminou a frase com um sorriso sarcástico.

— Realmente. – Concordou com sua parceira – E eu sou Cromatte! – O garoto estranho disse mostrando a língua.

— Bem, não acho que era para ser assim, mas irei com tudo! – Clary exclamou e então suas marcas, assim como as dos outros cintilaram em sincronia.

Os olhos negros de Cromatte brilharam como mármore ao ver aquelas marcas. Mas então ele percebeu que tinha abaixado a guarda e começou a inflamar as mãos com chamas azuis. Nesse mesmo instante, Xiouma voou em sua nuvem de areia até Janna, colidindo toda a massa contra a garota e a empurrando para longe, junto com ela.

— Eu cuido dessa, ela é a mais forte. Você pega esses dois. Até já Cromatte! – Xiouma parecia confiante.

— Não será tão fácil. – Janna falou criando uma enorme pata de urso amarela. – Gran Bulldoze! –

O ataque acertou em cheio o alvo, mas a explosão fez com que ambas voassem para um lado afastado dos gêmeos e Cromatte.

— O que é você, cara? – Zack estava indignado com a aparência de Cromatte. – Parece um cadáver. -

— Então olhe bem, pois você estará assim daqui a alguns dias. – Cromatte Retrucou e lançou uma rajada de fogo azul, mas errou o golpe.

— Oh Febo! Peço-te a benção! Formação Louros! – Clary coordenou a formação e as marcas em seu corpo brilhavam laranja como o pôr do céu.

Um círculo mágico urgiu do solo. Era um círculo dourado com laranja e exalava calor, o mesmo ficou reto no céu. Enquanto isso, Zack atravessou o círculo e saiu, do lado contrário, com uma camada avermelhada sobre sua pele e um grande chicote de louros dourados na mão esquerda.

— Formação Louros! Couraça Solar! – Concluiu, Zack antes de se mover.

O simples toque em Cromatte o fez arder, mas o mesmo também danificava Zack. A cada toque uma rajada de chamas azuis atingia o garoto DrillShine. E então, Zack atirou seu chicote na face de seu adversário, mas estava a distância insuficiente. Com o erro, o gêmeo-loiro se afasta esperando sua irmã se recuperar.

— Tem como me ajudar aqui? Ele parece não sentir o fogo. –

— Desculpe, mas mesmo pedindo a benção, essa formação consome muito do meu poder. – Clary arfava enquanto falava. – Vou usar uma das marcas para adiantar o processo. –

Ela então fez a marca em seu braço direito se apagar, espalhando-se através do corpo, na forma de uma onda de pó dourado. Suas feição e respiração se alteraram abruptamente e logo ela estava de volta à batalha.

— Vocês têm esse tipo de magia? Eu a conheço de algum lugar. Já a vi. – Cromatte, mesmo sendo o inimigo, parecia ser muito familiarizado e estar interessado nas marcas do corpo de Clary.

— Somente os membros do clã DrillShine conhecem essa magia. Você deve ter visto algo parecido, mas agora não irá ver nada. Apenas o meu ataque! – Zack, agora distante, usou o chicote de louros.

O chicote rodopiou no ar e atingiu a face de Cromatte, enrolou-se por todo o pescoço e inflamou junto ao corpo do inimigo. Sem o chicote, a armadura dourada de calor foi-se também, deixando algumas queimaduras expostas em Zack, mas ele não parecia dar à mínima. Clary por sua vez, controlava uma massa de luz na palma esquerda, então ela apontou para Cromatte, que queimava e gritava.

— Solar Cannon! – Clary Gritou e então atirou a massa de energia.

— Hoje não! – Cromatte gritou e convocou uma energia ao seu redor. – Dragon’s Scales Compilation! –

Uma enorme bola de fogo azul urgiu de dentro do garoto-cinza, ele fez a mesma explodir contra o canhão de Clary e ainda atingir os gêmeos. A esfera azul subiu tão alto que queimou até a copa das arvores tropicais.

— Não serei derrotado por crianças! – Ele então levantou a mão direita. Todas as tatuagens acesas como esmeraldas sobre um laser verde. – Presenciem ao meu rugido! Dragon’s Scream! –

Depois de respirar por três segundos seguidos, o garoto-cinza-com-verde liberou um grito estridente que logo engrossou e se tornou um rugido amorfo enorme, por onde o som passava um caminho de chamas azuis corriam e geravam explosões concentradas. As explosões chegaram a Clary, mas Zack já estava pronto.

— Diamond Wall! – O garoto criou um muro de quase sete metros de largura e dois metros e meio de altura feito de diamantes tão rápido, que até Clary ficou surpresa.

— Como tão rápido? E essa quantidade... – Ela falava aturdida enquanto as chamas passavam ao redor deles. – É impossível. –

— Aqui é uma área vulcânica, mana. A crosta estava cheia de diamantes profundos. Eu os senti logo que cheguei e os atrai desde o começo – Zack sorria para a irmã enquanto falava. – Mas agora estou tão desgastado quanto você. – Então liberou uma das marcas de seu braço, assim como a irmã havia feito momentos antes.

— Você é incrível, mano! – Clary falou.

Cromatte estava parado. Como se seu mundo houvesse congelado dentro daquele muro de diamantes. Ele tremia ao ver o fracasso, mesmo sendo dois Lycans, os gêmeos ainda nem tinha se tornado meio-lobos, mas já tinham a situação controlada contra o ataque mais forte dele. Ele tinha medo de morrer, mesmo sabendo de todo o risco que isso faria a luta, ele continuava a sentir o medo. Ele fora criado por Ophis para não agir daquela forma, como se fosse ter um espasmo, mas não era fácil controlar. E enquanto ele tremia, suas tatuagens piscavam.

Antes que qualquer outro movimento ocorresse, uma explosão de areia e energia foi gerada através das árvores, levando tudo o que estivesse pelo caminho. Eram Janna e Xiouma, elas estavam batalhando ferozmente. Xiouma estava com sua sacred gear amostra. Uma pedra rosa num anel, em seu dedo indicador direito. Elas correram e voltaram para os seus respectivos parceiros.

— Vocês estão bem? – Janna perguntou sem tirar os olhos da areia de Xiouma. – Não se deixem pegar pela areia, a propriedade mágica dela faz com que você fique sem magia ou até mesmo envelheça. –

— Nossa, é bem perigosa! – Zack completou.

— Sim. Mas o que fizeram com esse garoto-cinza e por que aqui está tudo queimando azul? – Janna fazia uma serie de perguntas, ainda sem olhar para os gêmeos.

— Bom. Primeiro: estamos bem. Segundo: o “garoto-cinza” – Clary fez as aspas com os dedos. – criou esse cenário com um ataque... Algo do tipo “Dragon Scream” – Fez as aspas novamente.

Janna apenas assentiu e desviou uma rajada de areia que veio em direção a eles, com uma rocha iluminada. O controle sobre sua magia, Solar Rock Shine, estava muito melhor e mais concentrado. Janna estava lutando de uma maneira totalmente diferente. Seus treinos com Zafrina e Dox Igor foram muito efetivos, mesmo em pouco tempo.

— Você usou o seu ataque mais forte e eles nem foram arranhados? – Xiouma perguntou a Cromatte.

— Não. – Cromatte falou de cabeça baixa. - Ele foi rápido e forte o suficiente para pará-lo apenas com um muro de diamantes. – Respondeu e, neste momento, Xiouma percebeu o grande muro de diamante ao lado do braço de Zack.

Ela ficou tão irritada que atacou o muro de diamantes com sua areia e o desfez em alguns segundos, transformando-o em um monte de pó brilhante. E então Xiouma esticou a mão e uma aura rosa correu seu braço transformando a Sacred Gear dela, de anel em uma enorme luva de linhas de ouro conjunta a um bracelete de ouro com a pedra rosa no centro.

— Balance Breaker! – Gritou, Xiouma. - Sands Of Persia: Divine Canceller! –

— Já irá usar sua Balance Breaker? – Cromatte estava tão aturdido quanto antes. – Por qual motivo? –

— Simples. Quero acabar com isso logo. – Xiouma falou e então apontou para Janna. – Ela está me cansando. -

Calisto estava cansado, Yagger estava cansado e sobre um monte de plantas loucas e a terra gritava ao controle do garoto-príncipe.

— Deve ser fácil para você. Domina tudo o que pode ver. – Yagger comentou enquanto “matava” a última planta.

— Pois é. Minha Sacred Gear me possibilita um mundo de batalhas ganhas, mas tem um pequeno preço e uma deficiência, entretanto você não precisa os conhecer. – Calisto apontou o dedo indicador para Yagger e tocou a joia em seu pescoço.

O ar dobrou-se como se estivesse recebendo algo impuro e então se tornou maleável, virando um dragão chinês translucido que se chocou contra Yagger, mas o mesmo estava se protegendo com uma árvore. Yagger movia a árvore, através de suas linhas de poder, como uma espada gigante. A árvore ricocheteou o dragão e nesse mesmo momento o corpo de Yagger foi paralisado por Calisto, mas então ele voltou a se mover.

— Como você... – Calisto estava tentando entender o que Yagger fez. – Entendo... Sua Sacred Gear permite a você controlar espadas, mas não o restringe a espadas de aço ou de tamanhos pequenos. Interessante. Mas como se moveu do meu controle? –

— Como um Lycan Master, o meu corpo somente pertence a mim, logo nenhum controle dura por muito mais que segundos. – Yagger falou lançando a árvore sobre Calisto. – Pelo menos meu movimento não é algo impuro que força as coisas a meu desejo. Esta árvore já estava caída, então eu podia controlá-la, mas enquanto viva não conseguiria. –

— Impuro? – A expressão de Calisto demonstrava o quão enojado aquela palavra o deixava. – Vou te dizer o que é impuro! – Ele apontou às explosões azuis, pouco a frente. – O ser que está fazendo aquilo é Impuro. Não só de espirito, mas também de corpo. Até mesmo sua presença é imunda. Meu desejo é matá-lo. – Falou enquanto fechava as mãos como se estivesse a esmagar algo.

— Mas ele é seu parceiro, como você—Yagger foi interrompido por uma rajada de facas feita de ar.

— Não ouse dizer isso! Eu! Eu sou meu parceiro. E apenas eu. – Calisto encerrou a conversa e lançou-se para o combate direto. – Você irá me enfrentar agora, Lobinho. Body Domination! – Ele gritou e todo o seu corpo mudou, ele ficou mais alto e estava com músculos tão desenvolvidos que pareciam saltar.

E então se colidiram. Yagger, como meio lobo-negro meio homem, e Calisto, um enorme ogro musculoso, pareciam ter a mesma força muscular, mesmo Calisto tendo uma massa muito maior. Yagger, então foi mais rápido e arranhou o braço de seu inimigo. A força foi tamanha que pôde dilacerar a base dos ossos de Calisto, mas ele se curou rapidamente, era um ferimento superficial.

— Enquanto eu dominar meu corpo, o processo de crescimento de tecidos e nascimento de células sempre estará em velocidade máxima. E não apenas isso. – Calisto falava enquanto desviava dos golpes de Yagger. – Minha velocidade é maior, meu poder de dano é maior, minha defesa é maior. Dominar significa melhorar, quando falo do meu corpo. –

— Você é apenas mais um monstro imundo. – Yagger Retrucou e enfiou a garra na bochecha esquerda de Calisto, mas sem muito dano.

Calisto estava inundado na raiva, as palavras de Yagger remetiam ao garoto-príncipe-ogro um sentimento tão forte de ira, pois aquelas palavras eram as mesmas que ele usava com Cromatte. E ele odiava aquela comparação. Calisto queria destroçar Yagger e seguir para matar Cromatte, mas antes de prosseguir com seu pensamento, Calisto baixou sua guarda e deu uma enorme brecha para Yagger.

O garoto-lobo pairou tão rápido que Calisto não percebeu, ele então enfiou as garras na parte abdominal de seu inimigo e lá penetrou toda a mão, momentos antes de Calisto segurá-lo, ele arrancou-lhe um órgão. Não era um órgão tão importante, mas deveria ajudar Yagger. O baço de Calisto fora arrancado e estourou no processo, o garoto-príncipe-ogro caiu de lado gemendo de dor, mas se protegeu com uma enorme camada de ar e pedras, o que durou apenas alguns segundos. Toda a defesa de Calisto caiu, ele podia dominar tudo o que podia ver, mas enquanto focasse em duas coisas não poderia dominar uma terceira, mesmo com o balance breaker ativo ficava difícil dominar.

— Merda! – Calisto se queixou, então levantou e se pôs a correr, com a ajuda do vento. – Não vou morrer aqui! –

— Nem eu vou deixar você escapar. – Yagger falou e começou a correr atrás de Calisto, sua velocidade aumentava gradativamente, até eles se alcançarem.

Calisto tinha voltado à forma humana. Mais baixo e com as roupas rasgadas, ele não parecia nada com um príncipe. Sua postura estava contorcida por conta da dor, seu abdômen ainda tinha um enorme buraco ensanguentado, seus dentes rangiam com a raiva e o desespero, até mesmo seus cabelos estavam mais acinzentados. Ele corria para frente, fugia de Yagger. Calisto criava vários obstáculos para o garoto-lobo com sua magia, mas o lycan apenas levava segundos para ultrapassá-los.

— Por que isso ainda não se curou? Estou focando só em você, ferimento estupido! – Queixou-se, Calisto.

— Hey! Humano! – Yagger falou, ele estava à frente de Calisto, então lhe deu um soco no tórax, que o fez voar entre as árvores e cair do outro lado, onde estavam Janna, Zack e Clary lutando contra uma garota e um garoto-cinzento.

— Xiouma... – Falou com uma leve dificuldade. – Me ajude. –

— Ora, Ora. – Xiouma conteve um sorriso.

— Calisto! Você está morrendo! – Cromatte parecia atordoado, mas correu para ajudar Calisto.

— Estou bem! Mas preciso de tempo. E você é um rato imundo, não preciso de sua ajuda! – O garoto-príncipe-destruído estava muito irritado, mas seu ferimento na barriga estava quase fechado e o seu peito já havia voltado a funcionar.

— Janna! – Yagger Gritou. – Está tudo bem por ai? – Ele se aproximou dos gêmeos e de Janna.

— Está tudo bem. Que bom que você veio para cá. E ainda dando uma surra nesse ridículo. – Janna também não possuía boas lembranças de Calisto. Ela o odiava tanto quanto Ian.

— Ele não é nada demais. É apenas um sujeito imundo que força as coisas a obedecê-lo. – Explicou, Yagger.

— Isso mesmo. Apenas forço-as! – Calisto tocou a joia em seu pescoço e fez um movimento básico com a mão, virando a palma para baixo.

No momento do comando de Calisto, todos caíram ao chão, incluindo Xiouma e Cromatte, porém em poucos segundos Yagger estava novamente em pé, mas ficou surpreso com a cena que vira. Calisto estava a segurar Cromatte pelos cabelos, forçando a garganta dele para cima.

— Bem. Irei começar a apresentação. – Ele gargalhava como um psicopata e estava cego pelo ódio. – Esse poder que pus sobre vocês se chama gravidade e – apontou para Yagger – este lobo não pode ser parado por muito tempo, porém pode ficar pesado. Muito pesado. – Ele sorriu mais uma vez. – Esperei tanto tempo por esse momento. Vocês não fazem ideia. – Ele estava tão concentrado que chegava a babar pelo canto esquerdo da boca. – Este garoto-cinza não é um humano. Ele é um dos experimentos de Ophis! Ele é o legado de um clã Africano de... – apontou para Janna. – Lobisomens descentes de Roma. Engraçado não? –

— Ele é o bebe que foi roubado do Clã?! – Janna parecia uma louca. – Ele é meu irmão mais velho. Meu pai morreu no dia que ele foi roubado. E minha mãe... – A garota estava com o rosto cheio de lagrimas. Os gêmeos estavam tão pálidos, que nem falar, eles conseguiam.

— Bom... Isso torna as coisas mais interessantes, pelo menos para mim. – Calisto estava agindo como ele realmente queria e ninguém iria pará-lo. – Ele chegou depois de mim, Ele roubou toda a atenção da minha Senhora, Ele nem é humano. Como ela pôde dar mais atenção a ele? É uma transformação imunda! Um experimento que não deu certo. Ele – Calisto puxou mais os cabelos de Cromatte. – passou por um processo para selar o lado lobo, essas marcas por todo o corpo e a cor dele são algumas das consequências disso. Mesmo sabendo que ele era tão repugnante todos sentiam pena dele, todos o acolhiam e todos falavam normalmente com ele, mas sempre me espantavam – Olhou para Xiouma, mas ela encarava Cromatte, quase que querendo chorar – Até mesmo nos treinos de vida ou morte, eu sempre ficava só. Até mesmo Júpiter me ignorava quando tinha ele como foco! Isso abasteceu meu ódio, até hoje. E, hoje, eu irei dispersar esse ódio, essa repugnância. – Ele então se abaixou, pegou uma pedra e dominou-a para ficar afiada.

— Não! – Janna e Xiouma gritaram em uníssono.

Enquanto dominava a pedra, seu poder sobre os outros apaziguou e eles se moveram, mas já era tarde. Ele havia fincado a pedra no pescoço de Cromatte, que caíra de lado no chão. Um círculo mágico ficou sobre o garoto-cinza. Este círculo eliminou toda a característica grotesca do garoto, seu lado lobo finalmente estava livre. Sua pele cinza passou a ser um tom marrom-dourado igual a pele de Janna, seus cabelos marrom-esverdeado passaram a ser loiros quase brancos, seus olhos negros tornaram-se azuis, mas era tarde, Cromatte estava morto, sua sacred gear tinha saído de seu peito e sido levada pelo círculo. Todos estavam aturdidos. Janna não conseguia olhar para frente nem ao menos se manter de pé, os gêmeos estavam de pé, mas não iriam poder fazer muita coisa. Xiouma estava tomada pelo ódio e Yagger não achava aquilo justo, com ninguém.

O garoto lobo se transformou por completo e uivou com toda sua força. O som parecia uma trovoada ribombante, tão forte que fez Xiouma parar de se mover e assustou Calisto, fazendo-o voltar para a realidade. A sacred gear de Yagger, Sword Controller, era expressa através de losangos azuis no braço do garoto, eles ficavam quatro vezes maiores quando postos na forma de Lycan Master, mas agora estavam ainda maiores e nas costas do Lobo negro gigantesco. Os losangos estavam rodeados por um sinto e dele ressoou:

— Balance Breaker! Over-World Controller! - Uma onda de poder saiu de dentro de Yagger.

Yagger agora estava furioso e extremamente poderoso. As linhas de poder que controlavam as espadas, agora brotavam aos montes e controlavam as coisas ao redor. Tudo estava sendo imposto ao seu controle. Terra, grama, minerais, madeira, árvores... Tudo isso rodeava o Lycan monstruoso, estavam revestindo seu corpo como uma espécie de armadura natural, as linhas azuis-anis de poder costuravam toda a armadura e após alguns segundos o lobo enorme estava vestindo uma armadura de madeira e grama encrostada por pedras acinzentadas e algumas gemas azuis, poderiam ser cobaltos. Ele possuía uma maior velocidade nessa forma. Calisto então atacou:

— Venha, lobo! – Toda a jóia de Calisto brilho num tom arroxeado, ela se transformou num colar dependurado em seu pecoço e ligado à pele do garoto-príncipe. – Balance Breaker. – Ele estava calmo. – Domination: Divine Dream! –

— Até o nome da sua Balance Breaker passa o sentido de metido. – Zack comentou enquanto seu corpo parava de tremer e ele puxava o pó do diamante para si.

Yagger já estava próximo o suficiente para atacar, mas Calisto dominou a distância entre os dois e a fez se expandir com uma explosão de vácuo. Yagger, ainda no ar, controlou as correntes de ar para impulsioná-lo para frente e, com as patas dianteiras, enfiou as garras no solo e fez sua cauda, que agora tinha uma extensão de pó rosa, colidir com a face de Calisto. Ambos caíram, para diferentes lados, mas Yagger logo estava de pé e correndo em direção a Calisto, que virou-se e tentou dominar a terra, mas não conseguiu. O pó rosa que estava em seu ombro era a areia de Xiouma. A areia estava o impedindo de utilizar magia por aquele braço.

— Droga! Xiouma, pare de me atrapalhar! – Gritou com a garota e então a dominou para colidir com a árvore. Ela caiu desmaiada e sua areia passou de rosa para o tom de amarelo normal e caiu do ombro de Calisto.

— Seu merda! – Yagger gritou enquanto arrancava o braço dele com os dentes. E empurrava o resto do corpo com as patas dianteiras.

Calisto gritou e ficou tonto, mas Yagger estava sem equilíbrio para outro golpe, então o inimigo dominou o corpo dele para ficar mais pesado, enquanto ele dominava seu ombro esquerdo para recriar um braço dali. Uma massa da cor do corpo de Cromatte se formou a partir do ombro de Calisto formando um esqueleto mal feito de um braço. Todos entraram em terror, menos Yagger que estava possuído pelo ódio. Logo após algum tempo, Yagger estava próximo a Calisto, os tecidos avermelhados ainda estavam começando a se formar. Era uma batalha perdida para o garoto-príncipe, mas ele ainda via como podia sair dessa vivo. Ele então começou a forçar a uma árvore a se dobrar, mas Yagger ligou uma de suas linhas na árvore e a fez ficar no lugar.

— Você... Você havia dito que não podia controlar a árvore se ela estivesse viva. – Calisto escarrou , enquanto curava seu braço esquerdo, que estava com quase todo o tecido.

— Sim. Eu não posso controlá-la, mas você a força, sem dar a opção de ajudar ou não. Sua dominação é algo podre e injusto. O meu controle depende da vontade das coisas em ajudarem ou não. E, por isso, a árvore voltou ao lugar, com minha ajuda ela conseguiu forças para quebrar a sua dominação. E, com a ajuda dela, eu consegui entender o meu poder e irei te derrotar! – Yagger falou enquanto toda a sua armadura desfazia e o peso do material saia de seu corpo. Sua velocidade aumentou muito pouco, mas era o suficiente.

— Você não vai me derrotar! – gritava, mas parecia inseguro e não tirava a atenção do braço – De jeito nenhum! Não—Calisto foi interrompido.

Yagger havia atravessado o corpo do inimigo com suas garras. Ele cortara o pescoço do inimigo e antes que ele pudesse cair ao chão, toda a matéria que Calisto destruíra por descuido, junto das linhas de poder de Yagger, vieram numa espécie de enxurrada de danos, fazendo Calisto explodir em sangue e cair ao chão. O colar de Calisto estava ali, junto ao pedaço do pescoço dele. De dentro do colar, Calisto surgiu em forma de um holograma e falou:

— Mesmo morto posso controlar o que eu quiser e ainda mais! Vocês irão sofrer! Sofrer para sempre! – Falou enquanto dominava várias coisas do chão, inclusive seu próprio corpo, numa onda enorme e ofensiva. Entretanto, antes da onda poder se mover, um círculo mágico ficou sobre a joia do colar, que agora era apenas a Sacred Gear. O círculo sugou a pedra e, todo o material da onda caiu ao chão e o holograma se desfez, assim o círculo diminui-se até não sobrar nada.

— O que foi isso? – Perguntou Clary.

— Não sei. – Yagger falou, agora em forma humana. – Isso tudo é muito confuso.

— O que aconteceu foi que ele queria controlar as coisas depois de morto, mas se esqueceu de que o elo com a sacred gear é quebrado quando ela ganha um novo dono. E, todas as nossas sacred gears ganham um dono quando morremos, Ophis as toma para si. Isso é tudo muito errado. – Xiouma, a garota inimiga, estava com as mãos sobre o rosto. Ela parecia estar chorando. – Mesmo morrendo acabamos por servir por algo que não queremos. –

— Então por que faz? – Janna falou, depois de muito tempo, até assustou a todos ao falar. – Pode parar. Pode fugir ou até mesmo nos ajudar. –

— É... Eu queria apenas proteger os outros: Roger, os gêmeos, Lizandra, Dalilah, Cromatte – Ela olhou para Janna, que percebeu que ambas estavam acabadas por dentro de forma igual. – E, principalmente, proteger Júpiter, a minha pequena. Porém até ela Ophis roubou de mim – socou o chão – Não posso fugir. Vou ajudar a vocês com o que posso. Douglas é muito mais forte que eu... –

— Douglas? Espere... Você está falando do hibrido? – Zack perguntou. Xiouma assentiu. – Ele pode vir para cá? Mesmo de tão longe? São continentes muito separados. –

— Ele é um híbrido e, provavelmente, roubou a essência de Shad para ele, então ele pode qualquer coisa, Zack. – Janna falou fria, mas vacilou na voz ao falar o nome do Youkai amigo, que se sacrificou por eles.

— Bem... Devemos ir. Os garotos já devem estar muito a nossa frente. – Informou Yagger, quem pegou o corpo de Cromatte, agora transformado, e andou.

Os gêmeos o seguiram. Xiouma e Janna se entreolharam, parecia que iriam chorar novamente, mas então deram as mãos e se puseram a correr...

— Isso é um inferno! – Gritou.

Douglas, o hibrido de dragão, estava sobrevoando um pequeno país de a América insular. Era uma ilha com poucas partes com rede mística, então quase não podia voar, sem atingir nenhum espaço aberto. Ele estava praticamente sem roupa, vestindo apenas uma espécie de bermuda que roubara de um varal mais a frente, o que mostrava melhor seu corpo em forma hibrida, suas asas brotavam das cavidades feitas pela separação das costelas, sua pele ao redor da borda das asas era muito escamada, em tons de preto, lilás e cinza. Ele estava com muito calor, não só porque não era acostumado com aquele clima, mas porque estava mais ligado a natureza como um todo desde que absorvera a essência do Youkai na batalha ao norte, onde quase congelou.

O lado dragão de Douglas o protege, entretanto também o deixa cada vez mais instável. Seus surtos de temperamento são cada vez piores e mais duradouros. Ele estava começando a perceber isso. Ele odiava seus surtos de raiva, mesmo que se torne um ciclo, pois isso o faz lembrar o motivo pelo qual seu pai usara para se desculpar pela morte da mãe dele. Era plausível, mas não era aceitável, de nenhuma forma.

— Isso está me cansando! – Gritou para o nada e então suas escamas cobriram todo seu peito formando uma espécie de couraça, como um peitoral de armadura. Ele lançou chamas para o céu, onde atingiu um pássaro que voava para o sul. – Você estava no meu caminho! –

E assim outro surto de raiva ocorreu. O surto durou até ele atravessar a fronteira do país com outros dois países, quando acabou ele estava desgastado, com os cantos da boca sangrando de tanto cuspir fogo e o peito com uma marca rosada de queimadura leve.

— Não entendo se isso me fortalece ou se só me machuca. Nem parece uma evolução. – Douglas se queixou, mas continuou a voar, sem tocar em seu peito. – Pelo menos estou quase lá... –

— Rápido! Ela precisa das ervas! – Zafrina gritava a uma enfermeira da mansão Glasya-Laser. – Onde está Victor?! –

— Aqui! Estou aqui! – Victor Glasya-Laser chegava, ele tinha ido a uma viagem rápida de dois dias até o clã Gremory, mas já estava de volta. Ele estava totalmente vestido de azul e estava ao lado de Gorgon Gremory e, seu filho, Isack Gremory, que acordara depois de tanto tempo.

— Pelo menos chegamos a tempo do ritual. Quem diria que ela iria dar a luz hoje. – Isack falava alegremente, porém seu tom mudou ao ver a mulher.

Glorya Laser, uma linda mulher, esguia e alta... Bem, ela não estava mais assim. Quando Isack acordou a barriga dela já estava tão grande e lisa que dava para ver as veias , agora estava alguns centímetros. Ele achava que já era grande demais para gêmeos, mesmo que ela estivesse usando ervas místicas.

— Rápido! Eu! Preciso! – Glorya deu uma grande arfada. Inspirou fundo. – Das minhas ervas! –

A enfermeira trouxe uma jarra com folhas vermelhas bem secas e deixou ao lado de Glorya, a mulher mastigou várias com uma única bocada. O que não era para ser estranho, o rosto dela retesou, mas logo voltou ao normal. Ela piscou para o marido, enquanto mordia forte as folhas.

— Agora é sua vez, Victor! – Zafrina falou amarrando o cabelo em um rabo de cavalo. As marcas no seu corpo começaram a cintilar e ela juntou as mãos. – Vou fazer uma prece aos deuses para ajudarem. Diana é uma deusa parteira, ela ira ajudar já que está à noite. Vamos lá! – Ela entrelaçou os dedos pôs alguns diamantes do seu clã entre as palmas e orou à deusa parteira.

— O.k. – Victor se tranquilizou com uma respirada funda. – Já fiz isso duas vezes, posso fazer mais duas. –

Ele então pôs a mão entre a virilha de Glorya, ela estava totalmente dilatada, muito mais do que deveria, porém isso era bom. Deveria ser alguma característica dada pelas ervas. Ele sentiu logo a cabeça do primeiro bebe. Era uma menina peluda que chorou muito antes mesmo de sair, outro bom sinal. Victor deu sua primeira filha para um dos enfermeiros, ela era gordinha e bochechuda, tinha os olhos do pai, verdes como o oceano. Ele logo pôs a mão para retirar o outro bebe, mas antes que pudesse retirar o outro, o Rei começou a chorar...

— São mais que dois. – Disse engasgando.

— Está meio obvio, então tire-os logo! – Glorya estava emocionada, mas a dor era tanta que já engolira as ervas.

Assustado, Victor retirou o segundo bebe. Também menina, mas era pouco mais magra que a primeira, tinha olhos vermelhos como os da mãe e possuía uma manchinha na coxa esquerda, igual à mancha de Thiago. Ele logo pôs ela nas mãos do enfermeiro, que lhe deu um tapinha e a fez chorar. Enquanto tirava o terceiro bebe, percebeu que a barriga de Glorya havia diminuído muito rápido, ela poderia matar o próximo bebe. Então ele tirou, puxou com força e, mais uma surpresa ocorreu, dois bebes saíram, um atrás do outro, mas com o mesmo esforço dos pais. O primeiro um menino e a segunda uma menina, os dois eram iguais, tirando o fato que o menino era muito magro e chorão e a menina era mais calma e tinha muito cabelos, os dois tinham os olhos de Brunne, o que fez Victor chorar mais.

Depois do parto dos bebes, Victor beijou Glorya e foi ver seus quatro bebes, todos saudáveis e em suas caminhas improvisadas. As duas primeiras já haviam mamado na mãe e os outros dois estavam indo fazer isso. Eles estavam muito agitados. Mesmo que não fossem bebes normais, não era para terem tanto cabelo e nem as primeiras presas. Victor achava estranho e muito lindo. Quem aparentava não gostar muito disso era Glorya, já que eles mordiam seus seios, mesmo no primeiro dia de vida.

— Vocês serão minhas quatro joias... – sussurrou Victor.

— Joias... Riquezas... Plutão é o deus das riquezas, deus de tudo o que está debaixo da terra. Ele é respeitoso, mas não é um bom agouro. – Falou Zafrina, parecia estar cansada. Fez Victor se perguntar se oferecer joias e pedir preces a deuses custava algo. – Mas se bem que são bonitos mesmo. Essa aqui – apontou para a garota que nasceu primeiro. – lembra-me muito Janna, minha sobrinha. E isso é um ótimo agouro – apontou para a segunda garota – ela já parece mais com seu filho, Thiago, quieto, porém corajoso, escondendo as vontades próprias para ajudar a todos. Vocês têm bons genes. –

— Isso eu posso concordar. – Gorgon falou ao entrar na sala. E então apontou para o menino, que acabaram de pôr junto às irmãs inquietas – esse homenzinho parece muito com o Yagger, enquanto esta última garota lembra-me Brunne, mais que qualquer outro dos quatro. –

— Mas eles serão diferentes! – Gritou Glorya, aparentando mais calma. – Não perderei nenhum de meus filhos. Nenhum! – Gritou então deitou-se novamente. As enfermeiras estavam cuidando dos ferimentos pós-obstétricos. Logo ela estaria pronta para receber alta e voltar a ficar normalmente em pé.

— Não vou sair de perto dos meus bebes. Podem ir dormir. – Victor falou aos amigos. Todos já tinham ido, menos Zafrina, Gorgon e Isack.

— Mas você também precisa dormir e ninguém irá machucar seus filhos aqui. – Gorgon retrucou.

— Eu pedi para irem. Está tudo bem comigo, não se preocupem. –

— Pai, vamos. Queria mesmo dormir... – Isack argumentou.

— Não. Você tem que ir dormir! – Gorgon aumentou seu tom.

— Eu mandei ir! Ouça seu filho. Isack parece ser mais intelectual que você às vezes, Gorgon. – Victor falou apontando a porta. Mesmo com os tons aumentados, os quatro bebes continuaram a dormir calmamente.

— Isso... – Zafrina pegou o braço de Gorgon e o encarou friamente. – Victor é um pai e o rei daqui, respeite isso e vá aos seus aposentos... Durma se quiser. – Ela o puxou até a porta, onde ela trancou com um círculo mágico dourado.

— Obrigado. – Victor sussurrou baixinho, apenas Glorya ouviu.

— Bem... Querido, poderia se aproximar aqui? –

— Claro. – Ele andou até a cama onde Glorya estava. – Diga, querida. –

— Não é nada alarmante. Queria saber se já pensou em algum nome para eles. –

— Eu? Mas... – antes que ele falasse algo, Glorya tocou o lábio inferior dele.

— Sim. Eu escolhi os nomes dos dois primeiros, você escolhe os nomes de três destes e eu escolho de uma das meninas. O que acha? – Ela estava alegre. Eles estavam muito alegres. Todo o território Glasya-Laser estava alegre, aceso e em festa pelas novas princesas e príncipe.

— Acho uma ótima ideia. E, na verdade acho que sei ótimos nomes para os três primeiros. A primeira garota será Esme, pela cor dos seus olhos. A segunda será Rubi, também pela cor dos olhos e por ter a mancha em formato de joia que Thiago tem na coxa. – Os olhos de Glorya brilharam. Então ele notou que ela também percebera. – O garoto também terá nome de joia, mas o nome dele é mais masculino, Cobalto. O que acha? –

— Acho ótimos nomes. Todos tão preciosos como joias. – Ela começou a chorar, Victor enxugou suas lagrimas, que já escorriam pela bochecha. – O nome da última menina será Ame. –

— Ame... De ametista? –

— Sim. Todos serão joias. Amei a ideia, tanto como amo você. Esme Laser, Rubi Laser, Cobalto Laser e Ame Laser bem-vindos ao nosso mundo. – Falou sem direção...

Quando aquele momento belo acabou, um dos bebes acordou, a garota com a marca, Rubi, ela estava chorando baixinho, mas Victor a pegou no colo e começou a balançá-la devagar, depois a levou para mamar em Glorya. No exato momento, Dox Igor chega à porta do cômodo, então pede para adentrar. Victor deixa, mas o círculo não o deixava entrar, mas como que por mágica, Zafrina havia descido e abriu a porta. Dox contou todos os detalhes para eles, mesmo sem Gorgon ali.

— É uma enorme pena que o garoto-Youkai e Midnight tenham partido. Esse Douglas Grummper é realmente forte. Tenho medo que Thiago tenha que enfrentá-lo. Então... O que sugere que façamos? – Victor questionou.

— É necessário que alguém vá ajudá-los. – Dox respondeu.

— Eu vou! – Zafrina se voluntariou. – Não vejo meus filhos há muito tempo. E ainda não fiz nada que realmente ajudasse a essa busca. É minha vez. – Ela olhou para Victor, que apenas assentiu e ela se virou para sair da sala.

— Vou com você. – Isack falou. Ele estava completamente vestido e com os suprimentos corretamente arrumados em uma mochila.

— Como você sabia? – Dox perguntou.

— Desde que meu lado demônio cresceu, minha fênix interior inflamou meu conhecimento com possíveis futuros e este era um deles. Agora vamos, não temos tempo, logo será dia aqui e lá fim de tarde. À noite eles estarão em perigo maior. - Falou e se pôs a andar. Zafrina despediu-se e foi por uma roupa. Eles partiram antes que Gorgon pudesse acordar, deixando Glorya e Victor explicando a Dox os bebes.

— Bem... Estamos a sós... – Thiago falou. Ele tinha estado calado por muito tempo. Mesmo antes de Daniel ir atrás de Layah. – E em um local desfavorável, mas preciso falar com você. –

Ele falava com Ian, a pessoa que ele não saia do lado, mesmo nesse momento. Ian tinha uma carranca na face, uma forma franzida do rosto que passou a ter desde que viu Calisto. Thiago estava com medo de falar com ele e ser ignorado, mas ele estava com a garganta cheia de tanto guardar as palavras. Ele costumava ser quieto e ouvir, mas com Ian a história era outra, eles conversavam como melhores amigos. Afinal era isso e mais, pelo menos era o que Thiago esperava ser. Antes dessa missão, eles estavam começando a entender o que o outro sentia, mas tudo se partiu ao chegarem ao norte e Ian ver Midnight morrer daquela forma. Era como se parte dele tivesse morrido com o híbrido, mesmo tendo poucas semanas de convivência. Isso, claramente, não deixava Thiago com ciúmes. Ian provavelmente viu Midnight como via Giusep, seu irmão mais velho.

— Primeiro preciso que olhe para mim. – Thiago pediu e ele atendeu. Ian, ao ver a expressão de Thiago amoleceu. Thiago achava que ele tinha percebido que o estava assustando. – Obrigado. Bem, eu sei que a chance que sobrevivamos - - Ele foi interrompido pelo abraço de Ian, seguido de um beijo muito forte e seguro, que fez Thiago derreter nos braços dele.

— Não se preocupe com isso Red. – Ian falou encarando os olhos vermelho-sangue de Thiago com os seus olhos verdes.

Red... Esse apelido estava sendo tão pouco usado ultimamente que chegou a soar quente na boca de Ian e nos ouvidos de Thiago. Eles sorriram e observaram o sol enorme sobre a copa das árvores ao oeste, em algumas horas ele iria se pôr e os garotos ficariam expostos a ataques.

— Vamos...Não podemos ficar aqui. – Falou e segurou o pulso de Thiago, mas então viu um pequeno círculo rosa-choque na testa de seu parceiro. – Cuidado! – Gritou e o empurrou para baixo bem no momento em que uma Flecha passou por cima de suas cabeças.

— Não queria interromper o casal... – Uma voz feminina e um pouco familiar falou enquanto se aproximava.

— É a voz que saiu do círculo quando Calisto nos atacou da primeira vez. – Thiago lembrou. – Seu nome é Dalilah. –

— Isso mesmo. Garoto-lobo. Sou a regente deste caminho. Possuo a segunda Sacred Gear mais forte dentre os humanos. – Sorriu para eles. – Vejam! – Então ela apontou a ponta de seu arco para eles e rapidamente os dois possuíam marcas rosa-choque em lugares diferentes do corpo. – apenas quatro tiros. Pink Sagitta! - Depois do comando, a garota de cabelos cor de rosa lisos no rosto, com seus olhos azuis e enormes sobre eles, atirou quatro rajadas de energia.

Ian viu aquilo vindo e não se moveu, apenas semitransformou seu corpo, criando pelos avermelhados e garras. Thiago seguiu o exemplo e se tornou um homem meio lobo-negro com garras de prata enormes. Os tiros atingiram bolhas vermelhas no corpo de Ian, explodindo e, no caso de Thiago, foram sugadas pela espada: Safer. Eles mal tiveram tempo para se mover e a garota já os havia marcado novamente e estava pronta para atirar, mas então Ian atirou primeiro. Ninguém havia notado o arco na mão dele até ele saltar e atirar uma flecha de poder destrutivo diretamente em Dalilah. A garota atirou contra o ataque, entretanto o contato ocorreu muito próximo a ela e a explosão a atingiu, queimando uma parte de suas roupas e seu braço esquerdo.

— Isso foi muito desnecessário. Por não morre logo? – A garota estava irritada, seu arco cresceu um pouco.

— Porque temos motivos para sobreviver! – Thiago respondeu atacando com a Safer, com tanta velocidade que a garota teve que por seu arco entre ela e Thiago. Foi então que o garoto-lobo percebeu que o arco era uma extensão de seu braço, mais precisamente de uma pedra azul com branco que estava numa pulseira em seu braço.

— Que pena. Direct Link! – Ela estalou os dedos e círculos atingiram os corpos de Ian e Thiago, ambos não sentiram dano imediato então continuaram.

— Não tenho tempo pra perder contigo garota! – Ian estava realmente irritado. Ele segurava Gjard, mas a usava como suporte para seu arco de energia. Ele liberou sua Zona de poder Boost e ficou explosivo. Seu arco ficou mais carmim e sua flecha de poder praticamente brotou em sua mão. Ele se pôs à frente de Dalilah em menos de um segundo e então disparou contra ela, que fora atingida diretamente no arco, o que danificaria seu braço esquerdo novamente.

— Red sagitta! – Ela falou e os círculos em Ian e Thiago foram atingidos por minis flechas explosivas de poder carmim.

Ian e Thiago foram explodidos pelo poder de Ian, eles voaram para lados adversos e Dalilah seguiu Thiago, parecia interessada em sua espada, já que ela havia sugado a maior parte dos poderes que foram para cima de Thiago. Dalilah então os marcou novamente com pequenos círculos mágicos.

— Se eu fosse um de vocês, pensaria duas vezes antes de atacar. Minhas flechas podem acertar vocês antes mesmo de falarem a palavra “Azul” – Apontou para Safer, a espada. – Do que isso é feito? E por que ela suga poder? –

— Essa é fácil – respondeu Red – Ela é feita da sua morte e suga, por que foi projetada para isso. – E então passou a espada sobre Ian e sugou uma grande e massiva quantidade de poder e círculos rosa-choque. – Safer Cut! –

Uma enorme rajada de corte de poder carmim e rosa-choque foi mandada para Dalilah, ela não entendeu, mas não fugiu, esperou o tempo certo e então:

— Carmim Sagitta! – Gritou e esperou que o ataque sumisse, mas ele apenas piscou e ficou menor, mas ainda assim a atingiu. Ela caiu de lado no chão gemendo. – Como isso é possível? – E então percebeu que Thiago havia recebido danos, mas Ian continuava normal e deitado. – Você mandou os círculos marcadores com o ataque, para que eles refletissem em mim. Muito engenhoso. – A garota pensou em correr, mas logo lhe veio à mente que não seria possível e nem honroso, então ela só teria que se livrar daquela espada.

— Balance Breaker! – Ela falou. A postura de Thiago mudou. – True Sacred: Divine gear! – seu arco então sumiu e voltou a sua pulseira, que agora era uma luva prateada que cobria toda mão e punho, no centro da luva sobre o peito da mão estava a joia azul.

— Uma Balance Breaker que se ativa quando quer... Sem nenhum tipo de impulso emocional ou algo do tipo. Eu odeio isso. É tão sem garça. – Thiago comentou enquanto ia atacar.

No momento que colide com algo, Thiago percebe que se bateu contra uma lâmina tão grande quanto a espada dele, mas era branca feito pérola e tinha palavras inscritas nela. A espada parecia normal, as colisões eram apenas lâmina contra lâmina, criando faíscas, mas a Safer podia absorver poder e fazia isso, uma nuvem branca de poder vinha da lâmina inimiga, que diminuía aos poucos.

— Blanc Mark! – Dalilah falou marcando a espada de Thiago e a área atrás dele.

— Safer Cut! – Red Atacou.

— Não sairá como quer! Redirect! – Ela falou e fez três cortes no ar. Os cortes não aparentaram fazer nada, até que Ian gritou.

O garoto-gremory estava atrás de Thiago, neste momento, ele havia sido marcado. E tinha recebido os cortes direto nas costas, que agora sangravam, mas ele ao menos acordou e levantou com a dor.

— Como você mandou para ele? A energia deveria voltar pelo mesmo corte que eu te enviei. – Thiago estava indignado.

— Simples. Minha Balance Breaker redirecionou todos os marcadores para apenas três, um para cada corte que eu fiz no ar. – Ela terminou a explicação com um sorriso e se pôs em faze de ataque. Sua espada transformando-se em uma lança com duas pontas, uma maior que a outra, dando a impressão que ao ser perfurado por aquela lança você seria destruído duas vezes, uma após a outra.

Quando Dalilah iria atacar, a mesma esticou sua grande lança, mas antes que ela atingisse alguém, Yagger saltou no meio dela e a quebrou sem nenhum esforço. Ele estava segurando um cara loiro desacordado. Logo atrás dele Janna, os gêmeos e uma mulher de cabelos pretos sobre uma onda de areia rosa vinham.

— Xiouma! – Dalilah repreendeu-a. – O que faz com esses inimigos? –

— Dalilah, olhe bem para o ombro desse rapaz grande. – Xiouma instruiu.

A garota de cabelos rosados demorou um pouco a perceber, mas logo entrou em choro, ela via seu amigo Cromatte, mas agora estava livre de toda maldição, porém estava livre de toda vida.

— Como ele morreu? – Ela perguntou sem sair do lugar.

— Calisto o matou e eu o matei. – Yagger explicou.

— Aquele verme nojento! Ele sempre odiou Cromatte, agora o matou. Eu o amaldiçoo. – Ela engasgou com o choro. – Mas... mas, mesmo assim Xiouma. O que você faz com estes caras? –

— Eu resolvi ajudá-los. Eles são a minha única chance de me redimir com a vida e mesmo que eu morra, estarei feliz. E você? Virá conosco salvar Lizandra ou nos impedirá? – Xiouma estava muito séria, até mesmo para Yagger.

— Eu não quero ficar sozinha. Eu não quero seguir Ophis, nunca quis. Eu só a servi por medo... Medo de perder Lizandra, medo de perder você... Medo de perder tudo. Desde que vim da Índia foram vocês que me motivaram às coisas para minha diversão. – Ela segurou firme sua lança branca, que virou energia e voltou para sua mão, respirou e respondeu: - Eu vou com vocês. –

Xiouma sorriu, mas uma luz prateada desceu do céu e gerou uma comoção geral: Daniel estava com Layah nos braços. Ela estava sangrando, mas estava bem. Ela se curou rápido e correu para curar todos os outros logo em seguida. Todos os oito: Ian, Thiago, Yagger, Janna, Clary, Zack, Daniel e Layah, estavam juntos novamente e agora com a ajuda de mais duas pessoas muito fortes, Xiouma e Dalilah. Eles iriam prosseguir, mas antes de poderem andar, uma presença enorme tomou o lugar. Seu enorme poder fazia tudo, toda aquela floresta, parecer uma formiga no oceano.

— Eu estava com medo disso. – Xiouma falou.

— Disso o que? – Perguntou Zack. – Essa presença? -

— Do momento em que eu vou morrer... – Ela respondeu de forma feliz e calma, enquanto eles a presença se mostrar.