A Blue Box, An Time Lord and a Broke Heart Human.

Dia Normal Na Vida de um Senhor do Tempo?


Eu amo as suas calças em volta dos seus pés

E eu gosto do jeito como você ainda diz "por favor"

Quando você olha para mim

Eu amo os lugares em que vamos

Eu amo as pessoas que você conhece

Eu amo o jeito que você não consegue dizer "não"

Figured you Out - Nickelback

P.O.V Rose

Eu estava começando a acordar, minhas pálpebras estavam pesadas, e a visão embaçada, mas mesmo assim pude perceber que não estava em meu quarto, questionei-me mentalmente porquê, mas à medida que minha visão ficava mais nítida lembrei, de que a Tardis havia colocado meu quarto em reforma, e estava com medo dos meus pesadelos, então eu vim até o quarto do Doutor. Corei.

Lutei contra o impulso de fechar os olhos e dormir de novo, como alguém que luta contra um leão, isso não seria necessário em qualquer outro dia, mas hoje não podia simplesmente voltar a dormir. Virei e vi que o Doutor estava sentado ao meu lado com seu exemplar de Harry Potter e a Ordem da Fênix. Sorri inconscientemente, ele adora esses livros.

–Olá.

–Oh, Olá Rose.

–Há quanto tempo está lendo?

–Pouco, você sempre acorda no meio da noite?

–Meio da noite? – Havia um relógio ao lado da cama sobre um criado mudo. Depois de quase um mês de insistência minha o Doutor havia posto os relógios dos quartos no horário londrino, era bem mais confortável mim dessa maneira. Olhei para o aparelho e sorri vitoriosa. –Doutor não é o meio da noite, já são 8:00 da manhã.

–O que? – Ele sentou-se bruscamente na cama e se debruçou sobre mim para pegar o relógio. –Droga, li quase a noite inteira depois de acordar e nem percebi. – Ele esfregava freneticamente a cabeça o que bagunçava ainda mais seus, já rebeldes, cabelos castanhos.

–Ei, ei, está tudo bem, Senhores do tempo não dormem tanto quanto humanos.

–É... – Ele bufou.

–Bom dia. – Um sorriso brincou em seus olhos.

–Bom dia. Então, aonde vamos hoje Rose?

–Sexta-feira... Dia de visitar minha mãe. – Fiquei triste instantaneamente ao lembrar dela.

–Ainda podemos visita-la, no passado, mas sem dizer a ela o que acontecerá.

–E quanto a ela?

–Como assim?

–Ela vai se lembrar?

–Vai acordar no outro mundo com uma nova lembrança sua.

–Não, isso só a fará sofrer mais.

–Se mudar de ideia...

–Obrigada. – Interrompi. –Mas eu queria um dia normal.

–Nossos dias não são normais?

–Um dia sem perseguições, e sem aliens tentando nos matar.

–Suíça?

–Muito frio.

–Londres?

–De novo?

–Quer tomar café? Na terra por favor, no espaço, eles não têm cobertura nos doces.

–Por que não. E depois?

–Err... Rose, não encare isso como uma reclamação mas poderíamos discutir isso quando não estivéssemos na cama? Corei.

–Eu.... Tchau. – Saí quase que correndo do quarto até o armário gigante da Tardis. E Deus, se corar matasse, eu já estaria morta, mas porque eu estou corada? Ele é meu amigo, não é? É claro um amigo lindo, com um belo cabelo e um sorriso lindo, mas mesmo assim, apenas meu amigo, não sei o que eu sinto, não quero confundir as coisas, como aconteceu comigo e Mickey, eu não o amava de verdade, não como homem, talvez como um irmão, e se for isso com o Doutor? E se eu não o amar? E se eu partir seus corações? E se ele partir o meu?

O que Artêmis disse na caverna não saia da minha cabeça ''Ele vai partir sua alma em mil pedaços, vai estilhaçar seu coração como se fosse vidro, é isso que o doutor faz, isso é tão certo quanto o brilho das estrelas, mas por ele vale a pena, por ele vai sempre valerá a pena, as cicatrizes não serão nada se comparadas a dor de deixa-lo, eu sei porque eu o amei. '', ela o amava.

–Amor... O que é amor?

–É a coisa mais maravilhosa e perigosa do universo, te leva do céu ao inferno em um segundo, te despedaça, te destrói, mas não há dor melhor do que essa.

–Doutor? Quando chegou aqui?

–Uns 30 segundos atrás.

–E porque está aqui?

–Ei essa é minha Tardis... Beeem quase minha, tecnologia roubada, qualquer dia te conto essa história. – Ele fungou ao terminar de falar como fazia ao se enrolar num assunto. –De qualquer forma, não se foge daquele jeito, que falta de educação Srta. Tyler!

–Você só pode estar brincando comigo, acabou de admitir ser um ladrão e eu que sou mal-educada?

–Eu não roubei, peguei emprestada.

–E quando pretende devolver?

–Beeem... Não, nem tente me confundir de novo!

–A culpa não é minha se você é avoado e se distraí facilmente.

–Ei! Não fale como, como se eu não estivesse aqui!

–Está aqui porque me ama? – Disse com uma voz debochada.

–Você que estava falando sozinha de amor. – Ele resmungou.

–Porque veio atrás de mim?

–Você saiu correndo. – Aquele era de fato o olhar mais inocente que eu já vi em toda a minha vida, seus olhos castanhos brilhavam, como ele conseguia manter um olhar tão puro, mesmo tendo mais de 900 anos de idade e tendo.... Isso me lembrou suas palavras, ele disse que era um genocida, minha expressão passou de admiração para medo. –Rose o que você.... – Seus olhos passaram da inocência para a vergonha. –Entendi, está com medo de mim, ouviu o que eu disse ontem, não ouviu?

–Eu.... Eu sinto muito.

–Está pensado se não seria melhor estar em qualquer outro lugar com sua família do que com um assassino, eu entendo, se você quiser eu posso...

–Eu não acho que você é um assassino.

–O que?

–Se alguém tão doce e gentil como você fez isso eu tenho certeza que você tinha um motivo.

–Doce? Eu?

–Eu disse doce?

–V- Você se importaria se eu não te contasse isso? Nem todo mundo gosta do passado que tem. – Ele estava com a mão esfregando a parte de trás da nuca, envergonhado.

–Tudo bem, agora eu preciso de uma roupa.

–Roupas? Posso te ajudar a procurar? É como estar numa lojinha, mas eu não tenho que pagar, a final é tudo meu, então posso apenas escolher. Eu posso escolher não posso? – Tinha realmente uma forma de dizer não para aqueles grandes olhos brilhantes? Parecia filhote.

–Não vejo porque não.

–Yay! – Ele exclamou de felicidade.

Ele começou a correr, pegando um monte de roupas femininas e jogando todas em cima de mim para que eu provasse, consegui reconhecer alguns shorts, calças e blusas. Por que ele tinha tantas roupas femininas? Ponderei por alguns momentos.

–Ei! Aqui já tem roupas o bastante para umas 20 pessoas com gostos bem diversos Doutor. Posso provar elas antes de você pegar mais alguma?

–Desculpa, acho que me empolguei. – Ele disse com um sorriso amarelo.

–Posso provar agora?

–Pode, mas eu quero ver. – Dei os ombros. –Vamos você prova no meu banheiro. – Ele pegou metade das roupas e fomos em direção a seu quarto. Recuperei as peças de seus braços e fui ao banheiro para prova-las, primeiro foi um vestido branco de alças e um par de tênis pretos, saí do banheiro, ele começou a me analisar...

–Definitivamente não.

Depois foi uma saia xadrez com uma regata cinza simples.

–Não. – Ele disse.

Uma blusa espalhafatosa branca cheia de babados e renda com um short desbotado. Ele deu uma gargalhada.

–O que você tinha na cabeça quando pegou isso? – Disse esticando a blusa.

–Desculpa, não resisti, e ficou mais engraçado do que eu imaginava. – Exclamou o Doutor limpando uma lágrima do rosto.

–Te odeio. – Bufei.

–Odeia nada. Ele piscou para mim, de um jeito super fofo. Tem alguma forma de odiar aquela personalidade ‘’raio de sol’’?

Entrei no banheiro pronta para pegar todas as roupas e jogar em cima dele, que continuava rindo do lado de fora. Olhei pra as roupas jogadas no canto, eu gostei da regata mas odiei a saia, tirei a blusa branca horrível e vesti a regata simples, odiei a camisa espalhafatosa mas devo admitir que gostei do short, gostei do tênis mas não com o vestido branco, calcei ele com o short e a blusa, depois vi uma camisa xadrez, ficou bonito mas faltava alguma coisa... Eu vi na pia do banheiro um relógio de bolso prateado com alguns desenhos estranhos pendurado numa corrente também prateada, eu sabia que não deveria mexer nas coisas dele se não quisesse causar a destruição do universo ou coisa parecida mas... Qual é, era só um relógio, que mal poderia fazer? Vesti o pijama novamente e saí.

–Acho meio vergonhoso sair de pijamas.

–Já escolhi a roupa.

–O que? Sem minha aprovação? Que tipo de companheira você é?

–O tipo que não gostou da piada e agora está dando o troco. – Mostrei a língua e saí.

Eu fui até um quarto qualquer e fiz a higiene matinal, vesti a roupa que havia escolhido. Assim que acabei deixei o quarto, fui em direção a sala de controles, o Doutor estava lá esperando por mim, havia um imenso sorriso em seu rosto, mas ele logo se desfez.

–O que houve?

Ele se aproximou, pude ver seus olhos, estavam escuros, não havia vida neles, nem seu brilho de sempre.

–Esse relógio é meu aonde pegou?

–No seu banheiro, achei que não teria nenhum problema em pegar emprestado, afinal é tão bonito e....

–É meu, me devolva por favor.

–Mas é só...

–Devolva. – Suspirei vencida, entreguei o relógio em suas mãos e logo ele relaxou. -Me desculpe por isso eu só...

–Não tudo bem, eu deveria ter pedido, então aonde quer comer?

–O que você quer comer? – Seu sorriso havia voltado.

–Qualquer coisa com uma xícara de café.

–Café?

–Sim, não é porque sou britânica que tenho que tomar chá o dia inteiro.

–Justo, então vou te levar ao lugar com um dos melhores.

–Brasil?

–Yep. O melhor e mais fresco. – Ele estalou o ''p'' como sempre. Foi até o console animado, aperto alguns botões puxou umas alavancas e o barulho típico da Tardis começou, e logo pousamos com um solavanco, corri e abri as portas, estávamos num beco.

–Num beco? Sério?

–Uma cabine de polícia britânica no Brasil não é comum.

–Aonde estamos?

–São Paulo, o café mais fresco do mundo. Tem uma padaria ali vamos?

–Claro. – Ele sorriu, demos as mãos e caminhamos até a padaria. Lá dentro as vitrines estavam repletas tortas, salgados e havia algumas geladeiras grandes com refrigerantes, sentamos numa mesa mais ao fundo, havia vários homens de terno, aparentemente comendo antes do trabalho, mas nenhum de risca de giz como o Doutor, logo uma moça loira veio nos atender ela era bem bonita, com um nariz bem arrebitado e engraçado, nos entregou dois cardápios e ficou esperando.

–Já decidiram o que vão pedir?

–Eu vou querer torta de banana e suco de laranja.

–Eu vou querer café e Humm... Bolo de chocolate.

–Mais alguma coisa?

–Por agora é só, obrigada.

–Terno legal.

–Eu sei, dei sorte com esse corpo.

–Eu que sei.... – Ela falou, acho que o Doutor não ouviu bem, estava muito ocupado admirando o próprio corpo.

–O que? – Questionei, quem era aquela mulher afinal?

–Eu disse que fica pronto em um minuto. – A loira foi para trás do balcão novamente.

–Ela era bem gentil não acha Rose?

–Gentil demais. – Murmurei.

–O que?

–Nada. Então é isso que chamam de hospitalidade brasileira?

–Talvez. Ela era bem bonita.

–Ei! Você e as loiras não é Doutor?

–Ciúmes?

–De você? Só em seus sonhos, velhote.

–Não é o que parece. – Sua voz era debochada.

–Aquele cara de Tweed entrando ali é lindo não acha? – Ele revirou os olhos.

–Sabe que está sendo ridícula?

–Não, ah ele olhou para cá. – Pisquei para o estranho, mesmo sem saber por que eu estava fazendo isso, mas ele é realmente lindo apesar das roupas um tanto peculiares para sua idade. O moreno acenou em resposta.

–Quer parar com isso? Ou eu te boto de castigo. – Não pude evitar de dar uma gargalhada.

–Me botar de castigo? Você é mais criança do que eu jamais serei, Doutor!

–Eu sou é?

–É sim! – O homem de Tweed se se aproximou de nossa mesa.

–Olha sua namorada é bem bonita, não deveria irrita-la. Falou, eu sorri com a língua entre os dentes com o comentário sobre mim, mas tinha de me retratar sobre o ''namorado''.

–Meu namorado? Essa coisa? Nunca!

–Acredite em mim, ‘nunca’ chega bem rápido para vocês. – Depois disso ele sussurrou algo para o Doutor, não pude ouvir o que foi, mas decidi não perguntar, seria muito intrometido de minha parte.

–Está legal o que foi isso? Foi bem estranho. – Comentei quando o homem estranho foi embora.

–Nem fala, mas olha nossas coisas.

A moça nos serviu a comida dando uma olhada estranha para o Doutor, não gostei disso, talvez ele tenha razão, talvez eu esteja mesmo com ciúmes dele.

–Tenho de ir ao banheiro. – Avisei, quando se viaja com o Doutor é sempre crucial avisar para onde se está indo, afinal os problemas vêm até nós como moscas vão até o mel. Dentro do banheiro coberto de ladrilhos dourados encontrei a garçonete loira novamente, a única diferença é que ela não estava loira, mas sim morena, havia uma peruca sobre a pia.

–Olá. – Cumprimentou.

–Olá. – Disse com uma voz desconfiada. – Fui em direção a pia e encarei-a.

–Não deveria estar te dizendo isso, é contra as regras, ela vai me matar se souber, mas eu preciso.

–O que?

–Quando a esperança parecer acabar chame pela Tardis, ela saberá o que fazer, seja forte, aguente o máximo que puder por ele. Não posso nada além disso, e por favor não conte ao homem que estava com você. Por favor. – Ela implorou.

–Mas o que você...?

–Só escute meu conselho, ele será de grande valor no dia mais sombrio.

–Tudo bem, mas....

–Tenho de ir, você não viu um homem de Tweed por aí viu?

–Ele estava saindo.

–Ótimo, não me viu, aquele crianção acabaria comigo, por isso. Adeus, Rose Tyler. - Estava desorientada com o que havia acontecido. Quem era ela? O que queria dizer com tudo aquilo? E porque eu não podia contar nada ao Doutor? Saí do banheiro ainda me sentindo fora dos eixos.

–Rose você demorou.

–É... – Olhei para todos os lados a procura da garota loira, mas ela já não estava mais lá.

–O que houve? Quem está procurando, se estiver atrás do cara de Tweed de novo eu...

–Não é nada disso, mas aonde vamos depois daqui?

–Ah bem... O que você prefere, uma biblioteca do tamanho de um planeta ou uma praia?

–A praia.

–Nunca fazemos o que eu quero. – Reclamou o Doutor.

–Na verdade sim, nós sempre fazemos o que você quer. – Ele revirou os olhos.

–Sempre fazemos o que a Tardis quer... – Resmungou. Sorri.

–Para qual planeta vamos?

–Zicor-5 tem as praias mais bonitas do universo, tem um biquíni?

–Eu morava em Londres, não tenho biquíni.

–Sorte sua que lá vendem biquínis e roupas de banho em geral.

–Sorte sua também.

–Eu? De roupa de banho? Eu estou indo porque eles têm o melhor sorvete de todos.

–Você nem pense em ir para lá de terno e gravata.

–Eu não vou de roupa de banho, eu odeio essas coisas, eu só quero sorvete. - Ele fez biquinho.

–Que crianção.

–Como é?

–Nada. – Menti.

–Rose Tyler não minta para mim.

–Ah por favor, você não pode ir lá de terno. – Implorei com os olhos. Ele bufou.

–Você vai me meter em coisas bem constrangedoras se continuar me subornando dessa forma. – Sorri com língua entre os dentes. – Oh Rassilon, ela ainda vai me matar. – Reclamou.

–Você é muito fofo obrigada. – Me inclinei sobre a mesa e dei um beijo em sua bochecha.

–Você vai ter que me recompensar por isso mais tarde.

–Está bem, nós vamos a estreia de os Muppets depois.

–É bom mesmo. – Ele cruzou os braços em frente ao corpo.

–Bobo. – Alien sorriu. – Já acabei de comer. E você?

–Também.

–Vamos pagar no caixa. –Nós nos levantamos e fomos até lá, procurei o cara de Tweed e garota loira, mas não vi nenhum deles.

–O que vocês comeram?

–Bolo de chocolate, café, suco de laranja e torta de banana.

–Deu... 15,70.

–Ah toma. – O Doutor deu uma nota de vinte dólares a mulher, e se virou para ir andando.

–Ei espera, o seu troco.

–Pode ficar, gorjeta.

–Obrigada. – A mulher disse meio confusa, nós voltamos para a Tardis. Fomos a praia, tomamos sorvete, quer dizer eu tomei sorvete, o Doutor derramou o dele quase todo.

Pegamos uma das câmeras instantâneas que um homem estava vendendo e tiramos várias fotos, minha favorita foi uma em que estávamos os dois dando língua para a câmera e com os olhos vesgos, parecíamos duas crianças, mas eu também gostei muito da que pedimos para um senhor tirar de nós, o Doutor passou o braço ao redor de meus ombros e deu um sorriso terno e inocente, eu estava bem vermelha na foto, com um sorriso tímido, lembro do senhor comentar algo como ''Ah o amor dos Jovens''.

Fizemos um castelo de areia, o doutor reclamou do calor, uns homes estavam me olhando então ele me arrastou para um lugar da praia aonde só havia crianças correndo e brincando, e acho que ele se divertiu bem mais com elas do que com os adultos, ele as ajudou a construir castelos de areia, se fingiu de mostro e os derrubou, as crianças não ficaram muito felizes e começaram a correr atrás dele, fiquei apenas rindo de sua expressão de medo, afinal eram só crianças. Depois que elas cansaram e fora para seus pais ele voltou e se deitou ao meu lado na areia.

–Que monstrinhos.

–Ninguém mandou você destruir o castelo deles.

–Mas eu estava apenas brincando.

–Eles não pensaram assim.

–Pelo menos elas são mais divertidas do que aqueles caras que estavam olhando suas pernas, e nem sabiam o que era a teoria dos multiversos, ou a teoria das cordas, ah por favor até na terra eles sabem disso.

–Você não sabe tomar sorvete estão acho que estão quites. – O senhor do tempo revirou os olhos.

–Quer nadar?

–Porque não.

Era fim de tarde, o horizonte começava a ser banhado pelos raios laranjas de sol poente, apostamos corrida até a água, fizemos uma pequena guerra com o líquido salgado abundante, ele tentou me ensinar a nadar, quase me afoguei, ele ficou desesperado, mas me salvou no final como sempre, me tirou da água me abraçou mais forte do que o normal.

–Não me assuste assim nunca mais Rose! - Gritou enquanto me abraçava.

–D- Desculpa.

–O que deu em você para querer ir para o fundo!? – O homem se afastou e olhou nos meus olhos, os dele estavam trêmulos, e inspecionavam todo o meu corpo procurando alguma certeza de que estava completamente bem, parecia com medo, eu estava com lágrimas nos meus.

–Eu só queria...

–Eu poderia ter perdido você! – Mais um abraço apertado, dessa vez senti lágrimas em meus ombros, eram frias, muito mais frias do que a água que cobria meu corpo.

–Mas não perdeu, você estava lá para me salvar, sempre está. Obrigada Doutor. – O Doutor tremulo afastou-se novamente para me olhar.

–Você não pode contar sempre comigo, eu não sou perfeito, e se algum dia eu não estiver lá? E se.... E se eu não puder te salvar, isso me destruiria.... Eu.... Eu... – Ele engolia meus olhos com os seus, o castanho de sua íris contrastava com o vermelho causado pelas lágrimas.

–Eu confio em você, Doutor. Sei que você sempre vai estar lá quando eu precisar, meu Doutor. – Dei um beijo em sua bochecha, senti o gosto de água salgada misturada com protetor solar que ele havia passado, ele continuava ofegante pelo que havia acontecido, lhe dei um abraço enlaçando meus braços em seu pescoço, ele me retribuiu passando os seus em volta do meu corpo e me apertando o mais forte que podia. Me afastei e coloquei a mão no seu rosto.

–Vem, vamos assistir os Muppets agora.

Nós demos as mãos e fomos até a Tardis, chegando lá ele decidiu que não queria ir ao dia de estreia, que queria assistir na nave. Tomamos banho e trocamos de roupa, vestimos os pijamas, fizemos pipoca, ele colocou o dvd e sentou num sofá marrom existente no lugar que parecia uma sala e estar de uma casa comum, com televisão, sofás, poltronas, um som, e tudo mais, sentei ao seu lado um pouco distante, mas o Doutor me puxou mais para perto e deitou minha cabeça em seu colo. Depois que eu quase me afoguei ele não queria mais ficar longe de mim, mesmo ele não querendo admitir, fez cafuné em minha cabeça quase o filme inteiro, se fosse escolha minha, aquele momento jamais acabaria, nós rimos, gritamos e nos divertimos muito. Eu ri tanto com uma parte do filme que rolei do colo dele e quase caí no chão, mas ele me segurou.

–Você me pegou.

–Eu peguei você.

Foi uma noite divertida, mas o filme acabou, eu bocejei, olhei no relógio e já passava da meia noite. Fomos até os nossos quartos que ficavam um em frente ao outro.

–Acho que seu quarto já deve estar pronto, é melhor ir dormir.

–É.

Demos um longo e apertado abraço.

–Boa noite. – Ele me deu um beijo na testa.

–Boa noite.

–Rose eu...

–Sim?

–Eu.... Eu gostei muito da blusa.

–Ah, obrigada.

Eu fui para o meu e ele para o dele. Adorei a nova decoração, o lugar estava com as paredes rosas e todos os moveis eram brancos, haviam vários ursos de pelúcia e bonecas espalhados o teto fora pintado com muitas estrelas e várias constelações diferentes.

Pendurei as duas fotos que eu mais gostei no mural junto com as outras, e lá havia de todo tipo, de safaris com dinossauros até no planeta de gelatina, pra o qual não podemos mais voltar, aparentemente a gelatina de banana que o doutor comeu era uma raridade insubstituível e sem preço, me lembro como se fosse hoje, o homem histérico gritando para sairmos e nunca mais colocarmos os pés naquele planeta enquanto ele vivesse ou ele cortaria nossas cabeças, ri com a lembrança da cara daquele homem gordo e baixinho toda vermelha de raiva. Tinha uma da vez em que fomos até a era da descoberta dos novos continentes no primeiro dia de Ação de Graças, os europeus nos ameaçaram de morte por praticar bruxaria. Soltei um suspiro, podia contar nos dedos as vezes em que fomos a um lugar sem que um de nós dois quase morresse, mas mesmo assim eu não canso de viajar com ele, ou será que não canso dele? Ou dos dois? Não sei ao certo.

Tomei banho, escovei os dentes e pus o pijama, deitei na cama para dormir me preparando para outro dia incrível que seria amanhã, a final de contas na vida do Doutor um dia nunca é igual ao outro, e eu seguiria ele até o fim do universo, seguiria o meu Doutor.