Eu nunca pensei que eu me sentiria assim
Culpado e eu estou destruído por dentro
Vivendo comigo mesmo

...

Eu sempre pensei que eu conseguiria
Mas nunca soube que deixaria isso ficar tão ruim
Vivendo comigo mesmo
É tudo que eu tenho

Eu me sinto entorpecido
Eu não posso voltar para a vida
Eu sinto como se eu estivesse congelado no tempo

World So Cold – Tree Days Grace.

P.O.V Rose.

A Tardis aterrissou com um solavanco bem mais forte que o normal, era como se algo a tivesse jogado lá, mas de repente ela morreu, tudo apagou, foi bem estranho.

–Doctor... Aonde estamos?

–Não sei ao certo, mas com certeza não no Alice's World. Era para onde estávamos indo, o Doutor me disse que esse planeta ficou conhecido assim por ser parecido com o país das maravilhas do livro da Alice, eu fiquei ''curiosa'' (É claro que eu preferia ir pra uma praia mas quando eu pedi ele passou uma hora me explicando porque nós vamos passar um longo, LONGO tempo sem irmos a praias) e ele resolveu me levar até lá

–A última vez em que isso aconteceu foi quando estávamos...

–No mundo do Pete. Eu disse esperançosa. -Esse é o mundo do Pete?

–Eu creio que não, eu fechei os dois universos, se algo passasse pela pequena ranhura que ficou rasgaria ao meio o tecido dos dois universos, seria como tentar passar um lápis por um furinho numa camisa.

–Tudo bem. Eu fui em direção a porta fazendo menção a sair.

–Ei aonde você vai?

–Vou comprar batata frita. Eu abri a porta e saí na rua com ele atrás de mim ele segurou meu braço e me fez parar.

–Estamos num universo paralelo, qualquer coisa pode acontecer aqui, por exemplo, Hitler pode ter ganhado a segunda guerra.

–Estou vendo um rabino bem ali.

–Mas Rose...

–Ah só quero comprar batatas, eu volto num instante, agora relaxa e faz o que você fez da última vez, e vamos estar em casa num piscar de olhos tudo bem? Eu beijei sua bochecha e me afastei, quando eu já estava um pouco longe ele gritou ''Não se meta em problemas!", como se eu fosse do tipo que não me mete em problemas, saí andando triunfante pelas ruas de Cardiff enquanto tentava achar o caminho até minha lanchonete favorita, quando já estava no meio do caminho percebi que tinha esquecido o dinheiro. Eu bufei e dei meia volta por onde tinha vindo, foi um pouco mais rápido do que eu esperava o caminho de volta, acho que por estar realmente com fome eu andei mais rápido. Eu abri a porta e vi o Doutor mexendo nos consoles, aparentemente estava tudo funcionando perfeitamente bem, vai que não era um universo paralelo, talvez a Tardis só quis fazer uma piada.

–Olha, até que você foi rápido dessa vez, relaxa eu só vim pegar minha carteira, esqueci no meu quarto e ai podemos... Ir em bora. Ele me olhava com espanto, como se tivesse visto um fantasma, como se tivesse algo errado com minha presença ali, eu estava a meio caminho de chegar até o console quando parei de andar e falar, ele andou até ficar a minha frente.

–Como você pode estar aqui? Poderia ser apenas uma impressão, mas ele estava mais velho, os olhos dele, aqueles grandes olhos castanhos brilhantes estavam opacos, apenas com uma pequena faísca de vida neles não havia aquela chama brilhante, como pode ter envelhecido tanto em 15 minutos?

–O que eu só saí pra comprar batatas.

–Se isso é uma brincadeira não tem a mínima graça! PARE COM ISSO AGORA!

–O que deu em você? Sou só eu Doutor. Eu segurei seu rosto com minha mão, fiz com que ele olhasse em meus olhos, ele definitivamente estava mais velho, bem mais velho. - O que houve com você? Eu disse docemente, quase num sussurro.

–Você não pode estar aqui. Você... Você, eu... Eu... Me perdoe Rose.

–Do que você... Eu não pude terminar de falar, ele uniu nossos lábios num beijo carinhoso, e apaixonado, ele acariciava meu rosto com uma de suas mãos, e apertava meu corpo contra o seu com a outra, parecia que ele estava com medo de me perder se nos separássemos, mas há algo todos os seres precisam, oxigênio e no caso o nosso tinha acabado. Nós nos separamos ofegantes, ele com um imenso sorriso eu com uma cara de completa confusão mas quanto mais confusa eu parecia mais se sorriso aumentava.

–Oh Rose Tyler, eu vou te levar pra todos os lugares, vamos ver o brilho das Plêiades, nebulosas, super novas, estrelas de diamantes, planetas do tamanho de sois, andar pelos bosques, escapar de alienígenas Talvez um pouco mais disso (ele piscou)... Enquanto ele falava sua voz ficava distante, eu me perdia em meus pensamentos juntando as peças do quebra cabeça, ele parecia que não me via á muito tempo, quando me viu levou um tempo para perceber que era eu, o beijo, e seus olhos, eles estavam velhos, muito velhos para ser os que eu virá a 15 minutos atrás... Ele disse que eu não podia estar aqui, talvez de fato eu não devesse estar. Agora eu entendo, de fato não estamos no mundo do Pete, estamos no mundo aonde eu fiquei presa no outro universo, eu cerrei os dentes e fechei meus punhos de maneira bem apertada. -Então por onde quer começar?

–Pare.

–O que?

–Pare, eu não sou a sua Rose, e você não é o meu Doutor.

–O que... Você não sabia porque eu estava surpreso, apareceu dizendo que tinha saído á pouco, me diga, você não é desse universo é?

–Não.

–Aonde está o seu Doutor? Ele deu ênfase no ''seu''.

–Está consertando a Tardis.

P.O.V Doctor (Nota da Autora: O que está conversando com a Rose)

–Entendo, eu estava orbitando o Vortice temporal, sozinho, sem vontade de ter nenhuma outra aventura, tenho feito muito isso ultimamente, então algo me puxou pra cá, esse algo foram vocês, eu fui atraído por um correspondente biológico, por outro senhor do tempo, eu pensei que talvez nem todos tivessem morrido na guerra do tempo, mas vejo que estava enganado, fui atraído pra cá por mim mesmo, nem me faça pensar no quão deprimente isso é. Sorri triste.

–Doctor, eu...

–Não Rose! Só não tente me consolar porque na minha situação não há consolo, eu a perdi, perdi a minha Rose, e se quer fui homem o bastante pra dizer que a amava antes que o tempo acabasse, e agora já era. As lágrimas queimavam meus olhos, embaçavam minha visão mas como no pior dia da minha vida elas não caíram ficaram presas juntamente com um nó na minha garganta que crescia a cada segundo daquela tortura, ela estava ali na minha frente, mas não era ela, não era minha, senti aperto em meus dois corações, se é que eles ainda estavam ali, me senti flutuando numa onda de tristeza e raiva, não havia chão sob meus pés, apenas o vazio, uma queda eterna, sozinho, minha alma quebrava em pedaços cada vez menores, me senti vazio, será que se sentir morto é assim?

–Amava?

–É claro que sim, ela é a minha Rose, era a minha humana toda rosa e amarela, e agora ela está feliz, com sua família, isso me conforta, sua felicidade me conforta, mas não aplaca minha dor.

–Ela queria ficar, jamais te deixaria sozinho por opção eu juro.

–Eu sei que sim, mas nada na minha vida funciona assim, e novamente, a felicidade me escapou por entre os dedos, não tenho com quem conversar gesticulando freneticamente com as mãos ou falando a 100 km/h, estou sozinho, eu e minha Tardis novamente. Esfreguei minhas mãos no rosto e funguei tentando manter a compostura, voltei a minha expressão normal como manda o figurino, o nó da minha garganta chegava a doer, mas o que importa, no final eu só tenho que manter a mascara no lugar, como no tempo barroco, com uma fachada melhor esconde as grosserias da estrutura não é isso?

–Você não precisa ficar sozinho, pode...

–Encontrar outras companheiras? Eu não posso fazer isso, não mais séria como trair a memória dela.

–Trair a memória?

–O cheiro dela, continua aqui, no console, nos quartos, na cozinha, na biblioteca, nas minhas roupas, nos meus braços, como eu posso se quer pensar em ter outra companheira quando esse cheiro me embriaga de nostalgia todos os dias?

–Você não merece estar sozinho, vai despedaçar.

–Então que minha mente alma em solidão, por enquanto eu vou correr sozinho.

–Olha isso é uma coisa que não se vê todos os dias...

–Doctor! Rose foi para o lado pra ficar mais próxima a ele.

–Parece que seu Doutor te achou sem precisar de ajuda não é?

–Você é magro, apropriadamente magro. Ele ficou de frente pra mim e começou a me analisar, eu fiz o mesmo.

–Vocês querem ficar sozinhos, um chá ou tentarem não abrir um buraco no tecido do tempo?

–Está dando aulas de física a ela?

–Não, mas é adorável quando ela finge entender o que eu digo.

–Ei! Eu ainda estou aqui!
–Desculpe-me Rose, mas nós não vamos abrir um buraco no tempo, porque ele não é um passado meu, ou futuro, nós somos a mesma pessoa só que de dimensões diferentes, por tanto isso não causa um paradoxo, no máximo situações bastante, constrangedoras. Ele abaixou e virou a cabeça um pouco para o lado, tive a estranha impressão de que estava olhando pra o meu traseiro. -Eu realmente tive muita sorte com esse corpo. Ele comentou.

–Desculpa mas, como vieram parar aqui?

–Não faço ideia. Talvez estivéssemos muito próximos a uma falha, e aonde está sua Rose? Podemos fazer uma festa com bananas. Eu cerrei os punhos.

–Isso não vai ser possível, ela já não está comigo.

–O que... Ah, eu sinto muito, pela pergunta, já me disseram que eu sou bastante rude ás vezes.

–T-Tudo bem.

–Eu realmente... MAS O QUE FOI ISSO!? A Tardis começou a chacoalhar a se desmaterializar.

–Vocês dois são uma anomalia a Tardis está com indigestão tentando se livrar de vocês.

–O que isso quer dizer!?

–Quer dizer Rose que ela pode nos levar pra qualquer lugar. Prepare-se pra uma aventura. ALLONS-Y! Eu corri para o console e tentei estabiliza-la, enquanto o outro gargalhava ao lado de Rose com a emoção da nova aventura, juntos... Eu cerrei os dentes com a lembrança de como eu amava isso.

A Tardis pousou com um grande estrondo, podíamos estar em qualquer lugar em qualquer época, mas era mais divertido assim, pelo menos costumava ser. Eu suspirei.

–Então Doctors, estão a fim de correr?

–Os aliens não vão nos perseguir se não dermos um motivo.

Eu abaixei a cabeça e olhei para o console, fingindo que checava os controles, tentei ignorar o fato de ser deixado de lado. Eu não percebi quando ela se aproximava.

–Doctor...? Eu levantei a cabeça, ela estava com a mão estendida em minha direção com um sorriso que derreteria o gelo de plutão de tão caloroso, ela tinha grandes olhos brilhante, o cabelo caia um pouco sobre seu olho esquerdo, já que sua cabeça estava levemente inclinada, meus corações pararam por um segundo e depois começaram a bater desenfreadamente eu corei. -Allons-y Doctor?

Balancei a cabeça positivamente já que eu não conseguiria falar sem gaguejar, meu rosto queimava de vergonha, eu segurei sua mão, o outro eu já estava na porta, ele segurou a outra mão de Rose, podia sentir seus olhares em cima de mim se ele sou eu com certeza tem os mesmo sentimentos, mas não era minha culpa, ela parecia muito com a minha Rose, com aquele sorriso os olhos brilhantes, os lábios macios, eu já a havia beijado duas vezes, uma para lhe salvar a vida tirando o vórtice temporal de dentro dela, e a outra não era exatamente ela, era Cassandra em seu corpo, eu balancei a cabeça.

Lembrei do porque estávamos lá, era um bairro familiar comum terráqueo com todas as casas de andar e quintais grandes era cedo, por volta de oito horas da manhã, balanços parques, e tudo mais, aquele tipo de lugar normal. Enquanto andávamos ela soltou minha mão, eu me assustei, pensei que algo tinha acontecido, percebi que já estava bem á frente deles dois, olhei para trás, o outro havia tropeçado e caído, ela o estava ajudando a levantar, mas acaba caindo sob ele, nos braços dele, eles riam muito alto, se olhavam ternamente, apaixonados, pensei, como eu já fui um dia, agora estou só quebrado, com um vazio, eu apertei meus olhos, e, aquele maldito peso no meu peito, eu tinha inveja, tinha inveja de mim mesmo, porque ela teve de ir em bora? Porque aquela maldita alavanca tinha que ter se soltado? Porque eu tinha de sofrer? Porque não consegui dizer que a amo? Ela está ali, eu poderia simplesmente gritar ''ROSE TYLER EU TE AMO!'' Mas do que isso iria adiantar? A minha amada não ouviria, me senti mínimo, menor que um nêutron, eu só queria sumir, deixar de existir, ir pra longe de tudo isso, mas tinha algo que queria acima de tudo, eu a queria, jogaria tudo fora, venderia minha alma para abraça-la de novo, para ter uma chance de beija-la, dizer que a amo, sentir sua mão entrelaçada na minha, mas já era tarde pra tudo isso, agora era muito tarde.

Eu engoli seco, eles caminharam até mim de mãos dadas, eu olhava pra as mãos deles, ele falava muito rápido tentando explicar a Rose porque ele não tropeçara e que aquilo nunca tinha acontecido, ela ria, manti-me a frente dos dois, evitara que ela tocasse minha mão, peguei minha chave de fenda sônica, procurando algo de anormal na vizinhança, mas até agora nada e já andávamos á algum tempo, não seria tão difícil manter a concentração se eles não estivessem conversando tanto, aquilo me irritava, me tirava do sério, eu estava sendo um invejoso, eu sabia que estava.

–Vocês dois poderiam ficar quietos e se concentrarem por favor!?

–O que deu em você? Eu não me lembro dessa regeneração ser tão ranzinza.

–Ah não sei se você sabe, mas a garota que está ao seu lado ai deveria estar ao meu lado aqui mas não está, ela partiu e acho que isso é motivo mais do que o bastante pra me deixar ranzinza e com um pouquinho de raiva até então vocês poderiam calar a boca por favor!? Obrigada! Eu vi um resultado na busca da chave de fenda, ela apontava para uma entre muitas casas de andar naquela rua, essa era pintada de amarelo com as portas e janelas brancas.

–Vamos. Nós passamos pelo portão branco e batemos na porta, fomos atendidos por uma garotinha, ela aparentava uns oito anos de idade, tinha cabelos ruivos e olhos verdes.

–Quem são vocês? Eu me abaixei até ficar da altura dela.

–Oi, qual o seu nome?

–É Amélia Pond.

–Amélia Pond como num conto de fadas, eu sou o Doutor e esses são os meus... Amigos, Rose e John. Seus pais estão em casa?

–Eu não tenho pais, só uma tia.

–E ela te deixou sozinha em casa?

–Eu já sou grande.

–Ah sim, como eu pude não notar uma garota crescida? Nós somos inspetores de habitação. Eu disse mostrando o papel psíquico. -Podemos entrar?

–Podem, mas não baguncem as coisas por favor.

–Pode deixar. Ela era uma garotinha adorável, nós três entramos na casa, era bem moderna, com uma televisão grande na parede, dois sofás marrons, poltronas, estantes de livros, cozinhas estilo americano e uma escada que deveria dar nos quartos provavelmente, usei a chave sônica para olhar se estava tudo normal na casa, e realmente estava, então...

–Amélia, poderia vir até aqui?

–Tem algo de errado na minha casa senhor doutor?

–Não querida, olha temos um novo jeito de olhar se uma garotinha está bem, quer testar?

–Sim! Sim! Eu quero! Ela dava pulinhos de alegria. Eu usei a chave de fenda, eu arregalei os olhos, isso... Não podia ser. -Então! Então! O que deu ai?

–Eh, pode nos dar um momento por favor? Eu pedi, fui até Rose e o outro.

–Descobriu o que tem de errado com a casa?

–Não é com a casa, é com ela.

–O que?

–A garota não vive num lugar com uma rachadura entre dois universos, ela É a rachadura entre os dois universos.

–Ela existe aqui e no nosso universo ao mesmo tempo... Ele disse.

–Como isso é possível Doutor?

–Eu não sei. Ela consegue existir nos dois universos ao mesmo tempo, ela é como um porta, consegue ir de um para o outro, mas faz isso sem perceber. Eu respondi.

–Então num minuto ela pode estar aqui e no outro não mais?

–Não é bem assim, ela pode ir de um universo ao outro, ela vê coisas diferentes, como se estivesse em outro lugar, mas seu corpo existe nos dois lados ao mesmo tempo, o corpo dela é como o de qualquer outra pessoa, que existe aqui e em outro universo, como eu e ele, mas diferente de nós dois os corpos dela dos dois universos compartilham uma única consciência...

–E quando ela passa de um para o outro cria uma rachadura no tecido do espaço tempo, essa rachadura está ficando cada vez maior, acredito que foi por ela que vocês dois passaram até aqui. Nós dois parecíamos cachorros brigando pela atenção do dono, cortávamos as falas um do outro só pra ter o olhar dela sobre nós.

–Isso causa algum perigo?

–Não. Beem.

–Bem o que doutor?

–É completamente inofensivo considerando que ela não vai viver tempo o bastante para causar uma rachadura em grande escala, não é uma ameaça a não ser... A porta foi arrombada com um estrondo, haviam Tubians (Raça alienígena invenção minha, originários da galáxia Andrômeda, no quadrante 20-D localizado mais ao sul, parecem com humanos, mas tem a pele verde e escamosa, são uma raça extremamente temperamental e inteligente, são conhecidos por serem um povo antigo, e sábio, mas apesar disso tudo a guerra continua sendo muito apreciada) e a na porta, portavam armas.

–Queremos a humana!

–A não ser que isso aconteça. Eu disse. Ele correu e pegou Amélia nos braços, corremos até a porta dos fundos, o quintal dela era no final de uma floresta de pinheiros, havia uma bifurcação.

–Temos de nos separar, assim eles não nos pegaram tão fácil! Doutor fique com Elizabeth eu vou com ele.

–O QUE!? Sem chance Rose. Você vem comigo.

–Deixa de ser teimoso.

–Se algo te acontecer eu...

–Eu vou ficar bem Doutor, você tem que ir. Conseguia os ouvir marchando cada vez mais perto. Ela deu um beijo demorado no rosto dele, aquele maldito ciúme de algo que não era meu. Eles estavam na cozinha quando eles se separaram, peguei sua mão e corremos o mais rápido que minha pernas permitiam.

Corremos, mudamos de caminho várias vezes, tentando ao máximo dificultar para eles nos encontrarem, paramos de ouvir seus passos, paramos pra descansar numa clareira, nós corremos muito, eu nem sabia por onde tínhamos vindo, se bem que estar perdido agora era uma vantagem para nós. Sentamos um ao lado do outro encostados numa árvore.

–Você é louca?

–Como?

–Porque veio comigo? Ele é o seu Doutor, deveria ter ido com ele. Ambos estávamos ofegantes.

–Você precisava mais de mim do que ele, não queria que tentasse nenhuma burrice por estar deprimido.

–É normal, ela era importante pra mim. E ver vocês... Nó na garganta, olhos queimando, peso no peito, eu conhecia bem aquela sensação, doía, tudo doía até mesmo respirar, a dor era exorbitante, eu tentava controlar meus sentimentos de cabeça baixa não queria que ninguém visse o grande Doutor assim, de repente eu me senti ser envolvido por um abraço, ainda de cabeça baixa arregalei meus olhos, deixei as lágrimas quentes rolarem por meu rosto e fazerem caminho até o pescoço dela, deixei tudo sair, toda a dor armazenada por séculos de existência, séculos tentando ser forte só me causaram dor, as mãos dela acariciavam minha cabeça carinhosamente, sentia meus cabelos revoltos se rendendo as mão dela e irem abaixando seu volume, era estranho como até meus cabelos a obedeciam, mas ela era Rose Tyler, ela roubou meus corações.

–Shhhhhh... Está tudo bem. Ela dizia. Mas como podia estar tudo bem? Mesmo sabendo que nada estava bem eu queria me forçar a acreditar naquelas palavras. Com o tempo minhas lágrimas diminuíram até cessarem por completo, eu levantei minha cabeça e encontrei os olhos atentos dela sobre mim.

–Desculpe por... Por isso, eu só... Me desculpe Rose, não vai voltar a acontecer. Eu esperava que ela me pedisse o porque de minhas lágrimas.

–Você está bem? Eu não esperava essa pergunta em especial, porque quando as pessoas te perguntam isso elas não querem realmente saber como você está, elas perguntam por pura etiqueta, mas vindo dela eu sabia que era mais do que isso.

–Não, mas vou ficar.

–Não precisa bancar o forte comigo, eu te conheço, pode falar comigo. Eu suspirei.

–Ela era diferente, especial, com ela era tudo mais colorido, mas bonito, cada sorriso, cada conversa, tudo me surpreendia, era como se o universo fosse melhor com ela ao meu lado, eu era melhor com ela ao meu lado. Quer ver?

–Sim.

–Feche seus olhos. Deixe me te mostrar, memórias são como portas num corredor enorme, pode andar pelos corredores das minhas, mas há coisas que você não deve ver, quando chegar a alguma delas eu vou fechar a porta.

P.O.V Rose.

Era como andar por um corredor enorme sem fim, era cheio de enormes portas de madeira, cada uma com um nome, passei por algumas escritas ''Gallifrey'' resolvi não chegar perto delas, pelo menos o meu Doutor não gosta dessas memórias, eu andei por mais e mais portas sem nem prestar atenção nos títulos, até que eu cheguei em uma porta diferente, era uma enorme porta cor de rosa esculpida com imagens em alto relevo de rosas, a maçaneta era dourada, o titulo era escrito em ouro bem polido, brilhava tanto que dava a impressão de ter sido escrito com estrelas, estava escrito ''Rose Tyler'' um frio percorreu minha espinha, mas ele foi acompanhado pela voz do doutor na minha cabeça ''Não tenha medo'', eu coloquei a mão na porta e percorri os dedos pelo frio metal polido aonde estava escrito meu nome, ou o nome dela, desci a mão até a rosas esculpidas delicadamente, um sorriso brincou em meus lábios ao ver o cuidado e a perfeição com que a porta que guardava as memórias dela havia sido feita, me fez pensar se o meu Doutor também sentia o mesmo, finalmente cheguei a maçaneta, pus toda a mão sobre ela e fechei meus dedos ao seu redor, eu respirei fundo e abri a porta.

Eu fui parar num outro corredor, haviam inúmeras portas, todas pareciam uma cópia exata da que eu acabará de passar, mas o titulo era diferente, vi todas as aventura que eles passaram e pelas quais eu também passei com o meu Doutor. Mas eu cheguei em uma que titulo era ''Eu a amo'' Eu fui em direção a ela sem nem pensar no que estava fazendo, mas ele disse que eu podia olhar tudo, então não teria problema, pus minha mão na maçaneta, mas quando eu estava prestes a abrir ouvi sua voz em minha cabeça ''Spoilers... Ele vai te contar isso algum dia, mas por enquanto...'' Eu tentei abrir, girei a maçaneta e empurrei a porta, estava trancada, eu bufei em protesto, ele deu uma risadinha, ''Deixe-me te mostrar o que você precisa ver'', mais rápido do que o que meus olhos puderam acompanhar o titulo sobre a porta cor de rosa havia mudado agora era ''Bad Wolf Bay'', eu a abri, e logo comecei a ver as imagens, havia ele e Rose, e logo depois vieram as vozes.

''Eu posso...''

''Continuo sendo apenas uma imagem, sem toque.''

''Não podia ter vindo pessoalmente?''

''A coisa toda iria se rachar, dois universos iriam colapsar''

''E daí?''

... (Nota da autora: Eu vou pular pra perto do final porque acho desnecessário eu reescrever a cena toda e ficar chorando enquanto escrevo espero que não se importem de eu ter um coração mais mole do que amoeba)

''Você está morta, oficialmente, e ainda sim ai está você, vivendo a vida dia após dia, a única aventura que eu nunca vou ter'' Nas imagens que eu via ele parecia forte, estava agindo normalmente, mas em sentia o que ele sentia, ele desmoronava a cada palavra que falava, estava morrendo por dentro, mas ela deixava isso transparecer, ela chorava muito, ou eu chorava muito.

''Eu vou ver você de novo?'' Ela chorava e soluçava, essa pergunta fez com ele estremecesse por dentro, mas mesmo assim ele respondeu.

''Você não pode''

''E o que vai fazer agora?''

''Voltar pra dentro da Tardis, a mesma velha vida o último dos senhores do tempo.''

''Sozinho?'' Ele não pode responder, apenas balançou a cabeça positivamente, ver ela chorar era como ver o universo queimar em frente ao seus olhos, era desesperador, mas o Doutor sempre soube esconder o que sentia muito bem. ''Eu... Eu Te amo'' Seus corações bateram mais rápido, ele sabia o que ela sentia, mas nunca pensou que fosse ouvir aquelas palavras saindo da boca dela, e logo agora que eles se quer podiam se tocar.

''Está certo, e eu acho, que essa é minha última chance de dizer... Rose Tyler...'' Seus sentimentos jamais foram ditos, suas palavras finais a ela permaneceram como um segredo, trancado numa caixa para a qual ela não tinha a chave, mas em sua mente eu ouvia o que ele queria dizer ''Eu te amo, Rose Tyler eu te amo'', mas a frase se perdeu no silêncio entre as duas dimensões que separavam eles, os amantes impossíveis, mas nada é impossível quando se trata dele, é apenas um pouco improvável, as lágrimas lhe escorriam pelos olhos, apenas uma lembrança de que ela jamais saberia o que ele iria dizer, jamais saberia o quanto ela a amava, que seu amor jamais cessaria enquanto ele respirasse e seus corações batessem em sue peito, as palavras não foram pronunciadas, agora restava apenas a distancia que os separava, e as lágrimas, as lágrimas quentes e salgadas que derramaram um pelo outro, elas sempre os manteriam *juntos num laço que poderia ser esticado ou emaranhado, mas jamais se partiria*. (Nota da autora: Essa é uma antiga lenda japonesa que eu não me lembro o nome mas sempre achei muito bonita.)

P.O.V Doctor.

–Você amou.

–Eu amei. Repeti. -E ainda a amo, sempre vou amar., porque não há final feliz ou triste para um amor, porque se é amor nunca acaba. Ela sorriu.

–Se sente melhor?

–Me sinto muito melhor. Muito obrigada Rose Tyler.

–De nada Doutor. Eu levantei. Estendi minha mão para ajuda-la, ela pegou de bom grado. Ao nos levantarmos ela me deu um abraço bem apertado, era tudo que eu mais precisava, ela me lia tão bem.

–Eca! Estão namorando? Eu conhecia essa vozinha.

–Amélia!? Rose disse. -O que? Aonde está o Doutor.

–Tinha uns homens estranhos seguindo a gente, ele me mandou eu me esconder, e eles levaram ele.

–Precisamos encontra-lo! RÁPIDO!

–Calma Rose. Amélia, pra onde levaram ele?

–Eu não sei.

–Vamos! Eu não vou deixar que machuquem o meu Doutor. Eu pela terceira vez naquele dia senti ciúmes, Senhores do tempo não tem ciúmes, o que era isso?