No dia seguinte, o reino acordou em pânico.
Mais de 10 mortes haviam ocorrido em uma só noite, crianças, adultos, soldados, todos que estavam nas ruas de madrugada haviam morrido.

A rainha estava simplesmente desolada, sabia que tinha sido Aurora quem tinha causado tudo aquilo, só não sabia o porquê e não queria acreditar nos fatos.
Liza subiu as escadas ainda atordoada por seus pensamentos, ela não queria acreditar que sua filha tinha cometido uma chacina no reino. Ela subiu as escadas cada vez mais devagar, como se não quisesse ir até o quarto da garota. ela abriu a porta do quarto

– Minha filha...eu...

– Mãe. – Aurora estava sentada na cama com o vestido rasgado, sujo de sangue, cortes de adaga em seus braços, seus pulsos praticamente mutilados, cabelos desarrumados, pele pálida, os olhos com um estranho contorno negro, e a íris mais azulada que nunca. – Bom Dia. - falou enquanto abria mais um corte no punho, fazendo o sangue escorrer no chão.

A Rainha soltou um grito de pânico ao ver sua filha naquele estado, parecendo uma figura demoníaca e assombrosa sentada na cama.

– Assustada ? – Perguntou zombeteira – eu sou sua filha, não tem que ter medo de mim, não é Mãe ?

Liza caminhava para trás, ela estava em pânico pela garota ter se levantado da cama e estar andando em sua direção, com um olhar que até poderia ser divertido.

– Buh. – Disse em tom baixo sorrindo com os dentes ensanguentados para a mãe, que fechou a porta do quarto e saiu gritando escadaria abaixo, fazendo todos do castelo entrarem em mais pânico do que já estavam.

Liza andou até a sala real, onde abriu as portas desesperada e deu de cara com seu marido sentado no trono.

– Aurora... – Disse ofegante – Aurora...

– Se acalme Liza ! O que houve...?

– Prenda...Mate...Faça qualquer coisa...Só não quero essa garota perto de mim!

– LIZA! - O rei tentou protestar, a mulher com certeza não estava em seu estado normal.

– Não era você que queria mata-la ?...Pois bem...Faça como quiser... – A rainha sentou-se no trono aturdida, era muita decepção para apenas uma pessoa em um só dia.

– GUARDAS ! – Ordenou o rei, e logo mais de 10 guardas estavam prostrados diante dele. – Prendam Aurora no calabouço da última torre.

Os guardas logo subiram as escadas e violentamente adentraram o quarto da garota, que estava na sacada, de costadas.

– Princesa... – Se pronunciou um deles, tentado se aproximar.

Ela olhou para trás,com os olhos brilhando, o mesmo brilho de diamante que costumava ter quando ela colocava as pessoas para dormir. Um dos guardas caiu no chão, mas não petrificado, morto.

Os guardas entraram em pânico, mas decidiram não recuar sob as ordens do rei.

– Tapem os olhos ! – Gritou um guarda que já estava de olhos fechados avançando para perto da garota.

– Não vai adiantar, vocês vão morrer de toda forma... – Ela cantarolou andando com as mãos atrás do corpo.

Logo os guardas atacaram-na, acertando-a com uma lança, que atravessou seu braço. A garota caiu de joelhos no chão, e olhou fixamente para um dos guardas.
Espontaneamente, o braço do guarda se desprendeu, sendo jogado para longe, o mesmo braço que Aurora tinha sido atingida.

Aproveitando o momento de fraqueza da garota, um dos guardas usou um pedaço de pano para tapar os olhos dela, e assim eles conseguiram domina-la, a arrastando de escada abaixo.

– Prendam-na na última torre ! – Ordenou o rei.

Aurora foi levada para a torre mais alta do castelo, em um quarto onde havia apenas uma cama, um guarda-roupa, uma penteadeira, um banheiro nos fundos e uma enorme janela. Era bem parecido com seu quarto original, só que sem nenhum luxo, sem nenhuma decoração, sem nada, apenas um quarto realmente precário.
No canto do quarto, haviam duas correntes que eram presas nas duas paredes laterais, e tomavam toda a extensão do quarto. Ela foi algemada com uma corrente em cada braço, e como as correntes eram grandes ela poderia se movimentar pelo quarto livremente enquanto ainda estava presa.

Aurora estava quase tendo um ataque, gritando, proferindo palavras de baixíssimo calão, e puxando as correntes em uma tentativa inútil de se soltar. As correntes poderiam ser manipuladas do lado de fora do quarto, e dois guardas puxaram cada corrente, esticando os braços da garota, fazendo com que ela caísse sentada no meio do quarto com os braços um pouco levantados presos pelas duas correntes.

Ele tinha razão, eles só queriam a minha morte...Mas quem vai morrer não sou eu.”