Aurora acordou um tanto assustada ouvindo os gritos das camareiras que vinham do quarto de seu pai. Ela sorriu e logo se virou para o lado, e Hiei estava olhando-a.

– A quanto tempo está acordado ? – Ela perguntou um tanto sem jeito, olhando para os olhos verdes do garoto que denunciavam um brilho de alegria.

– Pouco tempo... – Disse ele envolvendo-a melhor em seus braços. – Essas camareiras poderiam fazer menos barulho, não acha ? - Ele riu, e ela também.

– Com certeza. Acho também que é melhor você ir antes que alguma delas entre no meu quarto gritando pela morte do rei... - Ela pareceu relutante ao dizer isso, e ele também. Ela não queria sair dali, e ele não queria solta-la. - Agora. - Ela sorriu e o garoto rolou os olhos.

– Está bem então, devo aparecer quando a festinha começar. – Ele levantou-se e colocou sua camiseta, Aurora não podia deixar de fita-lo tendo lembranças da noite anterior. - Até mais Bela. - Ele se arqueou sobre a garota e lhe deu um beijo, levantando-se e correndo até a janela onde saltou com impulso e se transformou em uma enorme coruja.

Aurora foi se vestir, seria um dia mais que especial. Ela vestiu um de seus vestidos, um vestido azul claro com um espartilho preto, soltou os cabelos e fingiu sair correndo do quarto para ver o por que de tanta movimentação nos corredores.

Liza a Rainha, estava chorando apoiada no trono do rei, na sala real.

– Mamãe... – Disse ela correndo para abraçar a mãe, e logo sorrindo pelas costas da mulher. – Vai ficar tudo bem...

– Aurora... – Dizia a mulher entre o choro – Foi Malévola, seu pai mandou que Everdeen a caçasse, com certeza foi ela! - Esse era um ótimo alíbi para que ninguém suspeitasse de Aurora. - Se não fosse você aqui eu com certeza não teria mais forças para continuar - A mulher lamentava.

Aurora praguejava mentalmente, desejava ao máximo tornar a vida daquela mulher um inferno.

Era pelo fato daquela mulher ama-la, que ela a odiava. Não queria receber amor de alguém que um dia já a fez sofrer, sofrer muito. Alguém que a trancou em uma torre suja e desprezível por praticamente dezesseis anos, deixou-a acorrentada, jogada ao chão como um animal, pediu para que guardar torturasse toda vez que ela resolvia começar a gritar, gritar por que estava se sentindo sozinha.

A bruxa branca entrou na casa, seu desespero era visível. Ela estava tão abalada que a própria rainha se espantou, olhando com os olhos assustados e marejados para a mulher de vestes brancas.

– O que aconteceu ? – Perguntou a rainha um tanto estática

– Vossa Majestade... – Sibilou a bruxa, com um tom de receio na voz. – A família real acaba de ser encontrada morta na outra ala do pálacio, seus pais, os pais de Algust, seus irmãos...

Hiei.” – Foi o que veio a mente de Aurora, já que ela sabia que o garoto também queria se divertir um pouco, afinal de contas ele não era nada diferente dela.

A bruxa branca olhou para Aurora, e deu alguns passos para trás.

– ESSA GAROTA ! – Gritou a Mulher – ELA ASSASSINOU ALGUST !

A rainha logo se levantou para defender a filha, levantando uma das mãos para apontar o indicador rosto da bruxa branca, mas foi impedida por algo que segurou sua mão. Era Aurora, que permanecia sorridente.

– E se eu disser, que eu matei ? - Ela estalou os dedos - O que você vai fazer, mamãe ?

Aurora soltou risadas que foram capazes de quebrar os vidros do castelo e de todas as casas próximas a eles, uma gargalhada que pode ser ouvida por todo o reino.

Malévola estava sentada em sua cadeira, ao lado de Hiei que permanecia sentado na janela afiando suas facas recém usadas.

– Começou.