A Arma De Esther

Capítulo 57 - Jantar


Capítulo 57 – Jantar

–Que tal este vestido?

Teresa deu uma voltinha para Klaus poder apreciar o seu vestido.

–Perfeito. Precisas de ajuda com o zíper?

–Por favor – Teresa virou-se de costas e Klaus deixou a sua camisa em cima da cama e foi até ela, fechando o zíper com extrema calma. Deu-lhe um beijo demorado no pescoço e Teresa pensou que ia derreter naquele momento. – Prometo que esta noite vou compensar-te por todas as noites que tens passado em claro.

–Ei, ele também é meu filho – protestou Klaus. – E tu ainda estás a estudar. Faço tudo por ti e continuarei a fazer. Não é algo que eu vá cobrar no futuro.

–Eu sei, eu sei. Mas… tu tens sido tão bom – Teresa virou-se para Klaus e ele enlaçou-lhe a cintura, juntando os corpos dos dois. – Tão bom pai e companheiro. Obrigada.

–Obrigado por teres sido a mulher da minha vida, por não teres desistido de mim mesmo quando tudo já parecia perdido – os olhos azuis de Klaus encheram-se de lágrimas e a sua voz ficou rouca nas últimas palavras. – Eu amo-te.

–Eu também te amo, Klaus. Vamos ser sempre nós os dois, para sempre – Teresa encostou a sua testa ao queixo de Klaus e fechou os olhos, apreciando o momento.

Ultimamente, os dois tinham muito pouco tempo só para eles, devido a Simon, á Faculdade e ao trabalho de Teresa. Para além disso, Klaus tinha em mãos uma investigação privada: estava à procura de Tyler Lockwood.

O primeiro híbrido de Klaus que sobrevivera á transformação tinha saído de Mystic Falls, de acordo com o que lhe tinham informado. Então, Tyler estava agora desaparecido. E uma coisa que Klaus não gostava era perder o controlo de situações. Não saber onde Tyler estava era uma dessas situações.

–A campainha acabou de tocar – murmurou Klaus. – Argh, odeio arruinar este momento.

–Eu também. Mas David e Elizabeth esperam-nos – falou Teresa, sorrindo carinhosamente para Klaus. Viu-o vestir a sua camisa, deixando os dois botões de cima abertos, dando-lhe um ar informal.

Os dois saíram do quarto de mãos dadas e foram até á sala, onde David estava a conversar com Liliana e Kol. Ele virou-se.

E o Mundo gelou.

Klaus correu até ele e prensou-o contra a parede mais próxima.

–Klaus! – exclamou Teresa, indo até eles os dois.

David começou a rir, um contraste evidente contra a expressão furiosa do híbrido.

–Bem, bem, como o Mundo é pequeno, não é, Niklaus?

–Sai da minha casa agora – ameaçou o Original.

–Niklaus! – repreendeu Elijah, conseguindo afastar o irmão de David. – Comporta-te.

–Comporto-me?! Ele tentou matar-me! – gritou Klaus e Teresa sentiu medo e fúria misturados a correr pelas suas veias. Eram tudo sentimentos de Klaus.

–Irmão – Elizabeth, uma linda loira com olhos castanhos cor de mel colocou-se atrás do irmão, que já se tinha afastado da parede.

–Está tudo bem, Elizabeth – garantiu David, olhando-a de relance com os seus olhos azuis, naquele momento em fogo, com um brilho perigoso e doentio. – Olá, Sophie.

–Oi – Teresa deu um abraço rápido a David e sem desviar o olhar, indagou: - O que se passa?

David riu levemente e ergueu as suas sobrancelhas loiras, como o seu cabelo que ia até aos ombros.

–Eu e Niklaus já nos conhecemos.

–A sério? – Teresa cruzou os braços. – Imagino qual terá sido a situação.

A expressão alegre de David desvaneceu-se.

–Desculpa. Não sabia que andavas metida com vampiros. Ter-te-ia poupado a todo este drama.

Teresa enrugou a testa, não percebendo.

–Ele é um Caçador – concluiu Klaus. – E agora quero-te fora daqui.

–Isso não vai acontecer – interrompeu Teresa para Klaus, voltando a virar-se para David. – Explica-me melhor essa coisa do Caçador, por favor.

–Vês, irmão? – espicaçou Kol. – Ela sabe pedir “por favor”. Educadíssima.

–Cala-te, Kol – rosnou Klaus.

–A história não tem muito que saber – começou David. – Eu descobri a existência de vampiros e desde então tenho tentado matá-los. Só isso.

–Estás a esquecer-te de um importante detalhe – informou Klaus, com desprezo. – Não te esqueças da parte mais importante.

–Ah, sim, muito importante: eu sou lindo – David tentou desviar a conversa com o seu habitual charme.

Klaus fez um esgar e falou:

–Ele é imortal.

Teresa arregalou os olhos.

–Tu és o quê?

David encolheu os ombros, como se não fosse nada de especial.

–Sim, eu sou imortal. Está no meu sangue. Eu nasci e cresci e quando cheguei aos vinte e cinco parei no tempo. A minha irmã Elizabeth está quase a chegar a essa altura.

Elizabeth corou atrás do seu irmão e baixou o rosto, envergonhada.

–Então, tecnicamente tu tens…

–Relaxa, ainda não sou centenário: na realidade, tenho quarenta e cinco anos. Nada de especial, a comparar com o teu namorado híbrido.

Teresa processou a informação durante alguns segundos e então percebeu que Elizabeth continuava na mesma posição.

–Elizabeth, tenho uma coisa para ti.

Todos pareceram surpreendidos com a atenção imediata que Teresa deu á única pessoa que parecia não estar interessada na discussão. Elizabeth ergueu o olhar, fixando Teresa, interessada.

–Está… - Teresa procurou pelas estantes e encontrou o livro que procurava. – Aqui está! Olha que não é fácil encontrar este livro, está quase sempre esgotado.

The History of Love – os olhos de Elizabeth brilharam e abraçou Teresa. – Obrigada!

–De nada. Eu vi o livro no aeroporto e decidi comprá-lo para ti, já que quando eu tinha ido embora, tu tinhas andado a falar do livro e tinhas-te queixado que o livro estava sempre esgotado. Agora, já o tens.

–Obrigada por te lembrares de mim! – exclamou Elizabeth, separando-se de Teresa.

–Vamos jantar? Tenho a certeza que estão todos esfomeados – sugeriu Liliana. – Depois de… bem… andarem a treinar a vossa pontaria com as palavras.

Kol olhou para o chão, rindo baixinho. Liliana conseguia ser engraçada e cómica. E isso resultou, porque a nuvem negra que se estava a instalar na sala desvaneceu-se logo. Começaram todos a levar coisas da cozinha para a sala de jantar e quando se instalaram todos, a conversa começou a fluir entre todos.

David estava particularmente interessado com o facto de Teresa ter dado á luz em Portugal e pelo seu nome verdadeiro. Elizabeth encontrou em Elijah uma companhia estável para falar de livros e música. Rebekah via em Elizabeth a sua nova melhor amiga, enquanto que Kol e Liliana iam voando de uma conversa para a outra, ás vezes verificando se Simon estava bem no seu quarto.

–Obrigada por teres vindo – disse Teresa, enquanto se despedia de David, no corredor. – Foi muito importante para mim.

–Eu sei que sim. E a honra foi minha – David deu um meio sorriso. – Se eu soubesse que me iria encontrar com Niklaus, teria trazido as minhas estacas.

–Não sejas assim! – Teresa sabia que David estava meio a brincar, meio a falar a sério. – David… ele é o pai de Simon. Fizemos os testes de DNA e deu positivo.

–Imaginei isso assim que vi que vocês os dois estavam juntos. Ele está… a ser bom para ti?

–Sim, está – Teresa suspirou e parou com a mão na maçaneta da porta. – Diz-me que não o vais matar.

–Relaxa. Ele é o verdadeiro imortal. Nada o pode matar á exceção de uma bruxa. A Bruxa Original.

Teresa teve um arrepio. Há muito tempo que não ouvia falar de Esther.

–É. Esperemos que ela nunca nos apareça à porta.

David riu e deu um beijo na bochecha de Teresa.

–Duvido. Que podia ela fazer? Passar por cima de ti e deixar um bebé órfão? Hum, não me parece.

–Ás vezes as pessoas podem ser cruéis – Teresa baixou o olhar. Os seus sapatos passaram a ser bastante interessantes.

–Não contigo. Tu és pura.

–Talvez. Talvez não.

–Acredita em mim: eu reconheço um anjo quando o vejo.

©AnaTheresaC