A Arma De Esther

Capítulo 48 - Viagem


Capítulo 48 – Viagem

-Então ele ligou a humanidade? – Rebekah tentou sintetizar.

-Não – explicou Liliana. – Mas se ele a ver, não duvido que ligue.

Elijah franziu o cenho.

-Não tenho a certeza…

-Argh, confiem em mim! – exclamou Liliana. – Eu vi os seus olhos! Raios, eu tenho a certeza que ele vai ligar a humanidade!

-Liliana, eu quero muito acreditar em ti, mas… Será que… - Kol não conseguia expressar-se corretamente. – Será que não viste coisas?

-Não! – gritou Liliana, olhando para os três Originais que teimavam em não acreditar nela. – Vocês querem ter o vosso irmão de volta ou não? Eu vi e ouvi-o. Ele preocupa-se com ela. Enquanto vocês andam preocupados em trazê-lo de volta através da dor, o amor é a chave para Klaus!

-Tens a certeza? – perguntou Elijah. – Nós não podemos arriscar, ela não é nenhum brinquedo.

-Ela é a minha melhor amiga – respondeu Liliana, engolindo em seco. – Eu sei que ela não é nenhum brinquedo.

Rebekah suspirou alto, resignada.

-Vale a pena arriscar – afirmou. – Se ele vai ligar a humanidade, vale a pena arriscar tudo. Eu só quero o meu irmão de volta.

Elijah acenou com a cabeça, concordando com a irmã.

-Quem vai buscá-la?

-Eu – afirmou Kol – Só eu é que posso restaurar-lhe as memórias.

-Eu também vou – disse Liliana. – Ela é a minha melhor amiga e eu nunca visitei o Canadá.

-Temos que te arranjar um passaporte falso – pensou Elijah em voz alta.

-Oh, por favor! – exclamou Rebekah, revirando os olhos. – Eu arranjei-lhe logo documentos falsos quando ela se transformou. Ela pode ir.

Liliana sorriu para a Original, agradecendo com o olhar a preocupação de Rebekah.

-Então não vamos esperar mais tempo – disse Kol, começando a subir as escadas e a ditar ordens. – Liliana, faz uma mala pequena. Rebekah, trata dos dólares canadianos. Elijah, marca as passagens.

Liliana subiu as escadas a correr para o seu quarto, começando a colocar algumas mudas de roupa na sua mala de viagem pequena.

-Aqui tens – Rebekah irrompeu pelo quarto, entregando-lhe um envelope A4. – Dólares e documentos.

-Obrigada – agradeceu Liliana, não conseguindo esconder o seu sorriso. – Eu vou vê-la!

Rebekah sorriu delicadamente, colocando uma mão no ombro de Liliana, acalmando o seu entusiasmo.

-Sim, tu vais. Mas não te esqueças que tudo tem um objetivo: não é uma visita cordial, tem como objetivo trazê-la de volta.

-Para trazer Klaus de volta, eu sei. Não sou estúpida, Rebekah. Sei muito bem o que vai acontecer se eu estiver errada e Klaus não ligar as emoções.

Rebekah franziu o sobrolho.

-Ai sabes?

-Sim, sei. Nunca mais poderei voltar a ver a minha melhor amiga e muito provavelmente serei expulsa desta casa.

-Nunca te faríamos isso.

-Talvez não diretamente nem com intenção. Mas eu jamais conseguiria olhar para vocês e enfrentar a vossa desilusão.

-Parece que sabes do que falas.

Liliana sorriu amargamente. Um flash de um acidente de carro apareceu-lhe. Ela olhou para o lado tentando reconhecer o condutor, mas a sua mente bloqueou, causando-lhe uma pequena dor de cabeça.

-Eu… está tudo muito confuso na minha cabeça…

-Liliana, o evento por que passaste antes mesmo de te tornares vampira foi muito traumático – Rebekah conseguiu contornar a situação. – É normal estar tudo distorcido na tua mente.

-Hum… talvez – disse Lili, abanando a cabeça e afastando tal memória. – Kol já está preparado?

-E pronto para ir – o Original apareceu à porta com uma pequena mala de viagem. – Estás pronta?

-Sim – afirmou Liliana, fechando e pegando na sua mala de viagem beije.

Os três desceram as escadas e Elijah estava á porta com os bilhetes de avião. Entregou-os ao irmão mais novo.

-Boa viagem – disse ele, abraçando o irmão com força. – Também já estão aí os bilhetes de volta.

Ou seja, o bilhete de Teresa.

-Voltem depressa – murmurou Rebekah. Ela podia tentar, mas não conseguia esconder o seu entusiasmo. Teresa era a sua única melhor amiga neste século. Na verdade, ela era a única. Liliana tinha vindo por acréscimo, mas a sua melhor amiga verdadeira seria sempre Teresa.

Quando chegasse a altura de ela se embora, Bekah iria sofrer. Estava numa posição em que não podia escolher. Niklaus era o seu irmão, mas Teresa era a sua melhor amiga. Família sempre e para sempre. Esse seu juramento magoava-a. Não que ela sofresse com esse juramento, Bekah amava todos os seus irmãos e iria defendê-los até morrer definitivamente. A questão é que Teresa tinha entrado neste mundo de uma maneira muito turbulenta e tinha-se adaptado relativamente bem. Aos poucos, tinha conquistado os corações de Elijah e Kol. Rebekah não tinha sido a única vítima da simplicidade e alegria da jovem humana.

-Voltaremos – garantiu Kol, dando um beijo na testa da irmã.

Kol entrou no Land Rover Evoque preto de Klaus e demorou cerca de uma hora até chegar ao aeroporto. Estacionou o carro no parquímetro e foi com Liliana até ao check-in em perfeito silêncio. O avião partia dentro de 40 minutos, pelo que eles tinham que se apressar. Kol pegou nos bilhetes de avião e passaram tranquilamente pelo detetor de metais. Pegaram nas suas malas individuais e caminharam até à gare de embarque, que era uma das últimas. Assim que a assistente de terra viu os bilhetes e confirmou as identidades, ainda tiveram que pegar o autocarro que os levaria ao avião.

-Pensei que tivesses um jato – observou Liliana, sorrindo discretamente de lado.

-E tenho. Mas Teresa não pode desaparecer do mapa assim do nada. Alguém pode desconfiar.

Ela acenou, compreendendo.

-Tens saudades dela?

Kol não queria assumir a verdade, mas a pergunta era demasiado direta.

-Sim, tenho. Ela faz falta à nossa família. Quando ela morrer…

-Talvez não seja necessário ela morrer já – disse ela, colocando uma mão no antebraço de Kol para o confortar.

-Sim, talvez não seja necessário ela morrer tão jovem.

Sabia que aquilo não era a mesma coisa, mas para a altura, era a única coisa a que eles se podiam agarrar.

O avião começou a descolar e durante as oito horas de voo nenhum falou. Estavam ansiosos para chegar ao outro lado do mundo, trazê-la de volta e ligar a humanidade de Klaus. O tempo não escasseava, mas eles não queriam esperar.

Kol alugou um carro e guiou até à morada que Elijah tinha dado. Era um dos muitos apartamentos que eles tinham em Toronto. Ficava numa zona chique e calma da cidade. Kol abriu a porta e os dois entraram no apartamento.

Ele estava impecavelmente decorado, com um estilo moderno e pessoal de Teresa.

-Não está ninguém em casa – murmurou Liliana, apurando a audição.

-Se calhar está a trabalhar ou ainda na Faculdade.

-Talvez – acenou Liliana e começou a explorar a casa. Reparou numa foto de Teresa que estava no seu quarto com um vestido azul-escuro bastante folgado. Não era propriamente o estilo de Teresa. Será que, para além do nome, também os seus gostos tinham mudado?

Kol ficou a observar a sala. A TV plasma era deles, assim como todo o recheio da casa, mas Teresa tinha-lhes dado o seu toque especial. Primeiro de tudo, as almofadas. Elas não faziam parte do sofá, eram de um azul claro lindo, mas o sofá era branco. Combinavam e Kol sorriu. Teresa teria o seu bom gosto imaculado para sempre. As estantes estavam com molduras elegantes e joviais, com pessoas que Kol não reconhecia. Não havia nenhum rapaz nas fotos, o que surpreendeu Kol, mas ao mesmo tempo ficou aliviado. A mesa das refeições tinha uma jarra com rosas brancas e cor-de-rosa, as favoritas de Teresa.

A porta abriu-se e Liliana correu até Kol antes de Teresa entrar em casa. Instintivamente apertou a mão do Original e os seus olhos arregalaram-se. Kol não a afastou, sabendo o receio dela.

Teresa fechou a porta e colocou as chaves no cinzeiro branco que tinha ao lado da porta. Os seus olhos elevaram-se e ficou parada a olhar para o fundo da sala que tinha os dois estranhos.

-Ahn, desculpem, mas… quem são vocês?

©AnaTheresaC