60 Minutos de Paixão

Sentimentos Conflitantes


SENTIMENTOS CONFLITANTES

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Jenny me encarava com uma determinação surpreendente, enquanto Júlia parecia incerta sobre a situação. Enquanto isso, minha mente ainda tentava compreender as acusações da namorada de mentira de meu primo em relação a Rachel Sherman, uma das pessoas mais ordinárias e traiçoeiras que eu já tive o desprazer de conhecer. Ainda assim, havia algo de errado nessa história. Apesar de ter motivos e de nunca ter escondido o seu desejo de me destruir, Rachel não poderia ser a responsável pela morte de Nathan. Eu tinha certeza disso.

— Impossível. - Afirmo e Jenny me encara incrédula. - Rachel é diabolicamente peçonhenta, mas eu duvido muito que ela seria capaz de matar o Nathan.

— Está brincando comigo? Ela faltou soltar fogos de artifício quando viu as notícias espalhadas pela escola sobre você. Além da aparência dela ter batido com a sua descrição.

Jenny me encarava determinada. Era evidente a raiva que ela sentia de Rachel e isso me fazia questionar o que a serpente havia dito a doce e gentil garota que tinha despertado tanto ódio em Jenny. Geralmente, a loira sempre vê o melhor das outras pessoas, não importa a situação, mas parecia que havia algo em Rachel que a fazia acreditar enfaticamente que ela era de fato a assassina de Nathan.

— O que aconteceu? - Questiono e Jenny me encara confusa. – Por que parece que tem alguma coisa que você não me contou sobre a Rachel?

Nesse momento, Júlia começa a ri, mas prende os lábios em uma tentativa falha de se controlar após receber um olhar ameaçador de sua cunhada. A reação de Jenny só confirma as minhas suspeitas. Por isso, cruzo os braços e encaro as garotas, esperando alguma resposta.

— Jenny bateu nela e ainda ameaçou quebrar todos os dentes e esfregar a cara dela no asfalto, depois que ela falou mal de você. Tudo isso para te defender. – Conta Júlia, voltando a gargalhar. Arregalo os olhos diante da declaração, sem acreditar que Jenny havia sido capaz de ir tão longe para me defender.

— Júlia! – Jenny a repreende, parecendo desconcertada.

— O quê? Foi fofo! Eu achei adorável a forma como você o defendeu com unhas e dentes. – Júlia se vira para mim e sorri com diversão. – Ela ficou tão furiosa que até mesmo Josh ficou quieto, com medo de sobrar para ele. Como foi as palavras que você disse mesmo?

— Não interessa. – Resmunga Jenny com o rosto vermelho, enquanto tentava colocar a mão na boca de Júlia e a impedir de falar. No entanto, a ruiva é mais alta e forte que a loira e logo consegue se desvencilhar dos ataques da cunhada.

— “Lave a sua boca para falar sobre Max. Ele é a pessoa mais divertida e carinhosa que eu conheço. Ele é o ser humano mais inteligente e determinado que existe e não vou permitir que diga essas asneiras sobre ele. Então, Rachel Sherman, limpe o veneno dessa sua boca podre e olhe para si mesma. Dessa vez é apenas um aviso, mas se você voltar a falar qualquer maldita palavra sobre Max, eu vou fazer questão de quebrar todos os seus dentes e esfregar a sua cara no asfalto para ver se você aprende a se comportar como um ser humano.” – Declara Júlia, ignorando totalmente os apelos da cunhada para que ela ficasse quieta.

— Eu odeio a sua memória. – Fala Jenny, quase chorando de vergonha.

— A cada minuto que paro para pensar sobre a cena, mais engraçada ela fica. Foi tão incrível ver a cara assustada da Rachel! – Comenta Júlia, rindo animada. – Sério, Max! A Jenny ficou assustadora e deixou claro para todos que não permitiria que ninguém falasse um “a” sobre você. Agiu como uma perfeita namorada apaixonada.

— Cala a boca, Júlia. Nós já falamos que somos só... só amigos. – Jenny sussurra a última parte e então passa a me encarar em uma mistura de vergonha e desespero. – Max, por favor, ignora...

Agindo por impulso, puxo Jenny para um abraço apertado. Eu estava comovido pela atitude da garota. Na verdade, desde que ela apareceu em meu quarto, eu me sentia tocado. Tirando meu primo e meus pais, ninguém nunca havia me defendido e nem se preocupado comigo dessa forma. Meu coração batia tão forte e meu peito, que eu não me surpreenderia se ele saísse de meu corpo. Eu não sabia explicar aquele sentimento que me consumia, mas de alguma forma, saber que Jenny havia enfrentado alguém tão intimidadora quanto Rachel para me defender me deixava eufórico.

— Obrigado. – Agradeço e sinto o aperto de Jenny se intensificar.

Ela se acomoda em meus braços e sinto o aroma suave de seu cabelo me embriagar. Seu corpo parecia se encaixar perfeitamente no meu. Era confortável e parecia tão certo sentir seu calor que eu nem mesmo me importava com a presença de Júlia e nem com os olhares maliciosos que ela nos lançava. Era como se ela estivesse diante de um casal de cinema que ela era apaixonada.

— Você não tem que me agradecer. – Sussurra a loira com o rosto escondido em meu peito. – Eu apenas não podia suportar ouvir tantas bobagens e calúnias saindo da boca daquela megera.

— Eu não me importo com o que dizem sobre mim. – Afirmo e Jenny se afasta apenas o suficiente para encarar os meus olhos.

— Mas eu sim. Eu simplesmente não posso ficar quieta ouvindo as pessoas falem tantas maldades sobre você sem nem ao menos te conhecerem. É injusto. Você não fez nada de errado. Não merece ser tratado como um criminoso. – Responde Jenny com os olhos brilhando com tamanha intensidade que sinto meu coração vibrar ainda mais.

Jenny tem o dom de me surpreender e de despertar reações únicas em mim. É como se eu perdesse completamente o controle sobre mim e minhas emoções quando estou com ela. Nunca antes isso tinha acontecido e é então que eu entro em um conflito sobre o que deveria fazer.

Nós temos um acordo. Nada além de amizade. E é por isso que meu lado racional continua a mandar sinais de alerta para que eu me afaste antes que eu faça uma bobagem. Por outro lado, uma parte de mim – uma bem grande e com maior influência, devo confessar -, continua a me incentivar a ir em frente, a insistir nessa loucura que eu sou incapaz de explicar, mas que claramente vai me levar a algum lugar perigoso.

Nós estamos atraídos um pelo outro. Isso é um fato incontestável. A tensão que nos cerca em alguns momentos é quase palpável. Ainda assim, não é como se estivéssemos apaixonados. Pelo menos, eu acho que não. Eu não sei explicar o que é esse sentimento que vem crescendo e se intensificando desde que nos conhecemos.

Talvez fosse por ter me proibido de pensar em Jenny de outra forma ou eu apenas não estava acostumado a conviver com uma garota tão interessante quanto ela. O fato é que se fosse outra pessoa, eu já teria ligado o "foda-se" para a razão e me entregado aos meus instintos mais primitivos. No entanto, Jenny é alguém especial. Não é como as outras garotas com as quais eu me envolvi. E é exatamente por isso que preciso me manter calmo e evitar fazer qualquer besteira que acabe a assustando.

Eu não quero perder Jenny. Ela foi o melhor acontecimento em minha vida desde que esse caos do assassinato de Nathan começou. Jenny se tornou a minha melhor amiga e é graças a ela que Dan pode finalmente ter uma vida normal, sem a pressão de nossa avó para que ele se case. Então, ir de acordo com meus instintos estava fora de cogitação.

Nossos olhos continuam a se encarar. E então cometo o erro de perceber a proximidade de nossos rostos, colocando o pouco da minha razão em risco, algo que tem acontecido com bastante frequência nos últimos meses. Engulo em seco e alterno o olhar entre os lindos olhos de Jenny e seus lábios convidativos. Eu deveria me afastar. Deveria criar uma distância segura entre nós. Mas eu parecia ter perdido completamente o controle de meu corpo e qualquer aviso do meu lado racional era ignorado.

Antes que uma loucura que poderia causar muito arrependimento depois acontecesse, o som e uma luz incomoda reflete sobre nós, despertando-nos da hipnose em que nos encontrávamos. Desviando o olhar para encarar Júlia, encontro a garota com os olhos arregalados e o celular em mãos, exibindo uma expressão revoltada.

— Droga! Esqueci o flash ligado. - Resmunga Júlia, guardando o celular em seu bolso. Ela sorri sem graça. - Desculpa, gente. Não queria atrapalhar o momento. É que é a primeira vez que eu os vejo interagindo de forma tão intensa sem peso na consciência e queria registrar a fofura de vocês.

— Você é ridícula. - Sussurra Jenny completamente envergonhada, enquanto se afasta de mim. Júlia gargalha, divertindo-se com nossa timidez e desconforto por termos sido despertados daquele mundo que criamos apenas para nós dois e que não deveria existir.

— O quê? Vocês são incríveis juntos! A conexão que vocês têm é tão grande que eu quase me sinto em uma aula de química quando eu olho para vocês dois. - Provoca a ruiva e eu acabo sorrindo pelo rubro intenso do rosto de Jenny naquele momento.

— Cala boca! - Jenny empurra a cunhada de leve, que ri com diversão. A loira suspira e se vira para mim. - De qualquer forma, como você pode ter tanta certeza de que Rachel não foi a responsável pela morte de Nathan?

— Rachel tem hematofobia. Eu já a vi tendo uma crise de pânico depois que eu me machuquei. Ela pode até ter planejado o assassinato, mas a assassina definitivamente não foi ela. Além disso, eu teria a reconhecido naquela festa. Nós nos conhecemos desde o fundamental. Mesmo sob efeito de drogas, eu ainda a reconheceria depois que eu recuperasse a consciência. Além disso, Rachel é esperta. Ela jamais se arriscaria dessa maneira. - Respondo, dando de ombros.

Jenny parece refletir sobre as minhas palavras e Júlia suspira frustrada. Com certeza, Rachel não teria problemas em contratar alguém para matar Nathan e me incriminar, mas eu a conheço bem o bastante para saber que não foi ela quem esteve na cena do crime. Infelizmente, ainda que ela tenha motivos, eu não teria provas para mostrar o envolvimento dela com o assassinato.

— E agora? Voltamos à estaca zero? - Questiona Júlia e eu me aproximo da bandeja de lanches que minha mãe havia trago. Pego o copo de suco e o sanduíche e me sento em minha cama.

— Não vamos apressar as coisas. - Respondo, mordendo meu sanduíche. Saboreio o sabor e assim que o engulo, encaro Júlia e Jenny. - A minha audiência será amanhã. Nós já temos um vídeo provando que eu não estava sozinho na cena do crime e que eu não matei o Nathan. Meu padrinho já conseguiu as filmagens, então isso é o bastante para pelo menos me impedir de ir para a prisão. A investigação vai continuar até terem certeza de que eu não armei o assassinato dele e descobrirem quem foi o responsável.

— Afinal, qual é o problema dessa Rachel com você e com o Dan? - Questiona Jenny, encarando-me com desconfiança. - Por acaso vocês já namoraram?

— Não. - Nego, dando de ombros. - Nós temos um relacionamento complicado desde que nos conhecemos. Mas não é como o nosso, que nos implicamos muito no início, mas acabamos nos entendendo. Enquanto eu tratava Rachel com indiferença, ignorando boa parte de seus comentários, seu ódio por mim aumentava consideravelmente. Rachel é competitiva e incrivelmente irritante. Ela é sempre a melhor. Só ela está certa. Rachel sempre exibiu um ar de superioridade, como se acreditasse que ela é uma rainha e que todos devem fazer o que ela quer.

— Que garota insuportável. - Resmunga Júlia, fazendo careta ao analisar minha descrição de Rachel.

— Então vocês nunca tiveram nada? - Insiste Jenny e eu a encaro, tentando entender o que ela queria que eu respondesse. Acabo decidindo ser sincero.

— Já ficamos uma vez. Estávamos bêbados e fora de controle. Em um momento de recaída, nós nos beijamos. Mas depois voltamos ao normal e decidimos esquecer o que aconteceu. - Relembro e dessa vez sou eu quem faz careta ao lembrar do que aconteceu. Foi o pior beijo de minha vida. Não encaixou. Tudo parecia tão errado que até me deu repulsa.

— Ainda... - Antes que Jenny continuasse a falar, seu celular começa a tocar. Ela suspira e encara o aparelho com preocupação. - É o Josh.

— Nós precisamos ir para a escola. Nós já perdemos o primeiro horário. Ele vai nos matar se descobrir que faltamos aula para visitar o Max. - Alerta Júlia, inquieta ao pensar a briga que poderia ter com o namorado.

— Max, nós temos que ir. - Avisa Jenny, encarando-me com atenção. Ela parecia querer ter certeza de que eu estava bem e isso me faz sorrir. Eu normalmente me sentia irritado pela superproteção da minha mãe e meu pai, mas eu realmente me sentia feliz ao ver como Jenny parecia se preocupar comigo. Era comovente. - Por favor, descanse e tome todos os remédios. Se alimente bem.

— Eu estou bem. Não se preocupe. - Garanto e deixo um beijo em sua testa. - Nós nos vemos à noite. Vou passar na sua casa para ir com os rapazes para o jogo dos Lakers contra Celtics.

— Não é melhor você ficar em casa para se recuperar? - Sugere Jenny.

— Eu estou bem. Foi apenas um susto. Minha mãe que é exagerada. Não precisa se preocupar. O jogo vai me ajudar a me preparar para a audiência e ainda vai me fazer esquecer todos os problemas dessa semana.

— Espero que você esteja certo. - Sussurra a loira e ouço Júlia soltar uma risada anasalada.

— Desculpa. É que vocês são tão fofos. - Comenta a ruiva, assim que recebe um olhar da cunhada. O celular de Jenny continua a tocar. - É melhor a gente ir. Até mais tarde, Max.

— Eu vou acompanhar vocês até a porta. – Respondo e elas assentem.

Seguimos para o térreo e eu me despeço das garotas com rápidos abraços, até que elas entram no carro e partem em direção a escola. Observo o veículo se afastar até sumir do meu campo de visão. Sorrio e suspiro, sentindo-me agitado com a rápida visita de Jenny e Júlia.

Ao retornar para dentro de casa, encontro o olhar significativo de Gina. Correspondo, esperando que ela dissesse alguma coisa, mas a governanta da casa apenas dá uma rápida risada anasalada, balançando a cabeça e retorna para a cozinha. Decido deixar o comportamento estranho da mulher de lado e retornar para o meu quarto. Eu planejava terminar o livro de Jenny antes de ir para a sua casa e eu estava chegando na melhor parte.

[...]

— Então Júlia agora sabe a verdade? – Questiona Dan, encarando-me com curiosidade. Nós seguíamos para a casa dos gêmeos e eu aproveitava para contar a meu primo sobre o meu encontro com Júlia e Jenny pela manhã. Assinto, concordando. – E como ela reagiu?

— Ficou surpresa, mas aceitou muito bem a situação. De qualquer forma, sinto muito ter contado para ela antes de te consultar. Sei que é um assunto que é apenas da sua conta e que você é quem sabe para quem se sente confortável para contar ou não, mas Júlia é a pessoa que mais tem nos dado cobertura quando você não está por perto. E ela já percebeu que tem alguma coisa acontecendo. – Lamento, mas Dan não parecia chateado com a situação.

— Não tem problema. A Júlia é de confiança. Além disso, precisamos mesmo da ajuda de alguém que esteja mais de fora dessa situação para nos ajudar. – Responde Dan, dando de ombros. – Imagino que deva ter sido realmente chocante para ela absorver todas essas informações.

— Até que não demorou muito para ela absorver. Passou até mesmo a torcer para que Jenny e eu tivéssemos alguma coisa. – Comento, rindo ao pensar na loucura que era essa ideia. – Acredita nisso?

— Max, todo mundo sabe que você e Jenny estão afim um do outro. É só observar a forma como vocês se olham. É do mesmo jeito que o tio Oliver e tia Felicity se encaram. – A informação me pega de surpresa. Dan nota e começa a rir de minha expressão. – Não adianta me olhar desse jeito. Você sabe que é verdade.

— Claro que não, Dan. Não diga bobagens! Jenny e eu somos apenas amigos. Além disso, nós temos um acordo. – Respondo e meu primo bufa, enquanto ajeita os óculos.

— Vocês dois falam desse acordo como se ele realmente tivesse algum poder de anular sentimentos. – Resmunga Dan, suspirando. – Vocês podem continuar se enganando o quanto quiserem, mas a verdade é que vocês não vão conseguir suportar essa situação por muito tempo, Max. Você ao menos já notou a sua necessidade de estar sempre em contato com ela?

— O quê? – Questiono, incrédulo. Eu nunca havia pensado nisso.

— A todo instante vocês estão se tocando como se isso fosse algo natural de amigos, mas sabemos que não é. – Acusa meu primo, cruzando os braços. – Você é sempre carinhoso com ela. Sempre beija a testa dela, se abraçam e não foram poucas as vezes que me deparei com vocês de mãos dadas. E nós estamos falando de você, Max. Você é a pessoa que mais evita contatos, porque teme se apaixonar. Sem perceber, você está deixando Jenny invadir sua zona de conforto e você nem mesmo se importa com isso. Não se lembra como foi o meu jantar de aniversário?

— Eu... – Tento pensar em alguma justificativa para explicar esse meu comportamento atípico, que nem mesmo eu havia notado. Dan ri discreto e me lança aquele olhar de quem sabia exatamente o que se passava dentro de mim. – Eu não tenho muitas amigas e você sabe disso. E você está exagerando. É verdade que eu sou mais carinhoso com ela do que com as outras pessoas, mas não é com tanta frequência como você tem dito. E o que aconteceu no jantar do seu aniversário não tem nada a ver.

— Nada a ver? – Dan gargalha e me encara com incredulidade. – Até o tio Oliver percebeu a química de vocês. Se tia Felicity tinha alguma dúvida sobre o nosso namoro ser falso, no momento em que a Jenny deu comida na sua boca, ela teve a certeza.

— Não está preocupado com a possibilidade de minha mãe saber sobre a verdade? – Indago, tentando mudar de assunto. Dan ergue uma das sobrancelhas e me encara com um sorriso irônico no rosto.

— É impossível enganar a tia Felicity. Eu tenho certeza de que ela sabe que eu sou gay e confio nela o bastante para saber que ela jamais passaria essa informação para as outras pessoas de nossa família, ainda mais sabendo como cada um poderia reagir com a informação. – Afirma meu primo, parecendo mesmo despreocupado. – E não tente mudar de assunto. Nós ainda não terminamos de falar sobre os sentimentos.

— Não há o que falar, Dan. Não viaja! – Retruco e mais uma vez eu sou alvo do olhar e sorriso irônico de meu primo.

— Tudo bem. Eu não vou te forçar a nada, mas tenha em mente tudo o que eu te falei. – Pede o outro e eu suspiro, balançando a cabeça em concordância. Não adiantava discutir com o rapaz. – Ah, esqueci de contar. Adivinha quem retornou para a nossa escola...

— Rachel Sherman. – Respondo e ele parece ficar desanimado por não ter sido o primeiro a me contar. – Jenny e Júlia me contaram e ainda narraram os acontecimentos. Inclusive sobre o tapa que Jenny deu em Rachel.

— Eu jamais acreditaria na cena se não tivesse visto com os meus próprios olhos. – Comenta Dan, dando um sorriso animado. – Jenny foi incrível.

Paro o carro no semáforo e me viro para encarar meu primo. Ele parecia genuinamente feliz pela a agressão que Jenny em Rachel. Rio e volto a andar com o carro quando o sinal se abre.

— Ela não melhorou nada? – Questiono e ele nega compulsivamente.

— Ela se tornou ainda pior. Está muito mais diabólica e venenosa. Ela sabe que eu sou gay e se aproveita para jogar na minha cara o quão fraco eu sou. – Responde, cabisbaixo. – Ela realmente nos odeia.

— Ela me odeia. – Corrijo e ele dá de ombros. – Desde que nos conhecemos no fundamental. Eu realmente não culpo a Jenny por pensar que ela era a assassina. Rachel é mesmo uma serpente.

— Ela até poderia ser se não tivesse hematofobia. – Comenta meu primo, pensativo. – Ainda me lembro do surto que ela deu quando você se machucou por causa dela e você foi tirar satisfação com ela com o rosto ensanguentado.

— Foi o que eu disse para Jenny. Além disso, com certeza eu a reconheceria se ela fosse a assassina. Apesar de terem as características semelhante, elas não são iguais. – Tento explicar e ele assente, concordando.

— Nós a conhecemos desde o fundamental, afinal de contas. – Complementa Dan e ele parece se lembrar de algo importante. – Escuta, algo estranho aconteceu quando Rachel apareceu.

— Ela revelou que ela é mesmo descente de uma bruxa? – Ironizo e Dan nega, encarando-me com repreensão. – Tudo bem. O que aconteceu?

— A Alexia disse que não nos conhecia, não é mesmo? – Aquiesço e ele acaricia o queixo, pensativo.

— Sim. Ela disse algo sobre ser transferida. Aparentemente foi por causa da família do pai, eu acho. – Digo sem ter muita certeza de minhas palavras. – Por quê?

— Rachel a reconheceu e disse a Jenny que nós dois, ela e Alexia haviam estudado juntos desde o fundamental. E elas realmente se conheciam. Rachel até mesmo parecer querer chantageá-la. – Conta Dan, surpreendendo-me. – Eu me lembro claramente de Alexia nos dizer que não nos conhecia. No momento em que Rachel abriu a boca, ela se desesperou. Parecia temer que algo perigoso pudesse ser revelado a qualquer momento. Você não acha isso estranho? Por que ela mentiria?