60 Minutos de Paixão

O Jogo de Basquete


O JOGO DE BASQUETE

...{♕}...

Max parecia surpreso e pensativo, enquanto seguíamos em direção a casa dos gêmeos. Por mais que eu tentasse me lembrar de Alexia em nosso ensino fundamental, nada vem a minha mente. Eu não conseguia entender nada do que estava acontecendo, mas algo dentro de mim gritava alto para que não confiássemos na ruiva, ainda mais agora com a chegada de Rachel e a confirmação de que ela está escondendo algo de nós.

— No que você tem em mente? – Pergunta Max, encarando-me pelo canto do olho. – Acha que ela pode estar aprontando alguma coisa?

— Eu não sei. – Respondo, suspirando. – Desde que eu a vi pela primeira vez, sempre tive a sensação de que ela é alguém em quem não podemos confiar e agora que Rachel parece compartilhar segredos com ela, tenho a certeza de que Alexia pode ser perigosa.

— O nosso único problema é que não sabemos nada sobre a Alexia. Nem mesmo fazemos ideia de quem é ela. A pessoa que mais poderia nos contar sobre Alexia e o motivo de não nos lembrarmos dela é também a pessoa que mais me odeia. Se Alexia está aprontando para nos prejudicar, eu tenho certeza de que Rachel não nos diria. Na verdade, eu tenho quase certeza de que ela ainda ajudaria. – Afirma Max, frustrado. Ele coça a nuca, ponderando sobre o assunto. Por fim, ele suspira e me encara, dando um sorriso confiante. – De qualquer forma, eu não quero pensar nisso hoje. Amanhã é o dia do meu julgamento e eu preciso estar calmo para enfrentar as acusações do júri contra mim. Não adianta nada ficarmos quebrando cabeça com isso, sendo que as únicas pessoas que podem responder nossas dúvidas são a cobra da Rachel e a própria Alexia. Então, relaxa, Dan. Nós estamos a caminho do maior e mais incrível duelo nas quadras de basquete. São Lakers contra Celtics, cara! Nós vamos assistir o Celtics destruir os Lakers de pertinho. Vamos deixar para investigar sobre os mistérios de Alexia na segunda-feira.

Encaro meu primo por alguns instantes e noto o brilho afetado em seus olhos. Por mais calmo que ele tentasse parecer, eu sentia que ele estava nervoso com a audiência de amanhã. Mesmo tendo a prova definitiva de sua inocência, ele ainda estava inseguro. Suspiro e correspondo ao sorriso.

— Você tem razão. Sinto muito por colocar mais preocupações em sua cabeça. Eu sei que você está nervoso com o que pode acontecer amanhã. Então me desculpe por ficar implicando com algo que pode ser deixado para outro momento. – Lamento e Max revira os olhos, dando um soco de leve em meu braço.

— Não seja idiota. Eu estou bem. Amanhã é apenas o dia em que eu vou provar minha inocência. Por que eu estaria nervoso? – Ironiza e eu acabo rindo, enquanto ele estaciona o carro em frente a residência dos Moon. – Não. Mas falando sério agora. Eu realmente não sei o que eu estou sentindo. Ao mesmo tempo em que eu estou ansioso e animado por ter a certeza de que eu sou inocente, ainda tem aquele friozinho na barriga e a vozinha irritante falando que as filmagens não serão o bastante para prova a todos de que eu não matei o Nathan. Eu sei que é loucura, afinal, nós vimos as gravações e elas mostram com uma certa nitidez que eu não o matei. Por outro lado, eu sei que mesmo provando a minha inocência, ainda haverá aqueles que continuarão a me culpar pelo que aconteceu.

Um suspiro sofrido escapa dos lábios de Max. Ele aperta o volante do carro e encara as mãos com o olhar distante. Penso em repreendê-lo e dizer que realmente não havia motivos para insegurança e que ele não deveria se importar com o que as pessoas falam ou pensam sobre ele, mas eu sabia que não era tão fácil assim.

— Eu sei como tem sido difícil para você e para os meus pais, Dan. Ter que lidar com todos os olhares e comentários horríveis por ser o primo de um suposto assassino...

— Max, tem sido muito mais difícil para você. Olha só o que aconteceu em nossa escola. Você sofreu a droga de um ataque e as pessoas nem te deram uma chance de se explicar. Desde Star City eu tenho visto você ser vítima de ataques perigosos sem poder fazer nada. Isso me matar por dentro Max, mas é ainda pior imaginar o que acontece dentro de você ao ouvir todas essas acusações. – Interrompo Max, colocando a mão em seu ombro. – Eu odeio o fato de você sempre se calar diante dos ataques. Odeio saber que você se sente culpado por algo que você não fez. E tenho certeza de que meus tios pensam o mesmo.

Suspiro e o encaro com intensidade. Meu primo parecia extremamente fragilizado naquele momento. Abraço Max com todas as minhas forças e sou prontamente correspondido com igual intensidade. A sensação de inutilidade me corroía. O que eu poderia fazer nessa situação? O que eu poderia dizer? Como eu deveria me comportar? E então o sentimento de raiva me atinge ao me lembrar de como as pessoas o machucaram e continuam a machucar sem saberem a verdade.

— Obrigado por sempre ficar ao meu lado. – Sussurra Max com a voz embargada. Meu coração se aperta ao sentir o quanto ele sofria. – Eu sinto muito por sempre te causar problemas.

- Não sei de que problemas você está falando. – Respondo, afastando-me de meu primo para encará-lo. Sorrio, limpando uma lágrima solitário que descia pelo seu rosto. – Parentes por obrigação e melhores amigos por opção. Minha vida seria muito sem graça sem suas loucuras. E acredite em minha, eu provavelmente nunca sobreviveria a nossa família sem você.

— E eu não sei o que seria de mim sem você. – Comenta, suspirando melancólico.

— Certo. Vamos parar de choro e tristeza. Hoje é a noite que veremos de perto o Celtics destruir os Lakers, não é? – Questiono e Max aquiesce, limpando o rosto. – Então vamos logo buscar aqueles dois enrolados ou vamos acabar nos atrasando.

— Tudo bem. – Concorda Max em meio aos risos. Ele pega o boné que estava no banco de trás e coloca sobre a cabeça, tampando a faixa que ainda estava em sua cabeça para proteger o corte profundo que a garrafa que o atingiu fez. Encaro meu primo em dúvida e ele dá um sorriso sem graça. – Vamos evitar motivos para o pai de Jenny e Josh achar que eu sou um encrenqueiro e uma má influencia para os filhos dele.

Deixo escapar uma risada anasalada enquanto desço do carro. Eu sabia que na verdade, inconscientemente, Max está tentando conquistar a confiança de Austin Moon. Meu primo está completamente apaixonado por Jenny, mas é teimoso demais para aceitar os próprios sentimentos. O mesmo acontece com a minha namorada de mentira. Ela nem mesmo consegue mais disfarçar o ciúme que sente de Max.

Enquanto seguíamos até a porta de entrada da casa, observo meu primo pelo canto de olho. Ele parecia nervoso e pensativo. Eu não fazia ideia do que se passava em sua mente, mas algo me dizia que ele relembrava do seu encontro com Jenny mais cedo, quando a garota só foi a aula depois que garantiu que Max estava bem, ainda que eu já tivesse avisado de que não havia motivos para ela se preocupar.

Sorrio, pensando no quantos eles agem como um casal de forma tão natural. Jenny sempre se solta mais quando está ao lado de Max. Ela parece brilhar diante do rapaz. E meu primo se torna muito mais cauteloso, paciente e gentil. A doçura presente em seus olhos ao encarar Jenny é sempre surpreendente para quem conhece o colecionador de corações partidos e mulherengo de marca maior, Maximus Queen.

Ao lado de Jenny, ele deixa de ser um tigre para se tornar um gatinho adorável que está sempre buscando uma forma de ter a atenção da garota. Seja abraçando, deixando doces beijos em sua testa ou apenas a provocando para ver suas caras e bocas, Max nem mesmo parece perceber como ele está sempre tocando Jenny.

— E aqui vamos nós. – Ouço Max sussurrar para si mesmo, apertando a campainha da casa.

Não demora muito para que a porta fosse aberta e aparecesse uma mulher de cabelos e olhos castanhos semelhantes aos de Jenny. Arfo ao reconhecer Ally Dawson parada a minha frente com a gatinha Kiara em mãos. Ao nos encarar, ela sorri educada e não demora para que seus olhos recaíssem sobre Max.

— Boa noite, sra. Moon. Eu me chamo...

— Max Queen. – Completa Ally, alargando o seu sorriso. – Austin tinha razão. Você é quase uma cópia do seu pai quando adolescente.

— Espero que isso seja bom. – Responde Max, sorrindo sem graça. Ele coça a nuca de maneira nervosa. Provavelmente assim como no encontro com Austin Moon, ele temia ser rejeitado pela família de Jenny. Eu o provocaria naquele momento se não estivesse tão encantado em estar diante de Ally Dawson.

— Claro que é. Não conte a ninguém, principalmente a Austin, mas eu sempre achei o seu pai charmoso e divertido. – Brinca Ally, dando uma piscadela. Max suspira e acaricia o pelo de Kiara, que ronrona com o carinho e praticamente se joga contra meu primo. A mulher sorri, parecendo entender o desejo da gatinha. Ela entrega Kiara a Max e eu instintivamente me afasto, chamando a atenção dela. – E você deve ser o Dan Harper que eu tanto ouvir falar.

— Você sabe o meu nome... – Sussurro, encantado com a descoberta de que Ally Dawson sabe meu nome. Ela ri e Max bufa.

— Desculpa, sra. Moon. É que meu primo é um grande fã seu e eu acho que até o momento não tinha caído a ficha de que ele namora a sua filha. – Max me dá uma forte cotovelada e me encara com um sorriso divertido.

— Mesmo? – Pergunta Ally, encarando-me com curiosidade. Assinto, envergonhado. – Isso é surpreendente. E qual sua música favorita?

— São tantas. – Comento, dando uma risada nervosa. – Eu amo Parachute, Can’t Hold On Forever e Something To Believe In. Mas de todas as suas músicas, eu acho que a minha preferida é Finally Me. Ela tem uma letra tão tocante e inspiradora.

— Finally Me também é a minha favorita e tem um grande significado para mim. – Responde Ally, sorrindo compreensiva. – Essa música foi escrita assim que eu superei o meu medo de palco e pude ser finalmente ser eu, fazendo o que eu mais gosto de fazer.

— Sempre que o Dan se sente inseguro, ele canta essa música para ele mesmo. É tipo um hino de encorajamento dele. – Revela Max e dessa vez sou eu quem dá uma cotovelada nele. Solto um espirro por estar próximo de Kiara e me afasto. Ally ri, enquanto meu primo resmunga.

— Não dê atenção para ele. Max é um idiota. – Digo, lançando um olhar repreendedor para o rapaz. Espirro mais três vezes.

— Se afasta da Kiara e toma logo o seu antialérgico. – Resmunga meu primo, pegando um remédio no bolso de seu short. Ele me estende a cartela e eu o encaro surpreso. – Eu sabia que isso iria acontecer, já que iríamos vir.

— Obrigado. – Sussurro, espirrando mais uma vez.

— Poderíamos pegar um copo de água para ele? Dan é alérgico a gatos. – Comenta Max, trazendo Kiara para mais perto, enquanto dá quatro passos para trás. Espirro mais uma vez.

— Ah, é claro. Por favor, entrem! Que mal educação a minha. – Ally imediatamente dá espaço para que a gente entre. – Coitadinho. Eu vou pegar a água para você. Vamos entrar.

— Obrigado. – Agradeço ainda nervoso com a presença de Ally. Ela sorri e fecha a porta assim que entramos.

Ciente do olhar divertido que Max me lançava de longe, enquanto brincava com Kiara, continuo a espirrar. Sigo para a sala de estar da casa e me surpreendo ao encontrar Austin Moon deitado de forma relaxada no sofá, enquanto assistia a um jogo de basquete pela televisão. Ele estava tão concentrado que nem mesmo nota a nossa presença.

— Fiquem à vontade, garotos. Eu vou pegar a sua água, Dan. – Avisa Ally, colocando a mão sobre o meu ombro. Ela se aproxima do marido e dá um tapa em sua perna, assustando-o. – Dê espaço para eles se sentarem.

— Ah, são vocês. – Resmunga o loiro, sentando-se mal-humorado.

— Boa noite, sr. Moon. – Cumprimenta Max, acariciando Kiara, que continuava a ronronar com o carinho que recebia.

Austin Moon encara Max com seriedade e por um momento, eu tenho a impressão de que meu primo será atacado pelo pai da minha namorada de mentira. No entanto, o homem suspira, assente em cumprimento e dá um pequeno sorriso, antes de voltar sua atenção para mim.

— Boa noite, sr. Moon. – Cumprimento também, sorrindo sem graça. Suspiro assim que espirro mais uma vez.

— Boa noite. – Responde, dando espaço para que nos sentássemos. Para evitar que a minha crise alérgica piorasse, Max se senta mais afastado e eu me aproximo de Austin. Seu olhar recai sobre Max mais uma vez. Ally aparece com o copo de água e me entrega.

— Obrigado. – Agradeço, pegando o copo.

— Não foi nada. – Responde a mulher e eu finalmente bebo a água com o meu antialérgico que por sorte meu primo havia trago. – Acho que Josh e Ian já devem estar terminando de se arrumar. Eles me contaram que vocês vão assistir ao jogo de basquete.

— Sim. – Concordo, coçando o nariz. A mulher me encara com preocupação e eu forço um sorriso para garantir que eu estava bem.

— Eu vou apressar aqueles dois enrolados, senão vocês não saem daqui hoje. – Informa Ally, assim que eu entrego o copo para ela.

— Obrigado, sra. Moon. – Max sorri agradecido. Ally nega e se afasta para ir apressar o filho e o melhor amigo. Austin continua a encarar meu primo como se o analisasse e posso ver quão incomodado Max estava.

— Está tudo bem, sr. Moon? – Questiono, espirrando mais uma vez. O loiro desvia o olhar de Max para me encarar brevemente, mas não demora muito para que ele volte a sua atenção meu primo.

— Celtics? Ao menos você tem bom gosto, garoto. – Comenta Austin, sorrindo em aprovação.

— Obrigado, senhor. – Max agradece, sorrindo aliviado. – Eu sabia que o Josh era fã dos Celtics, mas não sabia que o senhor também torcia para o melhor time de basquete.

— Está de brincadeira? Eles têm um recorde de dezessete títulos da NBA, sendo onze em treze anos e oito deles de forma consecutiva. – Comenta o empresário animado e de repente é como se eu estivesse diante de uma versão mais velha de Josh. – Você assistiu o último jogo deles contra o Utah Jazz na semana passada?

— Aquele jogo foi incrível. Cento e vinte e dois a cento e oito. Donovan Mitchell brilhou. Eu nunca o vi em melhor forma como na última partida. Ele foi cestinha com quarenta e dois pontos, além de ter sido extremamente decisivo no último quarto no jogo. Acertou seis de treze tentativas nos arremessos de três pontos. – Comenta Max, esquecendo-se completamente do seu receio de estar próximo de Austin.

— E o Joe Ingles? Ele estava inspirado aquela noite. Foram vinte e quatro pontos. – Relembra Austin, sorrindo como uma criança. Ele se aproxima mais de Max e encara o rapaz com os olhos brilhando. E ali eu quase podia ver Jenny, todas as vezes em que ela começa a conversar com Max. Havia aquele brilho de animação genuíno em seus olhos castanhos que deixava evidente que meu primo havia conquistado sua afeição.

— Sim! Ele foi fenomenal. Acho que outro destaque foi o Rudy Gobert. Ele além de marcar dezoito pontos, ele ainda fez doze rebotes. – Relata Max e Austin assente, concordando. – E eu espero ver Mitchell brilhar mais uma vez essa noite contra o Lakers.

— Com certeza será um confronto e tanto. – Afirma o pai dos gêmeos, pensativo. – Eu tentei comprar ingressos para o jogo de hoje, mas esgotou antes mesmo que eu conseguisse entrar no site.

E de forma surpreendente, Max e Austin iniciam uma conversa animada sobre o jogo de hoje. Nem mesmo parecia que o empresário não ia muito com a cara de meu primo por causa de sua rivalidade com meu tio Oliver. Eles riam e faziam suas apostas como se fossem grandes amigos e isso me faz sorri aliviado. Era bom ver que meu primo havia conquistado o coração do futuro sogro.

— Os meninos já estão vindo. – Avisa Ally, retornando para a sala de estar. – Está melhor, Dan?

— Sim. Obrigado. – Agradeço, feliz por minha crise de espirros ter se cessado. Ao ver o quanto Max e Austin estavam se dando bem, ela me encara surpresa.

— O que foi que eu perdi?

— Eles compartilham pelo mesmo amor aos Celtics. – Respondo, dando de ombros. Afasto-me para dar espaço no sofá para Ally se sentar e acabo rindo da animação de meu primo e do pai dos gêmeos. Eles estavam tão entretidos com sua conversa, que pareciam ignorar por completo o mundo a sua volta.

— Homens... – Ally ri e balança a cabeça em negação, enquanto se senta ao meu lado. Ela me encara com curiosidade, enquanto sorria docemente. – Você não gosta de basquete, Dan?

— Gosto, mas não entendo muito. Eu sou mais influenciado pelo meu primo e meu tio. Eles sempre me arrastaram para os jogos e eu acabei aprendendo a gostar. – Respondo, dando de ombros.

— E do que você verdadeiramente gosta? – Questiona, ajeitando-se no sofá para me encarar.

Surpreendo-me com o interesse presente nos olhos de Ally. Eu sabia que era bobagem me sentir tão perdido com algo tão simples quanto a pergunta feita pela mãe de Jenny, no entanto, essa era a primeira vez que alguém parecia querer saber verdadeiramente sobre os meus gostos, tirando meu primo e meus tios. Até mesmo meus pais tentavam sempre me empurrar seus gostos e me moldar de acordo com os seus desejos, me transformar em alguém que eu jamais seria.

Meu pai sempre me viu como aquele que assumiria os negócios da família. Eu tinha que ser melhor que Max, precisava ser o mais responsável e flexível. O legado da família Harper estava nas minhas costas e eu tinha que ser aquele que faria minha avó pagar por todas as vezes que menosprezou meu pai. Era o meu dever se mostrar que eu merecia assumir as Corporações Queen.

Por outro lado, minha mãe nunca teve uma voz muito ativa em nossa família. Meu tio diz que ela mudou depois da morte de meu avô, o único que parecia a entender por completo. Aparentemente, assim como eu, minha mãe sempre foi muito introvertida e quieta, mas mudava completamente quando o pai estava por perto. Quando ele morreu, ela se fechou ainda mais para o mundo. Então, eu nunca fui capaz de criar uma relação muito profunda com ela, como a que eu criei com tio Oliver, tia Felicity e com Max.

— Dan? – Ally me chama, parecendo preocupada. Talvez minha expressão naquele momento revelasse quão chocado eu estava naquele momento.

— Eu... eu gosto de arte. – Respondo baixo, desviando o olhar, um pouco envergonhado.

— Sério? Eu também amo arte. Música é a minha preferida, é claro. Mas eu amo todo tipo de arte, mesmo não levando jeito para dança e menos ainda para pintura. – Comenta Ally, dando uma risada divertida. – Minha melhor amiga é dona de uma galeria de arte. Eu adoro visitá-la. Poderia passar horas vendo as obras de arte expostas.

— A galeria De La Rosa é realmente incrível. Já estive lá duas vezes e perdi completamente a noção do tempo. Provavelmente teria ficado mais tempo se Max não tivesse me lembrado de ir embora. – Relembro rindo e Ally não demora a me acompanhar.

Era realmente incrível ser capaz de conversar com a mulher que compõe músicas que me dão forças para enfrentar meus momentos mais difíceis e mais extraordinário ainda era ver como ela parecia me entender e compartilhar de gosto que eram sempre julgados pelos outros.

— Mãe, você viu onde está a Kiara... Max? O que você está fazendo aqui? – Jenny aparece na sala com um short jeans curto, blusa de manga longa larga rosa e os cabelos loiros presos em um coque alto. Max parece admirar a beleza da garota. Ela encara meu primo com repreensão e se aproxima dele, parecendo nem mesmo notar a minha presença. Seguro um riso ao ver que eles nem mesmo conseguem disfarçar que estão apaixonados um pelo outro.

— Eu já disse que eu estou bem. Irei apenas assistir a um jogo de basquete. Nada demais. – Resmunga Max, colocando Kiara no chão, que tentava se livrar de seus braços há algum tempo. Jenny suspira, frustrada.

— Você deveria estar em casa descansado. Como foi que a Felicity deixou você sair de casa? – A garota continua a analisar Max, como se ele estivesse acabado de sair de um grave acidente. – Ela não disse nada?

— Claro que disse. Meu pai foi quem conseguiu convencê-la de que ela estava exagerando. Assim como você está. Eu estou bem. Vocês estão agindo como se eu tivesse pulado da cobertura de um arranha-céu. – Reclama meu primo, cruzando os braços.

— Exagerando? Max! Você cortou a cabeça ontem. E você deveria estar usando esse boné? Vai acabar machucando ainda mais o corte! – Jenny nem mesmo se importa com a presença dos pais e simplesmente avança contra Max, obrigando-o a se sentar. A loira retira o boné de meu primo e encara a faixa que protegia o ferimento. Ela suspira aliviada ao ver que estava tudo bem.

— Eu disse que eu estou bem. – Garante Max, sorrindo confiante. Jenny estava incrivelmente próxima dele, mas nenhum dos dois parece incomodado ou ao menos parecem perceber. – Não precisa se preocupar comigo. Isso não foi nada demais.

— Nada demais? Bateram na sua cabeça com uma garrafa térmica ao ponto de abrir um corte que levou oito pontos, Max! Você deveria estar descansando e não indo para jogos de basquetes caóticos que vai te fazer ficar pulando como um louco. É claro que eu me preocupo. – Resmunga Jenny, colocando a mão com delicadeza sobre o local do ferimento de Max. Sua expressão preocupada se torna ainda mais evidente. – Você vai voltar para casa, Max. É sério. Você não deveria estar fazendo esforço.

— Jenny... – Max suspira, pegando a mão de Jenny que estava em sua cabeça. – Eu vou dar carona para o seu irmão e o Ian...

— Você veio dirigindo? – Jenny o interrompe com repreensão. Max dá de ombros e minha namorada de mentira bufa. – Deixa o carro aqui e o Josh leva para você amanhã. Eu vou chamar um táxi para vocês...

— Jenny, para. – Max puxa Jenny pela mão, quando ela começa a se afastar para ir atrás de seu celular para chamar o táxi. Seus olhos se encontram e era como se eles estivessem em um mundo apenas deles. – Se minha mãe concordou que eu fosse para o jogo, significa que eu estou bem. Você acha mesmo que Felicity Smoak Queen deixaria que eu saísse se não tivesse certeza de que eu não correria perigo?

— Eu sei que não. – Jenny se dá por vencida, suspirando. Eles continuavam de mãos dadas. – É só que...

Ela se interrompe e o encara com intensidade. Como sempre, eles parecem iniciar uma conversa com o olhar. Observo os pais de Jenny e eles pareciam surpresos com a interação de Max com a filha deles. Tão surpresos que nem mesmo pareciam ter reação. Essa era a primeira vez que eles viam os dois interagir. Suspiro, pensando no que eu faria para consertar a situação.

Não que eu não ficasse feliz com o desenvolvimento do relacionamento deles. Era ótimo ver meu primo apaixonado pela primeira vez e ter a certeza de que seus sentimentos são correspondidos, ainda que nenhum dos dois tenham aceitado. No entanto, como eu poderia explicar essa sintonia deles, quando Jenny supostamente é a minha namorada?

— Não adianta, Jenny. Max é teimoso demais para nos ouvir. – Aviso humorado, despertando o casal de sua bolha.

Jenny parece surpresa ao me ver. Ela se afasta de Max de uma vez, tropeçando no pé do rapaz, que habilmente se levanta e a segura antes que ela caísse. Novamente há aquela troca de olhares entre eles devido a aproximação de seus rostos. A tosse forçada de Austin é o bastante despertá-los. Jenny e Max se afastam completamente envergonhados e eu realmente esperava que eles não estivessem encrencados.

— Por que bateram na sua cabeça com uma garrafa térmica, Max? – Pergunta Austin, encarando meu primo com uma seriedade gélida. – Por acaso você se envolveu em brigas?

— Não! – Nego, imediatamente. Austin e Ally me encaram surpresos pela minha interferência repentina. – Max não brigou com ninguém.

— E por qual motivo alguém bateria na cabeça dele com uma garrafa térmica do nada?

Insiste o empresário, aproximando-se de Max com os braços cruzados. Meu primo se encolhe e eu sinto meu coração se apertar diante da possibilidade de Austin descobrir sobre a acusação de assassinato, isso se ele já não souber. Jenny também parece apreensiva. Nós trocamos olhares, mas por mais que eu tentasse, nenhuma ideia de como justificar o machucado de Max vem a minha mente.

— Eu joguei a garrafa para ele assim que terminamos o nosso treino de basquete, mas o tonto se distraiu com uma das líderes de torcida e a garrafa acabou acertando a cabeça dele. – A voz calma de Josh nos surpreende. Todos se viram para encarar o rapaz e ele suspira. – Eles não queriam que eu me encrencasse e por isso não disseram o que aconteceu. Mas juro que foi um acidente.

— Josh! Que ideia maluca foi essa de jogar uma garrafa térmica na direção de Max? – Ally repreende o filho, que se encolhe, como se realmente estivesse arrependido.

— A gente está tão acostumado a isso que não imaginamos que o Max não fosse pegar, tia Ally. – Responde Ian em defesa do amigo. Ele se vira para o meu primo, que estava em estado de choque. – Não é, Max?

— É sim. – Concorda Max, dando um sorriso nervoso. Ele suspira e encara Ally e Austin com um sorriso mais confiante. – Foi um acidente. Eu que me distrair. A gente sempre joga a garrafa um para o outro. Mas não se preocupem. O ferimento foi muito menor do que o alarde que estão fazendo. Foi apenas um susto.

— Tem certeza de que foi isso que aconteceu? – Questiona Austin, encarando o filho com seriedade. Estava claro que o homem não havia acreditado na história, mas Josh permanece firme.

— Sim. Foi isso que aconteceu. Agora podemos ir para o jogo? – Pergunta Josh e durante alguns instantes, o ar na sala de estar na casa da família Moon se torna pesado.

Austin e Ally trocam olhares, como se não soubessem bem o que fazer. Enquanto isso, Max e eu continuávamos apreensivos. Josh era a última pessoa do mundo que eu imaginava que defenderia Max ao ponto de mentir para os pais.

— Tudo bem. Você pode ir. Mas quando retornar, nós teremos uma conversa séria sobre jogar garrafa térmica nos outros. Ainda que ele seja filho do irritante do Queen...

— Austin. – Ally chama a atenção do marido, que suspira.

— De qualquer forma, isso foi perigoso. – Continua Austin e Josh suspira.

— Está bem, pai. – Concorda Josh, dando um fraco sorriso.

— E você também vai ficar de castigo. – Informa Ally, surpreendendo a todos.

— O quê? Mas por quê? – Questiona Josh, inconformado.

— Foi um acidente, sra. Moon. Ele não fez por mal. A culpa foi toda minha. – Garante Max, aproximando-se mais de Ally. – Não precisa castigar o Josh por isso. Eu juro que está tudo bem.

— Eu sei que quer proteger o Josh, Max, mas o que ele fez foi muito grave. Você teve um corte na cabeça. Jenny disse que levou oito pontos. Imagina o que poderia ter acontecido? – Fala a mulher com a voz suave.

— Foi apenas um deslize de nossa parte. Eu tenho certeza de que não voltaremos mais a fazer isso. Nós entendemos o quanto isso é perigoso, mas era a nossa espécie de treino. Precisamos ter boa mira no basquete. Mas depois do que aconteceu, não iremos mais fazer isso. Por favor, não o castigue. – Insiste Max, demonstrando certo desespero.

Max sempre foi assim. Apesar da pose de desligado e badboy, ele era muito responsável e justo. Por detrás de todos os músculos, o cinismo e ironia, existe alguém muito sensível, que tem tendência de se culpar por tudo. Não era surpreendente que ele estivesse tão preocupado que Josh acabasse se encrencando para protegê-lo. Ele preferia se machucar a ser responsável por prejudicar um amigo.

— Confesso que estou surpreso pelo seu pedido, Max, mas não podemos ignorar o que aconteceu. Por sorte, você apenas teve um ferimento leve, mas dependendo do ponto que uma garrafa térmica acerte na cabeça, você pode até mesmo morrer. Então, ele precisa refletir sobre o que fez. Eu conheço meus filhos para saber que ele não fez por mal, mas é importante que ele assuma as consequências de seus atos. – Afirma Austin, parecendo realmente surpreso com a atitude de Max.

— Mas sr. Moon...

— Está tudo bem, Max. – Garante Josh, surpreendendo-nos mais uma vez ao colocar a mão sobre o ombro de meu primo. Ele dá um fraco sorriso conformado. – Meus pais estão certos. Eu preciso ser penalizado por ter machucado você. Agora vamos para o jogo ou chegaremos atrasados.

— Josh... – Sussurra Max, dividido entre a gratidão e a culpa. Josh assente, como se garantisse silenciosamente que estava tudo bem e de certa forma, eu sentia que Josh estava sendo sincero com suas palavras, o que me levava a crer que talvez ele estivesse se referindo a algum outro momento. – Tudo bem. É melhor nós irmos.

— Max, você tem certeza que está bem para ir para esse jogo? E se...

— Ele está bem, Jenny. Quantas vezes vai ter que ouvir isso dele até você entender isso? Está pior que a mãe. – Resmunga Josh, empurrando Max. Provavelmente ele sabia que a irmã poderia passar mais algum tempo argumentando com Max para convencê-lo a voltar para casa.

— Ei! – Repreende Ally e Josh murmura um pedido de desculpa.

— Bom, nós temos que nos apressar. Já estamos atrasados. – Alerta Ian, encarando o relógio. – Tchau, Jenny, tia Ally e tio Austin.

— Até mais, Jenny, sr. e sra. Moon. – Despeço-me, sorrindo.

— Tchau. Aproveitem o jogo. – Deseja Austin, sorrindo para nós.

— Bom jogo, meninos. E cuidado, Max. Se estiver se sentindo mal, avise aos garotos. – Despede-se Ally, acenando. Ela se vira para o filho. – E você fica de olho nele. Se por acaso Max apresentar qualquer mudança, corre com ele para o hospital.

— Pode deixar, mãe. – Resmunga Josh, fazendo sinal para que a gente saísse, antes que fôssemos barrados pelos pais dele.

No entanto, Max faz questão de ir até Kiara que brincava com um brinquedo de pelúcia e a pega no colo. Ele acaricia a gatinha, fazendo-a ronronar. Meu primo sorri e aperta contra si com intensidade. Kiara mia alto e ele faz questão de deixar um beijo demorado na bolinha de pelos.

— Tchau, filha. – Despede-se Max, voltando a deixá-la no chão. Ele então se levanta e encara Jenny, que estava com os braços cruzados e uma expressão preocupada. Max solta uma risada anasalada e acaricia o topo da cabeça da loira, que resmunga por ter o seu coque bagunçado. – Não me olhe assim. Eu realmente estou bem. Prometo que mando mensagem assim que chegarmos lá e quando eu chegar em casa.

— Cuidado. – Recomenda Jenny, dando-se por vencida. Ela o abraça e Max deixa um beijo em sua testa. Assim que eles se separam, a garota me encara em súplica. – Não deixa ele fazer nenhuma besteira, Dan.

— Eu não vou deixar. Prometo. – Afirmo, dando um rápido beijo em sua testa. – Não se preocupe. Você sabe que eu vou cuidar dele.

Sendo alvos dos olhares nada amigáveis de Austin Moon, após nossa demonstração de carinho com sua princesa, Max e eu seguimos para o carro, onde Josh e Ian nos esperavam de braços cruzados, enquanto conversavam. Ao notarem a nossa presença, eles cessam o assunto.

— Vamos? – Pergunto desconfiado e troco olhares com Max, que assim como eu, parece ter notado que éramos o alvo de sua conversa.

— Claro. – Concorda Ian, animado.

Max destrava o carro e logo entramos no veículo. Josh e Ian vão no banco de trás, enquanto eu me sento ao lado de Max. Meu primo não demora a dar partida e logo partimos em direção ao American Airlines Arena para um dos confrontos mais esperados da NBA.

A música animada que passava no rádio é o único som presente no carro. Pelo canto do olho, posso ver quão inquieto Max estava. Viro-me para trás e vejo que Ian também encarava Josh preocupado. O irmão gêmeo de Jenny estava calado e observava a paisagem pela janela do carro de maneira pensativa, como se estivesse refletindo algo de muito importante.

— Josh. – O chamado inesperado de Max faz com que o rapaz despertasse de seus devaneios para o encarar através do retrovisor do carro. – Obrigado.

— Esquece isso. – Responde Josh, dando de ombros. – Não foi nada demais.

— Não, Josh. Eu nem tenho palavras para expressar a minha gratidão. Você não apenas me ajudou a enfrentar Bryan e seus amigos irritantes na escola, como me ajudou a ir para a enfermaria e ainda se encrencou para impedir que seus pais descobrissem no que eu estou envolvido. Então, de verdade, muito obrigado. E você também, Ian. Obrigado por me defenderem.

As palavras de Max demonstravam toda a gratidão que ele sentia pelos que os dois. Ian sorri e nega qualquer agradecimento, enquanto Josh encara Max e suspira, desviando o olhar para observar a paisagem novamente. Ele recebe uma cotovelada do melhor amigo e bufa, repreendendo Ian com o olhar. O Nikers faz um gesto com a cabeça, como se o incentivasse a falar e Josh bufa mais uma vez.

— Estamos quites. – Responde Josh, dando de ombros.

— Como assim? – Pergunto, confuso.

— O que Josh quis dizer é que se arrepende de ter acusado o Max de ser um assassino. E eu também. Nós não nos desculpamos antes, porque estávamos envergonhados demais. – Explica Ian, sorrindo sem jeito. – Sabemos que não está sendo fácil e agora que a escola sabe sobre as acusações, será ainda mais difícil, mas quero que saiba que estamos do seu lado, Max. E amanhã nós estaremos torcendo para que você finalmente seja inocentado de todas as acusações.

— Obrigado. – Max parece tocado com as palavras. Ele me encara com um largo sorriso e suspira, aliviado. – E não precisam se desculpar. Eu entendo. Vocês apenas queriam proteger sua família. No lugar de vocês, eu provavelmente teria feito o mesmo. Então, não precisam se preocupar comigo. Como você mesmo disse, Ian, a situação na escola não vai melhorar tão fácil assim, mesmo que eu consiga provar a minha inocência. Então, se vocês quiserem se afastar, eu vou entender. Ficar ao meu lado só vai trazer ainda mais problemas para vocês...

— Não seja estúpido. – Vocifera Josh, revirando os olhos. – Acha mesmo que a gente vai se afastar de você só por causa de olhares feios? Não nos subestime, Queen.

— Mas...

— Mas nada. Nós já tomamos a nossa decisão e não há nada que você possa fazer. – Josh interrompe Max mais uma vez e posso ver a determinação em seus olhos. Sorrio e lanço um olhar divertido para o meu primo, que parece não saber o que fazer.

— Nós já enfrentamos situações piores, Max. Isso não é nada. Além disso, acha mesmo que depois do surto de superproteção de hoje, a Jenny vai te deixar ir para longe? – Questiona Ian, encarando meu primo com humor. – Ela, Mel e Ju estão determinadas a te proteger. Então ao invés de ficar falando besteiras como se afastar para nos proteger, apenas aceite que nós somos amigos e que você não vai se livrar tão fácil assim de nós.

— E trate de provar a sua inocência amanhã, porque o castigo que eu vou receber tem que valer a pena. – Brinca Josh, lançando um olhar desafiador para Max, que ri e me encara.

— Não se preocupe. Amanhã será o dia em que eu finalmente mostrarei ao mundo que eu não matei Nathan Piers. Eu prometo. – Garante meu primo, sorrindo animado.

Assinto, colocando a mão sobre o seu ombro em sinal de que eu estaria com ele. Depois disso, o assunto se voltou para a partida de basquete que ocorreria em menos de uma hora. E tudo o que eu posso sentir é alívio por saber que tivemos a chance de nos tornarmos amigos de pessoas tão incríveis quanto Jenny e sua família.

Ao mesmo tempo isso desperta um sentimento de culpa dentro de mim. Como eles vão reagir quando descobrirem a verdade? Será que Josh, Ian e Melissa serão capazes de nos perdoar? E quanto aos meus pais e meus tios? Será que um dia eles vão conseguir me aceitar e me perdoar por esconder por tanto tempo que eu sou gay e que menti para eles?

A cada minuto que passa mais eu sinto o peso de esconder sobre o meu falso namoro com Jenny e mais ainda de guardar dentro de mim quem eu realmente sou. E é em momentos como esse onde posso ver o sorriso verdadeiro de meu primo ao brincar com pessoas tão especiais quanto Josh e Ian é que eu me questiono se realmente vale a pena revelar minha orientação sexual, quando isso pode colocar tudo a perder.

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