60 Minutos de Paixão

Conversa Entre Mãe e Filha


CONVERSA ENTRE MÃE E FILHA

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Josh mentiu para os seus pais para acobertar o Max? - Questiona Melissa, surpresa com a informação. - Uau! Ele nunca mente para os seus pais. E eu nunca imaginei que ele fosse fazer isso defendendo alguém. Menos ainda que essa pessoa seria o Max. Eles vivem se implicando e ainda teve aquele desentendimento deles quando o Josh descobriu sobre a acusação.

— Na verdade, nem é tão surpreendente assim. Josh gosta do Max. Ele é apenas teimoso demais para aceitar isso. - Afirma Júlia, sorrindo orgulhosa do namorado. Ela então faz uma expressão maliciosa. - Então quer dizer que você ficou preocupada com o Max indo ao jogo de basquete.

Assim que Max, Dan, Ian e Josh saíram em direção ao jogo de basquete, eu me sentia tão inquieta que não conseguiria dormir tão cedo. Para tentar me distrair, resolvi fazer uma chamada de vídeo com minha cunhada e minha melhor amiga. Apesar de ter a certeza de que seria alvo de suas brincadeiras e provocações, eu tinha esperanças que elas fossem capazes de fazer eu me acalmar dessa gama de emoções que me atingia.

— É claro que eu fiquei. Ele foi atingido com por uma garrafa de metal na cabeça, que fez um corte profundo o bastante para que ele levasse pontos. Além disso, agora que as pessoas da nossa escola sabem sobre as acusações, quem me garante que ele não será atacado no ginásio? Não quero que ele se machuque ainda mais. - Justifico, suspirando com preocupação. - Mas Max é teimoso demais. Não sei o que faço com ele. E ainda teve o fato de meus pais quase terem descoberto sobre o passado de Max. Eu juro que meu coração deve ter parado umas cinco vezes só essa noite. Não sei o que meu pai faria com ele se descobrisse as acusações.

Júlia e Melissa me encara com ainda mais malícia, mas decido ignorar. Eu realmente estava com medo de que algo acontecesse a ele depois do que houve em nossa escola, eu temia que o rapaz fosse mais uma vez alvo de ataques físicos e psicológicos. E é claro que eu sabia que minha mente talvez estivesse tornando a situação um pouco mais extrema do que ela realmente pode ser, ainda assim, eu não conseguia evitar me sentir assim.

Sei. E sabe como eu chamo essa preocupação toda, Juh? – Questiona Mel, sorrindo de maneira cúmplice para a minha cunhada.

Como? — Indaga a ruiva, entrando na onde de minha melhor amiga.

Amor reprimido. Ela já nem consegue mais disfarçar que está apaixonada pelo Max, então fica agindo de maneira exagerada. Aposto que eles devem ter se comportado como um casal de apaixonados bem na frente do tio Austin e da tia Ally. – Comenta a asiática, dando uma risada divertida ao imaginar a cena.

— Quer parar de ficar falando besteira? Eu tenho namorado, esqueceu? E definitivamente, não é o Max. – Resmungo, envergonhada.

Pelas bochechas vermelhas e o nervosismo, aposto que ela e Max realmente agiram de maneira suspeita. — Comenta Júlia, cruzando os braços, enquanto sorri convencida. – Aquele típico casal de clichê adolescente.

O amor é tão lindo! – Cantarola Mel, juntando as mãos e enquanto pisca forçadamente. Ela então finge limpar as lágrimas inexistente em seus olhos. – Eu fico emocionada ao ver o quanto nossa garotinha está crescendo.

Será que já podemos marcar o casamento? – Questiona Júlia, usando o mesmo falso tom emocionado de Mel.

Desde que descobriu a verdade sobre o meu relacionamento com Dan, minha cunhada havia colocado na cabeça que Max e eu somos apaixonados um pelo outro. Claro que Mel vibrou em ter mais uma companheira no fã clube de ilusão dela, que acredita fielmente que meu coração pertence ao Queen mais velho.

— Vocês são ridículas. – Comento, sentindo meu rosto em chamas. Ainda que eu soubesse que não fazia sentido o que elas diziam, eu não conseguia evitar me sentir mexida com as provocações sobre Max e eu parecermos um casal. – Nós somos apenas amigos. Nada além disso. E eu tenho namorado. Então parem de dizer bobagens.

Não precisa mentir para nós, Jen. Eu já te disse que eu te conheço bem e sei que você sente algo muito além de amizade pelo Max. É só prestar atenção em todas as suas ações. Você bateu em uma garota só para defendê-lo! Tudo bem que a cobra da Rachel mereceu, mas você nunca bateu nem em uma mosca, Jen, e de repente você está batendo e fazendo ameaças para defender o Max? Nem mesmo quando a Brittany disse que estava grávida de Ian ou quando ela roubou a sua redação você ficou tão furiosa como quando Rachel falou mal de Max. E olha que você odiava Brittany há anos. Perdi as contas de quantas vezes você quis estrangular ela. — Relembra Melissa, encarando-me com seriedade. – Você ama o Max, Jen. E sabe disso. Eu só não entendo o motivo de você continuar insistindo nesse seu relacionamento com o Dan, quando está óbvio para todos que quem mexe com o seu coração é o primo dele.

Suspiro, sem saber o que dizer a minha melhor amiga. Júlia me encara com preocupação. Ela sabia que a situação era muito mais complicada do que parecia. Minha cunhada então sorri compreensiva.

Mudando de assunto, como o Max está? Quer dizer, amanhã é a audiência dele, não é mesmo? — Comenta Júlia, após o meu longo silêncio. Melissa esboça uma expressão desconfiada, mas não diz nada. Quase suspiro aliviada pela mudança de assunto.

— Ele parece calmo. Na verdade, esse era mais um dos motivos de eu não querer que ele fosse para essa partida de basquete. Max precisa estar bem amanhã. Não sei se ter contato com a multidão vai fazer bem para ele. – Respondo, suspirando preocupada.

Você vai na audiência ou apenas o Dan? – Questiona Mel, parecendo compartilhar da minha preocupação.

— Eu vou. Acho que Max e Dan vão precisar do meu apoio e a minha ansiedade não vai me deixar ficar quieta enquanto não souber o resultado da audiência. Inclusive, espero que você possa me ajudar com o Josh, Juh. Ele com certeza vai implicar por eu faltar aula. Também preciso ser acobertada aqui em casa ou... – Minha fala é interrompida com batidas únicas na porta. Encaro minhas amigas com preocupação e respiro fundo. – Pode entrar, mãe.

— Oi querida. Está ocupada? – Questiona minha mãe, assim que abre a porta do quarto. Ela me encara com um sorriso doce. Balanço a cabeça em negação. – Será que poderíamos ter uma conversa entre mãe e filha?

— Claro, mãe. – Concordo, temerosa. Volto minha atenção para as meninas, enquanto a linda mulher entra no quarto e fecha a porta. – Eu vou desligar. A gente se fala amanhã.

Claro. Não se esqueça de nos manter informadas. – Pede Mel, dando um fraco sorriso. – Tchau, tia Ally.

— Tchau, meu amor. – Minha mãe acena, colocando-se atrás de mim.

Não se preocupe com nada, Jen. Eu vou dar um jeito em tudo. – Garante Juh, referindo-se ao pedido que eu havia feito a ela. – Até amanhã, tia Ally.

— Até amanhã, Juju. – Despede-se minha mãe, mandando um beijo para minha cunhada. Ela manda um beijo de volta e a chamada de vídeo é encerrada. – Sobre o que elas estavam falando?

— Nada demais. – Respondo, virando-me para encarar a mulher. – Apenas assuntos de garotas.

— Então estou velha demais para saber os assuntos de garotas? Em que momento a mãe deixa de ser garota e passa a ter outro tipo de gênero? – Questiona minha mãe, passando a se sentar em minha cama.

— O quê? Não, mãe! Você não é velha. É só que... bem... – Tento inventar alguma desculpa para não contar sobre a minha conversa com as garotas, mas sempre fui péssima mentirosa. Nesse momento, minha mãe começa a rir, enquanto pega Kiara no colo, que se esfregava em suas pernas em busca de carinho, exatamente como ela faz com Max. A minha filha traidora parecia preferir a todo mundo menos a mim.

— Está tudo bem, filha. Eu entendo. Na sua idade, eu também guardava um ou dois segredos da minha mãe que eu só compartilhava com Trish. – Responde, sorrindo compreensiva. Ela então suspira e me encara com receio. – Mas será que eu estaria abusando demais se eu pedisse um abraço de urso da minha princesa?

Sorrio e nego. Corro até a cama e me jogo em cima dela, exatamente como Josh e eu fazíamos quando criança. Kiara mia indignada por perder seu lugar no colo da “avó” e eu aproveito para dar um abraço apertado na mulher que ficou um mês viajando em turnê.

— Eu senti tanta falta disso. – Sussurra minha mãe, apertando-me ainda mais contra si.

— Eu também senti muito a sua falta, mãe. – Respondo com sinceridade, aproveitando-me para matar um pouco da saudade que sentia dela. Mesmo tendo voltado de viagem no dia anterior, somente agora tínhamos tido tempo para conversar. – Eu te amo muito.

— Eu te amo muito mais. – Declara, afastando-me para beijar minha testa. Sorrio e me deito em seu colo. Ela passa a acariciar meu cabelo e a cantarolar assim como fazia quando eu era mais nova. – Quando vocês nasceram, os anjos suspiraram encantados. Eles nunca pensaram que poderiam ter uma visão tão bela. Vocês respiraram e o mundo voltou a brilhar. Lágrimas caíram ao ver como fomos abençoados. O amor nunca brilhou tão forte. Vocês me trazem de volta à vida, de volta à vida. Vocês fazem tudo dar certo. E o amor nunca brilhou tão forte. Vocês me trazem de volta à vida, de volta à vida¹.

Suspiro, apreciando a voz aveludada de minha mãe e a canção que ela compôs quando meu irmão e eu nascemos. Encaro minha mãe, observando seu rosto bonito. Ally Dawson era de longe a mulher mais linda que eu já conheci. E eu amo o fato de a ter como mãe.

Agora olhem para mim, vocês foram trazidos a minha vida. Eu beijo esses pequenos pés e vejo seus sorrisos perfeitos. Os espero chegar, a visão do mundo em seus olhos. Eu senti amor, encontrei paz do tipo mais puro. E o amor nunca brilhou tão forte. Vocês me trazem de volta à vida, de volta à vida. Vocês fazem tudo dar certo. E o amor nunca brilhou tão forte. Vocês me trazem de volta à vida, de volta à vida. – Canto a segunda parte da música junto com minha mãe e sorrimos ao fim, compartilhando o sentimento de amor, admiração, respeito e carinho.

— Eu amo quando você e seu irmão cantam. – Comenta a mulher, deixando um beijo em minha testa. – É como se eu estivesse escutando o canto mais belo dos mais lindos rouxinóis.

— Aprendemos o canto com os melhores pássaros. – Brinco e minha mãe ri, apertando meu nariz com carinho. Suspiro e me levanto de seu colo. Pego Kiara no colo e surpreendentemente, a gatinha parece aceitar os meus carinhos. – Mas o que queria conversar comigo, mãe? Aposto que não é apenas para matar a saudade.

— Não. Não foi apenas para matar a saudade que eu sentia, ainda que esse tenha sido um motivo importante para vir aqui. – Concorda, ajeitando-se em minha cama. Minha mãe então suspira e me encara intensamente. – Mas sendo sincera, não sei bem como começar essa conversa.

A expressão séria no rosto de minha mãe me deixa tensa. Não sei exatamente o que esperar. Pela forma como ela se aproximou, eu tenho certeza de que não estou encrencada, mas a tensão em seus ombros me leva a crer que não seria uma conversa fácil e que talvez eu não gostasse do que estava por vir.

Ally Dawson sempre foi conhecida pela sua personalidade doce e gentil, mas o que poucos sabiam é que por detrás do rosto angelical havia uma mulher que poderia ser bastante assustadora quando queria. Geralmente as pessoas tinham medo de enfrentar o meu pai, mas Josh e eu sabíamos que ele era bem mais fácil de lidar quando estava com raiva do que a nossa calma e paciente mãe.

— Sabe, Jenny, quando você e seu irmão nasceram, foram o maior presente que eu poderia ter recebido na vida. Seu pai e eu sentimos um amor tão único e indescritível ao ver vocês que não contivemos nossa emoção. E na primeira vez que eu segurei vocês no colo e os amamentei, eu disse a mim mesma que sempre os protegeria. Austin e eu prometemos que nós moveríamos céus e terras se fosse preciso para garantir a saúde, segurança e a felicidade de vocês. – Começa minha mãe, pegando uma de minhas mãos. Ela dá um fraco sorriso e suspira. – Infelizmente, não conseguimos cumprir com a nossa promessa quando você foi sequestrada...

— A culpa não foi de vocês, mãe. – Interrompo, apertando mais a sua mão. – Ninguém poderia saber que aquilo aconteceria.

— Eu sei, meu amor, mas ainda assim, foi desesperador e traumático saber que, mesmo que indiretamente, por minha culpa, você e seu irmão tenham se tornado alvos de criminosos. – Continua minha mãe, suspirando frustrada. Abro a boca para argumentar, mas ela coloca o dedo sobre os meus lábios e nega, em um pedido mudo para que eu apenas a escutasse. – Ainda que felizmente nada tenha acontecido a você, física e mentalmente falando, como mãe, é inevitável que eu não me torne mais protetora e cautelosa com a vida dos meus bens mais preciosos depois de passar por um trauma como esse.

— Aonde você quer chegar com isso, mãe? – Questiono, começando a ficar apreensiva. Não estava gostando do rumo que nossa conversa estava tomando.

— O que eu estou querendo dizer é que eu sei que está apaixonada pelo Max, Jenny, e não sei como deveria reagir a essa situação. – Revela minha mãe, fazendo com que eu me engasgasse com a minha própria saliva com a declaração inesperada da mulher.

Kiara sobressalta assustada quando eu começo a tossir descontroladamente e desce da cama, correndo para o banheiro. Minha mãe bate em minhas costas para que eu me controlasse. Quando estou um pouco melhor, respiro fundo e encaro minha mãe em choque.

— O que você está falando, mãe? Eu namoro o Dan. – Respondo e ela suspira, negando.

— Isso não impede seu coração de amar o Max, Jenny. Seu pai havia comentado comigo sobre a estranha relação que você tem com o primo do seu namorado, eu também escutei algumas conversas de Josh e Ian sobre como você parece ser apegada a Max, mas hoje, quando você entrou naquela sala e se desesperou com o fato de Max não estar de repouso, eu tive a certeza de que Dan pode ser o rapaz com quem você estar, mas ele jamais será o dono do seu coração. – Responde minha mãe com uma calma e intensidade que me faz perder a fala.

Isso não pode ser verdade. Posso não amar Dan de forma romântica, mas eu não gosto de Max desse jeito. Quer dizer, é verdade que ele causa reações estranhas em mim e me faz fazer coisas que eu nunca pensei que seria capaz de fazer, mas... eu não o amo. Não posso amar.

Nós somos... amigos. Isso! Apenas amigos. Talvez exista uma atração física intensa entre nós, mas nada além disso. Max está longe de ser o tipo de garoto por quem eu me apaixonaria. Está bem que o sorriso dele é incrivelmente encantador, que seus braços transmitem um calor aconchegante e é divertido estar com ele, mas... amor? Não. Não pode ser verdade. Minha mãe foi infectada pelo mesmo vírus que Júlia e Melissa. Essa é a única explicação para essa loucura.

— Não, mãe. Eu não... não amo o Max. Não dessa forma. Nós somos apenas amigos. – Afirmo, ainda atordoada. Minha mãe dá uma risada anasalada e balança a cabeça em negação, como se não acreditasse em minhas palavras. – Eu diria que nós nos tornamos melhores amigos.

— Assim como seu pai e eu? – Questiona minha mãe e eu arfo mais uma vez, surpresa com a comparação. – Jenny, você pode negar o quanto quiser, mas acho que até mesmo já percebeu que você e Max não são apenas amigos. Como vocês se olharam e trocaram carícias singelas com tanta naturalidade naquela sala mostrou a conexão única que vocês possuem. Você nem mesmo olhou para Dan quando viu que os rapazes tinham chegado. Sua primeira reação foi correr até Max e implorar que ele retornasse para casa e descansasse.

— Mas... é que... – Balbucio sem saber o que dizer.

— Sabe, você sempre evitou tocar nas pessoas, principalmente homens. Desde o seu sequestro, você evita abraçar e beijar Ian, Josh e até mesmo seu pai. Mesmo apaixonada por Ian, você nunca foi capaz de dar as mãos para ele com tanta doçura e nem mesmo o encarou com tanta preocupação e carinho. Mas com o Max... Ah, filha, é evidente até mesmo para os cegos que você está completamente apaixonada por ele. Você o ama. – Insiste minha mãe, acariciando meu rosto.

Eu não conseguia acreditar em meus sentimentos. Como eu poderia estar apaixonada justamente pela pessoa que eu disse a mim mesma que jamais iria me envolver? Não... não podia ser. Mordo meu lábio inferior e minha mãe suspira.

— E perceber isso me preocupa tanto. – Comenta minha mãe com pesar.

— Por quê? – Sussurro, ainda atordoada.

— Porque Max é um Queen, filha. – Responde e automaticamente me coloco na defensiva.

— Não vai me dizer que assim como meu pai, você também acredita que estamos no século XVI e que devemos ser inimigos dos Queen. – Digo, incrédula com a possibilidade de minha mãe ter aderido essa loucura.

— Claro que não, Jenny. – Minha mãe bufa e pega minha mão mais uma vez. – Meu problema não tem nada a ver com a rivalidade infantil de seu pai com Oliver.

— Então? Por que ele ser um Queen é um problema? – Insisto, frustrada.

— Max é neto de Moira Queen, Jenny. Isso por si só já nos garante muitas dores de cabeça. Além disso, seu pai e eu sabemos sobre a acusação de assassinato que Max está respondendo judicialmente. – Explica minha mãe e novamente sinto meu coração gelar.

— Como...? – Balbucio e novamente minha mãe solta aquela risada anasalada como se eu estivesse perguntando quanto era um mais um.

— Jenny, existe algo chamado jornais e noticiários que servem para comunicar as pessoas sobre acontecimentos do mundo. – Ironiza a mulher, levantando-se de minha cama. Ela anda um pouco e suspira, voltando-se para mim. – Max é um Queen. A família dele é uma das que mais aparece na mídia. Moira adora ser o centro das atenções, então é claro que a imprensa não perdeu tempo em divulgar as acusações.

— Mãe, o Max não matou ninguém. Eu juro. – Garanto, levantando-me em desespero. Aproximo-me de minha mãe e a encaro com sinceridade. – Ele é inocente. Nós temos provas disso. A audiência dele será amanhã e conseguimos um vídeo que mostra que ele foi dopado e que armaram para ele. Max não seria capaz de machucar ninguém. Ele é uma das pessoas mais justas e gentis que eu conheço. Por favor, precisa acreditar em mim.

— Eu acredito, Jenny. – Responde minha mãe com tranquilidade. Encaro-a, surpresa.

— Você... acredita? – Repito com cautela.

— Acha mesmo que seu pai e eu deixaríamos que ele se aproximasse de você e seu irmão se desconfiássemos que ele é mesmo um assassino? – Questiona a mulher, dando uma risada divertida. – Felicity me contou sobre o que aconteceu quando eu fiz meu último show em Star City, uma semana depois do ocorrido. Nós nos esbarramos em um restaurante na cidade e almoçamos juntas. Ela me contou sobre a investigação e sobre os pontos que faziam ela acreditar que Max era inocente. Além disso, eu tenho certeza de que seu irmão já investigou toda a vida de Max e Dan. Eu conheço o filho que eu tenho. Ele jamais deixaria os dois se aproximarem de você se não tivesse certeza de que eles não são perigosos para você.

— Então por que está tão preocupada com a minha aproximação com Max? – Questiono, confusa.

— Filha, pelo pouco que pude perceber, Max é uma pessoa maravilhosa. Tê-lo como amigo não é problema algum, mas você é namorada do primo dele. – Pontua minha mãe, encarando-me com seriedade. – E então vem a minha preocupação com a sua segurança. As pessoas que foram capazes de planejar um assassinato para prejudicar Max não irão parar até atingir o objetivo delas. Acha mesmo que elas não iriam aproveitar a chance de te usar como isca para chegar até ele?

— Mas, mãe...

— E tem o seu coração, filha. Você está pronta para enfrentar todas as garotas que irão se jogar para cima dele, todas as ex-namoradas, toda a pressão por ser namorada do herdeiro das Corporações Queen, toda a quebra de privacidade por se envolver com alguém que é o alvo da mídia, todas as acusações que irão perpetuar por anos contra ele? – Indaga minha mãe, interrompendo a minha tentativa de argumentação. Ela me encara com intensidade e certo desespero. – Eu sempre ensinei a você e ao seu irmão o poder do amor e que devemos lutar por tudo o que acreditamos. Mas nenhuma mãe quer que seu filho sofra, Jenny. Então me diga, o que eu deveria fazer? Devo te apoiar ou insistir que desista do homem que ama para te proteger?

Eu não tinha respostas para a pergunta de minha mãe. Afasto-me e me sento em minha cama, sentindo minha cabeça pesar. Eu entendia seus argumentos. Sabia que ela estava certa e que se fosse em outro momento, eu me afastaria imediatamente de Max. Mas por que a possibilidade de ficar longe dele me assusta muito mais do que enfrentar qualquer uma dessas situações descritas por minha mãe?

Com Ian, eu nunca me senti assim tão dependente. Mesmo gostando de sua companhia, eu não tinha problemas em ficar longe por alguns dias, eu não me sentia tão desesperada assim com sua saúde ou segurança. Eu nunca me senti tão furiosa e incomodada quando ele estava com outras garotas como me sinto quando vejo Max.

— Eu... eu realmente o amo, mãe. – Sussurro e dizer isso em voz alta torna essa loucura ainda mais real. Passo a mão pelo meu rosto e arfo, ainda atordoada. Minha mãe se aproxima de mim e me abraça apertado. Sinto meu coração se apertar e a encara com um misto de desespero e determinação. – Eu... eu não posso me afastar dele. Eu entendo que quer me proteger, mas eu não vou conseguir.

— Ah, minha menina... – Minha mãe murmura, encostando sua cabeça na minha.

— Por favor, não me peça isso. – Imploro e ela suspira, pesarosa. Lembro-me da situação em que me encontro e de meu acordo com os primos Queen. – Eu não... não vou namorar com ele. Continuarei com Dan. – Ela me encara com repreensão. – Eu sei que isso não faz sentido, mas por favor, apenas confie em mim. Em algum momento, serei capaz de explicar tudo o que está acontecendo, mas agora, isso é tudo o que eu posso te dizer.

— Jenny...

— Por favor, mãe. – Insisto, afastando-me para apertar suas mãos, enquanto meus olhos a encaram com determinação. – Apenas me dê mais um tempo. Enquanto isso, não conte a ninguém, nem mesmo ao papai a conversa que nós tivemos. Eu... eu preciso absorver toda essa loucura e tenho uma promessa a cumprir. Então confie em mim, por favor.

Minha mãe me encara inconformada, mas após alguns minutos me analisando em silêncio, ela parece se dar por vencida. Um suspiro doloroso escapa de seus lábios.

— Está bem, Jenny. Não faço ideia do que está acontecendo, mas vou confiar em você. – Responde a mulher, dando um fraco sorriso. – Mas precisa me proteger que não vai se colocar em perigo. Se as coisas começarem a ficar pesadas demais ou saírem de controle, você tem que me prometer que vai priorizar a sua segurança e vai se afastar. Estamos entendidas?

— Mãe...

— Estamos entendidas, Jennyfer Dawson Moon? – Insiste minha mãe com seriedade.

— Sim, mamãe. – Concordo, dando-me por vencida.

Ela suspira e me abraça, deixando vários beijos em meu rosto. Correspondo ao abraço com a mente em completo caos. Eu não sabia o que faria agora que sei que estou realmente apaixonada por Max, mas de uma coisa eu tenho certeza. Nós definitivamente não podemos ficar juntos. Não enquanto conquistar a liberdade de Dan for nossa maior prioridade.

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