60 Minutos de Paixão

Conversas e Descobertas


CAPÍTULO XXII – CONVERSAS E DESCOBERTAS

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Eu nunca havia odiado tanto a ideia de fazer um trabalho de campo como nesse momento. Biologia não era exatamente a minha matéria preferida, mas ao menos, eu me divertia muito com a professora e as explicações dela tornavam a matéria menos maçante, mas eu nunca quis tanto esganar a sra. Diaz como instante em que ela anunciou o nome de Alexia e Rachel.

Felizmente, após definir os grupos e os temas, a professora passou a dar a aula, informando que as discussões como iriamos realizar o trabalho poderiam ser realizadas durante a excursão. Assim, eu não precisei ter contato com a Coral e com a naja da Rachel.

Por causa da tensão e o meu maldito costume de sofrer por antecedência, nem mesmo presto atenção nas aulas seguintes. Minha mente permanecia me prendendo em um mundo de possibilidades que não me agradavam em nada e só fazia a raiva e o receio crescer em meu coração.

O que eu faria quando estivesse sozinha com elas? Alexia ainda dava para engolir de alguma forma, já que ela ao menos tentava manter o convívio pacífico, mas Rachel e eu nos desentendemos minutos após termos nos conhecido. Eu não tinha dúvidas de que acabaríamos nos estranhando assim que começássemos a fazer o relatório.

— Jenny! – O grito repentino de Mel em meu ouvido, seguido do balançar brusco de meus ombros faz com que eu sobressaltasse e a encarasse com o coração ponto para sair pela boca, enquanto minha mão instintivamente tinha ido ao peito. – Ah, finalmente acordou?

— Você quer me matar? – Resmungo, tentando recuperar o fôlego. Ela ri e dá de ombros.

— Nós estávamos te chamando há horas e você estava em outro planeta. – Retruca Josh, encarando-me com desconfiança. Nesse momento percebo que além de meu irmão e minha melhor amiga, Júlia e Ian também me encaravam com curiosidade. – No que é que você tanto pensa que nem mesmo prestou atenção na aula ou fez suas costumeiras anotações?

— Não é nada. – Digo, virando-me automaticamente para o outro lado da sala, onde estava Rachel. Noto então que ela encarava outro ponto da sala com seriedade. Ao me virar, vejo que ela observava Max e Dan conversando com Alexia. Ela então se levanta e posso ver que planejava ir até os rapazes que estavam no lado oposto ao seu. – O que essa naja vai aprontar?

— Nossa. Você realmente ama a Rachel. – Ironiza Ian, notando que eu encarava a garota. – Eu nunca te vi criar tantos apelidos carinhos para alguém como para ela. Nem com a Brittany você agia assim. E olha que você odiava bastante ela.

No mesmo instante, posso sentir o olhar de Mel e Juh sobre mim, provavelmente recordando de nossa última conversa sobre o assunto. Ignoro o comentário do rapaz e os olhares de minhas amigas, permanecendo com minha atenção completamente voltada para Rachel e o que ela poderia fazer contra Max e Dan.

Para o meu alívio, antes que a garota de cabelos cacheados os alcançasse, os primos se afastam de Alexia e se aproximam de nós. Rachel para de andar no meio da sala e seus olhos se encontram com os meus. Levanto-me, encarando-a em desafio, deixando claro que estava pronta para cumprir com a minha promessa.

— Jenny... – O chamado em sinal de alerta de meu irmão gêmeo, faz com que eu desvie o olhar para o encarar. – O que você está fazendo?

— Nada. – Resmungo, enquanto ele suspira.

— Eu já nem sei mais o que está acontecendo aqui. – Reclama Josh e Júlia o abraça, dando apoio.

— Não está acontecendo nada. – Rebato, voltando a olhar na direção de Rachel. – Pelo menos, não por enquanto.

Josh parece querer dizer alguma coisa, mas desiste ao notar a presença de Max e Dan. Como se todos tivessem entrado em um consenso, o assunto é deixado de lado. Ainda assim, era notável uma certa tensão entre nós. No entanto, no instante em que os rapazes nos alcançam, Josh se afasta de Júlia e vai até Max.

— Por que saiu do time? – Indaga meu irmão e posso ver que a suposição de Dan sobre o que aconteceria na conversa de Max com o treinador estava certa. – Ele queria você no time titular. Nós temos um campeonato se aproximando. Nós precisamos de você.

— Oi para você também, Josh. Eu estou bem e você? Como foi seu fim de semana? – Ironiza Max, dando um sorriso divertido.

— Sem brincadeiras, Queen. – Corta Josh, deixando claro que ele estava inconformado com a decisão do outro.

O sorriso despreocupado de Max desaparece de seu rosto e ele suspira, dando de ombros. Seus olhos se encontram brevemente com os meus e eu posso ver o quanto ele também estava sofrendo com a decisão. Max crispa o olhar e volta sua atenção a Josh.

— Foi melhor assim. – Responde por fim, olhando discretamente para o canto da sala, onde estava Bryan. – Por mais que eu tenha conseguido provar a minha inocência, eu sei que muita gente da escola não confia mais em mim, incluindo muitos jogadores do time. Com a punição que levou por ter me socado e participado do ataque da semana passada, Bryan não vai descansar até se vingar de mim. Não quero causar mais problemas do que eu já causei e, sendo sincero, eu também estou cansado de estar envolvido em conflitos. Eu só quero terminar a escola de forma pacífica.

— Você ama jogar basquete e é muito bom nisso, Max. Não pode desistir só por causa de babacas como o Bryan. E Josh e eu estaremos o tempo todo com você, cara. Duvido muito que os idiotas ousariam mexer com você. – Argumenta Ian, tão inconformado quanto Josh.

— Eu posso jogar basquete sempre que eu quiser, Ian. Não é como se eu fosse parar de jogar. Além disso, apesar de amar o basquete, nunca foi meu sonho me tornar um jogador profissional. A minha área é a de tecnologia. Assim como minha mãe, eu quero ingressar no MIT e cursar Ciência da Computação. Eu tenho certeza de que com as minhas notas, eu consigo uma bolsa de estudos, sem depender do esporte. Além disso, vocês dois são ótimos jogadores e o time estava fazendo um ótimo trabalho antes da minha chegada. Eu tenho certeza de que vocês podem vencer o campeonato sem grandes problemas. – Responde Max, dando um sorriso mais confiante. - Então, não se preocupem tanto com isso. Está realmente tudo bem. Não é o fim do mundo eu ter saído do time.

— Mesmo assim... – Sussurra Josh, nada satisfeito com as justificativas de Max. E de certa forma eu entendia o meu irmão. Mesmo que as palavras do rapaz fizessem sentido, ainda não parecia certo ele se afastar.

Suspiro e minha ação parece chamar a atenção de Max que sorri e me lança uma piscadela, como se dissesse que eu não precisava me incomodar. E é claro que aquele simples gesto é o bastante para fazer meu coração idiota acelerar. No entanto, sentindo a saudade falar mais alto, não desvio o olhar. Completamente fascinada, eu me vejo presa nos olhos azuis que tem sido o protagonista de meus sonhos nas últimas noites e de meus pensamentos desde que eu o conheci.

— Por que não vamos lanchar? Logo o intervalo vai acabar e a gente não vai ter saído da sala. – Comenta Júlia, chamando nossa atenção. – Além disso, esperei o fim de semana inteiro para saber pela boca do Max como foi que ocorreu a audiência.

— É verdade! Eu até assisti alguns vídeos que postaram na internet, mas eu ainda quero saber do ponto de vista do Max. – Concorda Mel, animada. Ela realmente não consegue controlar a curiosidade.

— Muita coisa aconteceu, mas acho que faz um bom tempo que eu não me sinto tão leve. – Conta Max, abrindo um lindo sorriso contagiante, que faz todos sorrirem compreensíveis, enquanto seguíamos em direção a saída da sala de aula. – Quando o juiz decretou que eu era inocente, por muito pouco eu não gritei de felicidade.

— Eu não sabia quem chorava mais. Se foi a tia Felicity ou a Jenny. – Brinca Dan e eu o lanço um olhar repreendedor, que não intimida em nada meu namorado de mentira. Pelo contrário. Isso só faz com que ele risse ainda mais e apertasse a minha bochecha.

— Cala a boca, Daniel. – Respondo, fingindo estar com raiva.

— Au! Chamou pelo nome. Não seja assim, Jennyzinha. Você estava fofa chorando por mim. – Provoca Max, passando o braço por cima dos meus ombros. Reviro os olhos e dou um tapa fraco em sua barriga, mas não me afasto do toque que eu sentia tanta falta.

— Você é irritante. – Resmungo, passando o braço em volta da cintura dele, porque queria sentir mais de seu perfume envolvente e do calor que aquece meu corpo e o meu coração. – Eu fiz todo um esforço para ir lá te apoiar e é assim que você me trata, seu chato?

Max gargalha daquele jeito que me faz perder o ar por alguns instantes. Ele geralmente já é injustamente bonito, sorrindo e rindo com tanta sinceridade é ainda mais estonteante. Não que eu já não fosse ciente da beleza de Max. Eu definitivamente percebi isso desde que meus olhos recaíram sobre ele, mas parece que o fato de ter aceitado meus sentimentos fez com que as qualidades de Max se tornassem ainda mais evidentes.

— E vocês ainda querem me convencer de que ela é a namorada de Daniel? – A voz cheia de veneno de Rachel alcança nossos ouvidos, enquanto ela para de frente a Max. – Maximus Queen.

— Rachel Sherman. – Responde Max com uma voz séria que eu nunca vi antes. Ele se afasta de mim e a encara com evidente insatisfação.

— Soube que você acusado pelo assassinato do babaca do Nathan. E parece que você encontrou uma nova vítima para os seus joguinhos. Que interessante. – Começa a garota de cabelos encaracolados. Ela sorri com ironia e se aproxima. Max coloca seu corpo na frente do meu, impedindo que nós duas nos encarássemos, e isso parece não passar de percebido por Rachel. – Isso é sério?

— Saia. – Pede Max com um tom tão cortante que surpreende a todos, inclusive Rachel. Encaro Dan e ele parece tenso, como se temesse o que poderia acontecer desse reencontro. – Saia da frente. Você está atrapalhando a passagem.

— Quem diria que o grande Maximus Queen seria capaz de se apaixonar por alguém. – Ironiza Rachel, mas tudo o que ela recebe é o silêncio de Max, que pega em meu pulso e me puxa para fora da sala. No entanto, ele é impedido de continuar quando a garota se coloca ainda mais na frente de Max, deixando claro que não sairia até obter as respostas dela. – Você está mesmo apaixonado? Por quê? Ela nem mesmo faz o seu tipo.

— Eu mandei você sair da minha frente, Rachel. – Insiste Max, ignorando as perguntas feitas por ela.

E sem esperar que ela realmente saísse, Max simplesmente abre caminho, usando o próprio corpo para afastar Rachel. O rapaz apertava meu pulso com tanta intensidade, que estava me machucando, mas eu permaneço seguindo-o sem dizer nada.

A reação parece chocar a todos, inclusive Dan, que precisa apressar os passos para nos alcançar. Meu irmão e amigos veem logo atrás, parecendo tão confusos quanto eu. Max havia me dito que odiava Rachel, mas a forma como ele havia a tratado me mostrava que a antipatia por ela era ainda mais intensa do que eu imaginava.

— Se você a ama, deveria ficar longe dela, Max. Para o seu próprio bem e dessa garotinha mimada. – Grita Rachel do corredor, fazendo com que Max parasse de andar.

Felizmente o lugar estava vazio, já que havíamos demorado um bom tempo na sala. Ele parece notar que segurava meu pulso e me solta, sorrindo em lamento, antes de se virar para encarar Rachel. A garota se aproxima a passos firmes.

— O que está acontecendo, Max? – Pergunta Josh, colocando-se em alerta, assim como meus amigos. Dan também se aproxima de mim e coloca sua mão sobre o meu ombro, em um aviso de que estava comigo.

— Está me ameaçando, Rachel? – Indaga Max com o tom duro que parece deixar a garota intimidada. – Acho que nós dois sabemos que essa não é uma ideia muito inteligente.

— O que vai fazer? Me matar? – Provoca Rachel, parando de frente para o rapaz. Ele não a responde e ela ri, como se já esperasse a resposta. – É claro que não. Você é um babaca, mas é bonzinho demais para fazer algo além de machucar o coração de donzelas indefesas.

— O que você quer? – Questiona Max, indo direto ao assunto. – Achei que tivesse ficado claro em nossa última conversa de que ignoraríamos a presença um do outro e ficaríamos o mais afastados possíveis.

— É o que eu pretendo fazer. – Garante Rachel, dando de ombros. – Mas tenho um coração bom o bastante para te alertar do que está por vir.

— Coração bom. – Repete Max, rindo com ironia. Ele se aproxima mais de Rachel e a cada passo dado, ela repete o gesto indo para trás, como se temesse que Max a machucasse. – Eu só vou perguntar mais uma vez, Rachel. O que você quer?

— Eu assisti ao vídeo de segurança do assassinato de Nathan. – Responde a garota e Max se afasta, parecendo curioso com o que ela tinha a dizer. – Por que não me acusou?

— O que quer dizer com isso? – Pergunta o outro, cruzando os braços. – Por acaso você é a assassina?

— Eu adoraria ser a responsável por cravar aquela faca nas entranhas de Nathan, mas infelizmente nós dois sabemos que eu jamais conseguiria. – Retruca Rachel, afastando-se um pouco mais. – Eu tinha motivos tanto para acabar com a vida de Nathan quanto a sua. Todos sabiam que eu não suportava os dois. No entanto, desde a morte dele, a minha vida tem sido um verdadeiro inferno. Estou sendo seguida sem saber os motivos e não foram poucas as vezes que encontrei grampos em meu celular. Eu me mudei para Miami, na tentativa de fugir do caos de Star City, mas aos ver as gravações das câmeras de segurança, eu finalmente entendi o que está acontecendo. Ainda assim, eu nunca recebi nenhuma convocação para depor no caso. Eu tenho certeza de que pelas características dela, eu me tornaria a sua primeira suspeita. Por estar sob efeito de drogas, você poderia não ter visto o rosto dela. Ainda assim, por que nunca citou o meu nome para a polícia?

— Porque não importa o quão drogado ou bêbado eu estivesse, jamais cometeria o mesmo erro duas vezes. – Retruca Max e isso parece machucar Rachel, que desvia o olhar. – Além disso, como você mesma disse, nós dois sabemos que você jamais mataria uma pessoa. Talvez contratasse alguém para isso, mas se esse fosse o caso, tenho certeza de que não mandaria alguém com a mesma aparência que a sua realizar o serviço.

— Você não mudou nada. Continua sendo muito bom com as palavras. – Comenta Rachel, dando uma risada forçada.

— Ela gosta dele? – Sussurro para Dan, surpresa.

— Eu... não sei. – Responde, parecendo tão em choque quanto eu.

— Bom, já que esclarecemos a sua dúvida, não volte a cruzar meu caminho. Nós estudamos na mesma sala, então não dá para não convivermos no mesmo lugar. No entanto, vamos evitar contatos desnecessários. Eu agradeceria profundamente se pudesse esquecer da minha existência até o fim do ano. Depois disso, cada um seguirá seu caminho e não teremos que nos ver nunca mais. – Rebate Max, forçando o riso. Ele então dá as costas e volta a andar em minha direção. Seu rosto expressava indiferença e era difícil saber o que se passava em sua mente.

— A assassina está mais próxima de você do que imagina. – Informa Rachel, chamando a atenção de Max mais uma vez. – Esse jogo ainda não acabou, Max. Ela não vai parar até assistir sua queda. Ela tem motivos e é muito mais perigosa do que você pode imaginar.

— Quem é ela? – Pergunto, aproximando-me. – Se você não é a assassina e a conhece, diga o nome.

— Jenny... – Sussurra Max em alerta, pegando em meu braço com delicadeza, impedindo que eu me aproximasse mais. Encaro-o de volta, deixando claro que eu estava determinada a descobrir a verdade.

— Ela também está apaixonada por você? - Rachel ri e alterna o olhar entre Max, meus amigos e eu. Sinto meu corpo tenso. – É claro. Um falso triângulo amoroso, entre vocês dois e seu primo gay. Uau. Isso realmente se assemelha a roteiro de novelas mexicanas.

— Não mude de assunto. Quem é a assassina? – Insisto, começando a perder a paciência.

— Ah, por favor, garota! Quem você pensa que é? Vai ficar com o seu namorado de mentira e não se intrometa em assunto que não é da sua conta. – Retruca Rachel, também impaciente.

Ameaço avançar mais uma vez em cima de Rachel, pronta para descontar nela toda a fúria que eu sentia naquele momento, mas sou impedida por Max, que se coloca em minha frente e segura meus braços.

— Jenny, não. – Pede o rapaz em tom baixa com os olhos fixos nos meus. – Eu entendo a frustração, mas não se deixe levar pelas provocações dela.

— Que adoráveis. Eu deveria sair para dar mais privacidade aos pombinhos? Ah, não. Espera. O seu namorado na verdade é o rapaz que está assistindo a cena de longe e que evidentemente não se importa com o fato do primo estar apaixonado pela namorada dele e nem com os momentos fofos de vocês. – Ironiza Rachel com a voz repleta de veneno como a naja que ela é.

Novamente sinto a raiva me consumir e sou impedida por Max de destruir o rosto dela. Ele faz sinal para Dan e não demoro a sentir os braços de meu namorado de mentira me levando para longe. Ouço perguntas vindas de Josh e Ian, mas eu estava tão furiosa que nem me dou ao trabalho de dar atenção aos dois.

— Quem é a assassina, Rachel? – Questiona Max com frieza. – Eu não estou de brincadeiras. Responda a minha pergunta ou nós iremos agora mesmo a delegacia para registrar seu depoimento.

— E como é que você... – A fala da garota é interrompida por Max que a pega com a mesma facilidade que pegaria um saco de batatas e a joga em seus ombros. – O... quê? O que você está fazendo?! Me coloca no chão agora mesmo! Maximus! Maximus!

— Vamos conversar na delegacia. A polícia vai amar te ouvir. – Comenta Max, seguindo pelo corredor com Rachel nos ombros. Assustados, Dan, meus amigos e eu passamos a seguir o rapaz.

— Espera! Eu não posso te falar! A vida da minha família está em perigo. Por favor, me coloca no chão. Eu prometo contar tudo o que eu posso. – Implora Rachel, desesperada.

Max para de andar, antes de chegar as escadas que levavam ao andar inferior e a coloca no chão. As poucas pessoas que estavam no local passam a encarar a cena com curiosidade, tentando entender o que estava acontecendo.

— Fala. – Exige Max com seriedade. – Sem brincadeiras ou provocações. Diga a verdade.

— Eu não tenho provas de que ela é a assassina. Tudo o que eu estou fazendo é criar suposições baseadas em lembranças e instintos. – Responde a garota, tentando se recompor. Ela respira fundo e se aproxima de nós, parecendo temer que alguém mais a ouvisse. – Mas a pessoa até mesmo armou para me prejudicar também e eu sei como ela é perigosa.

— Por acaso essa pessoa é a Alexia? – Suponho e a garota ri, como se eu tivesse contado a piada do ano.

— Alexia não faria mal nem mesmo a uma formiga. Ela não é a pessoa perigosa da história, apesar de que eu ficaria em alerta sobre o que vocês contam a ela. O grande problema dela é a boca, mas garanto que a Alexia que eu conheço desde o fundamental não é alguém que machucaria outra pessoa além dela mesma. – Responde Rachel, dando de ombros. – Quando criança, ela era muito na dela e bem depressiva. Ela também tinha o costume de se mutilar e tudo piorou depois de ter se declarado para o Max.

— A Alexia se declarou para mim? – Pergunta Max, surpreso. – Como é que eu não me lembro dela?

— Alexia raramente conversava com as pessoas e era extremamente invisível na escola. Ela praticamente não tinha amigos, não interagia com a turma e vivia presa na biblioteca. – Responde, dando de ombros. – Ela só falava comigo na escola, porque éramos vizinhas de porta e, na época, era amiga da única pessoa com quem ela conversava. Depois que eu e Anya brigamos, a gente parou de se falar...

— Anya? – Indago, perdida. Rachel hesita, desviando o olhar.

— Anastasia. – Conta Rachel, parecendo desconfortável em falar o nome da garota. Espero que ela dê mais detalhes, mas ela não parecia disposta a dar mais informações sobre essa Anastasia, o que me levava a crer que havíamos encontrado o nome da assassina. – De qualquer forma, Alexia e eu paramos de falar, depois que eu me desentendi com Anya e perdemos o contato de vez quando ela saiu da escola. Por isso foi realmente surpreendente que ela tenha aparecido anos depois com a personalidade tão aberta.

— Anastasia. – Sussurro o nome, encarando Max. O rapaz não parecia ter qualquer lembrança relacionada ao nome. Desvio o olhar para Dan e ele dá de ombros, demonstrando que esse nome também não o remetia a nada.

— De qualquer forma, tudo o que eu posso dizer é que vocês devem tomar cuidado com o que dizem a Alexia. Ela não é o verdadeiro perigo. – Responde Rachel, afastando-se. Nesse momento, o sinal do intervalo toca, anunciando que ele havia terminado. – Eu preciso ir, mas lembre-se do que eu te disse, Max. Se você realmente ama essa garota, é melhor você se afastar dela, caso contrário, ela pode ser a próxima vítima.

E sem nos dar chance de responder, Rachel desce as escadas correndo, enquanto inúmeros adolescentes começam a subir para retornar as suas salas. Encaro Max e ele parecia estar com os pensamentos distantes, despertando apenas quando os alunos começam a reclamar de sua interferência na passagem.

— Max? – Chamo e ele me encara. – Você está bem?

— Eu... eu vou pegar um ar. A gente se vê depois. – Avisa Max, passando a descer as escadas com a mesma pressa que Rachel.

— O quê? – Balbucio, confusa. Viro-me para meus amigos, ainda um pouco atordoada. – Eu vou...

— Não, Jenny. É melhor a gente dar um pouco de espaço para ele. Eu conheço Max e sei que nesse momento, ele precisa ficar sozinho. Vamos voltar para a sala. Eu tenho certeza de que ele vai falar com a gente quando estiver mais calmo. – Garante Dan, segurando meu impulso, impedindo que eu fosse atrás de meu primo. – Pressioná-lo nunca é uma boa ideia e isso só faz com que ele se feche mais. Então vamos apenas esperar.

— Mas...

— Ouça o que o seu namorado disse, Jenny. Vamos voltar para a sala. – Responde Josh e ele parecia mais sério do que de costume.

Julia e Melissa assentem, em um pedido mudo para que eu fizesse o que os rapazes haviam dito. Suspiro e assinto, dando-me por vencida, ainda que meu coração não estivesse satisfeito com a situação. Assim, retorno para a sala com a mente cheia e a sensação de que estávamos mais próximos do que nunca de descobrir a verdade sobre a verdadeira assassina de Nathan Piers e quem tanto deseja prejudicar Max.

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