5 Anos

Dia de Verão


Como combinado, Rhodes levou o assunto discutido com Tony para seus colegas no Pentágono. Não demorou muito para a notícia sobre o incidente com o cientista na Europa se espalhar, e logo pessoas foram às ruas para pedir por mais segurança nas pesquisas em busca de uma forma de reverter os acontecimentos que causaram o desaparecimento de metade de todos os seres vivos do universo. Pouco tempo depois, já se falava sobre um acordo mundial.

— Então vai ser como o Tratado de Sokovia? O governo mandando e desmandando na gente? — Harley perguntou.

— Ah, não; isso é só um acordo para que todos cumpram regras de segurança, pra não acabarem com o que sobrou. — Tony explicou, enquanto caminhavam pelo campus do MIT. Pessoas murmuravam e apontavam seus celulares na direção do bilionário, que praticamente desfilava com seus caríssimos tênis laranjas, camiseta azul, blazer e calça pretos e seus óculos, que estavam escuros por causa dos raios solares.

— Então agora você vai parar de vir nos conferir?

— Claro que não. Adoro vir aqui. Ver novas tecnologias. Gente animada. — ele respirou fundo. — O cheiro de hormônios, maconha e desodorante. Ai, como eu sinto falta da faculdade. — Stark olhou para seu carro, que estacionava sozinho ao lado deles. — Não achou que ia se livrar de mim assim tão fácil, achou? — ele deu um tapinha no ombro do jovem e entrou no carro.

— Então, quando você volta? Eu tenho algumas ideias sobre o…

— Garoto, relaxa. — Tony o interrompeu. — É verão. Vá a festas em piscinas, ao cinema, à Fort Lauderdale; ou seja lá onde os jovens gostam de ir hoje em dia. Você merece.

— Acho que não.

— Eu sei. Costumava pensar assim também. Às vezes ainda penso. Mas a terapia tem ajudado bastante. Devia pensar nisso.

— Ok; talvez eu saia pra tomar um sorvete...

— É um bom começo. — uma notificação apareceu no painel do carro, e o homem a leu. — Agora eu tenho que ir. Compromisso importante. Se cuida garoto.

— Você também. — Harley disse, e se afastou do carro, que imediatamente partiu em direção à estrada.



Horas depois, Tony voltou para casa e encontrou sua família realizando um almoço na beira do lago. Haviam ingredientes para preparar hambúrgueres, saladas, sucos, tortas e frutas na mesa, e todos estavam em seus trajes de banho. Morgan corria pelo gramado sendo molhada por Happy, que erguia uma mangueira, e Gerald estava por perto, comendo grama fresca. Pepper os observava com atenção, enquanto organizava a mesa.

— Oi papai! — Morgan gritou e acenou de longe.

— Oi amor! — ele acenou de volta. — Oi amor... — assumiu um tom sexy ao se aproximar da esposa e beijá-la no pescoço, causando-a arrepios.

— Olá... — a mulher o puxou para um beijo. — Como foi seu dia?

— Divertido. Então recebi um chamado para um compromisso extremamente importante e vim o mais rápido que pude.

— E é mesmo um compromisso importante. A água está morna e eu fiz torta de maçã com cranberry.

— Com nossas primeiras cranberries?

— Com nossas primeiras cranberries. Aliás, Morgan provou uma. Você tinha que ver a careta que ela fez.

— Por favor, diga que você filmou tudo.

— Claro que filmei. — ela sorriu, pegando uma das frutinhas em cima da torta e a entregando ao marido. — Prove. Como estão as crianças?

— Delicioso. — ele disse assim que comeu a fruta. — Eles estão bem. E longe de conseguirem alguma coisa, o que, não vou mentir, me deixa aliviado. A última coisa que precisamos é arriscar perder os que ainda estão aqui.

— Nós vamos ficar bem… — Pepper acariciou os braços do homem. — Graças a você.

— É. Sou o Homem Burocracia agora. — ele brincou e a mulher riu. — Sabe uma coisa que eu reparei?

— O que?

— Nós moramos numa casa no lago e nunca fizemos skinny dipping.

— Meu deus… — a mulher admirou a capacidade que o homem tinha para mudar de assunto rapidamente.

— Por que nunca fizemos skinny dipping?

— Talvez porque você estava desnutrido quando nos mudamos; depois eu engravidei, e agora temos um bebê exigindo a maior parte do nosso tempo; e quando ela dorme, geralmente estamos cansados demais para nadar no lago? — Pepper respondeu ainda com um sorriso.

— Meu deus, estou me tornando careta. — Tony se chocou.

— Isso é alguma crise de meia idade? Porque se for, você está velho demais para isso. — a mulher brincou.

— Eu sou um pai careta?

— Tony, você pôs a Morgan em um avião e a levou à Disneylândia na semana passada, só porque ela viu o Mickey na tv e pediu para conhecê-lo. Você é tudo, menos careta. — Pepper o tranquilizou e se sentou na mesa de picnic. — Você trouxe o que eu pedi?

— Aham. — o homem ergueu a sacola que segurava e a pôs na mesa. — O que houve com a antiga?

— Sua alpaca a mordeu.

— Minha alpaca?

— Sim, sua alpaca. Morgan! Seu pai trouxe uma boia nova! — ela chamou pela menina, que correu até eles enquanto gritava animadamente. — Olha só, um jacaré! — ela ergueu o objeto assim que o tirou da embalagem.

— Deixa eu ver! — Morgan tentou pegar a boia e sua mãe cedeu.

— Você gostou? — Tony perguntou babão, como sempre ficava ao falar com a filha.

— Sim!

— E como se fala? — Pepper perguntou à pequena.

— Obrigada, papai! — ela disse com um sorrisinho.

— Não há de quê. — Tony a beijou no topo da cabeça, antes de cumprimentar Happy. — Gostei da camisa. Trouxe uma pra mim?

— Claro. Trouxe presentes pra todo mundo..

— Foi muito legal da parte da sua chefe, patrocinar uma viagem dessas de férias. Queria ter uma chefe assim.

— Sabe que tem. — Happy deu um tapa no ombro do amigo, e os dois observaram Pepper, que tentava impedir que a filha botasse a boia ainda vazia.

— Tem que encher primeiro, meu amor… Tony, pega a bomba pra mim?

— Pra que uma bomba? Deixa isso comigo. — Happy tomou a boia para si. — Vamos lá, Morgan. Vou te mostrar como se faz.

— Se mudar de ideia, a bomba está na garagem. — Pepper avisou.

— Não vai ter um ataque! — Tony brincou, quando o amigo e a filha correram para a beira do lago. — E eu vou trocar de roupa. Não quero arruinar esse blazer de cinco mil dólares.

— Por favor, faça isso. Você fica bem demais nessa roupa.

— Eu sei… — o homem a beijou, e então foi em direção à casa.

Happy conseguiu encher a boia, sendo animado por Morgan, que assistiu tudo ansiosamente. E então a família pôde entrar nas águas mornas do lago, onde se divertiram por horas a fio. O convidado tomou conta da churrasqueira e fez hambúrgueres para todos, e para a sobremesa tiveram a deliciosa torta de maçã com cranberry e picolés de frutas feitos em casa. No fim daquela agradável tarde, Pepper e Tony assistiram o pôr do sol (o homem deitado na grama com a cabeça no colo da esposa e recebendo cafuné nos cabelos) enquanto Morgan tirava um cochilo no colo do pai, recebendo carinho do mesmo. Quando escureceu, Tony levou a filha para dentro e Happy ajudou Pepper a organizar tudo, antes de ir embora.

— Missão cumprida! Criança limpa, vestida e adormecida. Me deu pena ter que acordá-la para tomar banho e escovar os dentes, mas eu consegui. Pep? — ele estranhou ao descer as escadas e não encontrar a esposa em lugar nenhum. Pensou então que devia ter restado algo para buscar no jardim, e foi até lá ajudar.

Ele a encontrou sentada no píer, balançando os pés na água. Então caminhou lentamente até ela, admirando a vista de sua bela curvatura na luz do luar e seus cabelos soltos, balançando levemente com o vento fraco.

— Uma moeda por seus pensamentos. — disse ao se sentar ao lado dela. A mulher sorriu e mordeu seu picolé, antes de oferecê-lo. Tony o finalizou com duas mordidas.

— Como foi com a Morgan?

— Tranquilo. Agora voltou a dormir como o anjo que ela é.

— Ela é adorável...

— É, nós mandamos bem na fabricação. — ele brincou, fazendo Pepper rir. — Você ainda não respondeu minha pergunta, Potts.

— Não foi uma pergunta. — ela deu um sorriso maroto, antes de olhar para a lua. — Estava pensando sobre hoje.

— Foi um dia muito bom. Exceto a parte em que Happy tirou um cochilo e os roncos quase fizeram a terra tremer.

— Ele realmente devia ver um médico.

— Vou conversar com ele depois. — Tony puxou a mulher para si e a beijou nos cabelos, antes de apoiar o queixo na cabeça dela. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — ela acariciou o peito dele. E assim ficaram por um tempo; até que Tony quebrou o silêncio:

— Está cansada?

— Eu sei onde você quer chegar, Stark. — Pepper disse firme, erguendo a cabeça para olhá-lo nos olhos. — Está com seu celular aí?

— Claro.

— Ligue a babá eletrônica. — ela disse, se levantando. E o tempo que Tony demorou para tirar o celular do bolso e fazer o que foi pedido foi o suficiente para que roupas caíssem no seu colo. Ele olhou para frente com a boca aberta, no tempo exato de ver o corpo seminu da mulher mergulhando no rio.