O único garoto que estava entre as outras três se chamava Bryan Schmitz. Tinha quatorze anos de pura simpatia. Os seus olhos eram um tanto estreitos e cor de violeta, contrastando em meio ao cabelo negro mediano, que lhe caía no rosto. Tinha a pele alva e vestia-se com um sobretudo preto sobre uma camisa branca.

Anabelle M. Devearux tinha dezenove anos. Apesar da idade, era uma das mais baixinhas dali. Tinha longos cabelos castanhos muito cacheados, e em seu rosto, podiam-se notar algumas sardinhas sobre as bochechas e o nariz.

Nickky Backman era a mais velha, com 120 anos. Embora quem a olhasse nunca determinaria isso, graças a aparência de quinze. A garota de cabelos roxos e roupas fofas o suficiente para se fizer um cosplay, mais parecia estar na lua do que dentro do casarão. Observando tudo ao seu redor como se estivesse prestes a babar.

E, por fim, a garota de chifres que havia parado a discussão de Jeff com Kyara. Seu nome era Aria Makara e tinha a esclera amarela com as íris dos olhos roxas. Quando falava, Liu, Kyra e Julia percebiam os caninos protuberantes da garota. Sem contar a estranha maquiagem preta e branca de um palhaço sobre a pele cinzenta e um energético com as letras “FYGO” estampadas entre uma das mãos.

— Hmm... — Aria disse como se tudo estivesse fazendo mais sentido agora — Então quer dizer que tudo isso é por causa de... Ciúmes?

— Ou algo parecido. — Respondeu Kyara.

— Mas vamos poupar os novatos dessa conversa cansativa e complicada que é relacionamentos amorosos — Sugeriu Liu — Então... Vejo que vocês se encontraram antes de chegarem até aqui.

— Sim — Anabelle respondeu — Na verdade, nos encontramos todos aqui aos arredores mesmo. Batemos um papo e, bem, o resto vocês já sabem.

— Hey — Bryan começou — Este lugar é maneiro. O que vocês costumam fazer aqui?

— Bem — Julia foi quem respondeu dessa vez — Não faz lá muito tempo que eu cheguei aqui, mas Slender, o dono deste lugar, até é generoso com o grande número de atividades existentes por aqui.

— Yep — Liu continuou — Embora ele não nos deixe matar frequentemente, temos refeições três vezes ao dia, sem contar que você pode ir à cozinha e roubar o que quiser a hora que quiser, temos sala de jogos, quartos bons, quadra esportiva, uma piscina recém-descoberta, e mais umas ‘páh de coisas. Creio que gostarão daqui.

— Levando em consideração que depois que entrar, não tem muita coisa para se fizer lá fora. — Kyra deu de ombros — Passamos todos os dias e todas as horas aqui dentro.

— E vocês, sei lá, não acham isso um pouco chato? — Quis saber Aria.

— Para ser sincero, eu não acho. — Liu pensou um pouco — É legal aqui dentro, se você não arranjar confusões demais, acabando por irritar o Slenderman (Os castigos dele normalmente não são legais). Sem contar que tem um número realmente grande de pessoas e coisas interessantes para se distrair.

— E comida? — Nickky subitamente perguntou, surpreendendo alguns por ver o entusiasmo repentino da garota. Pois até um segundo atrás, parecia que iria desmaiar.

— A comida é boa, isso eu te garanto! — Kyara deixou um sorriso surgir. Até começava a se esquecer do ocorrido com Jeff há alguns minutos atrás.

— Certo, agora é hora de levá-los para conhecer o lugar com os próprios olhos.

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Já estavam todos em seus respectivos quartos, aliás, não havia mais coisas para se fizer às três da manhã. Certo que nem todos dormiam, e isso era fato ao ver Nicole andando pelos corredores. Estava usando uma máscara dessa vez, uma que lembrava a de Jane, com a diferença da boca vermelha e os cílios compridíssimos.

Achar o quarto dos Proxies de Slender nem era uma tarefa muito difícil de fazer, já que este se encontrava perto do escritório de seu mestre. A porta vivia entreaberta, mesmo assim, bateu.

Nem cinco segundos se passaram quando Nicole fora atendida por Hoodie. A rápida resposta do outro a levou concluir que os três Proxies estavam acordados.

— O que quer? — O Infeliz quis saber.

— Queria fazer uma pergunta. — A ruiva respondeu.

— Faça logo, por favor. Temos trabalho a fazer.

— É que... Desculpa. Não posso entrar?

Hoodie voltou a encostar a porta, deixando Nicole confusa. Logo ela pôde escutar uma conversa abafada do lado de dentro, até o outro abrir mais uma vez a porta, dando passagem.

— Hã? — Masky virou a cadeira giratória de madeira para encará-la. As luzes do quarto estavam apagadas, deixando apenas as lâmpadas alaranjadas de duas escrivaninhas iluminarem o local. Sobre as mesas se encontravam vários objetos e papéis que Nicole não soube identificar. Sem contar uma das camas que também estavam ocupadas com os tais — Sabe que horas é, garota?

— Eu completamente perdi a noção do tempo, sinto muito. — Respondeu ela, esfregando um dos braços. Aquele quarto era mais frio do que o dela.

— O que quer? — Repetiram a mesma pergunta de Hoodie anteriormente.

— Queria saber se... Tem como eu ser um Proxy de Slenderman também.

Ticci Toby que estava tomando algo engasgou, recebendo todos os olhares do local sobre si com a grande quantidade de tosse.

— Você o quê? — Ele indagou de cenhos franzidos.

— F- foi uma coisa tão ruim assim? — Nic quis saber, espantada.

— Sei lá, mano. — Toby se endireitou na cadeira — É que normalmente nós não temos escolhas! Slender simplesmente vem, causa alucinações, nos deixa piradinhos — Rodou o dedo indicador perto de uma de suas têmporas, dando ênfase — e atormentados, e então, sem opção acabamos sendo Proxy dele.

— E somos obrigados a fazer metade do trabalho dele. — Resmungou Hoodie, voltando a se sentar na cama e mexendo em alguns papéis rabiscados.

— Hm... — Nicole suspirou — Eu achei legal essa ideia. É um tanto emocionante.

— Você tá tirando com a nossa cara? — Masky lançou Aquele Olhar para a ruiva.

Ficaram alguns minutos em silêncio, com os Proxies pensando em diferentes posições. Minutos agoniantes para Nic. Certa hora, Masky bufou, esfregando a nuca.

— Certo... Vou ver o que posso fazer para você.

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Rellik estava dividindo o quarto com uma garota. Uma garota! Como que Slender deixava um quarto para duas pessoas de sexo oposto? Como? E esperava que não desse algo errado? Nickky não parecia se importar muito, dormindo serenamente em sua cama. Mas ele não estava gostando nada daquilo.

Garotas eram complicadas demais, certinhas demais. Quantas coisas ele deixaria de fazer no próprio quarto com aquela garota plantada ali? Teria como pedir uma troca de quarto?

Rellik suspirou, se remexendo na cama na procura de uma posição confortável para dormir. O ruim era o maldito cobertor. Com, ficava com calor. Sem, ficava com frio. Já estava começando a irritar.

Poderia dar uma volta pelo casarão se quisesse, todavia a preguiça era maior. Sempre que lhe passava pela cabeça os passos de como se levantar, abrir a porta e caminhar passava pela sua cabeça, parecia realmente que ele já havia feito isso, mas bastava abrir os olhos para perceber que sequer se sentou na cama. Queria dormir logo, mas não conseguia. Imaginava como seria seu rosto no dia seguinte.

De repente Laires foi tirado da cama aos pulos. No meio do silêncio, um súbito som de coisas quebrando violentamente foi ouvido. Se tivesse sido apenas uma vez, o rapaz teria ignorado. Porém, aquilo se seguiu por um longo tempo da madrugada. Do outro lado da porta, podia-se ouvir a série de pessoas emburradas reclamando da barulheira. O nome “Jeff” foi citado várias vezes. Ou então “De novo isso”. “Resolva esse ataque, Liu”. Coisas do tipo.

Apesar da curiosidade para saber o que diabo estava acontecendo, Rellik continuou em seu lugar, desejando à Zalgo que aquilo não se repetisse no dia seguinte.