Era para ser fácil cuidar apenas de uma parte do Casarão Creepypasta. Era o que pensava Mason até ver o quão trabalhoso aquilo poderia ser. Na ala norte se encontravam os jardins, as quadras, o pátio, parte de alguns quartos, corredores, grandes janelas de vidro, entre outros. Nem em uma semana ele conseguiria terminar tudo que deveria.

De mau-humor, resolveu começar pelo jardim que lhe parecia a melhor opção naquela manhã fria. As nuvens cobriam o céu, indicando que mais tarde choveria. Então, nada mais certo a se fazer do que guardar aquela bagunça esparramada antes que o jardim do casarão se tornasse um grande criadouro de mosquitos da dengue.

Resmungava sem parar, e assim continuou por cerca de quarenta minutos, quando já terminara de limpar a água cheia de folhas secas do chafariz e as colocado dentro de um balde.

Sentou-se na beirada, enxugando com as costas da mão a testa suada. Se ele culpava Edgar por isso? Com certeza. Se aquele masoquista não tivesse começado a provocá-lo com aquele maldito sorriso e o tom das palavras, nada daquilo teria acontecido.

Tomara que aquele imbecil tenha perdido o olho”. Desejou internamente.

Nesse instante, ouviu-se um crocitar de um corvo bem próximo. Antes que Mason pudesse perceber, a ave de penas negras cintilantes voou rasante em sua cabeça, tocando com suas garras seus cabelos loiros.

Droga! — Exclamou ele ao perceber que aquilo doera.

O corvo era grande, muito grande. Seus olhos eram heterocromáticos, sendo que um deles era amarelo e o outro escarlate. Uma ave daquela poderia ser considerada bela, porém, era assustadora.

Desta vez o corvo deu meia-volta, voltando em direção a Mason. Este por sua vez protegeu a cabeça, todavia a ave desviou, batendo no balde recém-enchido pelo garoto e derrubando todas as folhas de volta para a água.

— Hey! Sua ave filha duma...! — Berrou o incubbu, se pondo de pé, tentando acertar alguma tapa no corvo.

Mais uma vez, esta corvejou, voando para longe dele. Mason acompanhou com o olhar até onde aquela mancha negra pousaria. E a resposta estava em cima do telhado mais alto do casarão. Embora Mason forçasse ao máximo sua visão, não conseguia identificar o ser dono do ombro em que a ave pousara.

A figura o encarou de longe, antes de se virar e sumir da vista periférica do outro.

Legal, agora estou sendo espionado por um cara e um corvo”.

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Thompson desceu apressado pelas escadas, indo para o refeitório onde algumas Creepypastas já estavam tomando a primeira refeição do dia. Jasmine estava sentada próxima de Scout, Alicy e Anabelle. A maioria ainda deveria estar dormindo ou em seus respectivos quartos, afinal, aquela manhã fria era perfeita para uma preguiça a mais.

— Jas — Thom chamou, ainda arrumando o laço vermelho-vinho no pescoço. — Você viu o BEN por acaso?

Jasmine parou a conversa com os outros para encará-lo.

— Ele dormiu no meu quarto hoje. — A ruiva franziu o cenho — Aconteceu alguma coisa com vocês dois?

— Não, não. Mas obrigado pela informação. — Sorriu rapidamente antes de voltar em direção aos quartos.

Thompson procurou pelo quarto de Jasmine, batendo três vezes na porta. Vinte segundos se passaram sem nem uma resposta. Tentou mais uma vez, e novamente nada. O loiro se perguntava se BEN ainda estava dormindo ou se não queria ver ninguém mesmo.

Arriscou abrir a porta depois de soltar um tímido “estou entrando”. Kather, a garota com quem a Viúva Negra dividia o quarto oficialmente, não parecia estar presente em nenhum canto do local. O único ponto de vida (Ou nem tanto assim) se encontrava debaixo dos lençóis da cama de Jasmine.

Receoso, o puro-sangue se aproximou, vendo que também sob o pano havia uma forte luz. Não era difícil adivinhar que aquilo era a tela do PC de Drowned.

— Senhor BEN?

— Me deixa quieto Thompson — O outro respondeu com uma voz rouca.

— Está doente? — O maior sabia muito bem que aquilo indicava sono, e não doença. Mas era uma maneira que encontrou para saber se BEN estava de mau-humor ou ao contrário.

— Já disse pra me deixar quieto, seu veado.

Ai. Aquela havia doido fundo.

A boca de Thom se repuxou em uma maneira desgostosa. Já suspeitava há tempos que o esverdeado fazia o tipo “homofóbico”.

— Tente ser um pouco menos ignorante, por favor. — Ele pediu, num tom calmo de quem não quer nada — Você era legal comigo até ontem, por que só agora começou a me odiar mortalmente?

— VAZA LOGO, ANIMAL! — Gritou impaciente o menor, tacando em Thompson um travesseiro.

Este por sua vez fitou os olhos negros de íris vermelha de BEN, numa interrogação muda se era isso mesmo que ele queria.

Então, de contragosto e sem dizer mais nada, o puro-sangue deixou o quarto.

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Bryan estava apenas dormindo de pé. Andava vagorosamente pelos corredores no objetivo de querer chegar ao refeitório. Quem sabe se enchesse a barriga conseguiria ficar um pouco mais desperto? O problema era encontrar o lugar, ainda não haviam lhe apresentado o casarão por completo.

No meio do percurso, se encontrou com duas garotas bem parecidas. Poderiam até serem irmãs graças às semelhanças. Embora uma usasse um rabo de cavalo com mechas rosa, e a outra estivesse com o cabelo solto e pintava uma parte de seus fios de azul.

— Hã... Com licença? — O moreno chamou para quem quisesse ouvir — Poderiam me dizer onde fica o lugar ode todos comem por aqui?

— Ah, você é o bisonho né? — A de mecha cor-de-rosa indagou.

— Mais um? — Perguntou a de mecha azul com desinteresse, levando uma fraca cotovelada da outra.

— Eu sou Nina, a irmã de Jeff the Killer; não sei se conhece. E esta também é minha irmã Jana.

— Não. Não conheço ninguém. Na verdade até vi esse tal Jeff e o irmão dele Liu, mas estou mais interessado no refeitório...

— Ah, bem... Nós estávamos indo para lá agora. Quer nos acompanhar?

Bryan deu de ombros, e logo voltavam a caminhar rumo ao café da manhã.

— Como você virou uma Creepypasta? — Jana indagou meio indiferente, como se só estivesse puxando assunto por obrigação.

— Você não precisa ouvir isso. — Suspirou ele.

— Qual é? — Nina sorriu — Seria bacana para te conhecer melhor.

— Faça outra pergunta então...

— Okay. Quantos anos você tem?

— Quatorze.

— Filho único?

— Claro.

— Sério que tem catorze? — Desta vez foi Jana.

— Quatorze.

E assim a conversa foi se desenrolando. Apenas baboseiras aleatórias foram trocadas, mas foi o suficiente para que Bryan já começasse a fazer amizade.

Achei muito perfeito este aqui. Fico imaginando o trabalho...