2ª Temp. O Diário das Creepypastas - Interativa
#3 O Bobo do Meu Irmão
— CHEEEEEGA!
O berro chamou a atenção de muita gente. A janta havia acabado fazia pouco tempo e o grupo da Flor de Lótus estava no pátio do Casarão Creepypasta. Isso até um baixinho enfurecido sair pelas portas duplas decoradas com o rosto vermelho de raiva, logo atrás um vampiro o seguia rodando os olhos coloridos.
Jasmine se pôs de pé:
— Mas o que foi que aconteceu? — Quis saber a ruiva.
— Manda. Esse. Traste. Se. Afastar. De. Mim! — BEN rosnou entredentes, apontando para Thompson.
— O que você fez para ele? — Randal se voltou para o puro-sangue.
— Não fiz nada! — Garantiu, mostrando as mãos em sinal de paz.
— TPM? — Tentou Jeff, levantando uma sobrancelha.
O rosto de BEN estava quase ficando roxo.
— Cala a boca Jeffrey! É aquele cara novo que está me tirando do sério!
— Mason? — Perguntou Dick, que abraçava Jane pelos ombros.
— Só sabe reclamar aquele lá! Sem contar que acha que pode sair mandando em todo mundo. Chamou-me de nerd!
— Mas, cara, tu é nerd.
— NINGUÉM DEU LIBERDADE PRA AQUELE CARA ME CHAMAR ASSIM! MAL ME CONHECE O INFELIZ!
— Calma... — Começou novamente Thompson.
Nessa hora, BEN começou a despejar mais uma série de xingamentos em cima do puro-sangue, que tentou a todo custo se manter calado e apenas aguentar. Não sabia exatamente o motivo para que o garoto-duende estivesse tão irritado com ele. Não fizera nada de mal, não é mesmo?
Jasmine tentou mais uma vez parar o namorado, o fazendo sentar na beira da fonte, onde a maioria se encontrava. Skull Jack ofereceu uma garrafa de whisky para o companheiro, que com agressividade tomou a bebida para si, dando goles abundantes.
— Gêmeos — Lamentou entre soluços graças ao álcool — Acho que nunca mais vou querer ver...
— Creepys novas! — Anunciou Ticci Toby, também entrando no pátio acompanhado de Masky, Hoodie e mais duas garotas ruivas. Idênticas.
BEN capotou para trás ao ver as gêmeas, caindo na água da fonte.
— Não sei qual é o problema dele, mas... — Toby acenou para as outras duas que o acompanhava — Julie e Nicole; as achamos na floresta de Washington.
Elas acenaram. Sendo retribuídas.
— É muita gente para apresentar — Reclamou Masky — Por ora vou entregar a chave do quarto que vocês irão ficar e com o tempo vocês decoram o nome de todos.
E já foi entrando no casarão, sem se importar se foi grosso ou não.
— Ei, Masky! Espera aí! — Toby foi atrás do colega. Hoodie suspirou e foi atrás, tinha que ficar junto daqueles dois patetas de qualquer forma, por ser um grupo. Nicole e Julie hesitaram um pouco, olhando para a entrada dos fundos e para o grupo da Flor de Lótus. Mas no fim acabaram seguindo os Proxies.
— Acho melhor entrarmos — Comentou Jane olhando para o céu que relampeava. Pelo menos isso, depois de um dia inteiro fervendo no calor, esse era o mínimo.
Os outros concordaram, se levantando para entrarem. Jasmine arrastando BEN todo ensopado.
— E vocês dois? Não vêm? — Liu perguntou para Jeff e Dick que haviam ficado para trás.
— Nhá. — Respondeu o assassino de boca cortada — Quero ver a chuva começar.
O irmão mais velho deu de ombros, entrando por final e fechando a porta.
Jeff encarava o céu, deitado na borda da fonte com os braços cruzados sob a cabeça. Dick estava sentado logo ao seu lado, apoiando o queixo sobre a mão e o cotovelo na própria perna. Não observava nada em especial.
— Quanto tempo você acha que uma gota de chuva demora para atingir o solo? — Jeff indagou depois de um grande tempo em silêncio.
Dick estranhou o súbito interesse do outro por algo daquele gênero, mas logo suspirou.
— Depende da altitude do solo.
— CDF — Murmurou o menor, aproveitando um rápido vento que passou por ele. Logo sentiu um cheiro de tabaco adentrar suas narinas, se sentou para ver sua origem e até se surpreendeu um pouco ao ver o amigo segurando um cigarro entre os lábios — Desde quando você fuma?
Dick soltou a fumaça lentamente.
— Desde ontem.
— Ah? Por quê? Teu pai sabe disso? — Franziu uma sobrancelha.
— Porque dizem que ajuda a esquecer de alguns assuntos e deixar a cabeça leve. E meu pai não precisa saber disto.
Jeff tomou o cigarro da mão de Dick, recebendo Aquele Olhar do mais alto.
— A única coisa que você vai ganhar com isso é câncer — Mesmo com suas palavras, deu uma tragada — É difícil parar depois que você começa.
Ouviram o som oco de algo caindo por trás. Viraram-se instantaneamente para o ser que pulara o muro que cercava o pátio do casarão e havia caído desastradamente de cara no chão. Sentou-se de costas para os outros dois, massageando o queixo. E soltando alguns murmúrios.
— Temos porta da frente, sabia? — Dick indagou com sarcasmo.
No mesmo instante, o garoto que caíra parou tudo que estava fazendo, pondo-se de pé e virando para encarar o dono daquela voz.
— Ah, me desculpe. Gosto de ser diferente sabe? — Sua voz era arrastada e seus lábios mostravam um sorriso despreocupado. Dick arregalou levemente os olhos ao ver o rosto do rapaz novo. Era como se alguns flashbacks viessem à tona.
— Quem é você? — Jeff quis saber, e pelo modo que falou, não pareceu ter a mesma sensação que o mais alto.
— Por favor, me chamem de Edgar. — E estourou uma bola de chiclete que acabara de fazer.
Edgar chegava a lembrar ao Dick ou até mesmo Daemon graças ao cabelo extremamente negro. Estes passavam um pouco de seus ombros e escondia um pouco de seu rosto de pele claríssima. Usava um suéter claro e largo por cima de uma camiseta preta – apesar do calor – e calças simples também pretas. Sem contar os brilhantes olhos azuis.
— Creepypasta nova? — Jeff quis saber. Edgar assentiu — E quem te chamou aqui?
— Não é muito difícil encontrar quando alguém te convida — Balançou os ombros, fazendo mais uma bola de chiclete.
O assassino sacudiu Dick, o fazendo acordar do transe.
— Oi? — Ele indagou perdido.
— Oi — Acenou o novato ainda com um sorriso divertido estampado.
— D- Dick — Apresentou-se, constrangido por ter se lembrado de Daemon numa hora daquelas. Realmente, depois que o matou, começara a ficar paranoico.
— Edgar.
— É... Eu acho que ouvi essa parte.
— Que bom.
“Que cara estranho”, Jeff pensou. Mas era normal achar a maioria dos bisonhos estranhos.
— Bom, vou te mostrar lá dentro então... Sem malas? — O outro negou com a cabeça.
— Só eu. Perdi tudo em um incêndio — Mesmo assim parecia fazer pouco caso com a tragédia.
— Sinto muito — Lamentou Dick.
— Nem precisa. Nada de importante. Só o meu velho que bateu as botas, nada de mais — Ele falou com tanta naturalidade, que os outros dois duvidaram que fosse uma fala sarcástica.
,,,,,,,,,,,,,(X),,,,,,,,,,,,
No dia seguinte, todos acordaram sonolentos para começar a manhã. Afinal, foram despertados várias vezes por um Jeff loucamente fora de si. Claro, já havia acontecido isso antes, inclusive com outras pessoas, porém o caso do assassino pareceu ser mais grave uma vez que começava a gritar palavras sem sentido, rir do nada, chorar do nada também e destroçar as coisas de seu quarto.
Todos empurraram Liu para lá, o obrigando a acabar com as crises do irmão. E, sem escolha, o mais velho entrou no quarto de Jeff cerca de cinco vezes naquela madrugada, até que por fim resolveu que dormiria com o irmão. Após essa atitude, as coisas se acalmaram.
O castigo do assassino moreno fora receber os novos moradores daquela manhã, juntamente com Dark Link, Mr. Widemouth e seu irmão. No hall, Smile Dog fazia uma grande bagunça com os dois cachorros das recém-chegadas. Eles deveriam se chamar Sky e Darkeness, e pareciam se divertir com o novo lar. Agora, os Shadow Peoples não pareciam gostar nada daquilo, afinal, eram eles quem limpava a bagunça do casarão.
Estava tudo bem até que um Bull Terrier voasse para dentro do hall, correndo atrás dos outros cachorros de rabo abanando.
— WoooooW! — Exclamou Jeff, desviando por pouco de ser derrubado pelo cachorro. Liu não teve a mesma sorte. O mais velho sempre era derrubado por algum animal, já era rotina.
— Perdão! — Uma garota morena também adentrou o casarão, correndo como uma louca atrás de seu animal. Liu estava se recuperando quando ela tropeçou nele, o fazendo soltar um grunhido de dor — Perdão! — Pediu mais uma vez ela, com os olhos cerrados e bochechas coradas.
— Não precisa pedir desculpas tantas vezes assim — Comentou Dark Link.
— Droga! Mal cheguei aqui e estou causando o maior alvoroço — Resmungou ela. Liu se levantou e a ajudou a fazer o mesmo, fitando seus olhos cinza.
— Não precisa se preocupar. Este lugar vive um alvoroço — Sorriu amigavelmente ele. — Bisonha?
— Bi... sonha? — Jogou a cabeça para o lado, numa expressão indagadora.
— Quero dizer — Riu, não era uma palavra muito conhecida fora do casarão, quem inventara a moda fora Splendorman — Novata. Nova aqui?
— Não, o ‘dãr — Ironizou Jeff — Ela sempre esteve aqui só você não viu.
— Não ligue pro bobo do meu irmão — Voltou o outro — Aliás, o nome dele é Jeff, aquele é Mr. Widemouth, aquele Dark Link e eu sou Liu, prazer.
— Filipa. Filipa Biersack — Sorriu.
— Dark Link a levará para cima.
— EU? — Indagou o citado, desacreditando.
— É, oras. Está aqui para ficar de braços cruzados?
Bufou e o fez.
— “Bobo do meu irmão”, é? — Jeff olhou-o de soslaio, fazendo o outro rir sem-graça.
— E não é? He, he.
O mais novo rodou os olhos e depois focou em outra figura que saia do meio da floresta. Eram duas pessoas, na verdade. Uma garota de cabelos tão roxos que chegavam a ser pretos de tão escuros, tentava não olhar para o rapaz ao seu lado que cobria dos curtos cabelos com um boné e rodava um taco de metal de baseball enquanto caminhava indiferente de qualquer coisa.
— Thafuck... — Jeff franziu o cenho — Quanta gente ainda tem para vir?
Recebeu um soco do irmão no ombro.
— Oi, oi — Mr. Widemouth cumprimentou assim que o casal de desconhecidos chegasse à porta.
— Yo — A garota respondeu, respirando fundo.
— Vamos direto ao ponto porque já estou de saco cheio — Jeff começou rudemente — Nomes?
— Alicy Killtherny — Falou a garota, não gostando do jeito que o outro a tratara.
— Christopher Landers, ou Scout. Tanto faz — Deu de ombros.
Liu iria dizer alguma coisa, mas Jeff cortou o irmão.
— Certo, certo. Legal. Esse rosto lindo aqui — Passou a mão pela própria face — Se chama Jeff the Killer.
— Só o rosto mesmo? O resto do corpo tem outro nome? — Ironizou Scout.
O moreno encarou perplexo o novato, e ficou assim por alguns segundos, até que virasse para o irmão e o cutucasse.
— Caaaara. ‘Cê viu só? Acho que eu responderia a mesma coisa.
Liu se segurou para não fazer uma face palm.
Todavia, a conversa acabara por conta do sinal para o almoço. O cheiro já fazia a barriga de qualquer um roncar.
Para quem queria saber o motivo pelo qual Jeff se zangou com o Toby uns capítulos atrás...
Fale com o autor