– Bia não posso ficar sem os meninos, principalmente sem o Daniel. – diz Julie com lagrimas nos olhos.

– Julie, você quer me contar alguma coisa? Você anda estranha.

– Bia, eu e o Daniel estamos namorando!

– Vocês tão o que?!

– Isso que ouviu! Ele me ama e eu amo ele.

– Julie, isso é impossível, ele tá morto! Não pode amar nada nem ninguém.

– Mas pra mim o Dan não está morto e sinceramente, esse é o menor dos problemas.

– Tá, mais como isso aconteceu?

– A principio, ele sempre gostou de mim e foi preciso ele me beijar para eu perceber que também goto dele.

– Como pode estar com o Daniel, estando com o Nicolas?

– É que foi assim, depois que eu e Nicolas nos beijamos na escola, eu conversei com o Dan e... – Julie conta a Bia como aconteceu o namoro entre ela e Daniel.

– Mas... ele foi preso então por ter ficado com você? – pergunta Bia.

– É o que te acabei de explicar. Por minha culpa, ele está lá naquele lugar horrível e sabe se lá o que está acontecendo.

– Ai, vou admitir. Achei meio estranho isso, mas sei lá, você tem um brilho nos olhos quando simplesmente diz “Daniel”, que não tem como não te apoiar.

– Obrigada, Bia. Tudo é bem mais fácil com o apoio dos outros. Pena que não podemos fazer nada.

As duas se abraçam e Bia diz na tentativa de acalmar a amiga:

– Faz um seguinte, descansa, relaxa e tente se acalmar, você vai ver que quando menos esperar eles vão estar aqui.

Bia se despede da amiga e assim que vai embora, Julie decide tomar um banho para ver se acalmava os ânimos. Depois se deita em sua cama e diz a si mesma:

– O que devem estar fazendo? O que será que aquele nojento do Eduardo e o pai dele estão fazendo com os meninos? De que forma estão machucando o Dani? Ai, meu Deus, tudo isso é minha culpa.

Julie chora em silencio, tenta ao máximo não fazer barulho para não chamar a atenção do pai e depois de alguns minutos nessa situação, ela acaba adormecendo.

Enquanto isso, na policia espectral, Martin e Felix estavam na cela, Eduardo estava do lado de fora da cela, ele os observava como uma onça observa sua presa, somente esperando para atacar.

– Por que nos encara tanto, hein? – pergunta Martin incomodado com a situação.

– Por nada, estou observando dois tontos que tem como amigo um verdadeiro cretino. Só isso. – responde Eduardo com um ar provocativo.

– O que ganha fazendo isso? – questiona Felix. – Duvido que nunca tenha convivido com um humano se quer. Todo fantasma já se reencontrou com um ente querido uma vez.

– Tá insinuando que não sigo minhas próprias regras? – pergunta Eduardo com irritação. – Responde!

– Não disse isso, mas se você interpreta assim é porque faz isso. – diz Felix.

– É bom ficar na sua, ou as coisas podem piorar. E não sei se vocês repararam, mas o Daniel não voltou ainda. O que pode ter acontecendo? – Eduardo sorri malicioso. – Será que... uma segunda morte?

Ao dizer isso ele desaparece, Martin e Felix são incapazes de dizer qualquer coisa. Mas realmente, a situação de Daniel não era fácil, ele estava a quase 7 horas dentro daquela sala.

Dentro da sala havia uma mesa com duas cadeiras, uma de frente para a outra, Daniel estava sentado em uma delas e Demétrius andava de um lado para o outro na sala.

– Vai continuar ai, andando pra lá e pra cá? Ou deixar eu sair daqui? – pergunta Daniel sem um pingo de timidez.

– Não vai sair daqui até me dizer qual é a verdadeira relação com aquela humana. – diz Demétrius apoiando as mãos na mesa. – Anda, fala logo. – ele bate o mais forte que pode na mesa.

– Não. – Daniel recosta-se na cadeira e cruza os braços. – Não vou envolver ela nisso, você e seu filho não tem o direito de se quer pronunciar o nome dela.

– Isso... vai dando uma de esperto. Quando menos esperar as coisas mudam.

– Era para me assustar? – Daniel ri com deboche. – Que pena, tenta outra vez. Dessa vez vou até colaborar.

– Seu Demétrius? – diz um guarda entrando na sala. – Precisam do senhor na sala de reuniões. É importante.

– Já estou indo. – ele responde. – Levem ele para a cela. – diz ele referindo-se a Daniel. – Mas saiba que nossa conversa não terminou.

– Como preferir. – responde Daniel sendo levado da sala para a cela.

Demétrius vai a sala de reuniões e vê que Eduardo o esperava.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – pergunta Demétrius.

– A tal Julie me viu.

– Quando?

– Hoje na escola, parece que a Marlee vai dar aula pra ela.

– Não acredito que foi tão tonto ao ponto de ficar visível. Fala do Daniel, mas parece que é pior.

– Foi sem querer, mas será que devemos nos preocupar?

– Ela lhe disse algo?

– Disse, mas não foi nada de importante. Tento bancar a esperta, mas falhou.

– Ah, deixa pra lá. O que ela pode fazer? Denunciar você? É impossível, outra que ela não tem provas pra isso.

– Tem razão.

– Mas é claro que tenho razão, agora vê se toma mais cuidado. Não digo com ela, mas com outros humanos também.

Enquanto eles conversavam, Daniel conta a Martin e Felix o que havia acontecido dentro da sala.

– Ele não tem raiva de você. É uma obsessão em se vingar. – comenta Felix.

Passasse algumas horas, eram por volta das três da manhã. Martin e Felix dormiam, mas Daniel não pregava os olhos.

P.O.V. Daniel:

Se eu não tivesse feito o que fiz desde quando estava vivo, não estaria nessa situação. Não me arrependo de ter morrido, se não eu nunca teria conhecido a Julie, mas me arrependo de coloca-la em risco.

Me arrependo por fazer ela sofrer com as consequências de algo que não tem culpa, tenho arrependimento de Martin e Felix também pagarem por isso.

....

Daniel é desperto de seus pensamentos por Pietra que estava na grade da cela.

– Psiu, olha pra cá caramba. – ela diz baixinho, foi quase impossível Daniel ouvi-la.

– O que quer? – diz Daniel se levantando e indo até ela.

– Nem vem com grosseria, vim ajudar. – ela se defende. – Segui o Eduardo e descobri que a tal Julie, o viu e até chegaram a conversar.

– Eles o que?

– Calma, ela não fez nada. Mas tive a prova que precisava para confirmar a mim mesma se ele estava se relacionando com a irmã. E eu como sempre, estava certa.

– Tá, mas... como ela está?

– Olha, a segui um pouco e parece que a tal da Bia já sabe do namoro de vocês.

– Um... sabia que isso não demoraria. Mas ela tá bem, tá magoada, Tá...

– Tá triste, obvio. Mas calma, tenho uma ideia e como eu disse pra vocês da ultima vez que estive aqui, acho que ela pode ajudar.

– Não, nem pensar. Ela tá envolvida demais, chega!

– Você que sabe, eu já tinha todo um esquema. Pensa bem e me fala, mas acho que se ama ela tanto quanto diz e se importa com seus amigos tanto como parece... vai dizer sim a minha ideia. – Pietra ia se afastando, mas Daniel a chama a atenção.

– Vou pensar, mas espero que não aconteça nada com ela. Entendeu? – ele diz de uma forma firme e chega a assustar a moça.

– Não vou machuca-la, vou ajuda-la a reencontrar quem ama. Não precisa suspeitar de mim, não vou decepcionar ninguém. – ela diz. – Tenha uma boa noite. – ela se retira.

– Abusada. – ele comenta voltando onde estava sentado, seus pensamentos de novo voltam-se a Julie e tal ideia de Peitra.

No dia seguinte, Julie estava sem animo para ir a escola, não comia, não dormia direito, não queria papo com ninguém e se recusava internamente de ver Nicolas. Depois de alguns minutos, decide definitivamente que ia ficar em casa e não iria a escola.

Já na policia espectral, os três fantasmas estavam “jogados” dentro da cela, cada um com uma pessoa em mente.

P.O.V. Martin:

Como será que a Débora está? Será que tá bem? Espero que sim, não acredito que foi só começarmos a namorar e isso acontece.

P.O.V. Daniel:

Ai Julie, como será que as minhas burradas estão fazendo você se sentir? Por que será que nunca posso estar, um minuto se quer, feliz?

P.O.V. Felix:

Pietra, Pietra, Pietra. O que tenho que fazer pra você me notar, hem?

....

Ambos acordam dos seus devaneios e percebem que Pietra estava na grade da cela, ela diz a Daniel:

– E então Daniel, decidiu-se?

– Do que ela tá falando? – pergunta Felix.

– Ontem a noite vim aqui e vocês estavam dormindo, só Daniel que não. Contei a ele que tenho uma ideia pra por o Eduardo e o Demétrius na cadeia. Mas ele se recusa a deixar a humana ajudar.

Felix e Martin não dizem nada, Daniel fica sem saber o que dizer. Era sim ou um sim.

– Tá bom, você venceu. Explique direito como é sua ideia para por aquele desgraçado junto do pai dele na cadeia. – responde Daniel.

– É um seguinte...

Depois de explicar a eles o plano, Pietra tem que se encontrar com Julie e ver se ela aceita participar. Mas é ai que complica.

Será que Julie aceitará fazer o que Pietra diz? Será que vai colocar seu namoro em risco? Será que vai conseguir vencer o nojo e repulsa que sente de Eduardo?