13 Sessões

Uma nova versão.


Bedelia Du Maurier chegou a New York à tarde, horas antes, no iniciar da manhã, ao ler o jornal enquanto aguardava o café ficar pronto, foi surpreendida com as fotos de Hannibal e Will na primeira página, os corpos foram encontrados durante a madrugada, após se recuperar da notícia a doutora caminhou até seu quarto, organizou suas roupas em algumas malas e foi para o aeroporto. Deixar a cidade, que fora palco de sua ressurreição, do seu novo modo de viver, não estava em seus planos, mas algo lhe fez querer deixar tudo para trás, ir para longe, tentar não ceder ao seu novo vício, o canibalismo, mais uma vez.

Não iria conseguir esquecer Hannibal, disto tinha certeza, nada seria capaz de apagar aquele que lhe fez viver, aquele que lhe ofereceu adrenalina, carne humana, riscos, homicídios, aquele que se tornou sua obsessão, essa obsessão que a fizera não sucumbir ao temor e se deliciar de sua própria carne, sua própria perna, agora substituída por uma prótese, fazendo-lhe dependente de uma bengala para apoiar-se e conseguir caminhar o mais naturalmente possível.

Após encontrar um apartamento disponível na cidade, o que fora deveras difícil, a psiquiatra liga para uma agência de mudanças. Ainda ao telefone observa a pequena caixa térmica que trouxera consigo, na qual está, juntamente com pedras de gelo, uma fatia de sua carne. Bedelia a mantém guardada para uma ocasião especial, para um jantar digno. Até esse evento acontecer ela permanece tentada a saboreá-la novamente.

Nenhuns dos seus ditos amigos a ligará ainda talvez sequer notem sua ausência. Sobre eles ela não deseja mais lembrar, pois partira justamente para não ter que suportar as convenções sociais que participava juntamente aos tais.

Enquanto conhecia seu novo apartamento Bedelia fora interrompida por uma ligação surpresa. Um antigo colega, o qual ela encontrara apenas algumas vezes, soubera de sua vinda para New York por outro colega e pediu, praticamente a implorou, para atender uma indicação sua. Apesar de não desejar isso ela foi convencida pelo homem a aceitar. Pediu para que ele a enviasse tudo, o que ele pode, à respeito da paciente, após concordar o homem desligou deixando a doutora interessada e intrigada sobre o caso, afinal por que ele não poderia mais a atender?

Durante o resto do dia tratou de providenciar tudo o que era necessário para a noite e a manhã seguinte. Não houve tempo para checar seus e-mails. Sua caminhada até o central Park não fora tão longa, mas o suficiente para deixá-la cansada. Ao avistar uma cafeteria, adentra e senta em uma mesa afastada das demais. Os arranha-céus iluminados, em contraste com o céu negro, são admirados pela loira quando a garçonete se aproxima para anotar o pedido.

Já com o café em mãos Bedelia retira o notebook de dentro de sua pasta e o coloca sobre a mesa. Conecta ao wifi do lugar e abre sua conta de e-mail aguardando encontrar o que procura, os dados sobre a paciente misteriosa. Infelizmente não encontra nada de novo, apenas propagandas sobre novos medicamentos.

Com os ademais clientes indo embora e seu segundo café terminado ela decide voltar para o apartamento, mas em um lampejo de esperança, atualiza a página e lá está um novo e-mail, como assunto o nome de sua mais nova cliente: Olivia Benson.