Bedelia acorda cedo para terminar de arrumar suas coisas no novo apartamento. Com o sol amarelado iluminando a sala, ela improvisa um consultório. Olivia deve chegar em uma hora, apenas um teste, uma consulta rápida, para as duas terem uma pequena noção de como será as consultas.

A psiquiatra imprimiu as diversas páginas sobre Olivia, que o Dr. Lindstrom a enviou na noite anterior e passou grande parte da madrugada lendo-as. Tentando compreender, conhecer, Olivia, antes mesmo de encontra-la. Mas ainda não tem certeza sobre qual o diagnostico da sua nova paciente.

Faltando apenas dez minutos para a chegada de Olivia, Gillian senta para descansar um pouco, troca de roupa e aguarda o som do interfone, que não demora muito. Olivia sobe.

—Bom dia. –diz Olivia com um sorriso no rosto.

—Olá, entre. –Bedelia sorri e aguarda que a mulher adentre. Ela fecha a porta.

—Está se mudando? –pergunta Olivia ao ver algumas caixas no canto da sala.

—Sim. Dr. Linsdtrom não comentou? Acabei de chegar na cidade. –Bedelia mostra o sofá para Olivia sentar.

—Não. Nós... Não. –Olivia senta.

—Gostaria de começar? –pergunta Bedelia séria.

—Ok. –Olivia coloca as mãos sobre seu colo.

Bedelia senta e cruza as pernas lentamente.

—Eu sou Tenente da SVU. Você já deve saber disto. E... De acordo com Dr. Lindstrom eu me envolvo demais com as vitimas, com os casos, com...

—Continue. –Bedelia inclina-se para frente, demonstrando interesse.

—Sou intensa demais. Eu entendo o que ele quis dizer, eu só não compreendo o porquê de ser necessário que eu troque de psiquiatra. –Olivia diz demonstrando exasperação.

—Aconteceu alguma coisa fora do normal para que ele decidisse isso? –pergunta Bedelia mais por curiosidade do que por profissionalismo.

—Não, eu acho. Vinha conversando com ele sobre alguns sonhos que ele obteve participação coadjuvante, mas não pode ser por isso. –Olivia encara Bedelia sem entender.

—Ele pode ter suposto que você está ultrapassando a linha paciente e médico, que talvez, você esteja se apaixonando por ele? –pergunta a psiquiatra intrigada.

—Não. –Olivia balança a cabeça negativamente. –Isso é impossível. Não estou apaixonada por ele, eu... Nem sei se sou capaz de me apaixonar por alguém depois de todo esse tempo. –Olivia ri.

—Mesmo? O coração surpreende. Talvez esteja apaixonada e ele, Dr. Lindstrom, notou antes que você.

—Não estou apaixonada por ele, doutora. –diz Olivia exasperada.

—Ok. –Bedelia sorri.

—Comecei a vê-lo após ser sequestrada por um estuprador. –Olivia diz após um tempo. –Willian Lewis. Foi uma fase difícil, e ele me ajudou a passar por ela. Eu não consigo entender o motivo dele me abandonar...

—Ele não abandonou você.

—Não, ele me fez troca-lo por você. Sem querer ofender, mas eu não sei se conseguirei me acostumar. Você parece uma excelente profissional, mas...

—Olivia, essa é sua primeira consulta, vamos, apenas, tentar compreender como se sente em relação a esse momento de sua vida. –diz Bedelia tentando mudar a conversa de sua direção.

—Ok. –Olivia junta suas mãos. –Me sinto confusa, me sinto mal, me sinto abandonada, me sinto sendo afastada de algo, alguém, que significava muito para mim. Sinto que estou sendo forçada a ir em direção à você.

—Não acha que está sendo um pouco dramática? –pergunta Bedelia com um sorriso.

—Não. Eu...

—Está com raiva?

—Sim. Estou com raiva. Estou irritada. Porque quando estou tomando as rédeas de minha vida, alguém diz que está errado e tudo muda novamente. –diz Olivia encarando seus sapatos.

—Raiva. Isso é bom. –ela se ajeita no sofá. –Como pretende esvair essa raiva?

—Me afundando no trabalho, brincando com Noah, bebendo. –responde ainda cabisbaixa.

—Você tem um filho? –pergunta a doutora.

—Sim. –ela ergue a cabeça, abre um sorriso. –Ele é adotado. É a única pessoa que consegue me deixar feliz ultimamente.

—Que idade ele tem? –pergunta.

—Dois anos. –responde a morena sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

—Como foi a adoção?

—Complicada. Muito complicada. A mãe dele era vítima de tráfico humano, era prostituta, foi queimada por ajudar em uma investigação. O pai dele... –ela faz uma pausa. –Talvez seja melhor contar sobre ele em outra sessão.

—Como quiser, Olivia.

—Minha vida é muito complicada, talvez até demais, parece até que há um roteirista que não gosta de me ver feliz, pois sempre que algo dá certo logo algo ruim acontece. Algo muito ruim.

—Por que acha isso?

—Sabe, minha mãe foi estuprada, eu sou filha de um estuprador, minha mãe não conseguiu justiça e acabou virando alcoólatra, e veio a falecer, por isso virei detetive da SVU e agora, que sou Tenente, estou tão cansada. Mas eu não consigo largar meu trabalho. Acho que de alguma maneira sinto que estou deixando os milhões de vítimas sem justiça. Eu posso ajudar, por que negar essa ajuda? –Olivia cerra os lábios.

—E se você precisar de ajuda?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.