"Quem é você?" — perguntou-me Shakespeare, o Pequeno Príncipe e o Rei das Arábias.

"O correto não seria 'o que é você" ou 'como é você'?" — arrisquei.

Responder foi complicado, pois sou o que não sou, por puro esmero, e sou também o que ainda quero ser. Sou um ser em formação, completo em ser incompleto e cheio de vida no que diz respeito à morte.

Embora eu queira afirmar ser sonhador comedido, pois quem sonha muito não vive os tempos e quem sonha pouco não evolui, não tenho esse direito já que não sou sonhador; sou o próprio sonho.

O "fazer poético" não nos torna poeta, mas o que nos faz, de fato, é sentir e sofrer, chorar e sorrir, viver e morrer: tudo numa vida só, pois a quantidade de experiência reflete na Palavra, que não precisa ser muita, mas precisa ser intensa pelo espírito do vocábulo não por bel-prazer.

Sendo assim, eu sou eu, mas também escolhi ser os outros, pois quem vive como o rebanho todo — e não como um só carneiro — pode ser muita cousa feliz ao mesmo tempo.

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  • Entrou em 3 de set. de 2016 23:52
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