Estou morta há muito tempo. Não sei como consigo viver, muito menos respirar. Mas eu tento. Tentei. Tentaria se não doesse tanto. Mas agora dói. E se dói, eu fujo. Se eu fujo, sou covarde. Mas não quero covardia, não aguento a covardia, não posso conviver com a covardia. E então eu me prendo às pequenas sensações, busco a anestesia, mesmo que ela venha por meio da dor. E então, anestesiada, eu não penso. Eu não sinto. Eu não sofro. Então eu busco cada vez mais a anestesia, a ponto de achar que posso me anestesiar por qualquer coisa, por qualquer dor, por qualquer corte. Corte. Corto. E corto. E corto. E corto. E sinto. E luto. E penso. E sofro. Até que não sinto mais. Estou anestesiada. Quero mais do marasmo, da dormência. E então corto mais profundamente e encontro meu paraíso.

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  • Entrou em 24 de set. de 2014 23:06
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