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Lenore

Edgar Allan Poe

Quebra-se a taça dourada, vai-se a alma que se aflige
Que soem o sino! -uma alma santa adeja o rio Estige
Por que não choras, Guy De Vere? solta agora o teu plangor!
Vê! O derradeiro leito que é do teu amor, Lenore
Vem! Ore-se a última prece, cante-se a canção final
Um hino à jovem e bela morta de porte real
Ela, duas vezes morta, finda jovem, virginal

“Vis! Amavam suas posses sem perdoar-lhe a altanaria
E quando caiu de cama, bendisseram que morreria
Como rezarão as preces? Com que boca cantarão?
Com suas viperinas línguas, com seu mau-olhado então
Que mataram a inocente, que tão jovem foi-se em vão”

Peccavimus; deliras! Deixe o réquiem tocar
A purificar os mortos, subindo a Deus pelo ar
Seu amor, Lenore, que antes subiu, ao lado da esperança
Deixando o desespero por tua noiva, ainda criança
Por ela, a bela, a estrela que sob o chão já se vai
A vida em seus louros cachos mas não em seus olhos mais
A vida ali, ainda em seus cachos, em seus olhos jamais

Meu coração é leve, não me lamentarei mais
Ali o anjo paira, canta graças por seus ais
Que o êxtase dessa alma não ouça sino terreno
Que não se prenda ao mundo, condenado e tão pequeno
Do inferno ao céu a alma canta a nós o seu adeus
Do sofrimento a um monumento ao lado bem de Deus"

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Imagem de capa feita por mim.

Imagem de perfil por Abigail Larson, editada por mim.

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  • Entrou em 9 de fev. de 2014 10:50
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