- Eu não aguento mais isso - disse Edward, sua voz mostrava que estava prestes a desistir.

- Temos que fazer alguma coisa. - eu disse, ainda olhando para o céu - Rick e Alice ainda estão nessa floresta, talvez nem saibam do perigo que estão correndo...

- Ou talvez eles estão nas casas deles, debaixo de um cobertor e tomando chocolate quente. - ele completou.

A lembrança de minha casa veio como um baque, fechei os olhos para evitar que os sentimentos se apoderassem de mim de novo.

- Acho isso improvável. - disse, com raiva por notar que minha voz estava trêmula.

Ouvi um farfalhar de folhas ao meu lado, abri os olhos e percebi que Edward tinha se levantado.

- O que foi? - perguntei, me levantando também.

- Estou cansado disso, não estamos chegando á nenhum lugar ficando parados aqui. - ele disse, já começando a andar.

- O quê? Edward, o que você vai fazer? - perguntei, correndo para conseguir alcançá-lo.

- Tentar achar a saída desse pesadelo. - ele apenas disse, com uma expressão decidida no rosto.

Ele começou a andar mais rápido, mantendo uma grande distância de mim, eu apenas me esforçava para não perdê-lo de vista.

Eu não sabia para onde Edward estava indo, e duvidava que ele mesmo soubesse, mas eu imaginava o que ele deveria estar sentindo, a estranha sensação de impotência estava presente na atmosfera da mata, e eu também estava enlouquecendo com aquilo.

O céu escureceu por completo, mas Edward não fez menção de parar, agora eu me guiava apenas com o murmúrio de seus passos e sua respiração controlada, diferente da minha que estava descompassada havia tempo.

Não aguentava mais aquela corrida que parecia não ter fim, meu peito já arfava buscando ar e minhas pernas e braços sangravam com os pequenos arranhões dos gravetos escondidos no meio do caminho.

- Edward, - disse, em um sussurro que duvidava que seria ouvido - eu não aguento mais.

Parei e me sentei, não conseguindo mais me sustentar, fechei os olhos e abracei minhas pernas, escondendo meu rosto nos joelhos, esperando a sensação que se apoderara do meu corpo passar.

Não ouvi mais Edward, não sabia se ele havia parado e me esperava, ou se havia continuado seu rumo sem objetivo, em alguns minutos não consegui ouvir nem mesmo o murmúrio das folhas levadas pelo vento, ou sentir a grama abaixo de mim. Eu mergulhava em um sono que me puxava para um abismo profundo, e eu não conseguia mais resistir.

Acordei com o sol queimando meu rosto, abri os olhos para a claridade ofuscante e me deparei com um conjunto de árvores desconhecidas, deduzi que na noite passada eu e Edward havíamos saído da trilha que nós costumávamos seguir.

Edward... Onde será que ele estava? Olhei para os lados na tentativa fracassada de que ele estivesse deitado do meu lado, me levantei e decidi andar pela floresta para ver se ele havia parado ali por perto.

Assim que levantei meu estômago roncou, foi então que lembrei que havia muito tempo que eu não comia, mas eu tinha assuntos mais importantes naquele momento.

Andei pela floresta a procura de Edward, mas ele não estava ali, a cada passo que dava o pânico ia se alastrando em meu peito e minha mente dava o sinal cada vez mais alto de que eu estava sozinha de novo, mas eu não queria acreditar.

Um estranho mal-estar se apoderou de mim, e eu continuava caminhando, na esperança de que ele aparecesse por entre aquelas árvores escuras. Minhas pernas ficaram fracas e acabei tropeçando em uma das grossas raizas escondidads pelas folhas.

Meus joelhos esfolaram no tapete verde da floresta, e meus braços estavam arranhados pelo impacto com o chão. Me sentei, tentando tirar a terra do machucado que começava a arder quando avistei algo estranho por entre as folhas caídas.

Um pedaço de tecido rosa estava jogado ali, me inclinei para frente e peguei-o, observando que havia sido arrancada de alguma peça de roupa. O virei entre os dedos, encontrando uma mancha vermelha nas bordas.

Sangue.

Minha mente me alertou, empurrei o pensamento para o fundo de minhas lembranças enquanto um arrepio percorria meu corpo ao pensar no que poderia ter acontecido.

Larguei o pedaço de pano e olhei em volta, sentindo a sensação de estar sendo observada mas nada vi de diferente entre as árvores que dominavam aquele lugar, decidi procurar comida, já estava ficando fraca de fome.

Andei por um tempo, vendo se as árvores a minha volta não tinham frutos, até que achei uma um pouco menor que as várias que a rondavam, nela muitas frutinhas avermelhadas estavam suspensas, á espera de alguém para pegá-las.

Peguei todas que vi, tamanha era minha fome, áquela altura de minha situação eu nem me preocupava se eram venenosas ou não, apenas fui engoliando-as á medida que colocava na boca.

Quando parei de comer e senti que meu estômago finalmente havia acalmado, percebi que havia acabado com todos os cachos daquela fruta que havia na árvore. Ótimo, pensei, quando estivesse com fome de novo não teria comida.

Dei um longo suspiro diante daquilo, derrotada com aquelas preocupações que nunca imaginei que teria de enfrentar, quando ouvi algo parecido com uma risada atrás de mim, me virei com um sorriso no rosto, a certeza de que Edward havia voltado dominando todos os meus pensamentos.