Idris, Alicante

A bela garota de cabelos loiros olhava o quadro com certa curiosidade, em todo tempo que esteve em Idris nunca havia reparado nesse quadro, mas também, ela andava muito ocupada com os treinamentos e com as reuniões que a Clave convocava. No imenso corredor cheio de quadros retratando um acontecimento no Mundo das Sombras, apenas a garota estava ali, olhando-os com curiosidade. Os quadros são simplesmente lindos, cheios de cores e tão realistas, de todos os quadros que haviam ali, apenas dois chamaram a sua atenção: um parecia ser de uma guerra, e o outros eram duas pessoas, um homem e uma mulher. A garota se inclinou para ler sobre o quadro. Lá, na pequena placa dourada, estava escrito:

“Guerra Maligna, Idris-Alicante, 2007.

Sebastian Morgenstern e seus Crepusculares.”

Morgensten, um sobrenome muito conhecido entre os Caçadores de Sombras e Seres do Submundo. O quadro mostrava uma guerra sangrenta, de um lado estava os Caçadores de Sombras e Seres do Submundo, e do outro Sebastian Morgenstern e seus Crepusculares junto com o exército de fadas e demônios. Sebastian segurava um cálice. O Cálice Infernal, a garota supôs. A Guerra Maligna foi um grande acontecimento no Mundo das Sombras, vários Institutos foram invadidos nessa guerra, e houve muitos mortos.

No outro quadro, havia uma pintura de um homem com cabelos platinados e uma mulher com cabelos ruivos, eles eram lindos. Os dois vestiam as roupas de caça dos Caçadores de Sombras, roupas pretas, os dois estavam com as cabeças erguidas, imponentes, como se fossem reis, e que nada pudesse derruba-los. Na mão deles haviam anéis iguais, com um M de Morgenstern. Seriam parentes? Perguntou-se a garota. Embaixo do quadro estava escrito:

Clarissa Adele Fray-Morgenstern e Jonathan Christopher Morgenstern. Os Irmãos Morgenstern.”

A boca da garota se abriu em surpresa, ela não sabia que havia um quadro dos Irmãos Morgenstern aqui. Ela já ouviu falar muito neles, eles estão até nas aulas de história dos que ensinam a eles, eles são famosos. Jonathan é conhecido por travar a Guerra Maligna, e a Clarissa por criar runas e se juntar ao seu irmão. Os Irmãos Morgenstern, o casal de irmãos, filhos de Valentim.

— Jonathan e Clarissa Morgenstern.

Uma voz masculina soou pelo corredor assustando a garota, ela olhou para o dono da voz e se deparou com nada mais nada menos que Jace Herondale, o melhor caçador de sombras, ele é como uma celebridade, não há uma pessoa (do Mundo das Sombras, é claro) que não o conheça.

— Você os conhecia? — perguntou a garota ainda chocada por estar ao lado de Jace Herondale.

Jace olhou para o quadro e depois para a garota. As lembranças da Clary e ele juntos vieram a sua mente. Os bons momentos juntos, quando ele a conheceu na boate, quando eles se beijaram na estufa pela primeira vez, e quando eles se beijaram pela última vez. Ele sacudiu a cabeça para afastar essa lembrança.

— Sim, eu os conhecia. Clary era a minha amiga.

Amiga. Ela foi mais do que isso, mas não tinha o porquê de dizer isso. Mesmo depois de todos esses anos ele ainda a amava, mesmo ela tendo escolhido o Jonathan, ele ainda a amava.

— O que aconteceu com os dois? — perguntou a garota, ela nunca soube o final deles.

Jace suspirou. Ele ainda lembrava desse dia fatídico, o dia em que Clary e Jonathan morreram queimados naquele galpão.

— Nós havíamos recebido uma mensagem de fogo deles falando que eles iriam se entregar e pagar por todos os crimes cometidos contra a Clave, no começo achamos que era uma armadilha, mas não era, eles apareceram. Quando nós estávamos saindo do galpão com eles, um incêndio começou, havia muitos barris de pólvora. Todos conseguiram sair, menos eles. Eles ficaram presos lá dentro. Depois que o incêndio parou, nós achamos os corpos carbonizados dos dois. — A imagem dos corpos carbonizados deles nunca saiu da sua mente. — A Clave descobriu no dia seguinte que havia alguém infiltrado no Instituto de Nova York e que foi ele que colocou fogo no galpão. Quando nós descobrimos isso ele já havia fugido e nunca mais encontramos ele.

Rixon, esse era o nome do sujeito, ele sumiu logo após o incêndio, nunca mais acharam ele. O procuraram por anos, mas ele virou um fantasma. A Clave decidiu encerrar o assunto, porque ele fez um “favor” a todos em matar os dois.

Jocelyn ficou devastada quando recebeu a notícia que eles haviam morrido, principalmente pela sua doce Clary, quem ela protegeu e cuidou por anos. Ela nunca superou a morte dela, mas no fundo ela sentia que a sua doce menina não morreu naquele incêndio, mas quando ela buscou Clary e nunca a achou, ela decidiu enterrar o assunto, se ela não estava morta era melhor ninguém saber.

— Nossa... — soltou a garota perplexa ao ouvir a história dos irmãos. — Não há mais nenhum Morgenstern vivo?

— Não.

— Mas, e a mãe deles, não é uma Morgenstern?

— Não. Quando ela sumiu de Idris com a sua filha, ela mudou o sobrenome, e anos depois ela se casou de novo.

— Então não existe mais Morgenstern por aí? — quis saber.

— Não. Jonathan e Clarissa foram a última linhagem dos Morgenstern.

Praga, República Tcheca

A mulher colocava a mesa enquanto observava seus filhos pela porta de vidro da varanda, eles corriam pela grama e riam. Ela amava os seus filhos com todas as suas forças, lutou para mantê-los seguros.

Hilary e Dylan, gêmeos de onze anos de idade, saudáveis e fortes. Hilary é a mais velha por um minuto e meio, sempre alegre e doce, Dylan é o mais elétrico, seu pai diz que quando ele crescer vai conquistar as garotas com o seu charme, sua mãe sempre ri disso. Eles são irmãos muito unidos, melhores amigos, sempre defendem um ao outro, não importa a circunstância.

Seu marido a abraça por trás e observa os seus filhos junto com ela.

— Eles estão cada vez mais grande — comenta ele.

— Sim, estão cada vez mais espertos também, nós não podemos esconder isso deles por muito mais tempo — avisa ela.

— Eu sei, um dia eles vão saber de tudo, mas não hoje, eles ainda têm muito tempo — fala enquanto observa-os.

Ele tira do bolso uma caixinha de veludo e entrega a sua esposa.

— O que é isso? — diz enquanto analisa a pequena caixa.

— Abra e descubra — sussurra em seu ouvido fazendo ela se arrepiar.

Ela abre a caixinha e dentro há um colar de prata com um pingente em formato oval, ela esboça um grande sorriso ao admirar o colar.

— É tão lindo, eu adorei, obrigada!

Ela vira a cabeça e dá um beijo demorado nele.

— Não é só isso, olha.

Ele pega o colar de sua mão e o abre, é um colar que guarda foto dos dois lados. A primeira foto mostra quando eles tiraram uma foto no parque de diversão a anos atrás, eles estão se beijando, e na outra mostra os seus filhos quando eram apenas bebês. Uma lagrima de felicidade cai do seu olho.

— Eu me lembro dessa foto. — Ela indica a primeira foto. — Foi um dia maravilhoso aquele.

— Foi o segundo melhor dia da minha vida.

— Segundo? Então qual foi o primeiro? — pergunta curiosa.

— O dia em que nos casamos. — Ele sorri.

Ele coloca o calar nela e beija sua testa. Os dois vão até a varanda e observa os seus lindos filhos por um tempo, até que decide chama-los.

— Hilary, Dylan venham almoçar! — chama.

— Já vamos, mãe! — os pequenos gritaram.

Enquanto os dois pequenos correm até os seus pais, o homem se vira para a esposa e diz:

— Eles foram o melhor presente que você já me deu, meu amor. Eu te amos tanto, Clary.

Ela se vira para ele e diz com os olhos marejando com as palavras dele:

— Eu te amo, Jonathan.

É, afinal eles não foram a última linhagem dos Morgenstern.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.