Órion! The Clan Hope Kuchiki
Água e óleo: Devaneios!
Órion entrou em seu quarto exaurida, encharcada e com frio, a visão embaçada, tudo girava, contudo continuou firme até o banheiro, trocando as roupas molhadas por um kimono fino rosa, curto e mangas curtas, tendo agora calafrios, jogou-se literalmente em sua cama, parecia que havia lutado a noite toda e fora alvejada com vários ceros, era essa a sensação que tinha no corpo, logo caíra em sono profundo....
Durante o desjejum, Byakuya vira o rosto para o seu lado direito e não ver o semblante de sua caçula:
– Yui, onde estar Shouri?
– Ela estar dormindo tão serenamente que não quis importuná-la, Byakuya-sama. O senhor deve imaginar o motivo.
– Sim, eu sei. Deixe-a dormir o quanto necessitar, assim, tenho certeza que ela não sairá de casa hoje. Mas, portanto quando ela acordar diga que me aguarde, pois quero conversar com ela. Aria?
– Sim otou-san! – responde sorrindo docemente a alba.
– Você estar mesmo sentindo-se bem hoje? Não mintas para mim.
– Otou?! Assim o senhor me ofende! Eu estou bem, não se preocupe. – responde emburrada.
– Qualquer coisa mande avisar-me. – levanta-se beijando a filha: - E, não irrite sua irmã, a deixe sossegada. Não quero mais confusões nesta casa.
– Otou-sama, quem o senhor pensa que sou?! Eu somente desejo a amizade de minha irmã, por mim ela dormirá até o anoitecer.
– Assim espero querida. – diz seguindo para o salão principal, ele para diante da grande escadaria e olha para cima, ‘deveria ele ir dar um beijo em sua caçula, ou a deixaria descansar e somente à noite conversaria com sua menina?’ seu coração estava apertado, sentia-se culpado, deixando sua criança só em uma noite como aquela, porém Órion deveria aprender, talvez aquilo lhe servisse de lição, continuou o seu caminho, porém pensativo.
.......
A manhã passou vagarosa, e Órion sequer mexia-se na cama. Chegando a hora do almoço, Ária fita um tanto apreensiva o lugar à mesa em sua frente, sentiu falta da irmã caçula.
– Senhora Yui, Órion ainda não acordou?
– Não, menina a deixe em paz, você pode enganar o seu pai, porém eu te conheço bem.
– Também a senhora me viu nascer! Tem algo errado, eu sinto isso. Conheço muito bem minha irmã! E do mesmo jeito não é possível que alguém que não jantara, não fizera o desjejum, não desperte para o almoço, assim ela poderá adoecer! E doente basta apenas uma pessoa nesta casa.
– Você?! Condoendo-se de sua irmã? Parece brincadeira de mau-gosto!
– A senhora não me entende mesmo! - a garota levanta-se, pega uma bandeja e dispõe sobre a mesma alguns alimentos e um copo de suco: - Eu sei que ela deve estar exausta, mas há algo estranho! A tempestade cessou ainda de madrugada, ela não é de dormir tanto. Shouri poderá fazer isso hoje, porém terá que comer alguma coisa.
– que acontece com você menina? Eu te conheço, mas jamais a compreendi, porque ages de tal forma? – indaga a criada confusa.
– Senhora Yui, eu não sei se minha mãe me disse algo antes de partir, entretanto, se o fizesse hoje, acho que seria para que eu cuidasse de meu pai, mas em especial de minha Shouri, que é tão insensata e imprevisível. Arrisca-se tanto pelos outros sem importar-se com sua própria segurança. A senhora diz que sou egoísta, mas a verdadeira egoísta é Órion, que não pensa nas pessoas que sofrerão se algo ruim lhe acontecer, não se importa com os sentimentos das pessoas que a amam. Eu não queria que ela fosse shinigami, pois assim a teria perto de mim todo o tempo e saberia que ela estaria segura, ou pelo menos, eu queria ser especial como ela, dessa forma estaria o tempo todo ao seu lado e lhe protegeria. mas... é tudo diferente! – diz Ária seguindo para o quarto da irmã com a bandeja.
.....
– Órion! Órion, eu sei que você deve estar chateada comigo, e tem toda razão, eu tenho sido péssima com você ultimamente, mas você sequer tentou me entender. Mesmo você no seu direito, você é mortal como nós e deve se alimentar. – fala se aproximando da cama.
A morena nem se move para nada. A mais velha deposita a bandeja no criado-mudo e senta-se ao lado, levando a mão entre as mechas encaracoladas:
– Órion! Acorde.... – a alba sente a mão queimar, puxa a morena para o seu colo e nota ela ardendo em febre, estava vermelha e fala palavras estranhas: - Órionnnn.... – gritou a plenos pulmões: - Senhora Yui sobe aqui rápido! – desespera-se.
– Ária! O que foi?! = era o Yuè que chegava nesse momento com a velha criada.
– O que foi menina? – indaga a criada.
– Yuè?! Que bom que vieste, Órion estar ardendo em febre, precisamos levá-la ao Yonbantai imediatamente.
– Eu sabia que havia algo de errado, meu coração estava apertado, uma angustia enorme e era isso. Dei-me ela, avise Kuchiki taichou.
– Tudo bem, eu irei em seguida. – responde Ária com lágrimas nos olhos.
Chiharu toma Shouri nos ombros e desaparece, enquanto Ária desce as escadas afoita, Yui apenas observa o instinto de Yuè falando mais forte que sua idade permite.
.......
Algum tempo depois, no oitavo bantai:
– Kuchiki taichouuu.... – entra alguém sem cerimônia e berrando no gabinete de Hikari.
– Seu idiota, para que essa balburdia toda? – o repreende o nobre sentado a frente da capitã, que acabava de selar Yorukami.
– Me perdoe capitã... eu tentei impedi-lo, mas... ele insistiu muito! – chega Rei ofegante.
– Tudo bem... Acalmem-se todos, creio que você tem um motivo muito forte para tal atitude, certo Abarai-san? – indaga Hikari serenamente, um aspecto que adquirira do marido.
– Fale logo seu idiota. – ordena o nobre irritado.
– Órion-san! Foi levada às pressas por Yuè-san para o Yonbantai muito doente. – responde o ruivo.
– Como?! – assusta-se o nobre: - e porque não dera logo a noticia incom.... – o nobre capitão desaparece sem terminar a frase, sendo seguido por Hikari.
– Nossa?! Será que ele aprendeu a se teletransportar?! Vai entender? Eu só quis ajudar e é isso que recebo. – explana o ruivo emburrado.
– Não ligue para isso Abarai-san, é somente um pai muito preocupado, mas eu posso agradecer a você por ele.- Rei abraça o tenente sem mais nem menos: - Arigatoo Abarai-san! – o ruivo fica vermelho sem entender nada.
....
– Onde estar minha filha?! – chega um pai desesperado e cheio de remorso no Yonbantai.
– Aos cuidados de Isane fukutaichou e outros médicos otou-san. – responde Ária com Yuè chorando em seu braços.
Byakuya não teve outra opção senão esperar noticias, mesmo preocupado e aflito com sua caçula, a cena de Yuè nos braços de Ária lhe aliviaram o coração, pondo-se a observá-la, na esperança de um olhar da moça: ‘ Será que nunca notaram a grande semelhança entre elas? O carinho e cuidado exagerado que Yuè tem com elas, mesmo sendo mais nova?’ , porém a jovem tenente sequer levantou o rosto para vê-lo.
Após algum tempo, Ária levanta-se sobressaltada.
– Ária?! O que foi? – pergunta o nobre perplexo.
– Otou, tem algo errado com minha irmã... – a jovem nem terminou de falar e gritos vinham da sala de recuperação, chamando a atenção de todos, Yuè e Byakuya correm para ver.
Órion Shouri em seu devaneio, mesmo com o semblante sereno, olhava em todas as direções, até encontrar o rosto de seus genitores:
– Raitei no Kyudo! – conjura o arco de raios enrolados, armando uma flecha azul-elétrico na direção deles.
– Órion! Querida abaixe isso. – fala Chiharu ternamente.
– Filha?! Acalme-se, você estar doente e precisa de cuidados. – Byakuya chama sua atenção, enquanto Isane tenta se aproximar com um sedativo.
Porém Órion cambaleia, Byakuya corre para amparar a filha, mas esta esvaece diante de todos, antes de chegar ao chão.
– Órionnnn!!! – grita o nobre desesperado.
......
Em uma área rural de um dos distritos de Rukongai, um homem alto de porte atlético, trajando um kimono semiaberto branco e uma nakama preta, com duas grandes mechas cinza a balançar ao vento diante do rosto suado e o restante do cabelo preso em rabo de cavalo alto, trazia consigo uma grande alabada prateada apoiada no ombro direito, descia uma colina rumo à sua casa, quando diante de seus olhos, um pouco distante, surge uma donzela desmaiando. Ele larga a sua arma depressa e corre para ampara-la antes que tocasse o solo, sentia o seu corpo quente:
– Shouri?!
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