Órion reaparece no seu quarto e já estava sentando na cama para cochilar um pouco, quando Yui chega:

– Você já acordou, que maravilha, vamos levante-se!

– Será que não posso dormi por mais meia hora? – pergunta com a maior cara de sono.

– Claro que não, Kuchiki-sama a levará cedo e dormiste bem, na foi senhorita! – fala a criada com ironia.

– Porque estas falando assim, claro que....

– Menina não minta para mim, sei muito bem que não dormiste em casa, para onde você foi de noite, eu vim ver você e não estavas, então vim mais cedo e ainda não havia chegado.- explica a criada.

– Tudo bem, eu fui avisar shitashii Ukitake e avisar que iria treinar com ele, para que não demonstrasse que me conhece, entendeu?

– Mal o conhece e já o tratas assim? Não deixe Byakuya-sama escutar, de fato que ele é um bom homem, mais vive doente. – retruca a velha senhora.

– Bom? Só isso tem certeza? Ele é mais do que isso. Ele é leal, honesto e acredita no seu próprio senso de justiça, é adorado por todos os seus subordinados e amigos. E é muito bonito e me parece ser do tipo romântico!! – diz dançando pelo quarto.

– Já o conhece bem mesmo? Cuidado para não se machucar Menina, e Byakuya-sama?- pergunta Yui.

– A senhora tinha que acabar com minha lívida alegria, ele que fique como estar, apegado à sua esposa defunta, não ligo mais, eu vou tomar banho. Ah? Separe para mim o uniforme que ganhei de Ukitake- shitashii ontem?

– Não poderás usá-lo, ainda não terminei com ele e Byakuya-sama trouxe a roupa que usarás, é seda pura e uma haori azul-celeste, com o brasão da família e tente esconder essa carinha de sono.

– Como assim? Que roupa, ele não me disse nada? Todos já sabem a que família eu pertenço, para que ficar mostrando isso? Vou tentar, estou com muito sono, será difícil.

– Ele deu-me a ordem para falar ou usa ou não vai, ele quer que todos a respeitem e veja você como a nobre que é e não como uma shinigami qualquer. – responde Yui.

– Eu posso até usar isso hoje, mas amanhã eu darei fim nela. – diz brava.

Após o banho, Órion vestiu o uniforme de shinigami deito de seda, o que deixava ele bem mais leve, colocou a haori por cima, com uma obe vermelha larga na cintura sobre a mesma, dando um grande laço nas costas, repartiu o cabelo ao meio, prendendo-o com fitas escarlates ao lado de ambas as orelhas, que ostentavam brincos de safira em forma de hana. Deixando a mostra o símbolo do Clã da haori, usava mechas soltas ao lado do rosto e a tradicional entre os olhos. Descendo em seguida ao encontro de Byakuya que já estava a espera. O nobre ficou pasmo diante da aparência da moça. Que estava como sempre muito bonita.

– Órion, onde estar tua zampakutou?- pergunta o nobre.

– Não preciso carregá-la, posso evocá-la qualquer hora em que dela precisar, do mesmo jeito ela é grande e me atrapalha andar. - responde a pequena.

– todo shinigami tem que ficar com a espada à mão. – ressalta o nobre.

– tudo bem! Medatsu!- recita a menina com um gesto das mãos, tão logo a lâmina branca aparece em sua frente, em uma bainha negra presa a uma cinta de pérolas negra.

O nobre repara a espada, incrédulo, do nada surgiu já em sua bainha de pérolas e pérolas negra. Órion trespassara o cordão sobre o tórax, posicionando-a nas costas, como se fosse uma aljarva de flechas, pergunta, pergunta bocejando:

– Podemos ir agora?

– Órion, que falta de educação, tu de certo não dormiste bem. – a repreende o nobre.

– Claro, dormi feito um anjo!

O nobre foi na frente, porém explicando como a garota deveria se portar e o horário de voltar para casa. Falou ainda que como estava preocupado de deixá-la só mansão chamou Arina-sama para fazer-lhe companhia e que esta chegaria pela tarde, a menina sorriu, sentira falta da Kuchiki. Após algum tempo, chegaram à entrada do 13° bantai, onde já estavam à espera estava Shunsui e Ukitake taichou, com seu sorriso amável:

– Irashai! Kuchiki taichou e suponho que esta seja o prodígio de seu Clã, Hajimemashite doozo yoroshike Kuchiki Órion! Fazendo reverência e quase devorando a menina com os olhos, ‘ como está linda, embora a imagem de ontem, naquela camisola não me sai da cabeça!’

– arigatoo! Hajimemashite doozo yoroshike Ukitake taichou! – responde quase sussurrando a menina colocando uma das mãos na face e corando, pois ouvira muito bem o pensamento do homem.

Byakuya apenas faz uma fria reverência como de costume, mas estranha a reação da menina. Enquanto o comandante Shunsui entende muito bem o que estar acontecendo, apenas relata ao nobre:

– Já adiantei todos os procedimentos a Ukitake taichou, só faltam as suas recomendações pessoais Kuchiki taichou.

Os shinigamis que a viram lá no dia anterior ficam sem entender o porquê daquilo, enquanto os capitães e Órion adentram o recinto. Após meia hora de conversa, Byakuya e Shunsui vão embora e os dois respiram aliviados, não estavam mais aguentando a farsa:

– Até que fim ele se foi embora, o que vamos fazer Ukitake tai...

–Não! O que te disse antes, Pequena, sem taichou ou senhor. – a reprova o capitão.

– mas, é que eu, então posso chama-lo de Ukitake-shitashii?

– Hum! Se me achas digno de receber tal titulo?

– Acho mais que digno! – cora. - então o que farei, qual é minha primeira aula ou tarefa?- pergunta bocejando com os olhos semicerrados.

– Nossa primeira atividade juntos, será tirar uma soneca, pois você não me deixou dormir esta noite! Vamos. – diz o capitão a guiando para seu alojamento.

– Que ideia maravilhosa, eu não aguento mais de s-son.... zzzzzz...! Diz caindo lentamente ao chão.

O capitão a segura com reflexos de gato e a leva ao colo, apenas olha para um oficial e ordena:

– Nos acorde na hora do almoço, se alguém perguntar por mim, diga que sair para iniciar o treinamento da Lady Kuchiki, ouviu?- Já adentrando o alojamento.

– Sim senhor, não se preocupe. – responde o oficial com uma cara desconfiada, estranhando os atos do capitão.

– isso não é um tanto suspeito?- pergunta um shinigami sem entender nada.

– Não é da nossa conta, deixe os grandes resolverem seus problemas, não nos diz respeito. – responde oficial.

Órion e Ukitake acordam um pouco antes do meio do dia devido uma confusão lá fora. Os dois correram para ver o que acontecia.

– Queremos entrar shinigami, saia da nossa frente, viemos ver nossa menina, saia. – eram Arina e Yui gritando com um soldado.

– Senhoras, o capitão saiu com lady Órion, não posso deixá-las entrar, ou terei que usar a força se as senhoras insistirem. - dizia o oficial quase sendo atropelado pelas duas, enquanto os outros somente olhavam de longe, sem saberem o que fazer, pois não queriam faltar com respeito a duas senhoras.

– Você ousaria machucar duas senhoras indefesa? Seu monstro, faremos uma queixa ao seu capitão e ao comando. – Gritava Arina perdendo a compostura.

– Ai! Daquele que se atrever ao menos em pensar de usar força contra elas ou ameaça-las! – brada a menina com a lâmina em punho atrás do oficial.

– Foram as ordens do taichou, lady Órion, de não deixar ninguém entrar e interromper sua sesta. – gela o indivíduo ao sentir o acúleo da katana em sua coluna.

– Eu não ordenei machucar ou ameaçar ninguém, porque não as deixou aguardando em uma sala? – pergunta o capitão, fuzilando o subalterno.

– Ninguém ameaça um Kuchiki ou a minha Yui, diante dos meus olhos e sai impune. – Órion com a espada já no pescoço do shinigami. – Diga adeus! – finaliza com um olhar assassino.

– Pequena, não suje suas mãos, com o sangue deste tolo, ele apenas entendeu mal as minhas ordens, jamais as machucaria, não estou certo, soldado? – pergunta o capitão com toda a paciência.

– Claro taichou, eu jamais machucaria pessoas indefesas, principalmente, duas senhoras que me fazem lembrar a minha querida mãe, me perdoem. – pede sentindo o gosto da lâmina em sua garganta, vendo os olhos castanhos da menina que faiscavam de raiva.

– Querida, não precisa isso, deixe-o ir, muito obrigada por nos proteger, guarde sua espada, por favor!- pede Arina e Yui.

– Kekkoo! Mas que isso não se repita. – fala fuzilando o shinigami, que treme caindo ao chão. – Mas o que as duas fazem aqui, e Arina-sama não chegarias somente pela tarde? – pergunta com um belo sorriso.

– Não aguentei a saudade! – responde a senhora.

– Viemos trazer-lhe o almoço, não deixarei você comer essas comidas de rua, não sabemos como são preparadas. E também te lembrar de que você não se esqueça do seu pente de chou. – responde Yui.

– Entrem senhoras, por favor, e desculpem o constrangimento. – Fala o capitão.

– Já está na hora do almoço? Dormi tanto assim? Que péssima shinigami eu sou dormi durante o expediente, pior ainda que fora com o consentimento do capitão! – analisa a menina, enquanto Ukitake sorri para ela:

– Estávamos cansados, não dormimos durante a noite, nem eu aguentei!- passa a mão na face da morena, que cora.

– Fizemos para os dois, espero que seja do seu agrado Capitão, mas já vamos. – Diz Yui.

– Arigatoo! Parece delicioso, não nos acompanharão? – pergunta o taichou.

– Não! Temos muito a fazer na mansão, vamos Arina-sama. – convida Yui.

– Matta ne! Sim, vamos. - Responde Arina.

– Senhoras, deixe-me escolta-las até em casa, é o mínimo que eu posso fazer depois daquela confusão, me perdoem, por favor, por favor?- suplicava o shinigami.

As duas senhoras olham para Órion, que sem saber o que dizer, olha para o capitão que consente com um sorriso. As duas sorriem e Yui brinca:

– Tudo bem, mas se você fizer isso de novo, rapazinho! Eu mesma te dou uma surra! – recebendo um sorriso do homem.

Após isso, o capitão apresentou seu esquadrão e os shinigamis que ali se encontravam, e o que faziam, explanou algumas coisas sobre os outros capitães que ela não conhecia. Terminando à beira do riacho onde se encontraram no dia anterior, onde Órion tocou em sua flauta a flauta mágica de Pã e versão para flauta de My Heart Will Go On, sob o olhar admirado de Ukitake, que se encantava com os delicados gestos da menina e as doces notas do instrumento. Não tendo um ataque de tosse em nenhum momento. Tendo terminado a menina abre os olhos, encontrando aqueles meigos castanho-claros de um olhar tão doce imaculado, se perdendo no infinito deles. Ela não conseguiu desviar o olhar, que pareciam suplicar por algo que não compreendia, então tentou decifrar a alma do taichou, porém atirou-se no seu terno brilho, que não conheceu em outros olhos. Lembrou-se dos cinza-azulados, frios e indiferentes, quis lembrar-se de ter visto neles aquela pureza, mas nada encontrou nos pensamentos.

Ukitake encarou os amendoados interrogativos, que perguntavam algo, que o estudavam e tentavam penetrar-lhe na alma, deixando-os explorar-lhe o seu intimo. Tentou naquele momento só deles transparecer o que sentira quando a vira pela primeira vez à beira do riacho, com os pés dentro da água, as vestes ao meio das torneadas coxas, mostrando a pele alva. Tinha deixado a blusa aberta devido o calor do dia, aparecendo o busto delicadamente entalhado, coberto por uma delicada camisete, mostrando o colo e ombros adornados por longas mechas encaracoladas, contrastando com a pele macia alva. O rosto perfeitamente esculpido com as mais suaves pétalas brancas, rosadas nas fáceis serenas, que ostentavam um afilado nariz, o qual estava logo a baixo de si, uma boca pequena com carnudos e escarlates lábios. Os olhos levemente adormecidos, adornados com longos cílios, os quais somente viu após acordá-la. Parecia surreal aquele momento.

– É cedo demais, eu sei, toque para mim, algo que descreva este momento, minha Pequena! – pede o taichou.

Sem dizer nenhuma palavra, pois ainda estava em transe daquele momento, Órion toca I see you, com lágrimas nos olhos, pois se preparou para amar um homem em especial que desistiu desse sentimento há muito tempo, porém agora o destino lhe pregava uma peça, colocando aquele homem, o oposto de Byakuya em seu caminho, e este sentia ela, que ele estava disposto à amar. Tentaria a sorte esperando o líder Kuchiki despertar e quebrar sua promessa ou deixaria a vida seguir seu caminho com suas surpresas, aproveitando o tempo que ainda possuía ali, pois dependendo do êxito de sua missão, poderia não ter para onde voltar no final de tudo. Mas estava acontecendo rápido demais, assim como o que sentiu pelo nobre. O que faria agora? Era certo amar dessa forma?

– não se preocupe e nem tenha pressa, muito menos fique indiferente comigo, saberei respeitar sua decisão, dê tempo ao tempo, minha Menina! – foram as palavras que o Capitão pronunciou ao seu ouvido ao pressentir a confusão que Órion sentia naquele momento, pois era um de seus dons.

– Muito obrigada! – diz a menina deitando a cabeça em seu peito, tendo os cabelos acariciados pelo Capitão