Órion! The Clan Hope Kuchiki

Final de primavera: O desabrochar da lua branca


Era um dia tranquilo, o céu limpo e claro, cintilando seu mais belo tom de azul, sem nuvens o sol mostrava-se majestoso, num dos campos próximo ao 13º bantai, bem amplo, grama baixa e poucas arvores em volta, senão alguns carvalhos e pessegueiros preguiçosos que mostravam sua floração atrasada, já no final da primavera. O vento cantarolava entre as folhas das arvores, junto com ele o tilintar de lâminas se fazia ouvir por todo o prado, de longe podia se avistar um homem de estatura longilínea, porte aristocrático, longos cabelos brancos e tronco desnudo, dava continuidade a um treino de esgrima que seguia desde a aurora com sua pequena oponente. Uma garota de baixa estatura, com longos caracóis negros que dançavam ao gelado vento e doces orbes cor de mel, usava a calça do uniforme shinigami padrão, presa à delgada cintura por uma obe vermelha, sobre o generoso busto, um top branco de seda e alças finas, delineando os firmes seios. Tal imagem tirava vez ou outra a concentração do mais velho, que evitava ao máximo baixar o olhar, estando sempre corado, embora nada discorria sobre o assunto com a mais nova, devido o fato dela treinar com tanto afinco, que não dera atenção como estava se trajando. Esta, porém, às vezes viajava o olhar sobre o tórax desnudo do outro, temendo que ele percebesse sua falta de respeito.

Ora parava e respirava fundo para manter a concentração, ora fechava os olhos fortemente e os direcionava para o horizonte antes de encarar seu oponente, até que o homem resolvera dar uma pausa, para assim recomeçar o treino em outro nível.

Tsukishirou sentou-se sob a sombra de um pessegueiro, numa rocha retangular, os cabelos dançavam ao sabor do vento, agora mais forte enquanto servia-se de um chá de hortelã e limão e separava os alimentos para o desjejum de ambos. Juushirou permanecera no mesmo lugar a observando de continuo, qualquer ação da menina era minimamente acompanhado pelo seu olhar, cada detalhe da morena, bem como seus gestos meigos e suaves, seu olhar doce e terno, um sorriso puro e a grande beleza.

Aquela era a menina que quase chamara de filha, a qual lhe dera um nome, antes bebê, agora mulher, um pouco se assemelhando a Órion, mas com algumas peculiaridades, algo que só ela possuía e ele observava nesse momento, lembrando um pouco Yuè, porém mais modesta. O vento soprou um pouco mais forte, bagunçando as longas mechas negras sobre o rosto, ela leva uma das mãos, separando alguns cachos atrás da orelha esquerda, notando-se examinada pelo homem a alguns metros dela, levanta o olhar e sorri candidamente, que com um simples gesto o convida a sentar-se, sendo imediatamente obedecida, este por sua vez senta-se à sua frente de lado, limitando-se a observa-la por sob a mecha prata em seu rosto.

Hikari sabia que era observada por aqueles meigos orbes, agora penetrantes, tentado manter-se calma e agir normalmente, tentou inúmeras vezes desviar o olhar, mas estava difícil. Era um homem maduro, experiente e sábio, muito respeitado por todos, contudo era um homem de bela aparência, viajou os orbes amendoados sobre cada detalhe do corpo masculino e corou violentamente, precisava acima de tudo manter o respeito e a discrição. Mas em algum momento os olhares se cruzaram e um observou o outro profundamente, a menina se sentiu inquieta, a garganta ficou seca, o ar faltou, ficou taquicardica, ficando a ponto de desespero, para sua salvação, o transe termina quando um pêssego verde lhe cai sobre a cabeça:

– Aiii... – com as mãos sobre o local atingido e fitando a arvore: - o que foi que eu te fiz? ‘obrigada!’ – respira aliviada.

– Você esta bem querida? – pergunta o homem já a sua frente, bem próximo dela,

– Nyahhh! – assusta-se com a proximidade: - estou sim, não se preocupe. – responde baixando o olhar.

Ele leva a mão ao seu rosto, o levantando docemente, beijando-lhe a glabela: - é melhor comermos logo... - acariciando-lhe com o polegar, deixando-a mais rubra ainda: - temos muito treino para hoje! – se afasta corado, enquanto ela só afirma com a cabeça sem encara-lo.

Meia hora depois:

– Vamos concentre-se, você já demonstrou seu potencial, ainda hoje quero ver seu estagio mais avançado.

– Hããã?! Como assim? – pergunta a menina tentando livrar-se de um bakudou, - Ai... isso aperta!

– quero ver sua shikai ou sua bankai, saber quais seus poderes realmente, prepare-se! – avisa o taichou com a garota ainda presa: - hadou nº4 byakurai!

– Queee...ai... – grita a morena sendo lançada para longe: - seu covarde! Como ousas me atacar assim? – grita levantando-se brava com o homem a sua frente.

– Eu a avisei, querida! E não grite, uma dama não grita, lembre-se do status que ostentarás aqui.

– Me perdoe, eu esqueço às vezes, que sou uma dama e como tal deverei me portar, mesmo em batalhas, igual a Yuè-dono, que é graciosa mesmo mutilando pessoas! – diz a menina com os orbes brilhando com a zampakutou em punho.

Juushirou surge ao lado dela e tocando-lhe sua lâmina, diz: - Hadou nº 11 Tsuzuri raiden! – a menina grita com o choque.

– Aiii... Porque simplesmente não me mata! – grita enraivecida: - ou avisa quando fores fazer isso. Relata pondo-se em pé.

– Você perde a concentração rapidamente, desviando sua atenção para longe do seu oponente, entenda que um inimigo não irá avisá-la quando for atacar ou esperar você se concentrar, descubra qual proteção sua zampakutou pode lhe dar, pois o outro será mais forte.

‘Porque ele não põe uma camisa e seria mais fácil eu me concentrar nele!’ a menina gela e segura forte o cabo da espada: - vamos sua espada idiota, faça alguma coisa! Eu não aceito possuir a deidade mais fraca que as outras: Anupu me atende, me ensina os teus segredos, mostra-me a tua verdadeira força e me concedas os teus dons, tu que és deus poderoso e justo volta-te para mim, dá ouvidos a minha súplica e ser complacente comigo, acata ao meu clamor e te ofereço total devoção e amor! – a morena concentra-se após esta oração, ela estende o braço esquerdo para frente, apoiando a acúleo da lâmina entre os dedos indicador e médio da mão esquerda, enquanto segurava o cabo a altura do ombro direito, elevando sua reiatsu suavemente, cuja pressão era liberada e círculos no solo e pequenos pés de vento.

Ukitake analisa a cena à sua frente, ficando satisfeito, ‘ela estar entendendo agora a como se comunicar com sua deidade, assim como as outras faziam, mesmo Órion não tendo total controle da sua, ela vivia em comunhão com Apsu, por isso ela era tão forte, antes de receberem os poderes e talentos, elas deveriam demonstrar humildade e devoção. ’: - Hadou nº 31 Shakkahou! – diz o meigo taichou.

Tsukishirou tremeu ao ouvir o grau do kidou a ser invocado, contudo continuou firme, quando enfim acreditou em Anúbis, sentiu seu verdadeiro poder, abriu os olhos e ao ver o ataque do taichou em sua direção, tudo acontecendo velozmente, mas para ela, era como em câmera lenta, poderia desviar-se, mas esperou e confiou ainda mais: - Shinda no Sama, azamuku! – grita, recebendo o golpe.

Juushirou empalidecera, não queria machuca-la, mas parece que ela não escapou do ataque, ficara nervoso, antes que a poeira baixasse, já iria se locomover até onde jazia a morena, quando fora lançado longe, estatelando-se contra algumas rochas, quando enfim levantou-se e virando para seu lugar de origem, ver a morena com o cenho franzido e muito brava com ele: - Então você também possui o dom da ilusão como Yuè, engraçado, Órion não o tinha! – sorri meigamente.

– Não me compare com mais ninguém, não sou sombra e muito menos cópias delas, serei mais forte do que qualquer Kuchiki ou outro shinigami, : Shinda no Sama, suukouna oshioki to toraiaru! – a lâmina da garota transforma-se em areia, dando aspecto a um báculo faraônico, porém no lugar do arco, no ápice da haste uma lâmina circular de onde pendiam duas fitas de linho fino, no restante da lança hieróglifos dourados.

– Então essa é tua shikai? Realmente nunca vira uma tão bela! Agora veremos o que ela faz. Hadou nº 32 Oukasen!

– Suna no higo! – um escudo de areia forma-se a frente da garota, repelindo o ataque:- Hae no odaku! – o cetro brilha: - Conheça uma das pragas egípcias. – sorri.

Ukitake escuta zumbidos aos milhares e ao olhar para trás, ver uma espessa nuvem de moscas, se assusta:- moscas?! O que elas podem fazer-me além de causar-me repulsa?

– Repare melhor Ukitake taichou.

Ele notara que tudo que tinha vida, sucumbia em contato com os insetos, ‘ as pragas do deserto, sendo que agora todas modificadas para destruir.’: Bakudou nº 9 Seki! – repele a nuvem de insetos, lançando uma rajada de energia, o taichou dissipa todo o ataque da morena.

– Não vale! Eu ainda não sei controla-los direito. Tudo bem! Ketsueki no Mizu! – com movimentos das mãos surge um rio de sangue envolta do taichou, corroendo o chão.

Ukitake salta para longe, porém Tsukishirou tem absoluto controle sobre as águas vermelhas, as quais ela regia como orquestra. O homem tentou livrar-se, mas não conseguira, formou uma barreira à sua volta, porém a garota aumentava a pressão do ataque.

Enquanto isso, Yuè no hospital assistia a tudo através dos olhos de Navid, estava com a clavícula fraturada e, portanto o ombro imobilizado: - Agora eu entendi o porquê de ela não gostar de usar sua shikai, é muito destrutiva! – falava a alba narrando o acontecimento a Isane e Yui que a acompanhavam muito interessadas, enquanto o nobre taichou estava no seu bantai.

Ukitake vendo que não suportaria muito a pressão do ataque, decidiu contra-atacar: - Hadou nº 58 Tenran!

Hórus no Me! – o báculo brilha e o ataque do taichou é dissipado, lhe dando tempo para que ela descuidasse dele e este se livrasse do rio de sangue acido.

Juushirou estava ofegante, com o aspecto de cansado, ‘ porque aquele idiota demora tanto?’ : Bakudou nº 30 Shitotsu Sousen! – aprisionando a garota.

– Ai... Isso não vale! Estava desprevenida. – choraminga.

– Já a avisei inúmeras vezes que seu oponente não lhe avisará quando irá atacar. Agora o que farás?

.......

– O que ela vai fazer Yuè-sama? – perguntavam as mulheres curiosas.

– Eu não sei, ela estar parada como se estivesse refletindo, estou muito ansiosa também.

........

– Hum?! Mas é claro! Se eu fosse aprisionada sem minha zampakutou, seria mais difícil me libertar, como estou com ela... – sorri: - Jigoku tenki noTaema! – a morena é absorvida por um portal invisível.

– Não estou acreditando em que os meus olhos veem, ela livrou-se, mas para onde foi? – interroga-se o taichou, olhando em todas as direções, quando...

– Ohayo, desculpe-me a demora, você sabe essa parte chata de dirigir um bantai. Onde estar a menina? – sorrir insanamente.

– Até que fim, tome cuidado, ela sumiu após eu tê-la aprisionado, agora ela pode estar em qualquer lugar.

– Mas forte que Órion-chan? – pergunta Zaraki.

– Creio que sim! Mas evite....hum?!

Hi no gakai! – grita Tsukishirou de qualquer parte.

Tão logo começa a despencar do céu, inúmeras e enormes pedras flamejantes, os dois taichous começam a correr e se desviar de serem atingidos. Minutos depois o campo parecia mais um campo de guerra após ser bombardeado,

......

– Agora irá ficar mais interessante com a chegada de Zaraki taichou! – observa Yuè.

– Za-zaraki taichou? Coitada da menina! – se expressa Isane.

– Chiharu-sama, Byakuya-sama estar vindo. – entra a velha criada avisando a alba.

– Droga! Agora que iria ficar emocianante! Navid?- se entristesse.

– Sim Yuè-sama.- responde a ave.

– Volte.

– Hai minha senhora.

......

– Querida, és o seu novo oponente. – elucida Ukitake.

– Queee?! Zaraki taichou? – assusta-se a morena surgindo atrás de Juushirou.

– Oi docinho, vamos começar? – sorri o capitão.

– Tu- tudo bem... – choramingava a menina quando: - o que foi Juu-sama?

Ukitake é afligido por um ataque de tosse bem violento, com respingos de sangue:- Tsuki...cof...cof..saia daqui...cof...eu na-não quero que me vejas assim...cof.. – cuspindo coágulos rubros.

– Deixe de asneiras, eu não o deixarei... Zaraki taichou me ajude a leva-lo para o 4º bantai? – pergunta a morena já com as roupas manchadas de vermelho.

– Deixe comigo docinho. Venha meu velho amigo. – diz o capitão apoiando o outro.

.........

– Ele estar bem, Tsuki-sama, não se preocupe. – Falava um oficial após atender o taichou.

– Como não? Ele tossiu muito sangue, jamais o vira assim, tão, tão.... – chora: - desculpe-me, muito obrigada.

– Qualquer coisa é só chamar. – diz o médico saindo do quarto.

A morena senta-se na beira do leito, segura a mão do capitão que agora dormia tranquilamente em posição de Fowler, para melhorar a respiração, ela beija-o na testa, deitando seu rosto no peito do capitão, abraçando-lhe o tórax, sentindo a respiração um pouco fraca: - você estar proibido de me deixar taichou, eu não aceitarei ficar sozinha, ainda mais agora.

– A ultima vez que prometi isso a alguém, eu falhei querida, por isso não posso te prometer isso! – sorri um pouco corado.

– Juushirou-sama?! – assusta-se rubra: - des-desculpe-me, eu, eu, não estava me aproveitando, eu... fiquei com medo de perdê-lo, eu, eu... – chora.

– que pena!...digo, tudo bem, pequena se acalme, estou aqui. Não irás livrar-se de mim facilmente, mas não queria que tu me visses naquele estado. – sorri acariciando-lhe o delicado rosto, a deixando mais vermelha ainda.

A garota ferve e começa a ofegar, virando o rosto para o lado: - Deixe de besteiras, eu sempre ficarei ao teu lado aconteça o que acontecer, estás proibido de morrer, - ela o encara e cora: - eu, eu vou ver se consigo preparar um chá por aqui. – já iria se levantar quando:

– Com licença a todos, eu trouxe comigo água quente, ervas e mel para fazer um bom chá para o capitão. – era Yuuki, entrando como de costume.

Os dois ficam pasmos, já fazia um longo tempo que aquele alegre oficial não agia dessa forma, sempre chegando às ocasiões mais inesperadas. Tsukishirou ver a presteza do shinigami e sorri:

– Arigatoo Yuuki-san, mas você trouxe consigo laranjas para misturar ao chá, ou pelo menos agrião?

– Hum? Não, quase não me deixam entrar com essas coisas. Mas eu posso dar um jeito, mas para que as laranjas? – pergunta o sorridente shinigami, deixando os pacotes sobre uma mesa.

– Ora, ora, Yuuki-san, você que é expert em chás, não sabe que não se misturas muitas ervas, se preferir é muito melhor uma fruta, para esses males, frutas cítricas são excelentes assim como o mel. – elucida séria para o outro.

– Nossa! Estou por fora do assunto então!Deixa-me ver se a Rei tem laranjas. – diz aproximando-se da janela: - Rei me dê algumas laranjas. – grita, tão logo recebe os frutos, só que um lhe acerta o rosto: - Aii... Sua shinigami idiota! – vocifera.

– Obrigada mais uma vez, deixe-me preparar. – diz a garota pegando as frutas.

– Taichou, quando o senhor vai voltar, o senhor sabe que aqueles dois vivem brigando e sobra tudo para mim, o senhor ainda não tem um fukutaichou, e o senhor fique sabendo que ninguém mais quer o posto.

– Hã? Como assim Yuuki? – interroga o capitão sem entender nada.

– Oras, dizem que é amaldiçoado, todo fukutaichou do nosso bantai quando não morre de forma horrenda, acontecem coisas ruins com eles, lembre-se bem, Kaien-dono e Órion-chan morreram de forma terrível, desculpe, e Rukia-san quase é morta pelo irmão e sua filha some pela segunda vez. – explica o loiro inocente.

– Aiii, desculpe-me, me queimei...

– Tenha cuidado querida! Que idiotice, todo shinigami sabe dos riscos da profissão, não existe maldição. – irrita-se o taichou.

– Que nossa profissão tem risco nós sabemos, mais já se foram três fukutaichous respectivamente no nosso bantai em prazo muito curto de tempo.

– Tome Juu-sama, deixe esse assunto para mais adiante, o importante agora é você repousar bastantes, depois refletimos sobre isso! – diz a menina oferecendo a xícara ao capitão, que aceita de muito bom gosto.

Ukitake reparou na morena e com gestos ordenou que ela pusesse sua camisa, pois imaginou que receberia mais visitas e que o corpo da menina não passaria despercebido por outros olhares masculinos, ela o obedecera de pronto, enquanto ambos eram observados pelo loiro sorridente.