Órion! The Clan Hope Kuchiki

Em pratos limpos: relatos sobre os acontecimentos


Quando o sol levantou-se em todo seu esplendor, na residência dos Ukitakes ( Juushirou e Tsukishirou) em uma sacada baixa que levava a um dos jardins, um casal apaixonado trocava caricias e juras de amor, o mais velho sentado no chão encostado à parede com a mais nova ao colo. Esta revelava as suas descobertas e os acontecimentos de sua inesperada missão ao companheiro, deixando cair lagrimas de ódio ao discorrer sua relação com Byakuya em outro tempo e a dor que este lhe causara, Juushirou apenas a abraçava forte, beijando-a toda vez que ela pausava o dialogo.

Na mansão Kuchiki, o nobre após matar suas saudades da esposa narrava em detalhes para sua amada o discorrer de sua aventura, Chiharu escutava tudo com muita empolgação, elogiando o feito da morena com seu gesto de solidariedade, revelando que faria o mesmo no lugar de Tsukishirou. Byakuya destacou algumas ações da morena com Yuè, esta mudando de assunto todas as vezes, parecia evitar o tema, porém o nobre estava irredutível com essas objeções.

Enquanto que bem longe da área nobre, em uma casa singela, mas bem agradável, entre barulho de crianças, Rei dormia pesadamente, com as mesmas roupas da viagem, pedindo à mãe para acordá-la após o meio-dia. Porém temia que Yuuki fosse lhe procurar a qualquer momento lhe perturbando o sono ou o trabalho, pois lhe tratava como irmã e pegava muito no seu pé, sendo este um dos motivos da moça nunca ter ao menos um flerte, Rei era alta, esbelta, cabelos compridos levemente ondulados e castanhos claros, olhos azuis profundos, pele amorenada, dentro dos padrões de beleza, porém não despertava a atenção dos homens que lhe interessavam, talvez fosse seu comportamento um tanto infantil e desastrado, contudo tinha um bom coração.

Ao cair da tarde Tsukishirou à beira do lago do seu jardim, com os pés dentro d’água, onde as carpas de estimação de Juushirou brincavam entre ninfeias e aguapés, olhava fixadamente para uma prancheta sobre suas coxas, com carinha de tédio e preguiça tentava iniciar seu relatório, aproveitando o retorno do seu taichou para o bantai:

– Que coisa mais chata! Eu preferia enfrentar Sora-sama ou meu pai em sua forma hollow ao fazer este relatório!

– Ukitake-sama, a senhorita Tsubaza deseja vê-la. O que digo? – pergunta uma criada.

– Miko! Mande-a entrar e vim para o jardim! Uma companhia nessa hora lastimante é muito bem vinda!

Alguns minutos depois, a shinigami chega ao jardim: - Nossa! Quase me perco se não fosse sua criada tenente!

– Não exagera Rei, a casa não é tão grande assim!

– A senhora já parou ara contar quantos cômodos possui? Não é muito para duas pessoas? Talvez não seja, já que vocês pretendem ter filhos!

– nunca contei, acho que por isso levo horas chamando as criadas! É! Pretendo ter filhos. – responde vermelha.

– Hã! Gomen me perdoa por vim sem avisar, é que queria um lugar tranquilo para fazer meu relatório, lá em casa não dar.

– Sente-se sua boba, precisava de um estimulo para começar o meu. Mas vejo que estar correndo do Yuuki, não é?

– Também. A senhora já leu o Grimorium?

– Rei não me chame de senhora, não estamos no bantai. Ainda não o fiz, pois isto me impede.

– Eu posso fazer um relatório único, pois pertencemos ao mesmo bantai e o que eu não souber a sem...digo você me diz.

– Arigatoo! Rei você é um anjo! – salta Tsukishirou alegre: - Duamoutef! Venha cá garoto. Não se assuste Rei, ele é grande, mas é um doce!

Após alguns segundos o grande canídeo negro aparece com um embrulho de couro na boca e entrega à Hikari.

– Nossa! Ele é lindo, posso brincar com ele ou somente acariciar? – pergunta a shinigami pulando feito uma criança.

– Tudo bem se ele deixar. Mas não esqueça nosso relatório.

O chacal aceitou o carinho, logo a derrubando no chão, era em quatro patas um palmo mais baixo que sua senhora: - não se preocupe, eu não esquecerei... quem é o fofo da mamãe? – brinca com o canídeo.

O chacal vira para o carvalho ao lado e notando o fukuro rosna, Tsukishirou sem levantar a face para ver apenas grita: - Yuè pode descer.

– Somente descerei se Duamoutef for embora.

As duas embaixo olham o chacal muito bravo ao ver Yuè: - Calma garoto! O que essa malvada fez para você? – pergunta Rei o abraçando, enquanto ele uivou como se tentasse falar o que Yuè lhe fizera: - eu não entendi, mas juro que tentarei aprender sua língua. – responde a shinigami.

– Ele me detesta por algo que ainda nem fiz, você entende?

– Vá querido, mas tarde o chamo. – a morena o despede e Yuè e Navid descem.

Tsukishirou começa a ler o livro e a duas mulheres se aproximam, Yuè fala: - nossa! Até que as gravuras são bonitinhas, um tanto selvagem e esses rabiscos em volta meio tribal.

– Vocês são duas bobas! Isto aqui são hieróglifos e símbolos místicos do egípcio arcaico, uma língua morta, o dialeto de Anupu.- responde Hikari sorrindo.

– Então por isso a senhora... – Rei é fitada pela morena- ... digo você sabe lê-lo?

– Um pouco, mas com o tempo eu irei aprender, porém vocês não poderão tocá-lo.

– Porque Tsukishirou e como eles o tocavam? -pergunta Yuè.

– o Grimorium foi banhado com vários feitiços de proteção pelo próprio Anupu, para mortais não tomarem posse de tão grande poder, parece que Sora-sama usava um pano velho, marrom e muito sujo para manipula-lo.

– E você trouxe o pano velho, não trouxe? – pergunta Yuè em pânico.

– Para que eu iria pegar aquele trapo sujo, foi destruído com o forte por um dos cânticos que decifrei.

– Aquele pano velho, era o santo Sudário sua baka! A mortalha que envolvera o corpo morto do Senhor e foi banhado pelo seu imaculado sangue, capaz de bloquear qualquer feitiço e contendo grande poder de cura e proteção. – vocifera Chiharu brava.

– Quê?! Se for mesmo o Santo sudário, ele não foi destruído, só deve estar sob os escombros. – responde a morna sem jeito.

– Sua pecadora! você usou um cântico! É lógico que ele foi destruído. O mais sagrado dos artefatos antigos, deixado pelo Redentor e você o destruiu!

– Eu não sabia, se você tivesse me avisado antes isso não ocorreria. Como eu iria saber?

Enquanto as duas discutiam um assunto nada trivial, Rei relatava as novas descobertas nas suas narrações, sem elas perceberem. A tarde passara tranquila e lenta, após folhear algumas paginas, Tsukishirou acha um bem especial:

– Achei o Remuniscentia!

– E para que ele serve, se me permite a pergunta tenente?

– Esse cântico Rei, é o Reminiscência, recordação do passado, partes fragmentadas de algo que não existe mais. – responde a morena.

– E o que tem haver conosco? – interroga novamente.

– Querida Rei, eu a elucidarei, Platão dizia que a Reminiscência é a recordação de uma verdade observada pela alma no momento da desencarnação e retomada pela consciência pode ser a eminência da base de toda sabedoria humana, ou seja, é recordação de um passado antigo de quando se vivia com os deuses. – responde Yuè.

– Agora é que não entendi nada!

– Rei entenda, como a alma de Órion vive aprisionada por um deus, a deixando numa espécie de embuste em que ele manipula todos seus sentimentos, este cântico nos permitirá chegar até ela a partir dos seus últimos momentos, libertando-a e prender Apsu novamente, além de ele deixar de ser uma incógnita para nós, pois somente ela conhecia seus segredos. – fala Hikari calmamente.

– Há, agora entendi! Então tudo isso é para salvarmos a alma de Órion-chan, para que os nossos inimigos não tomem posse do deus pagão e venham destruir o mundo, além de os vencermos?

– Isso mesmo, mas até deciframos todo esse cântico, guarde segredo, isso é sigiloso, mentes pequenas não entenderiam.

– avisa Yuè.

– Tudo bem, eu quero ajudar no que for preciso, alias Órion-cham era como uma irmã para mim.

No outro dia, bem cedo, o Comandante recebe os relatórios dos três shinigamis, o primeiro que ele analisou foi o de Byakuya formal e objetivo como de qualquer capitão, fora alguns detalhes sobre alguns ocorridos. Quando leu o relatório de Tsukishirou e Rei, arregalava os olhos a cada parágrafo, muitas informações que não havia no primeiro e que respondiam muitas de suas duvidas como criavam outras. Convocando os donos da missão além de alguns interessados como Mayuri, Soi Fon e Zaraki.

– Bem! Há muitos anos eu venho fazendo vista grossa sobre alguns acontecimentos que se iniciaram com a saudosa Kuchiki Órion, incluindo todos os taichous aqui presentes e mais alguns shinigamis e que agora continuaram com Kuchiki Yuè e Ukitake Tsukishirou. Porém alguns segredos que só eram conhecidos por Ukitake taichou, Kuchiki taichou e Tsubaza Rei, e que através deste relatório vieram à tona, assuntos antigos e que pessoas que ainda não haviam nascido ou eram bem pequenas conhecem muito bem, além de enormes poderes e criaturas como a de Kuchiki Órion. Quero toda a verdade, hoje colocaremos tudo em pratos limpos, quero saber quem são esses deuses, esses tais hollows que vocês perseguem; os artefatos sagrados e esses guerreiros Anúbis, o tal forte. Tudo, quem começa? – interroga o comandante desafiador.

– Rei! Você explanou sobre o Grimorium e o santo Sudário?como pode falar de assuntos inerentes somente a nós? – a reprova Tsukishirou.

– Mas vocês disseram para não mencionar sobre aquele feitiço e não o restante da história! – chiiii... falei demais;

– Que feitiço? Vocês sabem muito bem que usar kidous proibidos dar cadeia. Contem-me tudo o que sabem ou irão par corte marcial. – ameaça o Comandante.

– Velho amigo, se acalme, meça as palavras que falaste. – interfere Ukitake.

– Sinto muito Ukitake taichou, mas cansei de ficar fora dos assuntos, vocês nos escondem segredos, essas damas nos usam como peões, surgem do nada, misteriosas, mortalmente belas e poderosas, com o destino do mundo nas mãos! Ou falam tudo o que sabem ou cadeia. Há tempos venho enrolando a Central sobre alguns assuntos referentes a elas.

Todos voltam os olhares curiosos para elas:

– Estar bem, Rei já começou mesmo, somente queríamos lhes poupar, porém se insistem, Tsukishirou apresente-se. – ordena Yuè.

– Porque eu? E você? Eu sou tenente e você somente uma shinigami especial, tem que me obedecer.

– Eu sou mais velha e sua mestra. Agora como a educada e bela dama que és, obedeça-me e fale.

– Querida discorra logo, ou levaremos o dia inteiro aqui, temos outras responsabilidades esqueceste? – interpõe-se Juushirou.

– Hum?! É verdade, porém não é justo, somente por eu ser mais novas que todos. – contestou em vão, então iniciou: - os hollows que Rei verificou em Ugendou estavam procurando resquícios da essência de Órion e a localização do lugar em que ela morreu. Pois no momento que descobrissem o Reminiscência e tomassem posse dos utensílios certos, poderiam ir aos domínios de Apsu, que a mantém presa e assim o dominar e colocarem seus planos em pratica, os quais ainda nos são desconhecidos. Felizes agora? – senta-se brava.

– Agora começamos a nos entender tenente, e sobre o tomo e a mortalha? – indaga o Comandante.

– Eu, eu respondo, eu sei... – Rei levanta mãos feito criança.

– Não Rei, eu explico. – diz Chiharu levantando-se: - o Tomo sagrado ou Grimorium é uma coletânea de cânticos antigos, escritos pelos deuses nos primórdios da humanidade e unificados pelo deus-chacal Anupu, o regente de Tsuki-chan, devido aos seus efeitos devastadores e a corrupção do coração humano, esses feitiços também chamados de Cânticos Primeros, foram protegidos por encantamentos letais a seres inferiores aos deuses, somente eles e o avatar de Anupu o podem manipular. Para que outros o toquem era necessário o mais sagrados dos artefatos antigos, o santo sudário, que foi a mortalha que envolveu o corpo morto do Senhor e foi lavada pelo seu sangue imaculado, um tesouro com enorme poder de cura e proteção

– Mas o que custava nos informar desde o inicio? E onde estão o Grimorium e a Mortalha? – indaga Shunsui.

– A mortalha? Tsuki-chan destruiu com o forte inimigo e o... tenente onde estar o Grimorium? – responde Rei.

– Ukitake fêmea, você destruiu um artigo único na historia!

– A culpa não foi minha, foi da Kuchiki que não me informou da existência do Sudário. – defende-se irritada: - vocês querem ver o Grimorium? Tudo bem. Duamoutef venha cá garoto! – bate palmas.

Yuè corre escondendo-se na haori de Byakuya: - Tsukishirou! Avise-me quando chamar essa criatura! –grita.

Nesse momento um redemoinho de areia adentra a sala do nada e materializa um grande chacal, que entrega um embrulho de couro e fios de ouro para a morena, depois encara o nobre, que se assusta:

– Ukitake, porque este ser me afronta? – pergunta irritado.

– Pergunte para sua adorável companheira, talvez ela o revele tal fato. – responde entediada.

O nobre iria perguntar quando a alba diz: - ele me odeia, depois eu lhe digo e me avise quando ele for embora. Sussurra de dentro da haori, enquanto o nobre balança a cabeça com um meio sorriso.

– Este é o lendário Grimorium dos Cânticos Primeros. Quem quiser morrer, que o toque. – diz a morena o jogando sobre À mesa na direção dos outros taichous.

– Tsukishirou, tenha respeito pelo precioso... – Yuè cala ao ouvir os rosnados do chacal.

– E vocês querem que acreditemos que seus deuses são diferentes desse tal Apsu? – indaga Soi Fon.

– Agora eu respondo tenente... – interfere Rei: - mas é claro que são, Anupu, o grande deus dos mortos é também o deus do equilíbrio e da justiça, já Tezcatlipoca, o deus da morte é o deus da razão e retidão, são divindades benévolas diferentes de Apsu, o deus do caos e das trevas, que é um deus corrupto, coitadinha de Órion-chan ficara com o pior deles e sem o conhecer direito. Eles foram condenados a dividirem seus poderes com humanos por desobediência ao Criador, Como esse Mestre-hollow irmão de Sora-sama, a feiticeira do Hueco Mundo e mãe adotiva de Órion, não tiveram êxito com Yuè-chan e a tenente, querem a todo custo recuperar a alma de Órion e controlar o deus Apsu. Não é tão difícil de entender. –elucida a shinigami deixando a todos espantados.

– Rei, como você ficou sabendo de tudo isso? – pergunta Ukitake.

– Oras, eu ouvir a conversa de Kuchiki taichou e a tenente na Montanha da Neblina e somente após saber de tudo que tinha curiosidade foi que continuei no encalço dos hollows e eles me descobriram. – responde sem se dar conta do seu erro.

– Tsubaza! Como ousaste faltar ao respeito com teus superiores, esqueça sua condecoração, tu deverias ir presa. – responde o nobre irritado.

– Queeee...? gomen nasai! Foi por impulso da curiosidade. – chora. – Comandante, por acaso chegou por aqui algum shinigami com informações nossas? – indaga triste.

– Chegara hoje pela manhã, porém o dispensei, não era mais preciso o que ele sabia.

– Nossa, que incompetente. – analisa a shinigami.

– Rei! Nem todo mundo é mestre em shumpo ou tem o dom da teleportação, a montanha da Neblina fica a dias daqui, com certeza ele fizera o seu melhor, seja mais compreensiva com os demais, analise sua condição, veja o quanto você demorou para liberar sua shikai e nem o sabe utilizar direito. – a repreende o meigo taichou.

– Desculpe taichou, porém não precisava me chamar de atrasada. – baixa a cabeça triste.

– então dou a reunião como encerrada por hoje e exijo ser informado sobre qualquer atitude das damas aqui presente e seus companheiros. – anuncia Shunsui.

Assim que Tsukishirou entrega o Grimorium à Duamoutef e o dispensa, Yuè sai de dentro da haori do nobre e todos voltam aos seus afazeres normalmente, deixando um Comandante muito pensativo e já se encaminhando para a Central 46, sabendo que as duas jovens seriam alvo de investigações.

‘ aquela shinigami estabanada sabe de muita coisa e creio que nem tudo foi esclarecido, preciso ter uma conversa com ela!’ refletia certo taichou de olho em Rei.