Órion! The Clan Hope Kuchiki

Convivência: o cravo e a rosa!


Shouri estava dormindo profundamente, pois chovera a noite toda e o frio da manhã a estimulava a continuar na cama, bem fofa e quentinha. Não tivera mais febre desde quando acordara há uns dias atrás, sem ferimentos ou cicatrizes do confronto com seu pai, a velha Kenkai era eximia cuidadora e por aqueles dias esqueceram-se das brigas com o pai, as desavenças com a irmã, do seu posto no 8º bantai. Mergulhara fundo na historia da família Hakurei e aquele homem com quem tanto discutira, agora lhe era o maior confidente e sua admiração.

– Kuchiki-san, Hakurei-sama estar lhe esperando. – avisa uma criada do lado de fora aflita, já fazia isso varias vezes naquela manhã.

– Mas ainda é tão cedo e faz tanto frio! Diga que irei depois. – fala preguiçosamente.

– Senhora! Por favor, venha comigo, Hakurei-sama estar impaciente, ele não gosta se ser contrariado, fica furioso! - pedia a criada.

– Aiko, deixe-me dormir mais um pouco sim.

A criada fora dar a noticia meio receosa, porém encontrou o seu senhor no caminho.

– Ela não se levantou ainda, certo?

– Não senhor, estar frio lá fora e... o senhor imagina que é aquela sem... – Aiko é interrompida.

– Prepare um banho quente e roupas secas Aiko, deixe-a comigo. – avisa deixando a criada nervosa.

Aiko seguira as ordens do patrão e imaginou como seria o dia, sorrindo: - Com certeza o dia será de muita discussão hoje e chuvas de coisas voando! Porém não via meu senhor assim há muito tempo.

........

– Aiko eu já falei que ire..... Aaaaaaaa..... – grita Órion pulando da cama encharcada.

– Você sabe muito bem que detesto esperar, faz uma hora que Aiko vem chamá-la e você fica fazendo corpo-mole. – fala o nobre furioso com um balde na mão.

– Seu velho ordinário! Isso é jeito de tratar uma hospede, estar cedo ainda e faz frio, quer que eu pegue uma pneumonia? – grita jogando nele uma jarra que estava próxima.

– Uma hóspede não desagrada seu anfitrião e muito menos arranja essa balburdia em que você me meteu com o teu Clã, tornando-se minha noiva sem me consultar. Agora, você quer ou não aprender a usar o Kyudo? E do mesmo jeito, você não pega nem resfriado que dirá uma pneumonia.

– Seu insolente desprezível! – ela levanta-se furiosa, com a roupa colada ao corpo: - é por isso que você estar sozinho até hoje, porque nenhuma mulher em sã consciência te aceitaria, seu troglodita.

– Mas parece que você gosta do meu tipo, porque eu sou o único que continua vivo após irritá-la. Agora se aprece teremos um dia cheio.

A menina segue para o banheiro, furiosa, logo se senta à mesa para o desjejum, onde o nobre a esperava. Usava um kimono azul claro com motivos verde-mar como seus olhos, um palmo acima dos joelhos, e uma obe preta, com os caracóis presos em rabo de cavalo alto e a franja solta. Pegou uma maçã e pôs a comê-la sem encarar o homem à sua frente.

– Estás brava comigo?

Ela nada responde sequer o olha, continua mordendo a fruta e agora com raiva.

– Vais ignorar-me agora? – pergunta já irritado.

Ela apenas balança os ombros e já levanta-se: - Sumimasen! Gochisou sama deshita!

– Senta-te, não me farás tal desfeita Shouri!

Ela segue para a saída lateral: - Arigatoo, Itte kimasu! Sayounara Hakurei-sama!

– Para onde você vai Shouri? – indaga apreensivo.

– Para casa, mande-me as despesas.

– Você não sabe o caminho, estamos a dias do Seireitei e ainda não te ensinei a utilizar o Kyudo.

Não obteve respostas, a menina já se distanciava bem: - se eu evocar o Jibrail, a obaa me acha rapidamente e com ela vem o otou-sama furioso, deveras que eu não saiba onde estou, mas não volto para junto daquele homem idiota, retiro tudo o que pensei de bom dele.

......

– o Senhor não vai atrás dela? – pergunta Aiko preocupada: - logo irá chover.

– Ela volta. – responde olhando ao longe, apreensivo.

– Desculpe-me senhor, mas ela não irá voltar, ela ficou bastante magoada com sua atitude, nenhuma mulher gostaria de ser acordada assim.

– Shouri?! Magoada?! Difícil acreditar, é somente orgulho, tudo bem que exagerei, mas detesto ficar esperando e ser contrariado, você sabe bem disso. E além do mais, ela não cumpriu o que me disse de mostrar seus dotes domésticos, com certeza não os possui.

– Bem que ela disse que o senhor não repararia.

– Como assim Aiko?

– Ela tem ajudado na casa esses últimos dias e preparados o desjejum, o almoço e a janta. O senhor não reparou as receitas novas?!Mas hoje, ela não estava sentindo-se bem, deve ser aquela semana do mês. – fala a criada sem jeito.

Hakurei gela, ficando pálido e sem ação ao encarar a criada. Porém assim que a chuva cai e forte, desperta do seu transe e olha para fora nervoso, pois começava a trovejar, ele sabia da fobia da moça: - porque não me falaste isso mais cedo? Teria evitado esse desentendimento e de magoa-la. Droga! Meu Deus, será que ela sente cólicas?!Pegue uma capa agora, irei atrás dela.

–Parece que sim, ao que ela deixou escapar. – responde a criada.

......

Shouri agachou-se próxima a uma rocha sentia cólicas e desesperou-se com os trovões: - droga! Tinha que acontecer tudo hoje?! – chorava: - aquele idiota, vai morrer sozinho! E meus poderes que ainda não retornaram, meu estado físico em recuperação não ajuda muito, deve ser por isso as cólicas. Meu corpo ainda estar frágil. Eu...eu...eu te odeio Hakurei Mikaido... seu idiota, bruto... – chora.

– Vejam só, que belo espécime de fêmea! – grasna um ser atrás da morena que paralisa.

.....

– Shouriiii! Órionnn! Menina diz onde você estar, sei que você estar brava comigo, mas... mas... – Hakurei gritava a plenos pulmões, a chuva somente aumentava e os raios e trovões mais frequentes, já corria por alguns minutos, até desviar-se de um cero que partiu a arvore ao seu lado.

– Hadou nº 58, Tenran! – ouviu em seguida, reconheceu ser a voz de Órion.

Correu o mais rápido que pode, chegando lá viu a menina acuada em um canto, contra rochas, a chuva caía sem piedade, o hollow se aproximava vagarosamente da menina, apreciando o medo que ela exalava, Hakurei não pensou duas vezes:

– Toraiaru no tsuka! – uma avalanche de lâminas ardentes faz-se sobre o hollow, atingindo uma parte sua.

– Isso não ficará assim... vai ter volta desgraçado. – grita indo embora.

– Você estar bem? – pergunta se aproximando.

Ela levanta o rosto o encarando com os olhos marejados, ora de raiva, ora de medo, mas não levantou-se, continuou agachada, baixando o rosto novamente, agora chorava.

– Eu sei, que pergunta idiota eu fiz a vendo nesta situação. Venha, vamos voltar. – diz lhe cobrindo com a capa que trazia. Mas a menina continuou abaixada, dessa vez levou as mãos ao ventre e tremia: - Shouri?! O que foi?! – indaga nervoso, enquanto a morena desmaia, trazia um ferimento no flanco esquerdo e perdia sangue. – Shouriii....

.......

– Se acalme Kuchiki taichou, logo encontraremos a Órion-chan. Ela com certeza evocará seu mensageiro e assim a rastrearei. – era Yuè falando ao ver a preocupação do nobre encostando a cabeça em seu braço.

Estavam em uma encosta côncava, esperando o temporal cessar, junto estavam Rei e Renji. Byakuya a fita, mudando sua feição, antes sério e aflito, agora sereno e doce:

– Obrigado Yuè! – elucida o nobre capitão lhe acariciando o rosto.

– Hãã...! – abaixa o rosto vermelha, enquanto Rei sorrir do seu ato.

– Do que você estar sorrindo sua boba? – indaga Abarai

– Como você é desligado Renji, ainda por cima é ingênuo! – fala Rei com ares de superioridade.

– Órion?!!! – grita Chiharu com a mão no peito.

– O que foi Yuè?! – pergunta Byakuya aflito.

– Eu não sei, um pressentimento ruim. – chora a alba.

........

O temporal não cedeu, pelo contrario, intensificou-se ainda mais, transformando o dia em noite. Porém pela noite, na casa do nobre Hakurei, três pessoas velavam uma jovem, que dormia profundamente:

– Ela ficará boa Kenkai-baa-sama?

– Sim, meu senhor, mas deverá ter muito repouso. A menina estar naquela semana e com esse ferimento! Não foi profundo e não atingiu nenhum órgão, porém foi um pouco extenso. Sei que o senhor não estar acostumado a ser contrariado em sua casa, já estar habituado a viver só e ser obedecido à risca, mas esta é uma jovem mulher, e pertencente a um poderoso Clã.

– Eu sei que errei e temo que assim que Shouri melhorar fuja de mim. Eu a conheço o suficiente para afirmar que ela fará isso assim que possível.

– Então eu o aconselho a ser o mais paciente, doce e agradável dos homens e se retratar assim que ela acordar, pois no estado em que se encontrar é presa fácil para qualquer hollow ou coisa do tipo. Vá descansar meu senhor, eu e a senhora Aiko cuidamos dela.

– Sinto muito Kenkai-baa-sama, mas não arredarei daqui, até ela me falar todo o desaforo que guardou o dia todo, embora imagine que nada dirá. Deixando-me com a consciência pesada.

– A conhece tão bem assim, meu senhor?

– Mais do que ela própria imagina. – responde o nobre a fitando.

Quando amanheceu, as folhas das arvores ainda respingavam, o solo encharcado e nenhum canto de bicho, o céu ainda nublado e fazia frio. Alguém se remexia na cama lentamente, chamando a atenção de todos no quarto.

– Eu irei preparar uma boa refeição para Órion-san. – diz Aiko saindo do quarto.

– Eu irei preparar um banho quente de ervas medicinal. – elucida a curandeira levantando.

– Aiii... – diz Shouri sentando-se no futon um pouco zonza: - onde estou...

– É melhor ficares bem quietinha para não abrir o ferimento, Pequena.

– Hããã?! Porque me trouxe para cá novamente?

– Me perdoe?

– Nani?!

– Perdoe-me por meus atos grosseiros e insanos... eu não imaginei que a magoaria tanto e nem que você estava em seus...dias...e...

Ela fica vermelha e joga contra o nobre um copo, ele desvia, Shouri não controla as lágrimas.

– Eu perdi o costume de conviver com outras pessoas e ... não sei lidar com a desobediência, pois nunca meus criados o fizeram... porém isso não era desculpas de eu tê-la tratado daquela forma tão leviana, muito menos por estar em minha casa, eu desaprendi a lidar com o novo e... – as palavras não saiam. Ele sentou-se ao seu lado e a puxou para seus abraços, ela chorava: - estou preparado para ouvir tudo que disseres, até mesmo os insulto e ofensas, mas por favor, fale alguma coisa?

– Eu...eu quero ir para casa... – responde chorando.

– Imaginei ser isso que dirias, mas não posso deixá-la partir nessas condições. E sem desfazer essa imagem de monstro que formei em sua mente, sem me retratar devidamente com você. Sem agrade-la por sua doce companhia, eu feri seus sentimentos... – beija-lhe a testa.

– Estamos quites então, eu fazia o mesmo com o senhor antes.

– Nunca levei à serio aquelas provocações, para mim eram uma diversão, você só era uma criança, mas... agora é diferente, você é uma mulher... e tenho que ensiná-la a usar o Kyudo, destruirmos a maldita Sora. Fique comigo? – Hakurei pede apertando a abraço.

........

Em um descampado, coberto por gramas altas e flores do campo, com varias colinas ao longe e um céu azul intenso, colibris faziam festas entre as flores silvestres. No mesmo lugar, uma jovem dama perdia a paciência ao ouvir:

– Postura, postura Shouri! Focaliza seu alvo, reúna toda a energia espiritual que estiver a sua volta e molde a seta com sua reiatsu.

– Eu nem consigo curvar este maldito arco, que dirá moldar uma seta do nada! – vocifera a jovem o fitando com raiva, fazia uma semana aquela situação, sem nenhum êxito.

Órion inspirou profundamente e tentou mais uma vez encurvar o arco para retesá-lo, mas este lhe escapa das pequenas mãos, quase acertando o homem, que se enfurece, ela sorrir.

– Desastrada! Quantas vezes terei que mostrar-te que se faz desse jeito! – grita Hakurei pegando o arco, o encurvando e pondo sua corda: - Agora você absorve a energia dos seres à sua volta dessa forma. – atrai a energia em torno de si: - e com tua reiatsu molda uma flecha em tua mão direita, é parecido com o processo dos quinces. – explica lançando a flecha para o ar: - viu? Não tem mistério.

– Nossa?! Parece muito fácil! Então porque não fez isso antes? A dias somente fala, fala e não mostrava como fazer, seu sensei de nada.

– Ainda por cima é mal agradecida!

– Não seria, se você ensinasse corretamente. Dá-me isso. – toma o arco da mão dele;

Órion monta o arco com destreza e segue passo-a-passo a explicação de Hakurei, moldando uma seta com sua reiatsu a lança longe, destruindo uma colina.

– Agora só faltam quatro. – diz o homem sorrindo.

Shouri concentra-se novamente e atira três flechas consecutivas, no momento da quinta e ultima, a seta estava recém-formada, porém o arco ficara pesado, as mãos tremiam, ela ficou ofegante e suava frio, cambaleou, mas apoiou-se com a arma. As mãos doíam, estavam marcadas pela corda do arco.

– Eu jamais falei que seria fácil. Agora alinhe-se, falta apenas uma, de demorar mais um pouco deverar reiniciar todo o processo.

– Minhas mãos doem, meus braços tremem, eu não sei se...

Hakurei se aproxima dela, a levanta se posicionando atrás da morena: - Vamos, posição e postura. – ele apoia seus braços: - agora é com você, Pequena.

Shouri concentra-se mais uma vez, reunindo uma grande quantidade de energia espiritual, eleva sua reiatsu moldando uma seta bem maior que as outras, armando o arco.

– Você vê um pequeno brilho ao longe, acima da colina? – pergunta o homem serenamente.

– Sim, porém é quase impossível visualizá-lo direito.

– Quero que o acerte.

– Mas a esta distancia?

– Sim. Você possui dons inimagináveis Shouri, já que herdaste os poderes de Kuchiki Órion, apenas tente descobri-los.

– Órion concentra-se, apurando a visão, seus olhos de glaucos e doces passaram a ser agressivos e aquilinos. Ela visualizou a medalha no alto da conina e disparou a flecha, acertando o alvo, contudo a colina fora embora também.

– Eu... eu acertei!!! – pulava alegre.

– `Parabés! Agora evoque o Kyudo.

– Queeee?! Mas...

– Eu não disse que já havia terminado o teu treinamento. Seja breve, sim.

– Carrasco carniceiro!!! – grita com raiva, pois estava cansada, mas toma posição e libera: - Raitei no Kyudo, brilhe!!! – a luz ondulante toma forma de um arco, lembrando a técnica quince, ela arma uma flecha de luz, apontando-a para o nobre.

– Dispare-o, se é o que queres Criança.

– Falas isso, pois sabes que jamais o faria contra ti. – responde lançando ao céu, fazendo uma cascata de luz.

– E porque não o farias? – indaga o nobre.

– Hã?! Não é de sua conta. – responde vermelha.

– Se me envolve, diz-me respeito, porque não o farias?

– Porque temos que encontrar a maldita Sora. – responde sem jeito.

– Não é só isso, eu sei.

– Eu...eu... não quero ter que decepar minha mão para tirar o Kyudo se ficar viúva tão cedo. Pois ninguém me aceitará como esposa se eu continuar usando um símbolo da família Hakurei, então você me tem maior serventia vivo do que morto. – elucida atrapalhada e vermelha.

– Suas palavras dizem uma coisa e seus atos outra. Pensa que não sentir tua presença no meu quarto a duas noites?

– Hã?! É mentira, você deveria estar sonhando. O que eu faria a noite em teu quarto seu pervertido?!

– Se foi sonho, então este pente não é teu e muito menos caiu de teus cabelos naquela noite? – diz mostrando o pente de chou da menina, que fica sem ação. – Digo-te que se tivesses te aproximado um pouco mais naquele dia...

– O, o que o senhor fa-faria?! – indaga tremula levando as mãos ao rosto vermelha.

– A faria minha naquela noite. – responde sem titubear: - pena que você parou a um metro de minha cama, depois eu que tenho segundas intenções.

– Nyaahhhh.... – Órion cai dura no chão.