Águas Passadas

capítulo trinta e quatro


Os ninjas Lin kuei e os soldados das F. E. foram espalhados, fizeram as buscas por todo território do clã. Montanhas, vilarejo, matas e as glebas pertencentes ao palacete foram vasculhadas e nenhuma pista de Harumi. Hanzo não sairá do lugar onde estava a poça de água suspeita, Satoshi já havia sido entregue a uma criada para os cuidados necessários.

— O que você acha que aconteceu Hanzo? - perguntou Jacqui preocupada.

— Não me sai da cabeça que ela fora raptada pelo Rain. Essa poça... límpida e sem odor foi feita por ele, tenho certeza.

—Provavelmente deve ter levado para a Exoterra.

Sonya caminhava junto com Cassie, ambas com os celulares nas mãos em busca de novos resultados da busca. Jacqui foi ao encontro das duas e as alertou em tom preocupado:

— Harumi deve estar na Exoterra.

Cassie procurou o número de James Castle, ele ficara na Exoterra responsável das operações de lá. Antes de apertar o botão para iniciar a chamada Sonya segurou a mão da filha e disse a Jacqui:

— Como você tem tanta certeza?

— Há uma poça de água limpa próximo a porta do quarto de Harumi. Hanzo está lá.

A general disse a filha:

— Não ligue para Castle ainda.

As três foram para onde Hanzo estava. Ele estava abatido e não tirava os olhos da poça, deixava as lágrimas molharem o seu rosto. Kitana e Sub zero também estavam indo ao encontro, desolados ao saber do ocorrido. Sonya sentou-se ao lado do pai de Satoshi e perguntou a ele:

— Hanzo, você viu o Rain com sua esposa?

— Não, mas tenho certeza que esse rastro é dele. Ele levou minha esposa... só Deus sabe para onde... – dizendo isso caiu em prantos colocando as mãos no rosto.

Kitana segurou firme a mão do noivo e disse:

— Até quando Tanya permanecerá em tamanha maldade?

— Se eu a tivesse em minhas mãos... – disse Sub zero cerrando os punhos.

Kitana deu um puxão e disse brava:

— Já chega de violência, Kuai! Já sofremos demais com tantas mortes nesses últimos anos.

Sub zero deu um sorriso sem graça e disse:

— Me perdoe pelo excesso.

— Sim, agora vamos consolar o nosso amigo. É o que ele mais precisa nesse momento.

Cassie se dirigiu a mãe e perguntou:

— E então? Posso falar com Castle?

— Sim, diga que prepare a tropa, estamos a caminho.

***

Harumi permanecia imóvel, evitava olhar para a sua algoz que gritava insultos. Mileena e Rain estavam um de cada lado de Tanya apenas observando a japonesa ser injuriada. Em nenhum momento demonstravam compaixão. Harumi olhava para Rain com um olhar de súplica, pensava que pelo tempo que trabalhavam juntos havia se formado uma amizade - ledo engano. Ele demonstrava apenas sarcasmo.

Tanya parou com a chuva de insultos sobre sua arqui-inimiga e disse aos seus companheiros:

— Procurem pistas se há alguém atrás de nós – ao terminar de dizer isso ela entregou um rádio comunicador que conseguira roubar na época que ficou no acampamento das F.E. – e qualquer coisa me avise. Agora vão, enquanto eu ponho um fim nessa florzinha.

Harumi apenas encostou a cabeça na parede, suplicando a Deus que o socorro viesse logo. Os dois saíram e as duas ficaram sozinhas no cômodo. Tanya puxou os negros cabelos de Harumi fazendo com que ela desse um tranco para trás. Com dificuldade a edeniana abaixou-se onde Harumi estava e disse quase cuspindo no rosto dela:

— Cadela! Você roubou o que é meu!

— Hanzo nunca foi propriedade sua! Ele nunca te amou!

Tanya soltou um grito de ódio, sentiu o feto chutar seu ventre com tamanha força, ignorou. Pegou uma adaga que estava junto ao seu corpo, encostou no pescoço de Harumi e disse:

— Esse é o seu fim! Diga adeus para esse mundo! Agora ninguém irá te salvar...

De repente as duas sentiram o chão molhado, Harumi ao ver o vestido de Tanya todo molhado disse com espanto:

— Sua bolsa estourou!

***

Mileena e Rain caminhavam em busca de pistas de algum soldado da F.E., mas sem sucesso. Já estavam alguns quilômetros longe do lugar de onde partira, o tele transporte os ajudava a ir mais longe. A tarkatana perguntou:

— E ai? Viu algo?

— Nada! Tanya acha que vamos nos safar de sermos capturados pela F.E.

— Somos forte, Rain!

— Mas estamos apenas em dois... e pensar que posso passar o resto dos meus dias trancafiado numa prisão de metahumanos...

— Vai dar pra trás agora? Acho que é um pouco tarde para isso...

Mileena não conseguiu terminar de falar, sentiu que fora atingida por algo, caiu no chão de barriga para baixo. Ela tinha sido atingida por um dardo tranquilizante. Rain entrou em desespero, quando ia chamar Tanya no rádio sentiu a ponta de sento de Kenshi em seu peito. Trêmulo em sinal de rendição disse ao espadachim:

— Eu me rendo!

Johnny pegou o rádio que estava nas mãos de Rain e disse:

— Bem que eu sabia que estava faltando um rádio no estoque!

Enquanto alguns soldados pegavam o corpo de Mileena desmaiado e colocava no caminhão, outros prendiam Rain com uma algema especial capaz de neutralizar os superpoderes. Sonya aproximou-se de Rain e perguntou:

— Onde está Tanya e Harumi?

Rain abaixou a cabeça e disse:

— Para o oeste!

— Você irá nos acompanhar no caminhão!

— O caminho é muito ruim...

— Nossos veículos são preparados, agora vamos!

Todos entraram no caminhão especial e seguiram uma estrada de terra que dava para a direção oeste. Ao redor da estrada havia vários campos e plantações.

***

Já era noite, Tanya já havia entrado em trabalho de parto fazia quatro horas. Harumi tinha certa experiência com tais trabalhos, aprendera o oficio com sua mãe que fora uma das melhores parteiras da região. Tanya suava e estava em desespero com tamanha dor e Harumi fazia o possível para tentar salvar a vida tanto dela como o do bebê. A cabeça do bebê começava a sair e Harumi disse:

—Você estácnseguindo, Tanya! Força, mais um pouco!

— Eu não consigo! Eu vou morrer!

— Não vai! Concentre-se! Força! Força!

Tanya já sentia suas forças se exaurindo e começou a chorar. Harumi foi até ela e disse:

— Só mais um pouco. Já assisti partos mais difíceis! Preciso que você faça uma grande força!

Tanya fez sinal positivo com a cabeça. Harumi voltou ao seu posto e gritou:

— Força!

A edeniana deu um grande grito, fez tamanha força quase levantando o tronco, ao ouvir o choro do bebê deitou-se e chorou colocando as mãos no rosto. Harumi segurou a criança delicadamente e disse com lágrimas de emoção:

—É uma menina!

Harumi conseguiu rasgar um pouco da saia de seu vestido e cobriu a criança. Levou-a para que Tanya a pudesse ver. A edeniana a viu e sorriu, sua visão começou a ficar turva e Harumi perguntou preocupada:

— O que houve?

— Estou vendo como nuvens brancas...

De repente o rádio que estava com Tanya começou a reproduzir uma voz conhecida, Harumi deixou a pequena nos braços de Tanya e foi buscar o rádio. Voltou para onde estava e ouviu a voz de Sonya:

— Alguém na escuta?

— Sim, é Harumi!

Todos comemoraram do outro lado. Sonya perguntou:

— Como você está?

— Estou bem! Acabei de fazer o parto da Tanya!

— Meu Deus! E como ela está?

— Ela perdeu muito sangue! Está com a visão turva... Vocês estão com um médico aí?

— Dra. Bonnie está conosco. Rain está nos guiando.

— Venha rápido!

— Ok! Sonya desligando.

Harumi voltou-se para Tanya que estava deitada quase dormindo, a criança estava apoiada em seus braços. A japonesa tirou a criança de onde estava e colocou nos seus braços e disse a Tanya:

— Já está vindo um médico para te ajudar. Não durma agora.

Tanya puxou o vestido de Harumi e disse com voz fraca:

— Não precisarei de médico. Não vingarei...

— Não diga uma coisa dessas... Quem irá cuidar dela?

— Você irá dar ela a uma família que a mereça. Não irei vê-la crescer.

— Por favor, Tanya! Você precisa viver

Tanya deu um sorriso e disse:

— Mesmo eu sendo tão má contigo... Você nunca deixou sua bondade desaparecer para mim. Sou grata por você me ensinar isso... Espero que minha filha seja como você.

Harumi sentiu que Tanya não ia sobreviver e deixou algumas lágrimas caírem. Tanya continuou:

— Você está chorando por mim? Tens tantos motivos para querer minha morte...

— A vingança sempre nos castiga.

— Então posso dizer que você me perdoou por tantas atrocidades que cometi?

Harumi fez um sinal positivo com a cabeça. Tanya olhou mais uma vez para sua filha e disse:

— Mamãe sempre te amou.

Dizendo isso pendeu a cabeça para o lado e expirou. Harumi abraçou a criança e chorou soluçando.

A porta abriu-se de repente. Sonya e sua equipe estavam na porta e entrou, vendo aquela cena pôs a mão na boca e já entendeu o que acontecera. Disse com lágrimas nos olhos:

— Tarde demais.

Dr. Bonnie foi junto ao corpo de Tanya, abriu sua mala, tirou uma tesoura e cortou o cordão umbilical do bebê. Chamou um enfermeiro, ele veio e pegou a criança levando-a para o caminhão para receber os cuidados. Bonnie olhou o sangue em volta da parte inferior de Tanya e logo diagnosticou:

— Ela perdeu sangue demais.

Harumi disse com voz embargada:

— O parto foi muito difícil... muito difícil.

Kenshi foi ao encontro de Harumi e a abraçou dizendo:

— Vai ficar tudo bem. Acabou. Acabou.

— Onde está Hanzo? Onde está?

— Está no Lin Kuei como o deixaste.

***

Hanzo chorou emocionado ao ver sua esposa sã e salva. A abraçou com força e lhe deu um beijo apaixonado. Todos aplaudiram felizes e emocionados com aquela cena. Em seguida Hanzo perguntou a Kenshi que estava próximo:

— E o filho de Tanya?

— É uma menina. Kuai providenciou uma ama de leite para que a amamentasse.

— Quero vê-la - virou-se para Harumi – se minha esposa não se importar.

— Sem problemas – disse Harumi.

Os três foram em direção ao local onde estava a recém-nascida. Ao chegar lá Cassie a segurava-a contemplando seus traços pequenos e frágeis, Johnny estava ao lado contemplando-a também.

Ao notar a presença deles Cassie disse:

— Quando a vi já amei. Minha irmã que nunca tive.

Johnny olhou para Hanzo e disse:

— Vou tentar adotá-la

Hanzo sorriu, Harumi disse:

— Precisamos leva-la a Rain, ele precisa ver a criança.

— Sonya irá levar assim que amanhecer.

E assim se fez.

De manhã Sonya, Harumi e Kenshi levaram a criança para onde o pai dela estava, em uma prisão recém-construída para metahumanos na base das F.E. nos Estados Unidos. Os cientistas que estavam próximos à cela fizeram continência quando a general e os demais passaram. Chegaram logo na cela onde Rain estava depois de duas grandes portas de aço e chumbo se abrirem. Ele estava dentro de uma cela de vidro especial sentado no chão olhando para o alto, vestia um uniforme cinza de detento das F.E., ao perceber a presença dos dois se levantou e ficou colado no vidro. Sonya se aproximou dele junto com Kenshi e Harumi e disse:

— Rain, eu vim lhe mostrar sua filha.

— Filha... minha filha... – disse Rain em lágrimas – e Tanya? Onde ela está?

Kenshi deu um passo à frente e disse:

— O parto foi difícil e... Tanya não resistiu.

Rain deu um murro no vidro encostou a testa nele e chorou, Kenshi disse:

— Eu sei que você a amou muito, mas essa paixão te cegou deixando com que você atentasse contra a vida daqueles que te queriam tão bem.

— Se eu pudesse... voltar no tempo...

Harumi se aproximou com a pequena nos braços, chamou Rain. Ao ver o bebê Rain sentiu novamente uma comoção e disse com voz embargada:

— Minha menina... Minha florzinha no deserto...

Sonya pediu que Harumi se afastasse e ela o fez. Disse a Rain:

— A traremos regularmente.

Os três já iam se retirando quando Rain chamou a general, esta voltou e perguntou:

— O que quer?

— Fique com ela, por favor! Não negue esse pedido.

Sonya olhou para a criança e sentiu uma enorme compaixão. Havia pensado nessa possibilidade, mas deixara passar. Rain suplicou:

— Por favor, general! Confio-a ti!

Blade relutou em seu intimo por alguns minutos, mas finalmente assentiu.

***

Passou-se quinze dias.

A festa de casamento de Sub zero e Kitana finalmente estava se concretizando. Todos estavam entretidos com as músicas e as danças, diversos tipos de comidas e bebidas podiam ser apreciadas. Kitana estava com um vestido branco de uma simplicidade sem par conversava alegremente com algumas aldeãs quando foi surpreendida com dois convidados que ela nunca esperaria naquele momento tão especial de sua vida. Sub zero estava com Jade e Kung Lao ao seu lado. Jade disse com voz doce:

— Como você está linda, princesa!

Kitana deu um grito de emoção e abraçou a amiga que a tanto tempo não via. Em seguida abraçou Kung Lao. A princesa disse:

— Como é bom vê-los com vida!

Hanzo se levantou da mesa de onde estava e bradou:

— Viva o retorno dos nossos queridos guerreiros!

E todos gritaram:

— Viva!

E uma ovação alegre podia-se ouvir daquele jardim que estava tão florido e cheio de festa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.