À procura de Alguém

Só me resta esperar...


Comecei a me debater, mas isso só fazia ele rir e adiantava nada, então eu parei.

— Você ssssabe muito bem que eu posssso explodir, né? — Ameacei.

— Sssei ssim, mass duvído. — Ele me provocou.

Que raiva! Não se pode fazer isso com um Creeper! A menos que quer ser explodido.

— Agora eu te mato! — Gritei.

Me chacoalhei até conseguir sair do colo dele. Pisei no chão e meu tornozelo já começou a doer, porém, nem liguei para isso, porque agora o mais importante é bater no Zombie.

— Sssssseu imbecil! Nunca faça isssssso com um Creeper. — Comecei a dar tapas nele. Já estou começando a puxar os "s" demais...

— C-Calma... — Agora ele parecia mais sério.

— Como eu posssssso ficar calma ssssse você fica me zoando e me irritando toda hora? — Senti meu corpo começar a inflar.

— Eu te irrito... porque gosto de você.

Comecei a desinflar... mas que Herobrines?!

— Ora sseu... — Me virei de costas para o Zazu — ...Fique sssabendo que eu ssó não explodi, porque lembrei que tenho coisass para fazer.

— Tipo o quê? — Perguntou o Zombie com provavelmente um sorriso de canto.

''Tipo... FICAR COM O SPIDER! NHAHAHAHAHA!'' Eu queria falar isso, mas na verdade...

— Tipo... Argh! Não é da sua conta! — Me virei e fui pisando forte de volta para a caverna, mesmo com meu tornozelo tilintando de dor.

— Se realmente não quer ajuda, só vou avisando que vai sofrer as consequências depois, hehe. — O Zombie disse com um sorriso de canto mais forte.

— Você é idiota ou o quê? — Falei irritada.

— Eu sou "o quê". – Disse ele.

Levei a mão até a testa que nem a Ender... Hum... Ender? Caramba, eu me esqueci dela! Mas agora eu tenho que cuidar do meu tornozelo...

Mal cheguei naquela planíce de neve, e dois seres extremamente preocupados vieram para cima de mim.

— Aonde Notchsss você sse meteu, guria?! — O Creeper disse quase cuspindo na minha cara.

— Cupa! Pensei que você não iria voltar! — Spider disso com um sorriso.

O Spider está preocupado comigo?! Foi isso mesmo que eu ouvi?! Fui até as nuvens com isso, até que...

— Seria bom se você não tivesse voltado... — O Spider murmurou baixo, já indo fazer outro boneco de neve.

O-O quê?... Por que você falou isso Spider...?

Fui andando (mancando) lentamente para a entrada da caverna, de cabeça baixa, quando ouço um certo Creeper com raiva, e depois um certo zumbi rindo.

— Ora sssseu...! — O Creeper acaba dando uma voadora no Spider, que cai no chão branco. Logo depois ele vai pisando forte até um montinho de neve, e lá se senta resmungando algo.

— Viu no que dá chutar o boneco de neve dos outros? — O Zazu ficou rindo por um bom tempo.

Fui em direção ao Creeper, o Spider já tinha se levantando e estava limpando a neve de suas roupas.

— Porque você agrediu o Ssspider?! — Disse com um pouco de raiva. Bem... eu sei que ele falou aquilo, mas sei lá...

— Ele chutou meu boneco de neve! — Respondeu o Creeper, já começando a fazer outro boneco daquela substância branca.

— Por que ele faria algo dessse tipo? — Perguntei um pouco mais calma.

— Pergunta pra ele. — Ele respondeu se levantando para pegar uma cenoura pro nariz do boneco. — Outra coisa, porque você esstá mancando?

— Torci o tornozelo, nada de maiss. — Respondi já indo em direção ao Spider.

— Pode até parecer não sser nada de maisss, mass vai piorar sse você ficar andando por aí. — Disse o Creeper, caçando alguns carvões que se perderam no meio da neve.

Nem liguei muito para o que o Creeper disse, estava focada em falar com o Spider, que agora estava tirando neve do cabelo. Por Notch, como ele consegue ser tão sexy tirando a neve do cabelo?

— Ei, Ssspider! Me Ressponde uma coisa? — Perguntei lutando para não fazer coisas inapropiadas (como dar um soco na fuça dele por ter falado aquilo para mim).

— Pode falar. — Ele disse se virando para mim.

— Porque você chutou o boneco de neve do Creeper? Ele esstá bravo com você. — Disse fazendo uma expressão mais brava...

— Então... Isso tem a ver com aquilo que eu tinha murmurado, sabe? Acho que você acabou escutando pela a reação que você fez. — Ele disse colocando a mão na nuca.

— Sseria melhor sse eu não voltassse? — Perguntei virando a cabeça para a esquerda, igual os lobinhos quando vêem carne.

— Sim... Eu tinha falado isso, porque aquele boneco de neve que o Creeper estava fazendo era pra ser você... mas ele ficou meio ''estranho'', e se você não tivesse vindo eu ia ter falado pro Creeper ter refeito o boneco, mas não deu tempo. Espero que você não tenha entendido errado o que eu disse. — O Spider deu um sorriso.

— Que bom! Eu já tava achando que você não gosstava maisss de mim! —Disse com um sorriso de orelha a orelha.

— Eu tinha dito aquilo sem pensar, haha. — Ele soltou um riso com um tom de ''preocupado''.

Eu preciso me aproveitar disso, mas como... Já sei! Hehehe...

— Agora que eu já sei a verdade, vou indo lá para a caverna, até mais! — Dei dois passos e no terceiro eu dei um grito meio baixo — Ai!

— Cupa! Seu tornozelo... — O Spider disse meio preocupado.

Está dando certo, hehe.

— Bem que o Creeper me dissse que eu não deveria ficar andando por aí dessse jeito... Ai! — Toquei o pé no chão de propósito.

— Você não pode ficar andando por aí, eu te levo até a caverna. — O Spider botou meu braço em seu ombro e me segurou com seu outro braço, igual o que o Zombie fez comigo. Droga.

Dei dois passos e reclamei.

— A-Ai. Asssim ainda dói.

— Levanta o seu pé e vai pulando. — What? Quase que eu ri, mas beleza.

Tentei fazer o que ele disse, deu até que certo, mas eu fingi pisar em falso.

— I-Issso é difícil... Você não pode me carregar? — Fui direta mesmo. O pior que ele pode fazer é dizer ''não''.

Ele me olhou por curtos segundos e depois soltou uma risada.

— Tudo bem. — Ele me segurou no colo e foi em direção a caverna.

Não acredito que deu certo! KYAH! Me possua Spider!

– O-Obrigada... – Disse com um pouco de dor falsa.

Ele me levou até a caverna e me colocou sentada no chão.

— É Melhor você ficar sentada aqui, até seu tornozelo melhorar. Se quiser eu posso te trazer alguma coisa para você comer ou para te esquentar. — Disse o Spider se virando para a saída.

Calma lá Spider, você não precisa trazer nada, para me esquentar eu tenho você e para me alimentar, bem... eu tenho você, hehe...

— Não precissa, eu esstou bem. Obrigada. — Disse com um sorriso meigo (pelo menos eu acho...).

— Ér... eu vou chamar os outros, tá? — Ele falou. Maldição! Fique aqui comigo.

— Ah... ok. — Tirei meu capuz e passei a mão pelo cabelo.

O Spider se virou e foi para fora. Parece que o meu charme não deu muito certo... Será que ele gosta do meu cabelo? Ou será que ele prefere o da Ender? O dela é bem diferente do meu. Ele é grande, castanho e volumoso. O meu é curto e loiro... É claro que o Spider prefere o meu!

Os três chegaram na caverna enquanto eu estava massageando o meu tornozelo. Ter andando não foi uma boa ideia.

— Você está bem? — Perguntou o Zombie.

— Essstava melhor antess. — Respondi, ele fechou a cara.

— Bem... eu vou ver aonde a Ender está. — Falou o Spider.

— Ela sssaiu enquanto nóss esstávamos brincando na neve. — Respondi rapidamente.

— Como assim? — Perguntou o Spider.

— Eu a vi saindo. É por isso que eu fui correndo para a floresta.

— Ah... Então acho que ela foi procurar comida... — Constatou ele, ignorando meu ato heroico.

— Em falar em comida... minha barriga esstá roncando. — Reclamou o Creeper, com as mãos na barriga. — ... Ah! Me lembrei das duas mochilas que a Ender pegou de humanos! — O Creeper foi procurar a parada.

Os outros dois se sentaram no chão.

— Hey, Spider, aonde você comprou seu casaco? Eu preciso comprar umas roupas novas para mim.

— Foi em uma loja perto do deserto, tem que andar um pouco para chegar lá.

Hum... não estou gostando dessa amizade deles dois.

— Provavelmente ele vai acabar ssse perdendo no caminho... — Murmurei.

— É bem longe. — Falou o Zombie, fazendo uma cara de irritação. Provavelmente ele escutou o que eu disse.

— Qualquer dia eu te levo lá. — Sorriu o Spider.

— Achei! — Comemorou o Creeper, segurando as duas mochilas. — Agora vejamos o que tem... — Ele abriu-as e foi tirando as coisas de dentro.

— Quanta tralha os humanos carregam. — Comentou o morto-vivo.

— Hum... aqui. Tem um frango, um pão e doiss pedaçoss de carne.

Peguei o frango antes dos outros e já comecei a comer. O Zombie pegou um pedaço de carne e analisou.

— Isso... É CARNE DE ZUMBI! — E logo soltou. Está na hora de tirar onda da cara dele.

— Sssério? — Peguei a carne e fingi que ia comer ela.

— Não faz isso! — Exclamou o Zombie, desesperado.

— Esse negócio deve esstar cheio de bactériass. — Falou o Creeper.

— Ei! — Reclamou o Zombie.

— Ué, mass não é verdade?

— Calma, eu não vou comer isso. — Escutei o suspiro de alívio do Zombie. Esperei um pouco e... mordi aquilo. — Não é tão ruím.

Notei as caras de negação do Creeper e do meu futuro namorado (tenho que esperar um pouco, né?), mas valeu a pena só de ver o Zombie espantado.

— Isso poderia ser algum parente meu. — Falou o Zombie ainda em choque.

— Que pena. — Mordi de novo só para provocar ele.

— Eu não vou ficar aqui vendo isso. — Ele pegou o pão, se levantou e se afastou um pouco.

— ... Quanta fome você tem... — Falou o Creeper, tentando quebrar o clima.

— Eu vou falar com ele. — Disse o Spider, indo atrás daquele chorão.

Me encostei na parede e fiquei olhando o nada, enquanto terminava de comer o frango. O Creeper nem tentava puxar assunto. Quando terminei, repousei a minha cabeça sobre meus joelhos, mas deu menos de cinco minutos que eu já levantei o pescoço, não consigo ficar muito tempo assim, fica muito abafado.

— Hey, Cree... — Ia tentar puxar assunto com ele, mas... o maldito não estava do meu lado! Ele foi se sentar com os outros quando eu estava distraída! Eu não ligo, não precisava mesmo dele...

A conversa dos três ficava cada vez mais alta, com risadas, soquinhos nos ombros, tapas nas costas e essas coisas. Hunf, garotos. Queria que a Ender estivesse aqui, o que será que ela deve estar fazendo?

— Conta, Zombie! — Escutei a voz do baixinho... pensando bem, eu sou maior que o Creeper?

— Está bem. Em um dia, eu fui encontrar meus tios na casa deles, porque era aniversário de uma prima minha... — Começou o Zombie.

Do que eles estavam falando? Só de escutar o chato do Zombie me dá sono. Fechei meus olhos lentamente...

(...)

— Cupa! Cupa! — Escutei alguém me chamando.

— Ah, Creeper. O que você quer? — Cocei os olhos.

— O Ssspider sssumiu!

— Como asssim? — Por quanto tempo eu dormi?

— Eu não sssei.

— Como assim você não ssabe, criatura? — Olhei em volta. — E o Zombie?

— O que tem ele? — Perguntou o Creeper, com cara de dúvida.

— Ele ssumiu também?

— Ah é, ele desapareceu também. — O tom de voz do Creeper ficou meio despreocupado.

— Aonde foi que...

— Chega de perguntass! Vamoss procurar o Sspider!

— Aonde você pretende procurar eless, Creeper? — Perguntei.

— Não ssei, mass é melhor do que ficar parado aqui. — Falou ele, sem um pingo de paciência.

Ele começou a me levar algum lado da caverna, procurando os sumidos. Cara... o que a Ender faria em uma hora dessas? Vamos, pensa Cupa...

— Primeiro você tem que ficar calmo, sssair correndo desesperado não vai ajudar em nada! — Bem... acho que a Ender falaria algo do tipo para tentar acalmar ele, mas acho que eu acabei falando muito alto.

— Me pedir para ficar calmo? — Ele parou de andar. — Pelo menoss eu essstou preocupado com oss meuss amigoss! — É... parece que não deu certo. Quer saber? Eu vou fazer do MEU jeito!

— E você acha que eu não essstou preocupada com elesss? Creeper, você para pra pensssar nasss coisass que você diz? — Percebi que meu corpo estava inflando, então eu respirei fundo e esperei alguns sengundos.

— Ahm... d-dessculpa.

— Você acha que dessculpass oss trazem de volta? E agora que eu esstava me dando melhor com o Sspider... ele ssome do nada e você ssimplessmente deixa! — Vi que o Creeper ficou irritado.

— Você penssa que eu queria que eless desaparecesssem? — O Creeper... está diferente, bem diferente. — Agh, eu não conssigo te entender, Cupa. Eu não vou perder o meu tempo com você.

O Creeper se virou e foi embora. Senti algo dentro do meu casaco. Abri o zíper... MINHAS TNT's ESTÃO ACESAS. Eu sempre as carreguei para algum momento de emergência, mas nunca pensei que elas iriam acender do nada.

— CORRE! — Gritei.

Eu estou muito irritada com o Creeper, mas não quero acabar matando ele.

Peguei o máximo dos explosivos com a mão e mirei para o lado contrário do Creeper para jogar. Mas... elas... elas não saem da minha mão?

— DROGA! — Gritei novamente.

Comecei a chacoalhar as mãos, mas os explosivos não saiam de jeito nenhum... Escorreu algumas lágrimas dos meus olhos.

Agora... só me resta esperar para ver como é o Nether...