Que chefe?

POV's Cupa

Tornando de volta o silêncio após o Spider desaparecer em uma dança maluca e envolvente, Ender desabou no chão.

Eu, fiquei parada tentando raciocinar o que acabou de ocorrer. Não sei se faço uma piada, debocho ou rio.

Cheguei perto da Ender, e parei-me na frente da mesma.

— Poxa, não sssabia que você tinha essse talento para cantar rap.

Ela ficou um segundo fitando o chão, depois virou-se para mim e deu um sorriso torto.

— Heh. — Ela suspirou.

— Bem, — Alonguei meus braços— não vamoss acompanhar eless nessse ritmo. — Estendi meu braço para ela e a mesma subiu.

— E o Spider? — Ela perguntou.

— Ué, ele que foi embora, ele que ssse vire.

— ...

Continuamos a andar, sem o Spider. Só Notch sabe aonde ele foi, e não estou nada a fim de procurar.

(...)

— Eeeendeeeer...

— Que foi?

— Me carrega? — Perguntei.

— Não andamos nem cinco minutos, criatura. — Respondeu ela.

— Mass...

— Nada de ''mas''! Você fala isso, porque ninguém nunca te forçou a fazer algo cansativo, né?

— S-Ssim... — Abaixei a cabeça.

— Então, você consegue bem mais do que isso, você não faz o seu máximo. Só precisa de alguém para te dar um empurrãozinho, e, eu vou ser esse alguém.

— Que bonito da sssua parte, E... — Antes de eu terminar de falar, Ender subiu nas minhas costas.

— Aiô, Cupa! — Ela gritou, em cima de mim.

— Mass que Herobriness é issso? — Reclamei.

— Com um peso a mais, o seu esforço é maior, assim sendo, quando você precisar somente andar, vai ser mais fácil. — Ela explicou.

— Aí eu vou ficar cansada maisss rápido.

— Ah, então quer dizer que você é uma fracote? Vai desistir?

— A-Ha, você esstá me desafiando? — Perguntei.

— Uhum. — Ela respondeu, apoiando os braços na minha cabeça.

— Ok, desafio aceito! — Dei um pulinho para ajeitar ela nas minhas costas — Nossssa, quanto você pesa? Doiss quiloss? Mano, você é um palito.

— Shiu, vamos continuar.

Fui caminhando com um sorriso abobado no rosto. Acho que a Ender é uma das únicas pessoas que conseguem me tirar um sorriso de criança hoje em dia.

O tempo parecia estar passando rápido, com a Ender nas minhas costas batucando a minha cabeça. De vez em quando se escutava um barulho de esqueleto ou de zumbi. Eu gostava de pular de repente e correr em zigue-zague só para irritar a Ender, mas dava para perceber que ela também se divertia com isso.

— Olha! — Ender esticou o braço e apontou para uma entrada de pedra que estava desgastada.

Deixei ela no chão quando cruzamos a entrada.

— Bem, vamos entrar, acharemos os outros lá dentro.

— Não acha melhor nós voltarmos e procurar osss outrosss antess de entrar? — Perguntei.

— Nah. — Ela deu um tapa no ar — Vamos sem eles, aposto que eles já entraram.

Ender pegou uma tocha e me entregou.

— Não vai precisar de uma? — Perguntei.

— Não, eu posso iluminar o caminho com as minhas auras. — Respondeu ela, expandindo as auras roxas para os lados.

— Essses trecoss ssão tão legaiss.

— O quê? — Perguntou.

— Ass ssuass aurass — Tentei pegar uma com a mão, mas a mesma escapou — Eu queria ter issso...

— Bem, eu queria ser menor — Ela falou.

— Mass você não é tão alta... — Olhei para ela. A Ender parecia estar bem maior e assutadora agora por alguma razão. Senti um arrepio percorrer no meu corpo.

Virei-me rapidamente para frente e esfreguei os olhos.

— Aconteceu alguma coisa, Cupa? Você ficou pálida de um momento para o outro. — Olhei novamente para ela. Agora ela estava normal... Isso deve ser magia daquela bruxa lá...

— Nada. — Balancei a cabeça — Vamoss achar oss outross...

Enquanto andava, eu olhava para os lados para verificar se tinha alguém. Eu estou com uma sensação estranha de que algo está me observando... Admito que estou ficando com medo...

Percebi que a Ender estava tentando pegar uma aura dela, quando conseguiu ela se virou para mim e sorriu, tirando totalmente meu medo. Será que a Ender é uma bruxa também?

Segurei em sua mão e comecei a dar passos maiores e mais firmes.

— Com esssa velocidade, a gente não vai achar ninguém.

Demos passos com maior style. Até que nos deparamos com uma livraria imensa.

— Wooow... — Ender ficou maravilhada com a quantidade de livros. — Podemos dar uma paradinha aqui? — Perguntou segurando as duas mãos contra o peito, um sorriso enorme e com os olhos brilhando.

— Claro. — Quem poderia dizer não à ela?

Ela me deu um abraço e saiu saltitando entre as prateleiras.

Fiquei observando ela com um sorriso, até que algo me chamou a atenção: uma bancada com um pequeno livro verde e uma pena. Somente isso. Peguei o mesmo para ver o que se tratava, mas ele não abria, tinha uma fechadura. Olhei para os lados para ver se tinha alguém (vai que essa biblioteca tem dono) e botei no bolso do casaco.

Percebi que uma aura da Ender vagava em minha direção.

— Desssa vez eu te pego — Cochichei para mim mesma.

Fiquei tentando pegar aquela partícula roxa, até que percebo que parei em frente a um corredorzinho com dois pares de olhos roxos e um par de olhos amarelos brilhando. O-Oh...

Botei a tocha para frente para ver melhor se eu não estava ficando maluca... e, eu não estava ficando maluca mesma. São dois Endermans e... a bruxa! Caramba, aqui parece que a Ender não é a única da espécie dela aqui...

— Ah, eaí, Cupa? — Falou ela tranquilamente, com um sorriso amarelo.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei assustada.

— Estamos só... sabe como é... limpando a... parede. — Ela se encostou na parede fingindo estar limpando. A mesma percebeu que os outros dois continuavam parados e cutucou eles com o cotovelo para disfarçarem.

Parei para observar melhor os outros. Eles são bem maiores que a bruxa. Até que ela parece ter minha altura.

— Aham, sei, senta lá, Bruxa. Me engana que eu gossto.

— Quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não sou bruxa, menina? É o meu trabalho... Hunf!

— Tá, tá. Tanto faz, mass eu não quero você perto de mim, nem dos meuss amigosss. Fale o que realmente você veio fazer aqui.

— E o que você vai fazer? Acho que nada.

Cruzei os braços e olhei para ela com o meu olhar mais desconfortante comecei a resmungar. Vi que os dois Endermans taparam os ouvidos com as mãos.

— Para, você é muito chata, sabia? — Ela reclamou.

— Então me ressponda. Por que você atráss de mim?

— Na verdade, estou atrás do Creeper e da Ender.

— Hunf, então, por que você quer o Creeper e a Ender? — Perguntei com raiva.

— Porque preciso de jovens e puras almas apaixonadas. — Ela respondeu.

— E por que não poderia ssser eu? Você esstá insinuando que eu não sssou jovem?! — Me irritei.

— Só pelo fato de você se importar mais com ''jovem'' ao invés de ''pura'' e ''apaixonada'' eu já não iria te escolher.

— Hmm, vai deixar? — Um dos Endermans falou.

— AAAi, depois dessa eu me matava. — O outro Enderman falou.

A bruxa deu uma risada e deu um tapinha em cada um.

— Bem, vou indo, já que um certo alguém descobriu meu esconderijo. — Ela olhou para mim com frieza e retribui — Mas não tem problema, meu chefe disse que vai dar uma passadinha aqui.