À procura de Alguém

Não foi apenas um acidente...


POV's Spider

Ainda não acredito no que aconteceu... Quando nós estávamos na montanha, eu fiquei enrolado com as palavras, mas assim mesmo beijei a sua bochecha. No lago, tinha ficado totalmente perdido em meus pensamentos, enquanto lavava o cachecol de Ender.

Lembro-me de ter escutado a Ender gritar. Ela havia entrado em pânico e se teleportava várias vezes. Eu até tinha me levantado para tentar ajudar, mas eu não conseguia nem chegar perto dela. Até que ela se teleportou para a minha frente... eu a segurei e tropecei... de propósito. Não sei o que me deu naquela hora...

Acabei por cair em cima da Ender. Quando a beijei, senti meu rosto ficar quente, mas mesmo que foi por apenas alguns segundos, parecia que me coração estava realmente apaixonado... Seria isso mesmo?

Eu havia me levantado e pedido desculpas. Voltamos para a caverna em um completo silêncio. Chegando lá, nós nos despedimos.

Agora, estou voltando para casa. Já é de manhã, então provavelmente meus pais já estão acordados. Quando eles me verem chegando a essa hora, já imagino que vão discutir comigo.

Bem... Acertei.

— Mas que hora é essa de chegar? Aonde estava? — Gritou a minha mãe, quando me viu entrando na mina. Revirei os olhos, ela me trata como se eu fosse criança.

— Mãe, não sou mais um bebê. — Respondi bufando, me direcionando para outro lugar.

— Não fique bufando! E você pode ter oitenta anos que sempre vai ser meu bebê. — Continuei andando, ignorando o que ela falou. — Ah, a sua EX namorada veio aqui. — Me virei. Como ela sabe que nós terminamos?

— O que ela falou com você? — Perguntei aflito. Minha mãe gosta da minha ex namorada, a Alana. Ela não pode saber da Ender... mesmo ela não sendo a minha namorada, mas enfim...

— Ela apareceu bem triste, falando que vocês dois tinham terminado, porque você traiu ela... com outra. — Engoli seco. Então quer dizer que aquela peste quer botar a minha mãe contra mim?

— Fazer o que... Mas você não vai arranjar outra garota do tipo da Aranha. — Dei um longo sorriso. Claro que não vou arranjar outra garota do tipo dela, porque o tipo da Ender é bem melhor do que da Alana. E a Ender nem precisa ficar mentindo como a Alana fazia.

Lembro-me de quando eu a conheci. Ela era diferente, tentava ser ''boa'' pessoa só para me impressionar, mas na verdade não era aquilo tudo...

Me afastei da minha mãe e fui tentar dormir um pouco... Acordei com alguns barulhos vindo dos trilhos. Me levantei, pensando que era a Ender, mas...

— Bom dia, amorzinho. — Falou a Alana.

— Saia de meu carrinho. — Falei friamente. Não quero que meu dia estrague por causa dela.

— Nossa, viu o que aquela Enderman fez com você? Olha só como está!

— Por que você não vai embora? — Falei, sem um pingo de paciência

— Por que você prefere ela? — Perguntou, com uma sobrancelha arqueada.

— Não te devo satisfações. — Falei por fim, passando reto por ela. Não vou estragar o meu humor por causa da Alana. Fui indo para a superfície, me lembrando cada segundo de ontem... Chegando lá, acabei por interromper a Cupa falando algo.

— Tudo bem com você, End...

— Bom dia Ender! Desculpe te interromper Cupa, é que hoje eu estou muito feliz.

— Não tem problema. Posso saber porque está tão feliz? — Perguntou a Cupa.

— Eu não sei explicar direito, só estou me sentindo assim... Como se uma linda flor aparecesse em minha janela... — De onde tirei isso? Não faço ideia, mas acabei falando de sem querer.

Depois de falar isso, olhei para Ender, meio que automaticamente. Ela está... vermelha?

— O que essstá acontecendo? — Se intrometeu o Creeper.

— N-Nada!... Spider, me faz um favor?

Depois que Ender falou isso, ela me puxou para longe. Acho que ela ficou bem constrangida... Droga, eu só faço coisas erradas.

— Spider! — Ela botou a mão na testa.

— D-Desculpa... — Falei, meio sem graça.

— Tudo bem, mas...

— Olha quem está aqui. — Ender foi interrompida pela... bem, pela minha ex.

— Ninguém te deu educação não? — Falou Ender, sem paciência.

Depois disso, as duas começaram a discutir. Eu fiquei calado, observando. Quando eu tentava acalmar as duas, elas me ignoravam. Até que...

— Já chega, não quero perder tempo com você. — Ender falou irritada e foi andando, puxando a Alana pela gola, enquanto esta, gritava feito doida.

— Cadê aquele poço de lava que vi no outro dia? — Ender continuou a procurar. Vi que o rosto da Aranha ficou pálido, ela tentou se soltar, mas não conseguiu.

— E-Ender, não faz isso. — Pedi. Mas ela se teleportou para frente do poço. Fiz a única coisa que veio na cabeça:

— MÃÃÃE!

Tudo bem, chamar a minha mãe não é uma das minhas melhores ideias, mas agora, só quero impedir a Ender cometer um assassinato.

Enquanto a minha mãe não chegava, corri até as duas e tentei separar elas.

Minha mãe chegou correndo e ficou com uma cara de paisagem.

— O que está acontecendo aqui? — Bradou a minha mãe.

Ótimo, a primeira impressão que a minha mãe vai ter da Ender, é que ela é uma maniaca assassina. Que legal, muito divertido.

— Essa doida está querendo me matar, tia! — Gritou a Aranha. Ender botou ela no chão calmamente e respondeu.

— Desculpe, se os gritos dessa criatura te incomodou, mas...

— Você estava tentando matar ela? — Minha mãe interrompeu a Ender.

— Sim, algum problema?

Aconteceu uma coisa inesperada: minha mãe riu. Nós três ficamos confusos.

— Quanta sinceridade, ein? Quem é você? Faz tempos que não vejo um Enderman.

Parece que a Alana não contou à minha mãe que quem ''traiu'' ela comigo era uma Enderman.

— Eu não tenho nome específico, mas pode me chamar de Ender. — Olhei para a Aranha, ela estava indignada com aquilo tudo.

— Essa doida estava querendo me matar a dois minutos atrás e você está conversando com ela? Qual é o seu problema sua filha d... — E então Aranha tampou a boca antes de terminar de falar, mas dá para perceber que boa coisa era o que não ia sair.

— Eu sou o quê? — Agora a expressão zangada de minha mãe era para a Aranha... Ufa. — Anda, desembucha. — Falou com um tom ainda pior ela.

— Você é... uma senhora muito legal e...

— Senhora? Está me chamando de velha? — A Aranha ficou quieta depois disso, ficou com medo do que poderia acontecer.

Ender parecia se divertir com aquilo. E eu... estou quieto, de novo.

— Não tem nem coragem de falar agora, né? Sabe qual é meu problema? — Continuou a minha mãe. Com um tom um pouco mais calmo, só que ainda sim, amedrontador. — O meu problema é ter gostado de você esse tempo todo. O pior é que eu não escutei o meu próprio filho.

Então ela olhou para mim e completou:

— Desculpa, filho. Você tinha razão.

— Tudo bem, mãe...

– Ah, Ender! Pode fazer o que quiser com essa daí, eu não vou tentar impedir nada, mas não acho bom você ficar esquentando a cabeça com gente assim. Aceita vir tomar um café? — Falou ela, com um tom mais calmo. Ender assentiu com a cabeça e seguiu a minha mãe.

— Parece que seus planos não deram muito certo... — Aranha estava olhando para o chão.

— Não tente parecer envergonhada ou algo do tipo, você não me engana mais.

— Calado. — Falou ela. A mesma ergueu a cabeça e me olhou, dando um sorriso. Eu bufei.

— O que pretende fazer agora? — Falei, querendo mais que ela fosse embora. Ela me empurrou contra a parede, chegando mais perto. Eu afastei ela de mim, de leve.

— Você não tem vergonha na cara? — Sai de perto da Alana e fui procurar a Ender e minha mãe.

Fiquei um bom tempo procurando as duas, até que as encontrei do outro lado da mina.

— Aonde você estava, querido? — Perguntou a minha mãe.

— Eu fui falar com a Aranha, mas depois acabei me perdendo de vocês. Aliás, porque vocês vieram para cá?

– O café acabou. Nós estávamos indo comprar mais. Bem... podem esperar aqui. Eu vou sozinha agora. Não demoro.

A Ender assentiu dando um sorriso. Quando a minha mãe saiu de nossas vistas, Ender começou:

— O que você falou com a Aranha? — Eu poderia até rir com essa pergunta. Isso mostra que ela está com um pouco de ciúmes...? Talvez.

— Ah, nada demais.

— Se não é nada demais, você pode me contar, né? — Eu dei um riso.

— Por acaso está com ciúmes? — Ender ficou com o rosto vermelho.

— O-O quê? Não, eu só quero saber...

— Pois eu acho que você devia estar com ciúmes. — Falou uma voz vindo de trás. Não acredito que ela nos seguiu.

— Como assim? — Se indignou a Ender.

— Quando você e a mãezinha dele saíram, o Spider me botou contra a parede e...

— Pare de mentir. — Interrompi. Olhei para a expressão de Ender. Ela parecia furiosa.

— Spider... O que aconteceu? — Ender olhou para mim.

— Ela que me empurrou para a parede.

— E...? — Acho que eu não expliquei direito.

— Depois disso já da para imaginar o que ela tentou fazer. Mas eu passei reto e fui procurar você. — Dei ênfase do ''tentou''. Espero que a Ender acredite...

— Vai por mim, Enderman. Homens sempre mentem. Você acredita em quem? — Falou a Alana na maior cara de pau.

— Eu acredito no Spider. Por que confiaria em você? — Ender pegou a minha mão e foi puxando para o mesmo caminho que a minha mãe tinha ido.

No final das contas, deu tudo certo... bem, mais ou menos. Nós voltamos para a nossa mina e minha mãe preparou a café. Elas pareciam se dar bem.

— Ah, droga! Spider, esqueci-me da Cupa e do Creeper! Eles devem estar esperando faz tempo! Desculpe, mas vou ter que ir.

— É verdade, eu me esqueci também. — Falei, me levantando e estendendo uma mão para a Ender.

— Mas já? Não quer comer um pedaço de carne de zumbi antes? — Falou a mãe do Spider.

— Não, obrigada. Eu sou vegetariana.

— Por isso que é tão magrinha. Tem que comer mais proteína! — A Ender riu e se levantou, com a minha ajuda.

— Ei, mocinho. Você não vai à lugar nenhum. Da última vez chegou muito tarde em casa! — Disse a minha mãe, recolhendo as xícaras.

— Eu só vou levar a Ender até lá em cima, então.

— Hm... está bem, mas volte logo.

Nós fomos andando até uma parte do caminho. Até que eu resolvo parar ela.

— Ender... me desculpe pelo ocorrido com a Alana.

— Ah, esse é o nome dela? — Assenti com a cabeça. — Tudo bem, cara. Não tem por o que se desculpar. — Respondeu ela, sorridente.

Ela me chamou de ''cara''... Será que ela só me vê como amigo?

Eu segurei as suas mãos e olhei para baixo.

— ...?

Aposto que Ender ficou confusa, mas não pensei duas vezes. Botei minha mão em seu queixo e puxei... Beijei seu rosto. Depois de alguns segundos, a larguei. Olhei para baixo novamente e senti que bagunçou o meu cabelo. Levantei minha cabeça e me deparei com seu lindo sorriso...

— Eu vou ter que ir. Até mais!

— Até... — Essa foi a última coisa que ela disse depois de ir.

O tempo passou rápido, até que meus pais saíram para algum lugar. Aproveitei para ver a Ender, a Cupa e o Creeper. Chegando lá, encontrei a Ender dormindo no chão, enquanto o Creeper estava no seu lado mordiscando um pedaço de bolo.

O que será que aconteceu?