Arregalei meus olhos.

— Ssspider... Creeper... O quêêê? — Falei chocada.

Cambaleei até a parede de pedra mais próxima e apoiei meus dois braços na mesma, olhando para baixo.

— Quem não tem cão, caça com gato. — Falou o Spider.

Será que... ele ficou muito depressivo com a rejeição da Ender e teve que se contentar com o Creeper? Mano... eu estava aqui o tempo todo!

— Bem, simbora! — Falou alegremente o Zombie.

— Eu sempre achei que ele era um par perfeito para uns yaoi. — Murmurou a Shadow.

— Não é hora para piadass... — Murmurei também.

Desapoiei-me e passei a mão no rosto. Ah, Jeb, porque isso acontece comigo? Está tudo virado ao contrário.

Senti uns tapinhas nas minhas costas.

— Você supera. — Olhei para quem batia. Zombie, para variar. Ele piscou para mim.

— Nem vem. — Passei dando um empurrão nele.

Vi que a Shadow fez uma cara intrigada e depois irritada para mim e que a Zune estava... limpando o nariz de sangue.

Estou sem paciência. Minha cabeça dói e estou com vontade de esmurrar alguém. E, para "melhorar" essa música alta e chata está me irritando.

Desci na frente apressada para que eu não ficasse surda com a altura da música.

Escutei alguns passos rápidos e me deparei com Ender, impedindo a passagem.

— O que foi, Cupa? — Ender me perguntou saindo da minha frente e indo para o meu lado.

— Ainda pergunta? — Continuei andando.

— Ah... Não se preocupe, eu ainda estou aqui! — Ela envolveu meu pescoço com o braço dela.

— O-O quê? — Disse meio envergonhada.

— Estou brincando. — Ela sorriu.

Hm... sei não. Parecia que a Ender estava falando sério.

Lancei um olhar de desconfiada, mas ela estava olhando para frente, então acho que não viu. Abri a boca para falar algo, mas fui interrompida.

— Ender! — Falou a Shadow. — O Zazu quer falar com você.

— Ah, ok. — Ela me soltou, deu meia volta e foi encontrar o Zombie.

Continuo andando normalmente, quando percebo que a criatura ainda está do meu lado.

Me virei com meu maior olhar mortal para ela, mas parece que não surgiu efeito.

— Então, Cupa... — Eu suspirei, logo depois a Shadow puxou meu capuz e começou a mexer no meu cabelo.

— Ow! Que abuso é essse? — Reclamei.

— É que... — Ela me fitou por mais alguns segundos. — Você está precisando tingir seu cabelo de novo.

— Como assim? Meu cabelo é natural.

— Então ele é naturalmente desbotado? — Perguntou virando a cabeça de lado.

— Hunf, dá para parar? — Levantei meu capuz e cruzei os braços.

— Aah... — Ela bateu as mãos. — Então é para isso que você usa o capuz. Saquei.

Massageei as minhas têmporas e ignorei o que ela disse.

Continuei seguindo em frente até um calor úmido atingir meu corpo. Nós até que chegamos rápido na vila.

O Zombie passou pela minha frente com a Zune pendurada nas costas dele. Paramos em frente a casa dos mortos-vivos.

— Bem... — Zombie engoliu seco. — Podem ficar aí na frente, qualquer coisa vocês podem avisar voltar para festa sem mim. — Ele informou e adentrou em casa.

Ele vai deixar mesmo nós plantados aqui na frente?

Bem, acho que não tem problema eu entrar lá dentro, já que a mãe do Zombie gosta de mim. Eu até posso descolar um rango. A comida daquele bar não tava com gosto de nada. E ainda mais eu não preciso suportar nem a Shadow nem ver os... Ugh, não consigo nem pensar nisso.

Entrei na casa de fininho atrás para o Zombie não perceber.

— Mãe? — Ele chamou.

— Aqui no quarto! — Escutei uma voz vinda de longe.

Enquanto ele ia para o quarto, eu me dirigi silenciosamente para a cozinha, mas a Zune — Que ainda estava pegando "carona" — me notou. Ela me lançou um olhar brincalhão e fingiu que ia tocar no Zombie. Eu balancei a cabeça em negação e fiz gestos rápidos para ela não fazer isso, mas o Zombie entrou no corredor e eu não pude mais vê-los.

Corri para a geladeira, e abri a mesma, quando fui pegar um pedaço de carne, escutei a voz do morto-vivo gritando "O quê? ZUNE!" e depois uma voz mais calma falando "Não grite".

Corri rapidamente para a sala.

— O que faz aqui? — Perguntou ele, com raiva, mas acho que não era por minha culpa.

— Nossa, é assim que você fala com a sua futura esposa? — A mãe dele surgiu do nada.

— Ah! Então eles ainda vão se casar? — Comemorou a Zune, contente.

— Não é nada disso. — Ele passou a mão no rosto e a mãe dele ficou rindo.

Ele, que estava serrando os punhos, e a irmã se dirigiram para a cozinha.

— O que houve? — Murmurei.

— Ah, nada demais. — A mãe falou calmamente. — Eu mandei a Zune lavar a louça, mas ela não queria e ficou fazendo pirraça. Então eu disse para chamar o irmão para lavar. — Explicou.

— Ah... — Bem, acho que qualquer um ficaria irritado, ainda mais porque ela disse que a mãe tinha "descobrido tudo" e na verdade era só isso.

Tentei pensar em alguma indireta para falar para ver se eu conseguia alguma coisa para comer, mas acho que demorei demais. O Zombie já tinha acabado de lavar e foi já saindo de casa. A Zune entrou na sala já andando.

— Espera! — Falou a mãe deles. — Eu vou na casa da Dona Silver Fish, será que você pode cuidar da sua irmã para mim?

A Zune deu um sorriso tão grande que parecia uma psicopata.

— Hunf, tá bom. — Respondeu o Zombie.

E mais uma vez a Zune foi correndo e subiu nas costas dele. O Zombie não pareceu se importar, parece que está acostumado. A mãe deu uma risada e depois nós todos nos dirigimos para fora. A mãe trancou a porta e fomos andando junto com o pessoal. Fiquei caminhando atrás, sozinha.

Vi que a Shadow estava falando com o Spider, com o Creeper e até com a Ender! Fiquei emburrada.

— Desde quando virou anti-social? — Escutei uma voz do além do meu lado.

— Dessde quando você virou asssombração? — Falei, arqueando uma sobrancelha.
Ele envolveu minha cintura com seu braço e me puxou contra ele.

— Desde quando...

— Ow. — Empurrei ele para o lado. — Espaço pessoal, querido. — Deixei meu braço reto parado em sua frente.

Ele riu, mas logo parou.

— Mas, falando sério, porque está aqui sozinha? — Ele botou a mão na minha cabeça.
Eu dei um passo largo para frente para que a mão dele saísse da minha cabeça.

— Não toque. — Falei ríspida. — Essstou aqui porque quero. — Encolhi os ombros e botei as mãos no bolso do casaco.

— Hm... Ok, então. — Falou por fim.

Mesmo eu tendo sido grossa com ele, o Zombie continuou a andar do meu lado.

— Ah, aqui a casa da Dona Silver Fish.

A zumbi foi bater na porta da residência, mas... pela janela eu vi aquela bruxa dentro da casa!

Ela estava sentada lendo um livro, mas desviou o olhar, que foi direto em mim. Olhei rapidamente para outra direção e tratei de seguir em frente.

— Alfred? — Falou a Ender.

De repente pude ver um bloco de terra... se virando? Ele se mexeu, mas depois saiu correndo em disparada.

A Ender começou a correr atrás do bloco, e, por alguma razão eu comecei a correr atrás dela. Fiquei com uma vontade do nada de correr.

Percebi que o Creeper também estava correndo do meu lado. Será que o "encantamento" dele pelo Spider passou? Hm... "encantamento"? Deve ser isso! A bruxa deve ter enfeitiçado ele e o Spider. Ufa, que alívio saber isso. Parece que toda vez que aquela mulher aparece acontece algo estranho... tipo agora.

A Ender caiu e logo depois eu e o Creeper também fomos para o chão. A Ender foi arrastada rapidamente por "algo". Não tenho certeza se foi alguém, pode ser uma corda bem fina que puxou ela, ainda mais, porque não existe seres invisíveis... não é?

— ALFREEED! — Ender gritou antes de ser puxada completamente para a escuridão.

— O-O qu...

Senti algo agarrando meus calcanhares e me arrastando pelo chão.

Tentei olhar para aonde estava sendo levada, entretanto só conseguia ver escuridão, nada além disso.