love.

Chapter 4: Speechless


♫ ...But I am speechless, speechless

That's how you make me feel

Though I'm with you

I'm far away and nothing is for real

When I'm with you I am lost for words,

I don't know what to say

"Eu gosto de gente que me surpreende... Gente que me domina, que me impressiona, que me conquista. Seja com uma frase, uma palavra, uma atitude, ou até mesmo um gesto. Gosto de gente que consegue me deixar feliz com o simples fato dela existir. Que me seduz com o olhar, que sorri ao pronunciar o meu nome, que ri das coisas que eu falo... Gosto de gente imprevisível, corajosa, criativa, extrovertida... E acima de tudo tenha senso de humor. Eu gosto de gente que consegue me tirar do chão, que me levante e diga ‘você consegue’. Eu gosto de gente que me deixa sem palavras..."

— Do Contra. Fev06

[...♥...]

Quando criança, Do Contra odiava quando tinha que fazer as mesmas coisas que os seus colegas faziam, por isso sempre tentava produzir da sua própria maneira cada uma delas. Cresceu, e continuou o mesmo, com mais maturidade é claro, mas nunca saindo do seu posto de contrariador. Algumas pessoas, inclusive membros da sua família, achavam que aquele jeito de ser, era apenas uma forma que ele tentava de chamar atenção dos outros. O que não era bem verdade, pois Do Contra tinha o seu mundo e seu jeito de pensar. Ele não tinha aquela necessidade de mostrar para ninguém que era diferente, mas se sentia bem em dizer que tinha o seu o próprio padrão.

Skate foi um esporte que ele descobriu gostar já crescido, e mesmo sendo uma coisa normal que a maioria dos garotos de sua idade praticava, ele não ligou em fazer parte desse círculo. Assim como Cascão, seu amigo com quem andava de vez em quando, e foi quem lhe ensinou a gostar, ele também era bastante habilidoso na prancha.

A sua paixão por esse esporte só crescia com o decorrer do tempo, ficando tão fera, que chegou a participar de inúmeros campeonatos, mesmo nunca ter conseguido a glória de ficar em primeiro lugar, sempre em segundo ou terceiro, ele nunca desistiu. E hoje era um desses dias. O primeiro campeonato da temporada chegou, qual ele esteve esperando e praticando por muito tempo. Magali – agora sua amiga mais próxima – viu o quanto ele se esforçou nos últimos dias em que esteve presente lhe fazendo companhia. Embora estivesse com o pé torcido, não parecia ser um obstáculo para ele. Ele queria participar, queria ganhar, com ou sem dor.

Magali sabia disso. Sabia o quanto era importante aquele campeonato pro amigo. E foi por isso que decidiu se arriscar, ajudando-o a fugir de casa naquela tarde. O papel dela seria distrair Dona Keiko enquanto Do Contra tentava sair. Seu quarto ficava logo abaixo da porta da rua, então com certeza iria ser pego, pois ela iria flagra-lo tentando pular a janela. Então o jeito era pela porta da frente, mas sua mãe por algum motivo não quis sair da sala naquele momento, ou seja, a comilona precisava agir rápido, porque Do Contra já estava mais do que atrasado. Ela apareceu na frente da casa do garoto, e ele já estava no seu posto. Magali deu um sinal de ‘ok’, e prosseguiu, tocando a campainha. Não demorou muito e logo foi atendida pela japonesa que tinha um sorriso meigo no rosto.

— Magali, que surpresa boa! – disse abraçando-a.

— Oi Dona Keiko, como vai?

Magali estava apreensiva, e suas mãos estavam geladas. Ela nunca foi de fazer essas coisas antes.

— Vou bem querida, o Maurício está lá em cima no quarto – disse dando passagem pra ela entrar.

— Na verdade... – Magali parou no caminho. – Eu vim falar com a senhora mesmo...

— Comigo? – perguntou surpresa.

— S-sim... Bom, é que ontem eu gostei tanto do seu jantar que resolvi vim aqui perguntar os ingredientes... – a comilona gaguejava ao mesmo tempo que passava suas mãos pela saia para enxugar o suor.

Keiko soltou uma risadinha fofa, e continuou sorrindo

— Mas é claro! Vou anotar agora mesmo pra você.

Keiko foi até a cozinha. Antes de Magali segui-la, viu do Do Contra escondido na escada e fez um sinal de ‘anda logo’. Ele obedeceu na mesma hora e voou com seu skate e seu capacete para o lado de fora. Virou a maçaneta com todo cuidado, e saiu de fininho.

Magali entrou na cozinha, sorrindo nervosa.

— Esse prato é uma especialidade da minha vó – disse Keiko. – Ela tinha uns segredos na cozinha que só contava pra mim, minhas irmãs ficavam todas com inveja – ela riu e Magali forçou a fazer o mesmo.

A mulher terminou de anotar tudo em um papel e entregou pra comilona.

— Aqui está querida.

— Er... obrigada, e desculpa vim aqui só pra isso.

— Oras, imagina! Pode vim aqui sempre que quiser... vamos ficar felizes em jantar com você outra vez – disse enquanto a levava de volta até a saída. – Mas quem vai ficar feliz mesmo em te ver é o Mauricio, vou chamar ele e...

Não! — Magali segurou o braço da mulher impedindo-a de subir até o quarto do filho. – Er... quer dizer... não precisa incomodar ele, eu prometo vim aqui outra hora... – acrescentou quando viu a expressão de Keiko.

— Mas...

— Obrigada de novo – disse ela dando seu melhor sorriso e escapando o mais rápido que pode dali.

Keiko não entendeu nem um pouco o motivo daquela pressa toda.

[...♥...]

Magali vendo que já estava distante o suficiente, parou de correr e começou a caminhar meio ofegante. Achou tudo aquilo demais pra ela... Odiava mentir, principalmente para os adultos que sempre descobriam a verdade uma hora ou outra.

Viu Do Contra encostado em uma árvore olhando para o relógio do pulso. Eles tinham marcado de se encontrar ali quando ela conseguisse sair da sua casa.

— Até agora não sei como você conseguiu me convencer a fazer isso... – comentou ela tensa, assim que começam a caminhar para ir ao skatepark.

— Porque eu sou um máximo – Do Contra sorriu convencido.

— Ah é senhor máximo? – sorriu, debochada. – E o que pretende fazer quando sua mãe resolver entrar no seu quarto e não te achar lá?

— Eu já dei um jeito nisso... – respondeu ele se lembrando do boneco de pano que fez da sua altura, onde colocava debaixo dos cobertores e o seu fone de ouvido para parecer que não estava escutando caso alguém entrasse para lhe perguntar algo. Usava-o sempre que queria fugir de casa para ir andar de skate, ou simplesmente à uma festa. Aquele boneco já havia salvado sua vida tantas vezes, não era dessa vez que ia falhar.

— Se sua mãe descobrir que eu fui sua cúmplice... – disse Magali – nunca mais vou poder provar daqueles pratos exóticos que ela faz – mordeu o lábio, negando com a cabeça.

— Para de drama Magali. Até parece que nunca deu uma fuga de casa antes...

— Mas eu nunca dei mesmo.

— Ah e o que você faz quando seus pais não te deixam sair?

— É só eu não ir... – disse ela como se fosse obvio.

— Depois eu é que sou estranho.

— O que tem de estranho nisso?

— Tudo, cara! Você nunca sentiu a sensação boa que é quebrar as regras? Fazer uma coisa emocionante, perigosa, e mesmo assim sentir que no final valeu a pena, mesmo com as consequências?

Magali enrugou a testa como se estivesse buscando na memoria alguma vez em que tenha quebrado as regras. Tirando as inúmeras aventuras que se meteu com seus amigos na infância, nenhuma delas parecia ter vindo da sua própria cabeça. Por ser melhor amiga de Mônica, ela era praticamente obrigada a participar dos perigos constantes.

— Agora que você falou... acho que eu nunca fiz nada de errado por conta própria.

— Você tem muito o que aprender comigo, então.

— Pensando bem – ela abriu um sorriso ao se lembrar – eu acho que fiz uma coisa emocionante e perigosa nessas férias... deixei que você me ensinasse a andar de skate.

— Nossa, que adrenalina – respondeu ele irônico

— Pra mim foi.

— Que seja... – ele puxou a mão da comilona para andarem mais rápido. – é melhor a gente correr. Já estamos atrasados.

Porém, correr estava sendo uma tarefa bastante complicada para quem estava mancando e sentindo dores no tornozelo.

[...♥...]

~ Skatepark / 14:11 ~

Finalmente chegando ao lugar, Do Contra levou Magali para a área das pessoas que estavam apenas para assistir. Ela estava muito mais nervosa do que antes só de ver aquelas rampas novamente.

— Você não está com medo? Só de olhar pra esses caras voando me dá um arrepio...

— Magali, tem uma semana que você me vê fazendo a mesma coisa.

— Sim, mas agora é diferente. Agora é pra valer, e você está machucado – ela apontou pro seu pé que ainda estava enfaixado, mas coberto pelo tênis preto que só mostrava uma pequena parte da bandagem.

— Eu sei. Mas relaxa que vai dar tudo certo... eu sei o que eu estou fazendo – respondeu ele confiante.

Magali sabia que não ia conseguir faze-lo mudar de ideia. Suspirou e começou a olhar em volta, estralando os dedos. Percebeu que Do Contra tinha o mesmo estilo de roupa que a maioria dos participantes ali. Bermuda folgada cheio de bolsos, camisa vermelha, e aquele colar preto que ele nunca tirava. Ela estava simples perto dele.

— Eu vou ter que ir agora, os caras estão me chamando – Do Contra apontou com a cabeça.

— Boa sorte – disse ela tentando dar o seu melhor sorriso.

— Promete que não vai sair daqui?

— Prometo.. eu vou ficar com você até o final.

O moreno franziu o cenho ao ouvir aquilo, e ela ao perceber que falou uma coisa meio nada a ver, tentou consertar.

— ...do campeonato.

— Ah sim... – ele riu sem graça.

— Estou torcendo por você.

— Eu sei – Do Contra apertou de leve o nariz da comilona, e se virou.

Mal tinha dado o primeiro passo para se juntar os garotos, quando foi de repente puxado de volta. Magali, por impulso, o puxou para si abraçando-o forte, como se tivesse um pressentimento que algo de ruim ia acontecer.

— Calma Magá... – disse ele rindo.

— Senti um medo de repente.

— Medo de que?

— De você se machucar de novo, ou acontecer algo pior.

Do Contra se afastou dela para poder olhar em seus olhos e ainda com aquele sorriso, segurou suas duas mãos.

— Isso não vai acontecer, e mesmo que aconteça... você vai estar aqui pra cuidar de mim, certo?

Magali olhou para os pés, depois pra ele, e assentiu com a cabeça.

— Certo.

— Então relaxa... e assiste – ele piscou e finalmente se afastou da garota, indo até os colegas participantes.

[...♥...]

Magali suava nas mãos de tanto nervosismo. Perguntou as horas a um garoto ao seu lado e estava tão focado na pista que apenas ergueu o braço, mostrando o relógio no seu pulso, pra que ela mesma verificasse. Marcava duas e meia, ou seja, fazia apenas alguns minutos que Do Contra havia lhe deixado sozinha no meio daquela galera que assistiam animados. Porém pareciam horas.

— E agora com vocês, Mauricio!

O coração de Magali deu um salto quando escutou aquele nome. Era a vez dele, e ela queria ver aquilo mais de perto. Passou na frente de algumas pessoas para ter uma boa visão. Foi aí que o avistou de longe em cima do topo de uma das rampas. Ele já usava o seu capacete e joelheiras. Ficou aliviada, porque pelo menos ele estava com proteção.

Do Contra olhou pra baixo e respirou fundo, depois olhou para o seu pé e rezou para que não acontecesse mais nada, que não passasse vexame ou que errasse alguma manobra importante, pois iria diminuir seus pontos. Aquilo não poderia ser problema pra ele naquele dia. Só precisava se concentrar o máximo.

Não durou muito tempo, mas ele com certeza estava dando um show, Magali percebeu isso porque as pessoas gritavam com muito mais força, comparado a outros que já tinham se apresentado, Do Contra por enquanto era o melhor.

Aquela performance levava a galera à loucura com suas manobras e giros, principalmente a comilona que estava com seus olhos brilhando em ver o garoto daquele jeito, mandando tão bem, mesmo machucado. Ela batia palmas orgulhosa do moreno, realmente impressionada com a capacidade que ele tinha que infelizmente não durou muito tempo.

Em um dos seus saltos, a dor em seu tornozelo foi tão violenta, que Do Contra simplesmente se distraiu e acabou caindo com tudo no chão. O seu esforço foi o suficiente para piorar a dor, que estava incomodando desde o inicio, mas tentou demonstrar que estava perfeitamente bem, até o momento...

Vendo seu amigo no chão, Magali arregalou os olhos e começou a se desesperar. As pessoas em volta dela que estavam fazendo tanto barulho ficaram em silêncio procurando entender o que tinha acontecido. Ela viu os garotos indo até o moreno que gemia de dor. Tiraram seu capacete, e suas joelheiras, carregando-o para fora da pista.

Mesmo muito preocupada, Magali continuou no lugar que estava. Queria chorar, correr até ele, mas sabia que não era apropriado, por isso continuou quieta. Mesmo com esse ocorrido, o campeonato continuou. Do Contra estava arrasado, pois sabia que não ia chegar nem em terceiro lugar com aquela queda, estava inconformado e triste... Ela o observava de longe, querendo a todo custo conforta-lo e dizer que ia ficar tudo bem.

[...♥...]

Uma hora se passou. Magali estava louca para ir embora com Do Contra daquele lugar. Mas faltava ainda o momento de dizer quem era o vencedor. De longe pôde ver a expressão de revolta que ele tinha no rosto. Teve tanta pena que sentiu que faria qualquer coisa pra ajuda-lo.

— E o vencedor é...

— Espera! – a comila gritou de repente bem alto no meio da arquibancada, fazendo com que todos, todos, os olhares parassem nela.

Percebendo que conseguiu chamar atenção de todas aquelas pessoas, ela ficou extremamente envergonhada. Já que tinha começado, teria que ir até o fim.

Magali tentou se desvencilhar da multidão e foi pro meio da pista de skate. Do Contra estava totalmente sem reação, e sem saber o que diabos ela estava fazendo.

— Eu queria dizer que antes que vocês anunciassem o nome do vencedor, considerasse que um dos participantes mesmo com o tornozelo torcido, veio participar desse campeonato – ela dizia tudo em alto e bom som para que todos a escutassem perfeitamente, pois ela não iria repetir de jeito nenhum. Estava louca pra sair correndo.

Do Contra tentou enterrar sua cabeça atrás de um dos amigos, mas era tarde demais, a comilona apontou para o garoto e dessa vez os olhares foram para ele.

— Por causa das manobras que vem praticando à meses, ontem o Mauricio infelizmente ele se acidentou aqui nesse mesmo lugar e torceu o tornozelo... e mesmo sentindo todas as dores possíveis ele quis vim participar do qualquer jeito. Então queria que os senhores – ela disse se referindo aos jurados – reconsiderassem a apresentação dele.

Os jurados começaram a cochichar entre si, não só eles como toda a plateia. Do Contra só queria morrer, e uma vontade incrivelmente grande de mata-la. Já Magali, estava suando nas mãos como nunca, apertava os punhos de tão nervosa. Sentia seu rosto arder em chamas pois nunca gostou de ser o centro das atenções, e durante aquele episodio, pode ter a total confirmação de que seguia odiando. Agora mais do que nunca.

A plateia e o jurados passaram apenas poucos segundos em silêncio, ainda cochichando entre si, mas para Magali pareciam minutos, horas, meses. Algum deles até saiu da sua posição, indo até Do Conta, provavelmente para verificar se ele estava realmente machucado.

Quando o mesmo voltou ao seu posto, sussurrou algo no ouvido de um homem musculoso, cheio de tatuagens e muito bonito na opinião dela. O cara fez uma cara de quem estava realmente impressionado e levantou-se, pegando novamente o microfone .

— Levando em consideração as incríveis manobras jamais vistas hoje aqui, e pela força e dedicação... eu só tenho a dizer que o merecedor desse prêmio é nada mais nada menos que seu... – Magali fechou os olhos apertando com mais força as duas mãos – Mauricio Takeda!

Do Contra arregalou os olhos surpreso e sem reação.

Magali abriu os olhos sorrindo, e deu um pulo, correndo em direção ao moreno. Ao ver ela se aproximar, ele juntou todas as forças que tinha e se levantou de onde estava sentado, abrindo também um enorme sorriso.

— Meu Deus, Magali...

Sem dar tempo de falar nada, a morena pulou em cima dele, esquecendo-se completamente que ele ainda estava machucado e com muita dor. O garoto também pareceu esquecer, ou simplesmente decidiu ignorar e então a abraçou forte, dando um giro no ar com ela.

— Parabéns! Parabéns!

De longe puderam ouvir a galera gritando animada. A sua vitória foi muito mais que merecida, até seus colegas tiveram que admitir isso.

— Você é maluca...

— Não foi você que disse eu precisava quebrar as regras e viver perigosamente?

— Eu não acredito que você fez isso – disse ele eufórico. – Perdeu o juízo foi?

— Acho que sim... – respondeu ela também sem acreditar no que fez.

— Eu quero te matar mas... obrigado, Magali... obrigado de verdade.

— Não precisa agradecer, somos amigos...

Do Contra continuou olhando para Magali perplexo, mas ambos sorriam. Ele queria dizer tantas coisas, agradecer mais vezes, mas não foi possível, pois seus colegas apareceram naquele exato momento em que o moreno abriu a boca pra dizer alguma coisa. Puxaram-o para longe, e começaram a comemorar animados.

Magali assistiu contente, tentando se recuperar aos poucos da loucura que tinha feito pelo seu amigo.

[...♥...]

Com o final do campeonato e a vitória de Do Contra, seus amigos queriam leva-lo para comemorar em algum bar. Ele agradeceu, mas recusou. Não só pelo fato de estar morrendo de dor (tentava ao máximo disfarçar, mas por pouco não deixa uma lágrima cair), mas também porque ainda estava de castigo e não podia abusar da sorte. Sua mãe com certeza apareceria em seu quarto a qualquer minuto.

Magali o acompanhou até sua casa, ajudando-o a andar e antes de entrar, viu pela janela que Keiko não estava mais na sala e que ele poderia subir pela janela do seu quarto facilmente.

— Ai DC... não é melhor contar pra sua mãe de uma vez do que subir por essa janela? – perguntou a comilona preocupada, escondida atrás de um arbusto.

— Claro que não, ficou louca?

— Sério, você pode cair de novo... quem sabe até torcer o outro tornozelo? – ela disse ofegante.

— Tudo bem, se quiser eu entro pela porta, mas vai ter que distrair minha mãe de novo, e aí?

— Não. Muito obrigada.

— Então fica quieta que ela pode te ouvir.

Do Contra foi até o jardim de sua casa mancando, enquanto Magali vigiava a porta da frente. Ele voltou com uma escada na mão e posicionou em direção a janela do seu quarto.

— Eu vou subir por aqui, não tem erro...

— Bom, se você diz... eu vou pra casa porque não quero ver outro acidente... – disse ela, dando as costas prestes a ir embora, mas ele a puxou pelo braço, rindo.

— Calma ai magricela...

— Se você me chamar assim mais uma vez, eu juro que vou agora ai dentro e te entrego!

— Ta bom, ta bom – ele levantou os dois braços.

Magali fingiu estar emburrada, enquanto ele continuava rindo. A dor no seu tornozelo era tanta que até isso ele fazia com dificuldade.

— Melhor você entrar logo então, e vê se coloca um gelo nisso ai – ela disse se virando, mas ele a puxou outra vez.

— Eu nem sei como te agradecer, gulosinha... – ele apertou seu nariz, fazendo-a corar. – Obrigado de novo, sério.

— Eu sei como... – Magali disse, sorrindo. – é só deixar de fazer essas loucuras.

— Que eu saiba a maior loucura de hoje, quem fez foi você... – Do Contra ergueu uma sobrancelha e sorriu.

— É, eu sei... – ela riu sem graça, olhando para os tênis. – Mesmo assim, promete que vai tomar cuidado agora?

— Eu prometo... que vou tentar.

Magali negou com a cabeça ainda rindo e se virou para ir embora. Ele realmente sentiu que não queria deixa-la ir naquele momento, mas era necessário, precisava descansar, se não quisesse ficar sem andar por alguns meses. Pegou a escada e subiu, felizmente sua mãe entrou no seu quarto dez minutos depois, não desconfiando de nada.