love.

Chapter 14: Heartbeat


♫ She said to me

I can feel your heartbeat

Running through me

Heartbeat

Feel your heartbeat

“Se você soubesse o estrago que faz aqui dentro do meu peito... Pensaria duas vezes antes de se aproximar. Se você soubesse a velocidade em que meus batimentos se encontram agora... Pensaria três antes de me tocar. Se você soubesse o medo que eu tenho de gostar do proibido... Pensaria mil antes de me beijar.

— Magali. Abr07

[...♥...]

Desesperada para contar a novidade, Mônica correu até a casa de Magali logo após o almoço. Ela estava deitada no sofá da sala lendo um dos seus livros de romance quando a campainha tocou. A comilona se levantou para atender e sem dar tempo de dizer nada, a dentuçinha entrou correndo. Magali logo deduziu o motivo do seu nervosismo, na verdade ela já estava esperando a chegada da amiga.

— Preciso falar com você urgente – disse a garota indo até a cozinha para beber um copo de água.

— Calma amiga, o que foi? – perguntou Magali enquanto a seguia.

— Aconteceu uma coisa. Não sei se boa ou ruim...

Magali encarou a garota, levantando uma das sobrancelhas esperando que ela contasse de uma vez. Mônica tomou um gole da sua água e fechou os olhos.

— Eu pedi o DC em namoro – disse ela e apertou os lábios.

Com certeza estava esperando por uma bronca ou coisa do tipo, mas não foi isso que aconteceu. Quando abriu os olhos viu que Magali continuava com uma expressão calma no rosto.

— Eu sei.

— Sabe?!

Magali afirmou com a cabeça e sorriu. Por essa, Mônica não esperava.

— C-como assim? E-ele que te contou?

— Não. Eu ouvi a conversa de vocês no quarto. A porta estava meio aberta e bem... mas foi sem querer, eu juro.

— Pera... então você sabia esse tempo todo?! – perguntou Mônica chocada, e a comilona confirmou. – Ai Magali, eu não acredito! Por que você não me falou nada?! – disse batendo o pé no chão.

— Desculpa amiga, é que sei lá... eu meio que estava esperando você ter coragem de me contar.

— Meu deus que vergonha – Mônica começou a caminhar até a sala, e se sentou no sofá com as mãos do rosto.

— Vergonha de que?

— De você saber dessa história e não ter me dito antes! Fiquei fazendo papel de idiota naquele quarto...

— Desculpa Mô... é que eu realmente não quis causar mais nenhum constrangimento. Enfim, e aí?

— E ai o que?

— O que ele te disse?

Mônica pareceu ter esquecido dessa parte por um momento e abriu bem os olhos após se lembrar que era justamente pra falar sobre isso que ela tinha ido até lá.

— Ele aceitou – disse ela, finalmente sorrindo. – Ele aceitou namorar comigo, Magá!

— Sério? – Magali tentou demonstrar o máximo de alegria possível.

— Sério, e eu sei que você deve tá me achando louca de ter feito isso, logo agora. Mas o DC ele... ele me faz bem... diante de todas as coisas que passei ele sempre esteve do meu lado, me fazendo rir e... – ela pausou e suspirou. – E eu precisava tentar algo diferente... com ele.

— Eu sei Mônica... Eu não vou te condenar por causa dessa decisão. Apesar de achar que é um pouco precipitado... eu só quero te ver feliz.

— Ah amiga... – Mônica a abraçou forte. – Obrigada...

— Bom, então... – disse ela quando se afastaram. – Quer dizer que agora vocês estão namorando de verdade?

— Estamos! E como primeiro dia de namoro, ele vai me levar pra sair hoje. Tô muito animada, me ajuda a escolher uma roupa? – perguntou Mônica cheia de entusiamo na voz.

Magali não vê outra saída a não ser sorrir e assentir com a cabeça.

[...♥...]

Depois de passar horas conversando e procurando um figurino que deixasse Mônica satisfeita, Magali quis ir embora antes que o garoto chegasse. Por isso, quando terminou de maquiar a dentuçinha, ela deu a desculpa que precisava voltar pra casa para dar comida ao seus gatos.

— Que?! Agora? Tá cedo! – protestou Mônica, visivelmente desesperada.

— Como cedo, Mônica? Já são sete horas, o DC já deve estar chegando.

— Por favor amiga, fica aqui até ele chegar!

— O que foi Mô? Por que você está nervosa assim?

— Sei lá – ela respondeu aflita. – É a primeira vez que a gente sai como casal... E-eu não sei o que dizer, o que fazer... Você acha que eu devo segurar na mão dele primeiro, ou eu espero ele fazer isso? E quando ele chegar, eu comprimento com um beijo ou...

— Hey hey! – Magali começou a rir. – Calma. Vocês só vão sair... não vai ser nada tão assustador assim, você já fez isso antes.

— Mas não com ele, Magá... não com ele! – disse ela andando de um lado para o outro. – É o DC entende? Meu amigo que agora virou meu namorado... vai ser estranho.

— Qual o problema Mônica? Olha só... – a morena foi até a amiga e segurou em suas mãos, que estavam geladas. – É claro que vai ser estranho, mas é só no comecinho. Eu conheço o DC, e ele não vai fazer nada pra te pressionar. Tudo vai acontecer no tempo certo. Só seja a Mônica de sempre e você vai ver que as coisas vão fluir naturalmente.

— Tem certeza?

— Absoluta... agora eu realmente preciso ir, tá? Me liga quando chegar pra contar como foi.

— Ok... obrigada amiga... Eu não sei o que faria sem você – disse ela enquanto a abraçava.

Dessa vez, Magali percebeu que abriu um sorriso sincero, e alisou as costas da dentuça. Apesar de não estar completamente alegre pelo novo namoro de Mônica (o que ela não entendia por quê), se sentia bem quando via sua melhor amiga bem.

— Boa sorte – disse ela antes de sair do quarto de Mônica.

Magali desceu as escadas rapidamente e abriu a porta da frente, dando de cara com o moreno prestes a tocar a campainha.

— Ah... – o garoto deu dois passos pra trás e colocou as mãos no bolso. – E ai Magá...

— Oi DC – ela respondeu, sem olhar diretamente para ele.

— Eu vim ver a Mônica... ela tá ai?

— Sim, e está te esperando.

Do Contra tentou sorrir, assim como Magali, mas não parecia estar dando muito certo. De repente, um clima muito estranho passou a tomar conta do ambiente. A comilona tinha uma das mãos segurando o vão da porta, enquanto Do Contra pareceu bastante interessado no seu próprio tênis, já que não tirava os olhos deles.

— Então vocês... estão namorando, certo? – Magali resolveu perguntar depois de alguns segundos. Estava louca pra ir embora, mas não queria sair e deixar Do Contra pensar que estava fugindo.

— É, parece que sim... – ele respondeu coçando a nuca. – Resolvi seguir seu conselho.

— Que bom. Fico feliz – disse ela, sorrindo. – Digo... fico feliz por vocês... A Mônica gosta de você e bem... você também ainda deve gostar dela.

— Não sei, mas... eu não vou ter como saber se não tentar – disse ele, com voz um pouco rouca.

— É...

— É.

Antes que o silêncio constrangedor se prolongasse por mais tempo, para a felicidade e satisfação de ambos, Mônica começou a descer as escadas. Ela tomou um susto quando viu o moreno ali na porta, mas tentou se recompor imediatamente. Sorriu e apareceu atrás de Magali.

— Oi DC.

— Oi Mônica... e aí vamos? – perguntou ele, apressado.

— Sim, vamos.

— Er... B-bom passeio pra vocês, até mais – disse a comilona escapando dali rapidamente.

— Tchau amiga – Mônica fechou a porta atrás dela, e assim os dois dão inicio ao primeiro encontro.

[...♥...]

Com toda certeza, o namoro de Mônica com Do Contra foi o assunto da semana por todo o colégio. Assim que eles apareceram de mãos dadas no dia seguinte, não demorou muito para serem alvo de muitas fofocas. A primeira a espalhar sem dúvidas foi Denise, que foi a que mais gostou do novo casal, fazendo questão inclusive de ir correndo contar para o ex-careca da turma. Sua reação inicialmente foi espanto com uma mistura de raiva, ciúmes e principalmente indignação, tanto é que não acreditou de primeira, mas foi só os dois pombinhos entrarem na sala de aula juntos e sorrindo um para o outro que teve sua confirmação.

— Viu só baby? – disse a ruiva se apoiando na mesa do garoto. – Parece que a Môzinha te esqueceu bem rápido, não é?

— É... Tô percebendo – respondeu olhando friamente para a dentuça. Ela notou na hora que estava sendo observada por ele, mas não retribui o contato visual, se virando novamente para o seu novo parceiro.

Eles ainda não haviam se beijado em público, Mônica achava que era muito cedo pra isso, e também porque não ia gostar de ver Cebola criando confusão (sabia que ele ia arrumar) logo no começo de seu namoro. As meninas quando souberam da noticia roubaram Mônica do moreno, e os caras aproveitaram para chama-lo no fundo.

— É sério isso, DC? – perguntou Titi querendo rir. – Você e a.... Estão mesmo?

— Não costumo andar de mãos dadas com uma garota atoa...

— Aêê garoto – disse ele dando umas batidinhas de leve em suas costas.

Cebola mesmo isolado no canto por não querer participar da conversa, ouvia tudo calado. Segurando a sua raiva por dentro, e tentando se controlar para não levantar dali e fazer uma besteira.

Ele sempre soube do sentimento que Do Contra tinha por Mônica, mas nem isso fez com que eles se afastassem, já que o moreno podia ser tudo, menos fura-olho. Sua amizade continuou mesmo após ele se declarar pra ela em frente toda turma, mas dessa vez... Dessa vez ele não iria perdoa-lo. Cebola havia sido suspenso duas vezes justamente por arranjar briga com Toni devido aos seus ciúmes, então tinha consciência que dentro da escola não podia brigar com ele, mas ninguém disse nada sobre ser lá fora.

— Meninas! Meninas! – chamou Aninha assim que a comilona entrou na sala, acompanhada de Cascuda e Marina. – Vocês já ficaram sabendo desse novo casal?

— Sim Ana, a gente já sabe – respondeu a desenhista.

— Só eu acho que você ficou louca? – perguntou Cascuda a Mônica.

— Ué, por que gente? – disse a dentuçinha sem entender.

— Namorar logo com DC... ele o Cebola são amigos, esqueceu?

— A Denise também era minha amiga, esqueceu? – recebendo a resposta, a loira resolveu ficar na sua.

— Eu adorei a novidade amiga, o DC é um fofo... e sabemos que ele sim, gosta de você – diz Aninha.

— Eu sei disso – sorriu ela. – Aposto que vai me fazer muito feliz... Diferente de outras pessoas.

— É, parece que o Cebola já ficou sabendo – comentou Cascuda quando viu expressão que Cebola tinha no rosto.

— Uma hora ia ter que saber mesmo.

— Não vai dizer nada, Magali? – sussurrou Marina quando percebeu o quão longe a garota estava da conversa. Algo no canto da sala parecia lhe interessar muito mais...

— Dizer o que?

— Sobre esse namoro da Mô com o DC.

— Ah... eu... eu tô feliz por eles.

— Tem certeza? Não é o que parece.

— Ai Marina, não começa tá?

— Começar o que? Eu nem falei nada demais... só digo o que vejo.

— Ok, mas vê se fala mais baixo que a Mônica pode te ouvir.

— E o que ela não pode ouvir?

— Marina!

— Tá bom, tá bom... – dise ela rindo. – Eu vou parar...

Magali lançou um olhar de reprovação para a desenhista e o sinal bateu pra primeira aula e todos foram para os seus lugares.

[...♥...]

Digamos que o novo casal do colégio Limoeiro não agradou à muitos, principalmente aos garotos que estavam de olho em Mônica, e as garotas que costumavam ficar com Do Contra. A noticia se espalhou rápido e em menos de três dias, todos já ficaram sabendo. Cebola decidiu desistir da ideia de arranjar briga com o moreno depois dos conselhos do seu amigo Cascão, dizendo que aquilo só iria afasta-lo ainda mais de Mônica. A dentuçinha parecia estar feliz com seu novo namorado e isso já era o suficiente, mesmo que esse cara não fosse ele.

Estranhamente, Magali passou a evitar cada vez mais o casal durante as aulas. Mônica continuava se sentando perto da comilona, mas toda vez que batia o sinal para o intervalo ou para irem pra casa, a garota sumia em um piscar de olhos por não querer ficar entre os dois. Aquilo pareceu incomodar Do Contra, que decidiu questiona-la na próxima vez que a encontrasse sozinha.

E foi exatamente o que aconteceu no dia seguinte, Magali estava voltando do banheiro quando encontrou o garoto do lado de fora. Tentou mudar o caminho, fazendo de conta que não o viu, mas era tarde demais. Ele já tinha lhe visto.

— Fugindo? – perguntou o moreno indo ao seu encontro.

— F-fugindo de que?

— Não sei, me diz você.

— Deve ser impressão sua, DC... – disse prestes a passar, mas ele foi mais rápido e impediu.

— Magali, o que você tem?

— Ué, nada DC... eu tô normal – Magali dizia olhando para todos os lados, menos pra ele.

— Então por que tá me evitando o tempo todo?

— Eu te evitando? – se fez de desentendida. – De novo essa história?

— Sim, de novo. Toda vez que eu tento falar com você, você some, não senta mais com a gente no intervalo, e quase nem fala direito comigo... inclusive, a ultima vez que a gente teve uma "conversa" normal foi aquela noite na porta da Mônica. Me fala o que tá rolando.

— DC... – Magali disse nervosa. – Não tá rolando nada. Eu só tô um pouco... ocupada esses dias.

— Ocupada com o que?

— Coisa minha – respondeu ela tentando passar outra vez, mas ele insistia em bloquear o caminho. – DC, eu preciso voltar pra sala!

— Não antes de responder a minha pergunta.

— Já disse que é coisa minha... olha só – ela suspirou impaciente. – Me desculpa se eu tô um pouco... longe... Sério, prometo que vou estar mais presente. Tá bom assim?

— Promete? – ele arqueou uma sobrancelha.

— Sim.

— Ótimo – Do Contra suspirou aliviado. – Foi mal... é que eu sinto sua falta. Faz tempo que a gente não sai, não conversa...

— Eu sei... também sinto falta.

— Quer dizer tá tudo bem entre a gente, né?

A comilona afirmou com a cabeça, e ele sorriu.

— Vamos pra sala, então.

— Vamos.

Do Contra finalmente se afastou, deixando Magali livre.

O moreno achou que depois daquela conversa eles voltariam a ficar como antes. Na sua cabeça, seu namoro com Mônica serviria também pra eles estarem próximos já que a dentuçinha estava sempre com ela.

Pois bem, ele achou errado.

Magali seguiu distante do garoto, evitando saídas com Mônica por causa dele, dando a desculpa que não queria ficar de vela, o que nunca foi um problema na época em que a amiga namorava Cebola. Na escola era a mesma coisa, quando Do Contra tentava falar com a morena ela inventava mil justificativas para sair correndo e deixa-lo sozinho. Mônica era a única que não notava, pois com ela tudo seguia a mesma coisa, mas com o namorado... Havia uma certa indiferença, qual ele já não estava suportando mais.

[...♥...]

~ 20:59 ~

Para se distrair, só havia uma coisa que funcionava para Magali: comer.

E foi o que ela tentou fazer naquela terça-feira. Passou a tarde inteira indo inúmeras vezes na cozinha beliscar algo, mas nada ajudava. Continuava inquieta, ansiosa por algo que não sabia o que. Seus pensamentos estavam a mil e a única coisa que ela conseguia pensar era em Do Contra, e na ultima conversa que eles tinham tido há uns dias atrás no corredor da escola. Sua distância também estava lhe afetando muito, e ele não tinha ideia da falta que fazia.

Como já tinha enchido a barriga o suficiente com besteiras, sentiu que precisava perder as calorias que provavelmente ganhou naquele único dia. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, trocou de roupa, colocou seus fones, e saiu para correr. Já havia escurecido, mas esse era o momento perfeito para fazer os seus exercícios.

Correu por volta de trinta minutos, estava cansada e suando, mas não quis parar até completar pelo menos uma hora. Foi até a pracinha e deu alguns rodeios, o que foi uma péssima ideia, pois Do Contra viu quando morena chegou na praça e aproveitou exatamente aquele momento para encara-la outra vez. Dessa vez ela não tinha escapatória.

Quando ela estava prestes a fazer mais uma das suas voltas, ele apareceu repentinamente no seu caminho, ficando em sua frente. O coração da morena deu um pulo ao ver-lo.

— Magali.

— Oi DC - ela disse, parando de correr.

— Posso falar com você?

— Não queria parar agora... pode deixar pra depois?

— Não – respondeu ele, sério.

— Então deixa eu terminar essa volta e a gente conversa.

— Magali, tem que ser agora! – pediu ele autoritário, fazendo a garota parar no mesmo minuto. – Desculpa, mas o assunto é sério.

— Tudo bem, fala... – ela se rendeu, suspirando e tirou um dos fones de ouvido para poder escuta-lo.

— Eu quero saber até quando você vai ficar nessa.

— Nessa o que?

— Nessa de me evitar o tempo inteiro. Faz uma semana que você tá agindo assim, e não me diga que é impressão minha porque não é.

— Ai DC... – ela jogou a cabeça para trás, exausta. – Outra vez isso? Tá ficando repetitivo.

— Qual é o problema, Magali? A gente já tinha resolvido aquele lance do beijo, e ficamos de boa, não é? Ou não ficamos?

Só de ouvir a palavra 'beijo', a morena sentiu seu corpo inteiro esfriar. Ela não podia deixar Do Contra pensar que estava evitando-o ainda por causa daquele ocorrido. Precisa inventar alguma coisa urgente.

— Claro que ficamos!

— Então?

— Eu tô meio afastada sim de você, m-mas... mas é por causa da Mônica.

— Da Mônica? Por quê?

— Porque eu quero dar espaço pra vocês, só isso. Eu no meio dos dois, nem rola né?

— Então é esse o problema?

— É... é esse o problema, satisfeito? – disse ela começando novamente a correr parada, mas ele segurou em seus ombros impedindo-a de continuar.

— Você ainda não me convenceu, magricela...

— Mas é essa a verdade, DC. Vocês começaram a namorar há poucos dias, eu não quero ficar atrapalhando.

— Você sabe que não atrapalha em nada... e outra, a gente não liga.

— Mas eu ligo.

— Tudo bem, você não gosta de ficar de vela, beleza. Essa parte eu entendo... mas e quando eu estou sozinho, você foge de mim de qualquer jeito.

— Ahm... I-isso sim é impressão sua, tá? Agora eu preciso continuar correndo... – nem em sonhos a comilona iria continuar tendo aquela conversa. Já estava nervosa só pelo simples fato de estar ali perto dele, ser interrogada seria demais.

Magali passou pelo moreno, que não parecia nem um pouco satisfeito com a resposta. Ele nem se deu ao trabalho de segui-la, pois era rápido como um coelho, e em um piscar de olhos já tinha agarrado o braço da morena.

— Não, não é impressão minha e você sabe que não é.

— Me solta, Do Contra! E sim, é impressão! E-eu já te falei que n-não tem motivo pra você p-pensar essas coisas.

— Tá gaguejando por quê?

— N-não tô gaguejando... – Magali deu graças a deus por estar escuro o suficiente para não deixar Do Contra ver o quão corada ela estava.

— Está sim... ficou nervosa? – perguntou ele sorrindo.

A comilona respirava com dificuldade e sentia seu suor na testa escorrer ainda mais, porém ela tinha certeza que aquilo já não era mais por causa do seu exercício.

— Para de me provocar, DC – ela disse, séria.

— Quem disse que eu estou te provocando? – Do Contra não sabia porquê, mas estava gostando de ver a morena naquele estado.

— Me solta, ou eu vou gritar.

— Grita então... – disse ele, mas sua voz saiu mais baixa do que tinha planejado.

Eles estavam mais do que próximos. E a ultima vez que Do Contra se lembrou de ter-la sentido tão perto foi naquele dia... O dia que marcou as suas férias pra sempre. Sentiu o perfume da morena. Era tão doce. Tão... bom. Ele não sabia explicar, mas adorava aquele cheiro dela.

Magali tinha sua respiração veloz, seu coração estava a ponto de explodir de tão rápido que batia. Ela não estava entendendo porque ele não a soltava de uma vez e não a deixava ir. Não entendia porque estavam próximos daquele jeito. Não entendia porque não conseguia se mexer.

Quando estavam no show, ela não estava cem por cento consciente dos seus atos. Foi como se tivesse se deixado levar pelos milhões de sentimentos. Ela tinha justificativas por ter feito o que fez. Estava bêbada. Ele também estava bêbado. Tinha acabado de ver seu namorado beijando outra. Então sim, ela tinha as melhores desculpas para dar.

Mas hoje, não.

Magali sabia o que poderia acontecer se ela não se afastasse. Sabia que dessa vez, ela poderia evitar.

— DC... por fav...

Mais uma vez, Do Contra foi contra os apelos da garota. Ele não quis ouvir. Não esperou para que Magali fugisse como ela deveria realmente ter feito. Soltou o seu braço e a agarrou pela cintura. Ela não teve tempo de protestar, e talvez nem o fizesse se pudusse. Continuou lá, com as mãos paradas no ar, sem saber se deveria toca-lo ou não.

Poderia-se dizer que o que aconteceu ali, foi novamente uma atitude impulsiva dos dois, mas decerto que não. Não parecia ser. Com aquela linguagem corporal feita por Magali, Do Contra teve a certeza de que ela compartilhava do seu mesmo desejo, e isso lhe deu permissão para proceder com seu ato. Tudo pareceu se repetir exatamente como da ultima vez. O moreno sabia dos limites que não poderia ultrapassar, mas ele só queria beija-la de novo, e foi o que fez... Sentindo que era tarde demais para correr, Magali finalmente tocou lentamente em sua face, deixando as consequências pra depois.

As pessoas que passeavam na rua já não eram mais vistas nem sentidas por eles, pois entraram em trase. Entraram em um mundo só deles, onde todas as coisas que haviam ao seu redor já não eram significantes. Aquilo era tão errado, principalmente na situação em que se encontravam. Do Contra comprometido, justamente com a melhor amiga da morena, mas nem de Mônica eles conseguiam se lembrar. Magali que lutava desde cedo contra os seus pensamentos, que não a deixavam em paz, sumiram todos. Sua mente esvaziou completamente.

Os cidadãos que passavam pela praça olhavam aquela cena e alguns até sorriam admirados, achando que talvez eles pudessem ser um casal apaixonado que não se viam há muito tempo. Pois o beijo que eles presenciavam não eram acostumados a ver todo dia. Do Contra percebeu que Magali estava começando a ficar sem ar, mas ele não queria parar, não agora. A segurou por trás com mais força, porém estava ficando perigoso demais, e foi exatamente nisso que ela pensou quando o empurrou violentamente.

— Não... – ela sussurou, cobrindo os olhos com as mãos. – Não me diz que isso aconteceu de novo, por favor Do Contra...

— Er... não vou dizer, então...

— Calma Magali... – ela disse para si mesma, respirando fundo. – Só pode ser um pesadelo... você já vai acordar...

— Não contaria muito com isso se fosse você... – comentou o moreno enquanto a observava.

Abrindo novamente os olhos, a comilona lançou um olhar tão sinistro pro garoto que o mesmo se arrependeu imediatamente de ter aberto a boca. Ele poderia ter ficado quieto, ou ter dito qualquer outra coisa confortante, mas o seu nervosismo não estava ajudando, pois Magali não era a única que estava surtando por dentro. Ele tinha acabado de trair a Mônica. E o pior... com a melhor amiga dela.

Seu idiota! – gritou Magali dando-lhe inúmeros tapas. – Por que você me beijou de novo?! Por quê?! Por quê?!

— Ei, ei! Eu não beijei sozinho não, ok?

— Ai meu deus... ai meu deus... eu tô perdida... – disse com voz de choro, andando pra lá e pra cá.

— Calma, foi só um beijo...

— Só um beijo?! – Magali avançou no garoto novamente voltando a estapia-lo, e ele tentou se defender. – E você acha isso pouco?! Você está namorando! E com a Mônica! Meu Deus... A Mônica!

— Se esse é o problema, eu converso com ela e...

— O que?! – ela arregalou os olhos assustada. – Você não vai contar nada,! Pra ninguém, ouviu?! Ficou louco?

— Perai... a gente vai esconder isso da Mônica?

— É claro que sim Do Contra! Se você contar é o fim da minha amizade com ela, e se isso acontecer, é da nossa também, entendeu?!

— Calma Magali...

— Calma? Como eu vou ficar calma? Ah não, será que alguém viu isso?! – perguntou ela, olhando em volta.

— Olha... a rua tá vazia, provavelmente ninguém prestou atenção...

— Isso não podia ter acontecido... – disse ela com as mãos no rosto prestes a chorar. – Você esqueceu que foi por causa de um beijo que nossa amizade esfriou, Do Contra? Você prometeu que não íamos mais falar sobre isso, e muito menos... Argh!

— Eu sei, não era pra ter acontecido... me desculpa, sério... foi impulso – ele disse tentando se aproximar da morena. – Se isso vai te deixar mais tranquila, eu vou não vou contar nada pra ninguém... nem pra Mônica, Ok?

— É o minimo que você deveria fazer... – respondeu ela se esquivando e se virando pra ir embora.

Do Contra soltou um longo suspiro antes de fazer o mesmo. A única coisa que ele queria era voltar a se aproximar da comilona, mas depois daquilo, era exatamente o contrário que ia acontecer.