— N...

— Não ouse tentar mentir para mim — interrompo Gianna, estreitando os olhos para ela — eu te conheço.

— OK, estávamos falando sobre você — a loira levanta as mãos como quem se rende.

— Eu nem sei se quero saber o que — murmuro. Se tratando de Gianna, poderia ser qualquer coisa. Provavelmente a mais vergonhosa das opções.

— Surpreendentemente, Gianna só estava te elogiando — Hayley diz e parece sincera — e fazendo insinuações que te deixariam envergonhada, então é melhor pouparmos palavras.

Evito o olhar dos Mikaelson, que eu sei que estão em mim agora.

— Não me dê todo o crédito, lobinha — a loira revira os olhos — Hayley é a fã número dois do fã clube de Ellenora Claire.

— E com isso eu tenho no total dois fãs — sorrio falsamente animada, balançando pompoms invisíveis, como uma líder de torcida.

— Três. Não esqueça de Abac — Gianna sorri.

— Abac — repito, sorrindo sugestiva.

— Abac! — e então Gianna bate palmas três vezes rapidamente, causando um momentâneo apagão na casa.

— Quem é Abac? — questiona Niklaus.

— Por que eu fui invocado? — ouço a voz atrás de mim, claramente irritada. Me viro e desta vez Abaccus está completamente vestido, graças aos céus. Da última vez interrompemos ele no banho...

— O quê? — ouço Elijah, provavelmente surpreso.

— Você é um demônio? — Niklaus questiona a Abaccus, parecendo impressionado.

Gianna ri, eu e Hayley sorrimos. Já Abaccus se aproxima, ficando ao meu lado.

— Bom, não — responde — um bruxo. Mas essas pestinhas aqui são minhas amigas. Então temos um plano de emergência. — Ele se vira para Gianna — Você ainda não aprendeu o que é uma emergência?

— Elle te chamou também! — ela aponta para mim, então eu rapidamente agarro o braço dele, apoiando meu queixo em seu ombro e atraindo sua atenção. Ele se vira para mim, nossos rostos há centímetros de distância. Seus olhos escuros me fazem estremecer.

— Gostaria que conhecesse nossos novos companheiros — sussurro — os Mikaelson.

O brilho curioso em seus olhos me faz ficar satisfeita. Me separo dele.

— Esses são Elijah e Klaus — Hayley aponta para os dois.

— Abaccus — o bruxo acena com a cabeça para eles.

— É um prazer — Elijah diz, educado.

— Veremos isso — Niklaus comenta, seus olhos avaliadores sob o bruxo. Abaccus não recua ou fica abalado. Apenas sustenta o olhar do loiro, impassível.

— Vamos comer — anuncio e lidero o caminho.

Todos me seguem até a sala de jantar, onde a comida já está nos esperando. Me sento na ponta. Niklaus se senta ao meu lado direito, ao lado dele Elijah. Abaccus se senta ao meu lado esquerdo, como sempre, e então Hayley ao seu lado e Gianna logo depois.

— Então, como vocês morreram? – Abaccus é direto, sua voz suave.

— Um sacrifício para salvar minha sobrinha — Elijah responde.

— Nobre — Abaccus olha para eles solidário.

— E você? — Niklaus questiona.

— Derrame — Elijah parece surpreso — eu já tinha oitenta e dois. Está tudo bem.

— Velhote — brinca Gianna.

— Ah, por favor, vampira — ele revira os olhos, brincando também.

— Como estão as coisas com as vadias do mal? — a loira pergunta, mudando de assunto.

— Elas estão estranhamente agitadas desde ontem. Sussurros para lá e para cá — ele suspira dramaticamente — um saco.

— Quem são as vadias do mal? — Niklaus pergunta.

— Bruxas — respondo, sem tirar os olhos da minha comida.

— Especialmente as chefonas — completa Gianna.

— Elas são tão agradáveis como as vivas? — pergunta Elijah.

— Eu acho que vadias do mal diz tudo, irmão — Niklaus lança um olhar irônico para ele.

— Elas são bem piores do que as vivas. Elas são O Círculo — murmuro, causando um breve silêncio — um grupo dentro do grupo Os Ancestrais. Completas odiadoras! — esfaqueio a comida.

— É claro — Niklaus diz, seu tom amargo — eu esqueci que eles estão aqui.

— A ignorância é uma benção — Elijah bebe um grande gole do seu vinho — uma benção perigosa, no entanto.

— Sim, elas odeiam a família Mikaelson — Hayley diz — eu quase fui presa quando cheguei aqui. Se não fosse por eles — ela aponto para mim, Gianna e Abac — eu provavelmente estaria apodrecendo no calabouço daquelas vadias.

— Tivemos que apelar para o bom senso dos outros Ancestrais. Afinal, Hayley nasceu loba, morreu híbrida, mas não bruxa. Ela não pertencia a jurisdição dos bruxos — explica Gianna — eu tive até que chamar Jackson — ela estremece dramaticamente — e assim HayHay foi libertada das garras daquelas literalmente bruxas.

— Só de pensar em todos que estão aqui... — Elijah balança a cabeça. Eu não gostaria de estar em sua pele.

— Oh, sim — Hayley faz uma careta — vários aqui foram mortos por um Mikaelson, outros prejudicados...

— Provavelmente deve haver um culto anti-Mikaelson em algum lugar ao sul — comenta Abac.

— E é por isso que a morte de vocês é a coisa mais emocionante daqui desde... De...

— A morte de Ellenora — Abac ajuda Gianna.

Respiro fundo.

— Então, Elijah, você tem algum hobby? — mudo bruscamente de assunto em busca de alguma paz.

— Suave — ironiza a loira, mas não insiste.

— Creio que devo pensar em algumas opções, certo? Agora que estou aqui, tenho tempo — Elijah me responde.

— Certamente — dou um sorriso educado — e você, Niklaus?

— Pintura — responde secamente, provavelmente pensando no assunto anterior.

— Elle pinta também! — Gianna quase pula na cadeira, animada — vocês poderiam pintar juntos!

— Não é assim que funciona — forço um sorriso para ela, espero que deixando bem claro que está sendo inconveniente.

— Aposto que podem achar inspiração um no outro — ela me provoca e eu a faço engasgar com um aceno de mão. Hayley bate em suas costas.

— Meu hobby é organizar festas — comenta Abac em meu socorro — apesar de eu levar isso a sério. É um dom.

— Realmente — Hayley concorda — ele faz festas incríveis.

— Todos amam — sorrio para o meu amigo.

— Sabe o quê? — Abac tem um brilho no olhar que me dá um pouco de medo — vocês deveriam dar uma festa aqui.

— E por que eu deveria dar uma festa na minha casa? — levanto uma sobrancelha, confusa.

Niklaus tosse falsamente.

Minha casa — murmura. Lanço um olhar desagradável para ele. Mal chegou e já quer sentar na janela?

— Isso parece perfeito! — Gianna diz, já recuperada do engasgo — qual tema? Selva? Praia de nudismo? Oh — ela faz uma pequena pausa — por favor, me diz que finalmente vamos ter a Festa da Lingerie!

A festa dos sonhos de Gianna, em que todo mundo só veste lingerie, é algo que conseguimos adiar até agora. E, honestamente, eu nem me importo mais com isso. Só não quero festa nenhuma na minha casa.

— Não estamos fazendo uma festa — largo os talheres, olhando séria para os meus amigos. Eles enlouqueceram de vez?

— Oh, não — Abac sorri — estamos fazendo um baile.

Eles enlouqueceram de vez.