Zombie AU

As ruínas da esperança


Rapunzel Corona

— Eu estou bem – Falei sem olhar para o rosto de Jack. Nós tínhamos acabado de chegar à beira do lago. E Ronin estava lavando seu rosto. Eu respiro fundo e ainda sentia o bafo daquele garoto em mim. Eu não fui estuprada, mas ainda sim ele tocou em mim. Olhei a cena a minha frente.

Jack enchia a garrafa com água e molhava o rosto às vezes. Ronin discutia com Nod e M.C por causa da bolsa. E eu estava deitada na beira do lago com a perna dentro da água. Por sorte a bala raspou. Puxei a mochila com remédios e kit de primeiro socorros, coloquei um pano na minha boca e depois de jogar álcool na ferida, e gritar eu comecei a suturar sentindo uma grande dor.

Eu gostava muito de ler e sempre fui muito inteligente por quanta da leitura. Com 11 anos eu larguei os livros de fantasia para livros de astrofísica e medicina e então com ajuda da minha mãe me formei em enfermagem. Meu plano sempre foi trabalhar como enfermeira e com o salario pagar a faculdade de medicina.

Levantei-me puxando a mochila e indo mais pra perto dos outros.

— Hei! – Chamei atenção dos três que discutiam. Jack andou até nós e pegou a mochila da minha mão. – Ronin sente-se. Eu vou olhar os ferimentos dos dois. – Olhei para ele e para Jack. Estava meio entorpecida, mas em vez de só Ronin e Jack se sentarem, M.C e Nod também sentaram. Eles não tinham ferimento graves apenas roxos de socos. Mas, passei uma pomada para dor nas marcas.

— Você estudava medicina? – Nod perguntou e eu parei de passar pomada no peito de Ronin, e me perdi nas lembranças.

FLASH BACK ON

— Você se formou com 17 anos? – A diretora da faculdade pergunta olhando minha ficha e eu afirmo com um sorriso – Puxa! Isso é demais! Com 19 anos já quer fazer faculdade. Sua prova foi a melhor!

— Eu sempre li muito então, tirei vantagem disso não é? – Rimos e eu sabia que o motivo de ler muito era que minha mãe me trancava dentro de casa quando ia trabalhar.

FLASH BACK OFF

— Vocês vão nos contar o porquê de quase morremos para eles pegarem uma bolsa de flor? – Perguntei quando guardei o algodão e pomada. Ronin suspirou alto e pegou sua blusa, e quando a colocou resmungou de dor.

— Sentimos muito por isso. Mas, é sigilo – Ele falou.

— Sigilo? Sigilo? – Jack levantou a voz e coçou o cabelo nervoso – Minha namorada quase foi estuprada para você manter isso em sigilo! Sugiro que me conte logo ou eu vou perder a calma. – Ele falou encarando Ronin.

— Quando a epidemia começou a busca da cura também começou – M.C falava e ninguém a impedia – Durante 2 anos da epidemia eu fiquei a salva numa base militar que contia um laboratório. Minha amiga ela era a cientista chefe e descobriu uma planta que nasce na África e que o néctar misturado com certas substancia forma: A Cura da vida. – Ela falou dando ênfase – Mas, são muito detalhes de como foi criada que infelizmente eu não...

— Espera – Jack interrompeu-a – está dizendo que criaram uma cura?

— Eu fui pra África atrás da planta. – Ronin falou – Era uma possibilidade então, iriamos tentar. – Ele se levantou – Foi eu e mais alguns soldados, de acordo com o governador: o país estava limpo de infectados. Mas, não a gente. Pegamos a planta, mas um dos nossos homens estava infectado e não avisou, infectou toda a vila em que nos abrigamos e tivemos que sair às presas.

— A nossa amiga Tara, a cientista chefe – Nod explicou – Ela desenvolveu algo sim e deu certo. Só que a turma do Mandrake invadiu nossa base, com o argumento que o mundo está melhor assim, e eles então destruíram tudo, mataram o paciente que tinha a cura e a Tara – Vi Ronin abaixar a cabeça triste.

— Mas, antes ela me deu a bolsa de flor, onde tinha os soros experimentais que podem desenvolver a cura novamente e então eu, Nod, Ronin e alguns soldados estavam indo para o próximo laboratório, só que só sobraram nós três. – M.C falou.

— Próximo laboratório? – Perguntei e olhei para Jack.

— Sim – Ronin respondeu – Ao norte. Duas ou três horas daqui de carro – ele coçou os olhos.

— Sabem pelo menos se o laboratório está intacto? Ou quem trabalha lá? – Jack perguntou

— Bom, não sabemos. Perdemos contato. – Ronin falou frustrado – Só temos a localização. – Ele bateu em seu rosto – Tínhamos! O mapa estava na bolsa, com as amostras.

— Sinto muito, Ronin – M.C falou – era para eu estar protegendo a bolsa – Ronin não disse nada. Olhei para Jack que também olhava para mim. Sabia o que ele estava pensando. Era o laboratório em que estávamos e era a esperança tomando os nossos corpos e almas.

— Vou atrás deles. Sei onde fica o esconderijo deles. Vou atrás e vocês fiquem aqui. – Ronin falou voltando para estrada.

— é suicídio você ir sozinho – Nod falou seguindo ele, e todos também seguiram – Vamos com você. Vai ser melhor.

— Ronin – Ele parou já na estrada. E Jack chegou perto dele depois que o chamou – Sabemos onde fica o laboratório, e podemos pedir reforços para ir pegar a bolsa.

Estava anoitecendo e Ronin sabia que amanhã Mandrake iria queimar a bolsa com as amostras. Ele disse que uma vez sequestrou um capanga de Mandrake e torturando-o pegou informações. Informações essas que dizia que Mandrake tinha um ritual que ele queria destruir a volta do antigo mundo na noite de lua cheia.

Ronin foi chefe de segurança do laboratório e ex-combatente do Iraque. Formou-se com honras e não tinha família. Seu melhor amigo morreu no começo da pandemia protegendo o filho, o filho Nod. Ronin tinha prometido pro melhor amigo que protegeria Nod.

Nod tinha 18 anos e começou seu treinamento militar na base onde ele ficou com Ronin e conheceu sua namorada M.C de 17 anos.

M.C era abreviação de Maria Catharina, que teve a mãe morta pelo câncer e depois foi morar com seu pai cientista que já fazia pesquisa sobre conspirações do governo e uma possível cura para diabetes tipo 1. Ele achou a base do governo antes de tudo começar e fez suas pesquisas lá, até a pandemia se espalhar e mata-lo.

— Eu me formei em enfermagem – Falei respondendo a pergunta que Nod tinha me feito antes. – Queria muito fazer medicina – Ronin conversava com Jack perto do lago enquanto tentavam fazer uma fogueira.

— Você tem mãos delicadas demais para uma enfermeira – Nod comentou

— Dizem que é mão de artista. – Olhei para minha mão – Eu costumava pintar. Antes de tudo eu pintava. Meu quarto tinha lindos desenhos na parede e um deles era de um sistema respiratório. – Ri – Era meu sistema favorito. – Sorrimos. – O que gostava de fazer M.C?

— Gostava de cuidar do meu cachorro – Ela riu – Eu era muito boa com animais, sempre pensei em fazer veterinária. – Ela sorriu e eu olhei para um carro vindo na estrada.

— Jack! – Nós já tínhamos revelado para eles nossos nomes. – Acho que eles chegaram. – Jack chegou com Ronin. Uma camionete militar estacionou do outro lado da estrada. Desceram do carro Peter, Hans, Alice e Merida. Merida andou rápido e Jack e ela deram um abraço apertado.

— Pensei que você fosse a namorada dele – M.C comentou comigo.

— Ela é a melhor amiga, tá com ele desde o 5° meses do apocalipse. – Alice chegou e me abraçou, assim como Peter. Porém, não tínhamos muita intimidade com Hans que só deu um sorriso para gente. Merida me abraçou também.

— Você ta acabado, Jack – Alice comentou abraçando Jack.

Apresentamos todos e bolamos um plano para ir até Mandrake e pegar a bolsa.

— Você está melhor? – Jack apareceu de repente. Eu estava atrás de uma arvore trocando de roupa. Merida tinha trago uma calça, uma blusa e um casaco para mim, já que os meus foram rasgados. – Punzel, eu sinto muito – Não respondi. Não estava culpando ele pelo o que aconteceu ou não aconteceu. Eu só não queria falar daquilo. Mas, Jack sempre foi meio invasivo nesse quesito em que a pessoa não quer falar do problema que a ronda – Eu devia ter cuidado de você.

— Para Jack – Falei me virando quando terminei de por a blusa e comecei a por o casaco. – EU não preciso que me proteja ta legal? Eu só quero parar de pensar no que aconteceu – Ele abaixou a cabeça. – Aquele garoto tocou em mim. - Comecei a chorar e Jack tentou ir me abraçar. – Não toca em mim. – Eu levantei a voz – Eu ainda sinto a sujeira dele em mim, o bafo dele. Não quero que me toque. Não quero que ninguém me toque...por enquanto. – Sai de lá chorando e vi que o alguém curioso era Merida, que depois foi até Jack. Ignorando isso, fui até Ronin que explicava aos outros onde era o esconderijo e tirava algumas duvida sobre o plano.

Eu e Merida estávamos esperando no carro, enquanto o resto foi resgatar a bolsa. O plano era eles irem vestidos como os capangas que descobrimos que se denominam: Boggans. Enquanto o resto distrai o pessoal, M.C, Nod e Peter vão pegar a flor antes da noite chegar. O esconderijo deles era numa caverna não muito longe do ponto onde se encontrava o lago. Quase no meio entre o lago e o laboratório.

Merida e eu ficamos como cobertura. Sob uma colina com o carro e prontas para atirar em quem entrasse ou saísse que não fosse nossos amigos. E também prontas para dar partida no carro.

— Acho que você foi dura demais com ele. – Merida falou, ela estava com um fuzil parafal mirado para entrada e seu arco e flecha estavam do seu lado. – Ele também sofreu.

— Ta falando do Jack? – Perguntei com minha mosquefaal mirando também na entrada.

— Não, do papai noel – Ela bufou – é claro que é o Jack. Ele também sofre pelo o que aconteceu com você. Você é a namorada dele, Punzel. Ele se importa com você então quando você falou aquilo e gritou com ele. Você foi dura demais com ele. Não precisava disso.

— Jack é muito invasivo. Ele só tem que me dar um tempo e espaço.

— Fala serio, Rapunzel. Até parece que vocês nem estão juntos a quase 2 anos. Jack é invasivo por que perdeu a mãe e a irmã. E teve que matar as duas. Ele é invasivo por que não quer te perder também.

— Merida. Algum homem porco e violento já rasgou sua roupa e colocou a mão firme no seu peito? Um homem que você tinha certeza que se você não lutasse o suficiente depois de ele arrebentar sua calça e te estuprar, ele te mataria? Você luta e soca e arranha a cara dele, mas seu bafo e suas intenções são tão claras que você não sabe mais da onde tirar força. Você pensa em desistir mais se lembra das pessoas que você ama e o quanto você se ama e então luta muito, mas não parece o suficiente. – Eu sentia seu olhar para mim, mas eu não tirava os olhos na mira. – Eu espero que você nunca possa sentir isso, Merida. – Ela não falou nada. E eu não queria assusta-la, mas assustei.

Já tinha se passado um bom tempo, e já estava preocupada.

— Eu estou grávida. – Merida falou e eu finalmente tirei os olhos da mira. – descobri assim que vocês saíram. Eu já não estava me sentindo bem. Primeiro eu pensei numa gripe, depois cogitei por estar infectada, e então quando minha menstruação não veio que eu me liguei. – Ela parou de olhar para mira também e abaixou o olhar – Eu não queria abortar – os olhos dela encheram d’água – mas, eu não posso criar uma criança assim, não posso ficar gravida num mundo assim. – A abracei e acariciei seus cabelos.

— Talvez eu tenha pegado pesado com o Jack. – Ainda não a soltei – Eu amo ele e ele me ama. Ele também se preocupou. – Nos separamos e Merida limpou as lágrimas. Quando eu ia falar algo eu ouvi uns tiros e então voltamos para mira e vimos sombras dentro da caverna.

Alice saiu junto com M.C e Nod. Atirei em dois Boggans que saíram atrás deles e corri para o carro deixando Merida, ela iria ficar sozinha até saber que todos saíram e iria nos alcançar em um ponto caso algo acontecesse.

— Cadê o resto do pessoal? – Sentei no volante e M.C tinha a bolsa na mão entrando no carro com Alice. Nod atirou em uma cabeça morta e eu me assustei.

— Acredita que eles soltaram umas cabeças mortas? - Nod falou e entrou no carro. e logo em seguida vi Ronin, Peter e Jack saírem e começarem a discutir e Jack voltar lá pra dentro, eu sai do carro e mandei Alice pegar o volante.

— Aonde ele vai? – perguntei pro Peter e só o ouvi dizer que Jack foi pegar algo – Da partida no carro! – E então corri com certa dificuldade, pelo tiro na minha perna, fui atrás dele e atirei em duas cabeças mortas e vi-o se escondendo em um canto, fui atrás. – Você está maluco, Jack? – o puxei, ele se soltou continuando a andar.

— Vai para o carro, Rapunzel! – Ele desceu uma escada

— Não – falei brava – cadê o Hans? – perguntei preocupada e ele não respondeu – veio atrás dele? – ele não respondeu e olhou para trás.

— Tira ela daqui, Peter. Encontro vocês no ponto com a Merida. – Olhei para trás e Peter estava com a gente, ele me colocou nos seus ombros, deixando minha arma cair. Jack a pegou e saiu andando.

Por que ele voltou? Idiota.