Zodíaco

0.16 Siterwood — Capacho da Maclaine


"Ele é o que eu não quero, mas é o que eu preciso."

— Delírio Insignificante, Pauline Morris.

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As ruas se abarrotavam de pessoas, e em sua maioria, Stobyl‘s. O sol escaldante e o vento seco atípico não pareciam ser motivos suficientes para tirar a animação das pessoas que decoravam suas casas e comércios com algo relacionado ao Festival Anual dos Érintetlen.

Layla Ayla andava, com seu famoso sorriso irônico, um par de óculos de Sol, olhando fixamente para o garoto a alguns metros da mesma. Vestia um vestido que a gola se corrompia até o começo de seu pescoço, a cor do pano se destacava em plena luz do dia – um laranja insolente, como diz ela.

O garoto não parecia perceber que a Maclaine olhava-o pérfido, como se a cada momento, ele se tornaria menor e a mesma pudesse esmaga-lo como um boneco tênue. Mas ele sabia que não sofreria uma morte dessas com a tal Ayla, ela tinha algo, e esse algo sempre era implícito e arrogante. Uma das melhores características da mesma, ele concluiu.

— Como está indo, Maclaine? — pergunta, quando a mesma chega um pouco mais perto.

— Belfort. — Layla exclamou furiosa. — Não deveria estar em Prypat?

Por mania de irrita-la, o garoto chegou mais perto, sentindo a respiração acelerada da dominadora.

— Eu estava como um devido capacho deveria estar.sussurrou, com seu hálito gélido, no ouvido da Maclaine. — Mas parece que alguém enviou um grande grupo de rebeldes para matar todos de lá, e olha só; a família da pirralha sumiu.

Ela o empurrou para mais a dentro de um beco sem saída, onde ninguém ao menos levantou o olhar enquanto andava rapidamente pela rua sem se preocupar em ver uma garota dando um soco no rosto de um guarda – já que o uniforme o dedurou.

— Você tinha o dever de protege-los! De vigia-los! — enfureceu-se.

— E depois mata-los, como pediu. Não é mesmo o que queria? Que eu protegesse crianças para depois mata-las?! — rebateu o guarda, com desdém.

— Não foi isso que eu...

— Eu não trabalho mais ‘pra você, Srta. Maclaine. — ele a olhou com suas enormes órbitas azuis, bagunçando a franja com um sopro sobe aqueles cabelos encaracolados e castanhos que tinha, e continuou: — Estou ajudando o governo, na verdade, o que era o seu dever a se fazer.

A dominadora deixou seus braços caírem em volta de seus ombros, o jogando bruscamente na parede suja e fria que havia em volta do beco, mordeu o lábio inferior, olhando-o em seu quase veneta histérico.

— Me conquistar com sua maneira pacóvio é realmente um sinal que está cada vez mais putinha. — ele segurou sua mão, antes que a mesma tivesse a ideia em lhe dar um tapa na cara. Virou as posições, deixando as duas mãos da dominadora em cima de sua cabeça.

Ele era o único capaz de deixa-la sem fala, mas faze-la odiá-lo era uma das maiores características do mesmo. Ela o odiava, ele achava cômico. Talvez os dois estejam na mesma altura de durões, mas Layla sabia que era quase impossível ele admitir isso, já que o mesmo tinha o machismo de dizer que...

— Mulheres só vivem para servir. — era como se o Becker lê-se seus pensamentos. Levantou uma de suas sobrancelhas, provocando-a. — Porque estamos fazendo o contrário?

— Eu estou lhe pagando! — chutou sua coxa, talvez com muita força – do que ela pensava ter -, pois o guarda gemeu de dor, soltando-a. — Que bonitinho, pederasta, mostrando que seu poder é apenas por ter esse imundo ser abaixo de seu quadril.

— O que disse, Ayla? — ele segurou sua cintura, mesmo estando ajoelhado, sua cabeça estava na altura dos seios dela – talvez ele seja grande demais.

Ou ela pequenina demais, resmungou mentalmente.

Ela ajudou-o a levantar, sem expressão alguma.

— Vou embora.

— Não. — ele se ajeitou prontamente, ainda segurando sua cintura. Deu seu melhor sorriso cafajeste e deixou seu rosto chegar mais perto do dela. — Lembra da última vez que nos vimos?

— Quando lhe ameacei em cortar suas bolas e joga-las no Tártaro.

O Becker revirou os olhos.

— Antes disso.

A mesma congelou, tentando tirar as mãos dele de sua cintura.

— Não sei do que você está falando. —murmurou secamente.

Naquele exato momento, ela sentiu lábios frios tocarem nos dela. Com a mão direita, dominou o sangue do mesmo, mandando-o segurar fortemente sua cintura, enquanto ela levava suas mãos em sua nuca, puxando os fios de cabelo que haviam ali.

— Gosto quando tenta bancar a dominante no nosso relacionamento. — ele parou de beija-la e riu com satisfação. Tirou rapidamente de seu bolso, um mapa. Era tão estranho ajudar as pessoas, ainda mais uma persa.

— O que é isso?

— Precisamos encontrar um Contra-tempos que funcione em pleno zoológico latino. Sabia como foi difícil achar essa pedaço de papel idiota? — balançou o mapa contra Layla.

— Mas... oh, seu pedante exibido! — enfureceu. — Porque não me mostrou isso antes?

O mesmo deu nos ombros.

— Eu não tinha ganhado o que eu queria.

Revirando os olhos claros, a Maclaine pegou bruscamente o papel da mão do garoto, com expressão pensativa.

— Então precisamos achar um Contra-corpos e depois disso, iremos saber onde meus irmãos estão?

— Mais ou menos assim. — Belfort corou, hesitante.

— Vou entender isso como um “não”. — Layla ignorou o desconforto em conta-la a verdade. — Não sou boa com mapas, mas isso é...?

— St. Stephen. — ele tirou um maço de cigarro do outro bolso. — Precisamos sair daqui.

— Eu só preciso entender por que devemo ir para um... isso é um hospital?

O guarda revirou os olhos.

— Não vamos achar um Contra-corpos num hospital, na verdade, acharemos um embaixo dele. — ele forçou um sorriso e apertou o braço da dominadora. — Vamos embora, agora.

Ela já estava se cansando dele, não deveria estar ali, sabia. Mas aquilo era apropriadamente irresistível, queria saber onde estava seus irmãos, e até talvez Selene e Charlie.

— Não, claro que não. — revidou a garota. — Você deveria saber que eu não vou a lugares estranhos com estranhos.

Novamente, um sorriso cafajeste nasceu nos lábios do Becker.

— Você sabe que eu não sou um estranho, não ‘pra você. — beijou-a novamente, jogando suas costas na parede do beco, apertando com um de seus dedos a parte sensível das costelas dela.

Layla gemeu com dor no meio do beijo, e quando quis fechar os olhos tentando apreciar o pouco tempo que tinha antes de dar novamente um soco naquele guarda idiota, ouviu um grito.

— Como...?

O Becker faz um sinal para que a mesma ficasse quieta, e para sua surpresa, ela acabou ficando. Seus olhos piscaram histericamente, por fim, percebeu o olhar da dominadora, que virada, não viu o enorme corredor sujo e lamacento do hospital St. Stephen. Aquilo era mais do que o esperado.

— Precisamos explorar o local. — concluiu.

A careta indignada – tentando disfarçar o medo – da Ayla foi tão cômica, que tal como, o moreno teve que dar um leve sorriso.

— Você está mais louco do que antes, Belfort. — suspirou. — Mas me diga; por que explorar... o local?

Ele segurou seus ombros, fazendo-a o olhar, mesmo que seus olhos azuis estivessem fitando algo atrás das costas da garota.

— Existe algo muito mais poderoso do que um Contra-corpos aqui. — sussurrou. — Muito maior.