Shamon levara Tina para o lado sul do castelo onde, no fim do corredor, havia uma pequena torre. O ruivo usara uma chave diferente para abrir a porta, uma chave em forma de dragão, toda feita de prata com detalhes em rubi, mas antes de abrir a porta parou, respirou fundo e olhou Tina bem fundo nos olhos.

– Escute garota, é de suma importância que não chegue ao saber de Lúpus que estivemos aqui e que esse lugar que lhe mostrarei sequer existe. – Shamon foi firme entalhando suas palavras profundamente na consciência de Tina que apenas assentiu.

Ambos desceram uma série de escadas anexadas às paredes da torre e ao fim de todas elas chegaram num apertado espaço rente a uma parede de tijolos cinza e velhos.

– Porque me trouxe aqui? – Tina protestou ao ver que não havia nada ali além de teias de aranhas, aranhas e duas tochas apagadas – além de um casal de ratos que passou correndo e guinchando.

– Acalme-se garota... – Shamon repreendeu enquanto fitava com insistência a parede de tijolos cinza, parecia procurar algo. De repente ele retirou de debaixo de sua gola um cordão com uma cruz, parecia ter achado o que queria e logo colocou a cruz numa pequena rachadura com a sua forma. Varias partes da parede se mexeram e uma porta emergiu da parede de tijolos, uma porta que levava a mais uma remessa de escadas. Tina suspirou e seguiu Shamon corredor adentro.

Depois de mais longos minutos de infindáveis escadas, ambos chegaram a um enorme salão feito puramente de cristal. Os olhos de Tina marejaram e Shamon pareceu sentir uma nostalgia enorme atingi-lo em cheio.

– A-aqui é o salão das relíquias... – Shamon explicou apontando para algumas entradas que davam para quartos com objetos neles.

– Relíquias? – Tina perguntou caminhando na direção das entradas e logo percebeu a ausência de alguns objetos. – Não acha que tem coisa faltando? – perguntou e Shamon riu da pergunta

– Sim, digamos que essas coisas foram roubadas. – Shamon explicou chegando mais perto.

– E porque alguém as roubaria?

– Cada relíquia dessas tem um poder incoercível, cada uma se específica para uma coisa e para um propósito. – Shamon novamente explicou. – Entre as relíquias roubadas está o medalhão da morte, a lâmina escarlate, as adagas do sacrifício, e as esferas gêmeas. O resto ainda jaz aqui. – Shamon observou os quartos vazios e Tina pareceu não dar muita atenção, apenas caminhou até um quarto trancado.

– Que lugar é esse? – Perguntou e Shamon foi à direção dela.

– Esse lugar?- Shamon abriu a porta e deixou Tina entrar.

Naquela sala quadrada havia quatro paredes; numa metade havia 50 quadros com nomes e fotos de mamodos, na parede paralela a esta, estavam mais 50 quadros com nomes e fotos de mais 50 mamodos, e entre as duas uma parede branca sem nada – Sendo que a quarta e ultima ficava a porta para entrar/sair.

– Essa é a sala dos 100 quadros. Não existe um mamodo que tenha participado dessa batalha que não esteja aqui. Os que ainda resistem têm sua imagem e nome embutidos em seus quadros, mas conforme seu livro é queimado sua imagem fica preta e branca e resta apenas seu nome. Escolha um quadro se quiser testar. – Shamon sugeriu e Tina caminhou fitando quadro por quadro, entre eles havia vários nomes.

– Kido, Mia, Zophise, Brago, Worei, Karudio, Ted, Zeno... – Ia ditando os nomes até parar na frente de um que lhe chamou a atenção. – Kolulo?

– É só tocar no quadro. – Shamon mostrou tocando a borda rósea do quadro e na parede branca surgiu uma espécie de filme que resumia a vida da mamodo de cachos róseos, mas ao ver o momento em que seu livro foi queimado ficou exaltada.

– O que?! C-como pode! Porque ela deixou aquele mamodo queimar seu livro?! – Tina perguntou.

– Às vezes alguns mamodos não querem lutar. – Shamon respondeu, mas Tina não pareceu satisfeita

– Mas isso não se faz! Eu juro que se um dia eu encontrar esse mamodo eu vou acabar com ele! – Exclamou firme e Shamon riu.

Tina logo se acalmou e voltou a observar os quadros, foi quando percebeu que alguns deles estavam brancos e continham apenas os nomes dos mamodos.

– Shamon, porque esses quadros não têm foto? – Perguntou e Shamon ficou sério.

– Eu não sei, já estavam assim quando eu cheguei. – Com a resposta de Shamon Tina se calou e novamente voltou a observar os quadros quando viu algo que a surpreendeu.

– “Tia! Como você pode estar viva?!” -.

Na casa de Kiyo.

Kiyo estava sentado em sua cama com o livro de Tia em mãos e os outros livros sobre o colchão. Nazo Nazo já havia ido embora e agora Kiyo se concentrava em tentar entender o porquê daqueles livros estarem ali se já haviam queimado e o porquê de estarem com as folhas completamente vazias. De repente Kiyo sentiu a sensação de estar sendo observado e quando mirou a janela viu um mamodo de cabelos cinza claro e olhos rubros o fitando com um sorriso no rosto.

– Olá! – Saldou e Kiyo ficou pasmado. – Não se assuste, não vim atrás do seu livro. – Respondeu, mas Kiyo continuou alerta.

– Qual o seu nome?!

– Nomes não importam na batalha pela vida senhor Kiyomaro, mas vejo que respostas ajudam na hora da confusão...

– O que? O que quer dizer? – Kiyo perguntou confuso.

– Esses livros brancos não ajudarão na hora da decisão, deve procurar respostas no inicio e não no final, pare de perder tempo com o nada se o tudo está a sua frente. – Respondeu, mas Kiyo apenas ficou mais confuso. – Você quer respostas, não quer?

– É claro, mas você pode me dar às respostas que eu preciso? – Kiyo perguntou ansioso.

– Muito bem então, eis aqui o que deve fazer; Quando as engrenagens do tempo girarem e as setas do destino apontarem para o multiplicador impar de três será a hora de me encontrar no lugar onde nada se encontra, tudo se começa e tudo se termina. – E ao terminar o enigma pulou da janela sumindo da vista de Kiyomaro.

– Mas! – Antes que pudesse falar algo o mamodo havia ido embora, então se concentrou em escrever as palavras antes que esquecesse.

De volta ao castelo

– Tia... – Tina fala e Shamon se vira tentando entender o porquê da rósea ter pronunciado aquele pequeno nome.

– O que ouve?

– Nada, será que pode me treinar Shamon? Para que eu possa ser forte? – Pediu e Shamon sorriu, havia sido bem mais fácil do que imaginara.

– É claro que posso... – Respondeu e Tina sorriu agradecendo e dando-lhe um beijo na bochecha, logo saiu do quarto deixando para trás o mamodo com que estava completamente vermelho.

–... – Shamon abriu um sorriso aos poucos e logo saiu aos pulinhos de felicidade. “Ah irmãozinho... desculpe por não ajudar antes, mas agora eu estou aprendendo a amar...

Em outra parte do castelo

– Então, o que acha Venix? – O garoto de cabelos pálidos perguntou e a sombria o fitou por alguns momentos.

– Acho fácil, mas e você Sherry, está pronta para isso? – Venix perguntou e a loira – Completamente corada e fitando Zen bobamente – Pareceu não ouvir. – Bem, quem cala consente, parece que sim, então começaremos por esse mamodo, não deverá ser muito difícil. – Venix completou séria e Zen assentiu.

– Venix, posso perguntar uma coisa? – Zen se pronunciou.

– Pode... – A pálida respondeu sem muita vontade.

– Porque te chamam de mamodo da morte se você é a mamodo das sombras? – Zen perguntou e Venix respondeu quase que automaticamente.

– Porque eu mato qualquer verme que não for digno de viver, qualquer insolente que me insultar ou me deixar nervosa, qualquer mamodo que não seja capaz de sequer lutar comigo. Eu mato todos os fracos, eu sou a própria morte e não tenho amigos, porque se eu tivesse, eu os mataria, como fiz. – Respondeu firme e demonstrou frieza mortal para com as suas palavras, de maneira que um calafrio percorreu o corpo de Zen

– Então, quando iremos Venix? – Sherry interrompeu e a pálida lhe concedeu atenção.

– Agora... – respondeu segurando sua mão e sumindo com ela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.