– Presidente do Concelho estudantil? – Perguntei mais a mim mesma do que à Monoko, recebendo o silencio da outra como resposta pus-me a pensar por breves segundos. Eu nunca vi mesmo a presidente, era sempre o vice-presidente Dave* quem dava os anúncios e avisos importantes, então realmente deveria ser verdade que aquela garota de antes era nossa presidente, mas se elas duas são irmãs por que esse ar pesado apenas ao cruzarem olhares?

Saí de meus devaneios ao perceber que Monoko parecia pensar em algo com uma expressão de incomodo. Devo perguntar a ela se a algo de errado entre e ela e a irmã?

–Monoko – Falei meio receosa – Tem alguma coisa errada entre você e sua irmã?

Monoko levantou seu rosto rapidamente, pude ver novamente seus olhos ônix a me fitarem com uma expressão ininterpretável. Sua pele de fato estava mais pálida que o normal, sem duvidas há algo muito errado entre essas duas. Eu gostaria de ajuda-la, mas eu posso acabar só piorando a situação como sempre.

– N-não é nada Mado-chan, mesmo – Forçou um sorriso e em um pulo começou a andar corredor à frente me deixando um pouco para trás – Agora vamos para sala antes que o sinal toque – Apesar de ter dito isso com sua habitual animação, era evidente que esta era forçada e completamente falsa.

– C-certo - Decidi não insistir no assunto. Mas ainda ficarei atenta à irmã de Monoko, afinal ela é minha única amiga e sinto que devo protege-la como ela faz comigo.

[...]

– Vamos comer pudim! Vamos comer pudim! – Exclamava Monoko em alto e bom tom em quanto saltitava animadamente em torno de mim e Shitai-san, desta vez verdadeiramente, o que me deixava contente.

– Já entendemos, já entendemos agora cala a boca sua anã! – Exclamou Shitai-san, colocando uma das mãos em seu ouvido, na intenção e mostrar a alva que sua gritaria estava o incomodado.

– Credo, nem mesmo na saída da escola você fica feliz seu troço! – Disse Monoko enquanto parava na frente dele fazendo bico.

– Troço é você, sua assombração de Maria Chiquinha – Se contrapôs Shitai-san ao ouvir a “ofensa” da menor.

– Eeeh? – Monoko colocou suas mãos sobre as bochechas em um ato de desespero e surpresa – E-eu pareço tanto assim um fantasma? – Perguntou pegando rapidamente um espelho em sua bolsa, e fitando seu próprio reflexo com uma expressão engraçada.

– Shitai-san, que coisa rude de se dizer! – Pronunciei-me finalmente – Monoko não parece uma assombração.

– Mado-chan – Acho que ela não esperava que eu dissesse alguma coisa, ela até mesmo esboçou um sorriso de canto – Isso mesmo seu mané, pelo menos não sou eu quem parece um zumbi ambulante – Disse com convicção, apontando-lhe o dedo e Mostrando a língua.

– Ei, eu só estava brincando, não precisa me ofender também – Falou o mais alto, e sem dizer nada foi andando à nossa frente, porém parou na metade do caminho, mas ainda sem encarar-nos - Na verdade eu te acho fofa.

Não sei quanto a Shitai-san, mas Monoko no momento parecia mais um tomate com febre a um fantasma, eu só fiz rir baixo da situação. Ela balbuciou algumas palavras cujas não consegui escutar até que finalmente algo concreto saiu de sua boca.

– VINGANÇA!!! – Berrou ela para o pátio todo ouvir, me assustando e chamando a atenção de muitos outros. E fazendo uma expressão de falsa raiva avançou na direção do mais alto, que no susto do grito se virou rapidamente, mas não teve nem tempo de reagir. Quando vi Monoko já estava provocando um ataque de cocegas do moreno, e devo admitir que a risada de Shitai-san é bem... Assustadora.

Em quanto isso acontecia percebi uma presença loira, passar por nós apressada, aquela era Poniko? Sem duvidas que era ela, aqueles cabelos loiros eram inconfundíveis. Além de seus longos e lindos cabelos dourados percebi também algo incomum, ela estava... Corada? Deixei de prestar atenção em Poniko quando notei que as risadas perturbadoras de Shitai-san haviam parado. Olhei na direção dos dois e só vi uma Monoko vitoriosa e um Shitai sem forças no chão. Me lembre de nunca provoca-la além da conta.

[...]

Fomos ao restaurante ontem para comer o tão precioso pudim de Monoko, e com certeza foi a tarde mais divertida da minha vida, ainda não estou acostumada a ter amigos, então não sabia o que esperar.

– Até o intervalo Mado-chan - Disse Monoko se despedindo de mim e indo em direção a sua sala.

– Até Monoko-san – Me despedi dela e de Shitai que estava logo atrás vendo algo qualquer no celular. Não vou pra minha classe ainda Yuki-san me pediu para ir a enfermaria fazer-lhe um favor, e depois de tudo que ela fez por mim não poderia recusar de qualquer maneira.

Cheguei a frete da enfermaria e me certifiquei de checar se não haviam outros “convidados” na enfermaria a essa hora, aparentemente ela está sozinha mesmo. Entrei e vi Yuki-san preenchendo alguns papeis.

–Ah, Mado-chan obrigada por fazer isso pra mim – Recebeu-me com seu corriqueiro sorriso gentil – Preciso que leve essas fichas das avaliações de saúde para a sala dos professores, por favor.

–Claro Yuki-san, será um prazer ajudar você – Ultimamente tenho sorrido muito na presença de Yuki, que acho que ela até está se acostumando.

– Mado-chan você tem um sorriso tão lindo - disse ela em quanto me fitava com seus olhos negros, senti minhas bochechas ficarem um pouco quentes - Agora pegue esse sorriso e corra, pois logo o sinal vai tocar.

–Ah é mesmo – Ela esta certa tenho que me apressar pra entregar isso se não quiser chegar atrasada na aula – Até mais Yuki-san.

Saí correndo pelos corredores para chegar logo na sala dos professores, eu sei que não deveria fazer isso, mas a última coisa que quero é chegar no meio da aula e chamar a atenção de todos para mim. Os corredores estavam vazios, todos já se apressaram e foram para suas salas, pelo menos foi o que pensei.

– Ai! – Trombei forte com alguém assim que virei o corredor, eu caí e aparentemente a outra pessoa também, deixando todas as folhas espalhadas pelo corredor.

– A-ah m-me desculpa senhorita, v-você está bem? – perguntou-me uma voz doce, eu esfregava a minha cabeça e começava a juntar as folhas espalhadas por todo o chão.

– A-ah, s-sim está tudo bem, e-eu é que não deveria estar... - Finalmente direcionei meus olhos para a pessoa que estava caída a minha frente. Cabelos médios batendo na altura do pescoço, pele alva, olhos meigos e negros agora preenchidos de preocupação foi o que encontrei diante de mim. Quem é esse? -... Correndo no corredor - terminei minha frase pausadamente.

– Deixe-me ajuda-la com isso - Ele se agachou e me ajudou a recolher o resto das folhas que continuavam espalhadas pelo chão – Prontinho senhorita... – Se levantou e entregou-me as folhas com um doce sorriso.

– A-ah, Madotsuki - respondi colocando uma mecha da minha franja atrás da orelha envergonhada.

– Muito prazer senhorita Madotsuki, me chamo *Seccom Masada – Se apresentou estendendo-me a mão para me ajudar a levantar, meu coração acelerou quando a toquei eu devo estar no mínimo corada agora, que vergonha - Mas deixando a cordialidade de lado, a senhorita não deveria estar em sua sala!? O sinal logo irá tocar – Disse ele olhando seu relógio de pulso.

– E-eu estou ajudando Yuki-sensei com uma tarefa - Disse ainda meio sem jeito - Devo entregar estas fichas na sala dos professores.

– Ah se for assim pode deixar que eu as entrego – Sugeriu me lançando mais um de seus sorrisos, droga espero que eu não esteja parecendo um tomate febril como Monoko.

– S-sim, por favor – entreguei as folhas a ele, me curvei e apressadamente saí de lá tentando esconder ao máximo meu rosto que temo estar mais vermelho que uma pimenta.

Apressei-me para ir logo a minha sala, passei pelo corredor quase voado torcendo para não trombar com mais ninguém. Ao virar o corredor tive a impressão de estar sendo observada, deve ser só imaginação minha.

Seccom Masada, mas afinal quem era ele? Eu entreguei as folhas pra ele sem pensar duas vezes para poder sair correndo de lá em conta da vergonha, mas pensando bem ele sabia o horário de entrada dos alunos. Será que ele é um professor?

Saí de meus pensamentos em um pulo ao ouvir o sinal tocando, eu vou me atrasar. Droga vida por que você não vai com a minha cara?