Minha cabeça ainda doe por sorte meus pais não estão em casa, nunca estão. Meus pais sempre ficam fora por causa do trabalho, chegam a ficar meses sem vir pra casa, Isso é meio solitário, mas a vantagem é de quando esse tipo de coisa acontece não tenho que me preocupar com interrogatórios. Não é que eu não queira contar a ninguém, mas acho que já dou problemas de mais a eles.

– Ai! – levei o saco de gelo a minha cabeça onde havia se formado um grande galo – Muito obrigada caras-de-pássaro – Disse ironicamente a mim mesma.

Talvez eu devesse contar a alguém, mas não exatamente a um adulto isso traria muitos problemas, e eu odeio ser a causa de problemas. Se eu fosse contar a alguém teria que ser alguém com grande influência na escola, além das Toriningens a única pessoa com que eu conheço é...

[...]

– Poniko, Ei Poniko espere – Gou e Manchú corriam atrás de uma garota linda de cabelos loiros.

– Oh, bom dia Gou, bom dia Manchú – A garota de cabelos dourados cumprimentou as cara-de-pássaro com um doce sorriso.

– Er, Poniko pode nos emprestar uma grana? – Gou perguntou sorrindo e coçando a cabeça nervosamente.

– Gou, não seja tão indelicada – Manchú repreendeu a mais nova com o olhar, e direcionou as orbes frias para os azuis cintilantes da loira – Estamos com algumas... Digamos complicações e precisamos da sua ajuda, será que poderia nos ajudar?

– De novo? Hum, certo aqui está - A loira pegou sua bolsa e tirou de lá uma carteira cor de rosa, e deu uma boa quantia às duas mais altas – Mas terão que me prometer que serão mais cuidadosas.

– Pode deixar seremos mais discretas – A mais nova pegou o dinheiro rapidamente e o colocou no bolso da saia.

– Bom de qualquer maneira vamos indo a aula já irá começar – Poniko se dirigiu a entrada do colégio sendo seguida pelas gêmeas, onde se encontraram com um grupo bem grande de pessoas. Desse jeito não vou conseguir chegar perto dela.

Saí dos arbustos onde estava me escondendo, retirando um pouco das folhas do meu cabelo, esse era o único jeito de eu observar Poniko sem o risco de ser linchada pelas Toriningen novamente. O sinal tocou e tive que me apressar pra não chegar depois que o professor na sala.

Eu estou sempre sozinha apesar de tudo, eu sou muito tímida pra conversar com alguém, prefiro ficar como um *fantasma na sala de aula. As únicas que me dão alguma atenção são as irmãs Toriningen, mesmo elas sendo as únicas que eu quero que me ignorem são as únicas que notam que eu existo. Parece que a vida realmente não vai com a minha cara.

– Sentem-se, Pessoal tenho alguns avisos para dar – O professor entrou na sala e logo todos estavam nos lugares. Eu me sento na última carteira do lado da porta, então os professores também não me notam muito.

– Er... Deixe-me ver onde está – O nosso professor responsável era o professor de Ginástica. Ele é bem desleixado e atrapalhado, sempre o vejo fumando do lado de fora do colégio, sempre usando um conjunto esportivo e uma barba rala. Ele não sabe o nome de nenhum de seus alunos, sempre que vai falar com alguém o chama por um nome completamente diferente do real.

– Ah encontrei – Ele tirou de sua bolsa um maço de folhas um papel um tanto amassado – Bem é o seguinte crianças: Vocês terão um novo professor de música por que a antiga ficou gravida. Isso é tudo vamos pro ginásio.

Um novo professor no meio do ano? Não tenho muita certeza se isso vai ser bom. Todo ano em que um professor entra no meio do ano letivo ele acaba saindo em conta de alguma situação estressante proporcionada pelos alunos. As pessoas dessa escola são bem cruéis e não perdem oportunidade de serem piores ainda.

– Tudo bem, Yamanaka organize dois times e joguem o que quiserem - Ordenou o professor a um garoto da minha sala.

– Meu nome é Yatobe professor.

– Tanto faz, eu tenho assuntos importantes a tratar na sala dos professores – Dito isso o professor saiu do ginásio. Ele realmente não tem “assuntos importantes” na sala dos professores, e sim na enfermaria.

Poucos alunos sabem, mas quando ele sai assim das suas aulas ele vai pra lá pra se encontrar com a enfermeira do colégio *Yuki-san, eles tem um caso. Sei disso por que vou muito lá graças às Toriningens. Muitas vezes quando estava lá via a enfermeira conversando com o Professor de vez em quando, até que um dia ela deixou escapar que eles saiam, prometi a ela que não contaria a ninguém.

A enfermeira é uma das poucas pessoas que sabem que existo aqui no colégio, ela é muito doce e gentil comigo. Ela não é muito alta, tem cabelos negros e cumpridos e uma pele branca como a neve, ela é muito parecida com uma gueixa.

[...]

Eu não sou muito boa em esportes então prefiro ficar sentada sozinha em um canto da quadra, Poniko está sentada do outro lado do ginásio e como sempre está cercada de muitas pessoas. Ela também é muito doce embora eu nunca tenha falado com ela, está sempre sorrindo e ajudando muitas pessoas, eu me pergunto se ela sabe que eu existo, bom mesmo que ela não saiba vou mudar isso. Poniko é amiga de Gou e Manchú e tem muita influência sobre os outros alunos, não é uma professora e é muito gentil então se eu quiser que aquelas duas parem de me importunar ela é a melhor pessoa pra fazer isso.

Poniko saiu do grupo de pessoas e começou a ir sozinha em direção ao banheiro, agora é minha chance, vou falar com ela. Me levantei e comecei a andar até o banheiro.

– EI VOCÊ CUIDADO! – ouvi alguém gritando do meio da quadra, mas não pude ver quem era, pois quando me virei só pude sentir algo batendo contra meu rosto e tudo ficando escuro. A vida realmente não vai com minha cara.

[...]

Abri meus olhos lentamente, minha cabeça esta dolorida e fria a virei para o lado e com a visão embaçada pude ver uma *garota de cabelos curtos dormindo em uma maca um pouco longe de mim. Ela está coberta até o pescoço com um cobertor branco, parece um iglu.

– Oh você acordou – Escutei uma voz feminina ao lado da cama, Virei minha cabeça com um pouco de dificuldade e pude ver uma figura de maria chiquinha me lançando um olhar preocupado.

– Está se sentindo melhor Mado-chan? – Perguntou a enfermeira, Yuki-san, ajudando-me a sentar na cama.

– Eu estou bem minha cabeça só dói um pouco - sussurrei me sentando na cama e olhando com mais calma para a menina do meu lado. Ela era muito branca e tinha cabelos tão negros quanto os de Yuki.

– Eu realmente sinto muito – A garota de maria chiquinha se curvou e abaixou a cabeça em minha direção.

–A-ah não está tudo bem, foi só um acidente - Embora eu nem saiba direito o que aconteceu.

– Ei *Shitai se desculpe com ela! – A garota lançou um olhar repreendedor a um garoto que estava um tanto afastado o qual eu não tinha notado a presença até o momento.

– Foi mal – O garoto me olhou meio indiferente, assenti com a cabeça indicando que aceitava o pedido.

– SHITAI!!! – A garota foi até ele e o puxou pela orelha até perto de mim – Se desculpe direito.

– Ai! Solta *Monoko está machucando – O garoto tentava se desprender do aperto da mais baixa, mas foi em vão – Já entendi, já entendi agora me larga - Ele se ajoelhou e apoiou a testa no chão.

– ME DESCULPE POR ACERTAR UMA BOLA DE BASQUETE NA SUA CARA! – berrou o garoto chamado Shitai.

– Ei vocês dois falem mais baixo – Yuki os repreendeu apontando para a garota que dormia do meu lado.

– Nos desculpe Yuki-chan – Sussurrou a mais nova... Espera Yuki-chan? – Viu Shitai seu imbecil, até quando está tentando fazer a coisa certa faz tudo errado.

– COMO É QUE É? FOI VOCÊ QUE ME OBRIGOU! – Eles começaram a discutir, mas foi engraçado ver como a garota se dava bem com ele.

– Er, muito prazer meu nome é Madotsuki - Interrompi aquela “discussão” e me curvei – Obrigado por me trazerem até aqui.

– Muito prazer meu nome é Monoko, e esse imbecil escandaloso é o Shitai.

– Quem está chamando de imbecil sua idiota? – Shitai continuava irritado.

– Posso te chamar de Mado-chan? – Monoko se aproximou de mim e segurou minhas mãos, esperando pela minha resposta com os olhos cintilantes.

– VAI ME IGNORAR? – Shitai exclamou indignado.

– Shhhh! – Yuki chamou sua atenção novamente.

– P-pode – Respondi meio acanhada.

– Eba! Então Mado-chan quer ser nossa amiga? – Monoko perguntou com um grande sorriso no rosto. Amiga? Eu nunca tive amigos, o que eu faço? Será que eu devo aceitar? Eu nem os conheço direito, mas eles parecem ser tão legais.

– E-está Tu-tudo bem com isso?

– Claro que sim bobinha, então vai ser nossa amiga?

– S-sim – Eu devo estar mais vermelha que um tomate agora.

– Mado-chan já pode voltar pra sala, você está bem – Yuki, veio perto de mim e passou a mão na minha cabeça – Mas irá ficar com um belo galo na cabeça - Eu me levantei e nos dirigimos para a saída.

– Mado-chan – Yuki me chamou quando eu estava prestes a sair da sala depois de Monoko e Shitai-san – Fico feliz que tenha encontrado amigos – disse com um sorriso gentil no rosto.

– Eu também - Pela primeira vez retribui um sorriso, e parece que ela ficou muito surpresa com isso.

Amigos... Finalmente tenho amigos.-