Eu pensei tantas maneiras de me desculpar pelo meu atraso, mas o show dos Jonas Brothers havia acabado e eu não tinha uma desculpa plausível ainda. Ele passou por mim como se fosse qualquer um dos outros fãs. Então minutos depois Jane veio até mim e pediu para que eu acompanhasse ela. Mordi o lábio. Eu sabia o que isso significava. Temia por aquela conversa demorar demais e eu perdesse o show da minha amada Demi. Mas eu estava errado e precisava pelo menos me desculpar.

Segui ela com passos rápidos. Mas ao contrário que eu imaginava ela me levou até Carlos, o agente da banda. Carlos eram um senhor com uns 40 anos. Usava um bigode que fazia com que ele parecesse mais velho, além dos cabelos grisalhos que eram meio anos 80 demais. Ele conversava no celular e apenas fez um gesto para que eu me sentasse e Jane para que saísse. Após mais alguns minutos ele terminou e virou-se para mim entregando um tablete.

—O que é isso?

—Veja você mesmo, por favor. – disse ele, mexendo em alguns papeis.

Haviam fotos de Joe saindo do hospital, algumas saindo do prédio que pegamos o helicóptero e por fim ela me olhando diretamente, minutos atrás no show.

—São fotos. – disse por fim.

—Não apenas fotos. – disse ele. – Fotos que foram compradas de jornalistas que queriam saber o que Joe fazia no hospital ou o quem era o fã que ele olhava no show ou o para que ele alugou um helicóptero.

—Eu não entendo. – disse para ele.

—Vou ser mais claro. – respondeu ele. – Joe esqueceu quem ele é. Esqueceu que tem compromissos com a mídia. Ele nem posou para os fãs, como deveriam. Isso gerou especulações sobre ele estar saindo com alguém.

—E o que eu tenho a ver com isso? – disse para ele.

—Você não entende? – disse ele. – Joe está prestes a jogar toda a carreira dele no lixo por você.

—Amanhã vocês vão embora. – eu disse para ele. – Daqui alguns dias ele nem se lembrará de mim.

—Então ele não te contou. – disse ele sem eu saber se era para mim ou para ele mesmo.

—O que eu deveria saber? – disse para ele.

—Joe pretende tirar férias e ficar no Brasil. – disse ele. – Ele até pediu Jane para que olhasse uma casa para ele na sua cidade.

Isso fez meu coração apertar. Um misto de medo e alegria tomou conta de mim. E eu não podia deixar que aquilo me abalasse, não na frente daquele cara.

—Mas esse é o último da turnê, não? – disse para ele. Droga. Minha voz meio falha entregou que aquilo havia me pegado de surpresa.

—Não. – disse ele sem olhar para mim. – Ele ainda precisa fazer o show final em Los Angeles, onde a turnê começou, além de algumas entrevistas e apenas depois disso ele vai ter duas semanas de férias antes de começar a gravar novamente um novo clipe e começarmos o novo álbum.

—E por que eu estou aqui? – disse para ele.

—Quero saber quanto você quer?

—O que?

—Quanto quer para se afastar dele de vez. – disse ele. – Você deve ter um preço e eu não vou arriscar a carreira dessa banda, só porque ele acha que está apaixonado por você. Prefiro aturar aquele cara bebendo como nunca, do que isso.

Eu sentia meu rosto queimar, eu não conseguia ou queria acreditar que exista pessoas assim no mundo, que acreditavam que tudo se resolvia com um cheque.

—Está tão difícil assim? – disse ele. – Vamos fazer assim. – disse ele, pegando um papel e caneta e fazendo uma anotação. – O que acha desse valor.

Eu não conseguia tirar os olhos dele. Não conseguia acreditar em tudo aquilo.

—Muito baixo? – disse ele. –Vamos corrigir então, admito que você é mais complicado que o último que ele se apaixonou dois anos atrás.

Gelei. Não conseguia acreditar. Então em um movimento rápido peguei o copo de água em cima da mesa dele e joguei na cara dele.

—Isso é para você acordar. – gritei para ele. – Nem todos tem preços.

—Você fala isso agora. – disse ele. – Quero ver por quanto tempo vai suportar essa relação escondida ou pior, quando jornalistas de todo mundo começarem a investigar sua vida. Você vai se arrepender de aceitar essa quantia.

Eu me sentia zonzo. Aquelas eram informações demais. Ele havia pagado o cara que Joe havia se apaixonado para que ele não continuasse o relacionamento e pior, o cara havia aceitado. Por isso Joe era sempre tão desconfiado. Por isso que queria me mostrar que ele era melhor do que a mídia demostrava. Lagrimas se formavam nos meus olhos e eu sabia que não conseguiria ver o show, não mais. Apenas peguei um taxi e segui até o hotel.

Quando cheguei no hotel, deitei na minha cama e por horas eu fiquei assim. Estava tão perdido nos meus pensamentos que apenas percebi que Joe havia chegado quando ele chegou na porta do quarto e ficou me encarando. Ele parecia bravo, mas eu falhei em não demonstrar que as coisas não estavam bem e ele veio até mim, sentou-se ao meu lado e mexendo no meu cabelo disse:

—O que aconteceu? Ainda passando mal?

—Não. – menti. – Apenas algumas preocupações que surgiram hoje.

—Por isso que chegou atrasado? – disse ele.

—Sim. – menti outra vez, ele não precisava saber que perdi a hora porque estava conversando com Felipe. Ele então me abraçou.

—Conte-me o que aconteceu. – disse ele, brincando com minha mão.

—Não é nada que você deve se preocupar. – disse para ele.

—Se preocupa você, isso me preocupa também. – disse ele.

Suspirei, não queria mentir mais. Principalmente quando via aqueles olhos castanhos repousados sobre os meus. Eu puxei ele até mim e beijei seus lábios de uma forma intensa, como se minha vida dependesse daquilo, como se seu hálito doce fosse minha cura.

—Você nunca me beijou assim. – disse ele.

—Isso é uma coisa ruim? – eu disse para ele.

—Não. – respondeu ele. – Apenas acho que seria difícil eu querer outros beijos que não sejam tão intensos assim.

Apenas sorri e acho que aquilo foi o suficiente para que Joe não perguntasse do assunto por enquanto.

—Vamos jantar? – disse ele. –Nossa reserva está a nossa espera ainda.

Eu excitei. Pensei em todas as fotos que Carlos havia me mostrado e o medo de alguém contar sobre o restaurante ou conseguir uma foto nossa.

—O que foi? – disse ele. – Algo errado?

—Não tem medo? – disse para ele. – De alguém nos ver?

—Não vejo problema nisso. – disse ele.

—Joseph, você é uma figura pública. As pessoas iam começar a questionar quem era o cara que estava com você em um restaurante após o show.

—Não se preocupe com isso por agora. – disse ele. – Além disso temos muito o que conversar. Quero que seja um jantar especial.

Tremi. Eu sabia o que ele tinha para me falar. E eu não sabia como evitar que ele fizesse isso. Meu telefone tocou. Joe ao ver a foto, me entregou o celular e apenas saiu. Era Felipe.

—Oi Felipe. – disse.

—Como está meu paciente favorito, depois de tanta emoção? – disse ele. – Já se recuperou de ter visto nossa amada cantora nos palcos?

—Estou bem. – disse para ele. Não podia apenas dizer que não havia visto o show, então resolvi que era melhor mentir. – Eu ainda não sei dizer o que sentir depois daquele show.

—Ela conseguiu ficar mais bonita do que no último show que eu vi ela. – disse ele.

—Você tem razão. – disse para ele. – Apenas queria voltar nesse momento para poder ver de novo.

—Eu também queria. – disse ele. – Mas me conta, como está seus planos para o fim de noite? Amanhã uma hora destas você não estará mais aqui, certo?

—Sim. – respondi. – Amanhã uma hora destas eu estarei em casa.

—Foi uma pena eu ter te conhecido quando já estava indo embora e numa situação tão complicada. – disse ele.

—É...- disse, mas sem saber exatamente o que Felipe falava. Pensava em tudo que Carlos havia me falado, se Joe estava do outro lado da por – Você tem razão...

Felipe percebeu minha total falta de interesse em continuar a conversa sobre o show, sobre séries. E logo disse:

—Amanhã eu te ligo novamente, nesse horário. Pelo menos sei que ele não vai estar próximo de você, te deixando assim, com medo de falar.

—Felipe...

—Não precisa dizer nada meu anjo. – disse ele. – Apenas se cuide e boa viagem de volta. – e ele desligou.

Percebendo o silêncio no quarto, Joe voltou de banho tomado e apenas de cueca.

—Cara insistente. – disse ele, revirando os olhos. – Vamos então jantar? – disse ele.

—Acho que foi um dia longo. – disse para ele. – Seria melhor que a gente descansasse.

Ele não parecia gostar da ideia, mas não discutiu. Apenas me disse:

—Ainda temos tempo. – disse ele, então se deitou ao medo lado passando o braço sobre mim para que ficasse mais próximo a ele. E isso me fez pensar na decisão que eu tinha que tomar, uma decisão que seria ruim para mim e Joe. Mas era o melhor para ele.