Ao longo do dia Mana mostrou ter muitas habilidades com facas que ninguém nunca soube. Fez inúmeros cortes nos braços de sua prisioneira. Os cortes eram bem superficiais que nem sangrava, fazia aquilo apenas para poder ver sua amada agonizando, desejando liberdade. Recusou-se a dar qualquer tipo de alimento para seu brinquedo, permitia apenas que ela tomasse um pouco de água a cada hora para compensar a falta de alimentação.

— Você lembra-se quando fomos ver os fogos de artifícios de ano novo? Aquela noite foi linda. Naquele dia eu tive a certeza que você seria minha, e que nem mesmo meu amado irmão iria nos separar. — brincava com a alça do sutiã de sua querida amiga — Eu sempre vi no seu olhar que você nunca o amou de verdade. Pelo menos não como me amou. Seu olhar quando está com ele é diferente, é vazio. Não precisa falar nada, eu sei muito bem o que estou falando. Eu observei vocês várias vezes.

— Me pergunto onde estava com a cabeça quando gostei de você. Talvez tivesse sido por pena.

— É melhor você não tentar me irritar. Eu posso fazer muito mais que esses cortes. — disse com a voz alterada. — Enfim, vou pegar um pouco de madeira para acender a lareira mais tarde, não quero que você morra, não de frio.

Assim que Mana saiu da cabana, Inori tentou se livrar das cordas, mexeu seu punho o máximo que pôde, mas não conseguiu. Foi quando lhe ocorreu que sua faquinha estava presa dentro de sua bota, só que não conseguia mexer suas pernas. Teve a ideia de fazer a cadeira cair, assim, a faca escorregaria para fora. Seu plano deu certo, conseguiu pegar a faquinha, e rapidamente se livrou das cordas.

A bruxa voltou pouco tempo depois, trazendo alguns troncos para a lareira. Sua prisioneira estava sentada na cadeira, amarrada como ela havia deixado.

— Fico feliz que não tenha saído para passear. — soltou uma risada maligna.

Quando a caçadora se aproximou, a caça deu-lhe um golpe, agarrou seu pescoço e tentou enforcá-la. Porém, sem sucesso. A irmã de Shu conseguiu se livrar, mas a namorada de Shu foi mais rápida, pegou um pedaço de madeira atingiu a cabeça dela, que caiu desacordada.

Inori não teve medo e correu para a floresta. Mana estava caída no chão gemendo de dor. A vocalista do EGOIST corria em direção oposta da cabana. Adentrava em uma parte da floresta em que as árvores cresciam altas e os arbustos formavam uma muralha ao redor delas. Pulou alguns troncos podres caídos. Diminuiu a velocidade ao chegar perto de uma árvore alta, a maior dali, com cerca de 15 metros. Observou os sons ao redor, procurando algum sinal de sua rival. Abaixou e escondeu-se numa fenda no tronco. Tirou a presilha do cabelo rosa, pressionou um botão ao centro que piscou, emitindo uma luz avermelhada. "Sejam rápidos!", cochichou ela para si mesma. Deu um beijo no enfeite de cabelo e o colocou no lugar de origem. Procurou por sua faquinha no interior de sua bota, ela havia sumido, talvez tivesse caído na briga. Não ficou muito tempo ali, seguiu uma nova direção, subindo em algumas pedras até chegar a um largo riacho que cortava a floresta em duas. Lavou o rosto nas águas, bebeu um pouco também; atravessou até a outra margem e se escondeu entre os arbustos que cresciam alto, sempre ouvindo os sons ao redor para saber se era seguida. Olhava para o céu esperando alguma coisa acontecer.

Do outro lado da margem surgiu, misteriosamente, Mana. Parecia que ela podia sentir o cheiro de sua caça. Ela examinou o chão procurando algum rastro recente. Carregava em punho uma pequena faca, ela estava disposta a levar seu brinquedo para casa a qualquer custo. De repente ela achou alguma coisa no chão, agachou-se e recolheu o objeto.

Inori não esperou para ver o que aconteceria, correu para dentro da floresta e seguiu rio abaixo. Não se afastou muito de onde estava, só o suficiente para despistar a caçadora. A garota de cabelo colorido escalou umas altas pedras, tentou pular para uma maior, porém escorregou. Caiu de joelho, gemeu um pouco, mas abafou os gritos com as mãos. Não demorou muito, o joelho logo ficou inchado. Mancou por um longo tempo até voltar à margem do rio, procurou por sinais de sua amiga; tentou atravessar o rio, entretanto, sua perna não ajudou muito, teve medo de escorregar novamente e ser levada pela correnteza. Saiu da água, encostou numa árvore.

— Achou que iria muito longe? — disse Mana, surgindo através dos arbustos.

Deferiu um golpe de faca na barriga de Inori, que caiu de joelhos gritando de dor, ela tentou se levantar, mas a loira deu a chute para que permanecesse no chão.

— Aí é seu lugar, no chão, na lama, aos meus pés. — disse sorridente. Pisou no ferimento de sua caça que estava desamparada. — Não tente se mover, você está um pouco debilitada. — disse para sua ex-namorada. — Não quero te machucar mais. Minha boneca deve ser perfeita.

Então a caçadora segurou as mãos de sua caça e com delicadeza lhe deu um demorado beijo nos lábios.

— Vai pro inferno!

— Iremos juntas.

Mana arrastou seu brinquedo e amarrou suas mãos ao tronco de uma árvore, para que ela não fugisse. Deslizou a faca pelo corpo de sua amada, querendo saber qual parte deveria cortar. Fingiu que ia cortar a língua dela, uma vez que estava muito malcriada. Porém, não era só fingimento, cravou a faca embaixo da clavícula de Inori que gritou. O sangue escorreu por sua roupa, sujando o chão de vermelho escuro.

Um endlave surgiu e tirou a irmã de Shu de cima da menina do cabelo rosa. A segurou pelo pescoço, mantendo-a suspensa no ar.

— Inori! Inori! Você está bem? — a voz de Ayase saiu do robô.

— Sobre... Viverei. — disse.

A caçadora se sacudia, querendo se livrar. Ayase a jogou, com muita força, nas pedras do outro lado do rio, o barulho de ossos quebrando ecoou pela floresta quando o corpo atingiu as pedras. Tsugumi saiu de atrás de uma árvore, trazia na mão uma maleta de primeiros socorros. Pingou um liquido lilás nos ferimentos, que cicatrizaram instantaneamente.

— Tem mais algum ferimento? — perguntou

— Meu joelho está um pouco inchado.

A enfermeira de orelhas de gato passou um líquido transparente no local.

— Melhorou?

— Muito! Obrigada!

Logo, uma dúzia de funerários saiu de dentro da mata para proteger a menina do EGOIST.

— Onde está a procurada? — perguntou um dos funerários.

— Está... Estava ali — apontou para o lugar onde o corpo de Mana havia caído. — Ela fugiu.

Dois soldados desceram ao longo do rio, procurando o corpo. Outros dois procuravam nas redondezas. Contudo, nada foi encontrado, nem mesmo a faca que ela portava.

—Vamos sair daqui.

Andaram até uma clareira, no meio da floresta, onde uma nave de porte médio estava. As meninas logo se sentaram e colocaram o cinto.

— Por que ela fez isso com você? — perguntou Ayase.

— Eu não sei.

Todos cochichavam sobre o motivo, criando teorias loucas e mirabolantes. Alguns afirmavam que ela nunca bateu bem da cabeça, que era louca, que tomava remédio controlado. Que era esquizofrênica, que já havia matado uma pessoa. Àquela altura Inori nem se importava com mais nada nem com os comentários de seus amigos nem com o fato de Mana estar desaparecida. Em breve Shu estaria de volta e ele a protegeria de quem quer se fosse.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.