No capítulo anterior...

POV JARED

Ajeitei meu smoking e virei-me para Jamie.

- Não se esqueça do combinado.

- Pode deixar, Jared. Sei o que fazer.

Então, quando me ergui novamente, tive a melhor visão de toda minha vida. Minha Melanie, junto com Jeb, preparava-se para entrar.

POV MELANIE

Eu não sabia se estava mais nervosa ou mais ansiosa. Dentro de mim havia uma mistura heterogênea desses dois sentimentos. Assim que eu e Jeb chegamos perto da saída da caverna, demos os braços e respirei fundo.

Diversas pessoas aguardavam a chegada da noiva em dois grupos repartidos de modo que entre eles houvesse um espaço suficientemente grande para servir de corredor. Encantei-me com a decoração, e mal ousei acreditar que Peg conseguira fazer tudo aquilo no deserto.

Dei um passo à frente junto com Jeb e preparei-me para entrar. Meu coração martelou forte no peito, descompassado.

Então, avistei ao fundo - em nosso altar improvisado – Jared. Ele estava mais lindo do que de costume, arrumado dentro de um smoking preto. Ele sorriu para mim assim que me viu e foi automática minha resposta ao seu gesto. E desse modo, como se fosse mágica, todo meu nervosismo se desfez em felicidade ao fitar aqueles olhos. E segui confiante em direção a ele, atravessando devagar pela areia.

Próximos ao nosso altar – feito com uma mesa e uma toalha branca que a cobria - estavam Ian, Peg, Sharon e Doc. As pessoas por quem eu passava sorriam e eu retribuía com completa sinceridade. Jeb pegou minha mão e a entregou a Jared enquanto seguia para detrás da mesa rezar a missa.

- Você está linda – Jared sussurrou em meu ouvido enquanto virávamos para Jeb.

- Senhores, senhoras, crianças – começou – hoje é um dia de extrema importância e felicidade, pois celebraremos a união matrimonial de Melanie Stryder e Jared Howe perante Deus. Um casal apaixonado que teve de atravessar diversos obstáculos para chegar até aqui, mas que jamais desistiram da força de seu amor. Então, antes de qualquer coisa, se há alguém se seja contra este casamento pronuncie-se agora ou cale-se para sempre.

Todos ficaram em silencio. Jeb prosseguiu:

- Jared, você aceita Melanie Stryder como sua legitima esposa, para ama-la e respeita-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de sua vida?

- Aceito – Jared respondeu firme e sorriu para mim.

- E você, Melanie, aceita Jared Howe para ama-lo e respeita-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de sua vida?

- Sim – Afirmei cheia de alegria.

- E eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar...

- Espera! – Jared interrompeu Jeb – Antes eu gostaria de dizer algumas palavras, se permitir.

Jeb assentiu.

- Quando eu conheci a Mel, - Ele virou-se para a plateia - mal me contive de alegria por saber que não era o ultimo humano na face da Terra; mal sabia eu que esta seria a mulher que me faria o homem mais feliz do mundo. Ela estava assustada, achando que eu era um buscador, e na hora foi mesmo apavorante, mas relembrando agora tudo o que aconteceu naquele dia chega a ser engraçado. E quando eu descobri que a tinha perdido, na minha cabeça para sempre... Posso dizer que foi a maior dor que senti na minha vida. E mesmo assim continuei lutando, sabendo que o que me movia era nosso amor. Mel, eu sempre te amei e sempre te amarei. Você me deu um novo significado para a palavra ‘’amor’’, e sei que nada que eu disser vai poder se igualar ao sentimento que tenho por você. Nós enfrentamos tanta coisa juntos e nem a dor da separação nos fez desistir, e nada nem ninguém poderá acabar com o que construímos. Então... – Jamie se apresentou a nossa frente, com uma pequena caixinha na mão. Jared pegou minha mão – Melanie Stryder, receba esta aliança como um símbolo do nosso amor.

Enquanto ele terminava de pronunciar suas lindas palavras colocava em meu quarto dedo uma aliança dourada. Eu estava chorando de emoção, e só me fazia sorrir em meio a tantas lagrimas. Peguei a outra aliança da caixinha que Jamie segurava e a coloquei no mesmo dedo de Jared, olhando em seus olhos. E me joguei em seus braços, passando meus braços – com buquê e tudo! – envolta de seu pescoço. Todos explodiram em aplausos e assovios.

- Eu te amo – Sussurrei em seu ouvido quando nos separamos. Enxuguei meus olhos e todos vieram nos felicitar com sorrisos e desejos de felicidade.

Peg foi a primeira, seguida por Ian, Kyle, Jeb, Doc, Sharon e por aí foi.

- Mel! – Jamie me abraçou com força – Finalmente, hein!

Eu tive de rir junto com ele.

- Bobo – Abracei-o apertado. Meu bebê...

- Eu desejo que vocês sejam muito felizes, Mel. E sei que serão. Eu te amo, tá?

- Obrigada, Jamie. Eu sei, e eu também te amo muito. – Sorri.

Depois de muitos abraços e felicitações, seguimos para dentro da caverna, onde faríamos uma pequena celebração na praça central.

Quando chegamos e olhei tudo aquilo, minha mão voou para minha boca e puxei o ar. Uma reação automática. Estava tudo perfeito demais! Nossa... Quando será que eu pararei de me surpreender com minha irmã? Sinceramente não imagino a resposta.

Jared apertou minha mão e olhei para trás, notando que muitos sorriam para nós.

- A Peg e o Cal foram os responsáveis por todo o material – Truddy nos disse. – Nós só ajudamos a organizá-lo.

- Está lindo – Jared disse tão surpreso quanto eu.

- Está tudo perfeito, lindo demais, mas porque não entramos, hun? – Jeb se fingiu impaciente.

E assim, nossa festa de casamento começou.

POV PEG

Era muito bom saber que depois de tanta coisa Melanie e Jared puderam ter uma festa de casamento como se ainda pertencessem ao seu mundo antigo. E é ainda melhor saber que eu ajudei em grande parte esse momento tornar-se real.

Estava linda a festa. Todos comiam e bebiam, conversavam e riam. Jared estava indo até a mesinha com as comidas e aproveitei para lhe fazer a pergunta sobre uma coisa que me deixara curiosa ao extremo.

- Jared, como você conseguiu aquela aliança?

- Tenho meus meios – Ele deu uma piscadela e lançou um olhar significativo na direção de Cal, já que Melanie estava indo de encontro a nós dois. E então eu entendi.

- Aproveitando a festa? – Perguntei sorrindo.

- Muito – Mel disse sorrindo como igual.

- Junte-se a nós, Peg – Jared convidou, estendendo seu braço. Passei minha mão por ele e partimos – os três – para um canto onde Jamie, Jeb, Sunny, Kyle e Truddy conversavam.

Jeb narrava o desfecho de uma piada qualquer e nosso pequeno grupo explodiu em gargalhadas. Então, a vertigem que sentira antes voltara e apertei minhas têmporas, fechando os olhos.

- Tudo bem, Peg? – Kyle colocou a mão em meu ombro.

Fiz que sim.

- Um pouco de dor de cabeça, nada mais. – Menti.

Aquilo vinha ficando cada vez pior. Lembrei-me do acesso de tosse que tive mais cedo. Eu mal conseguia respirar. Talvez eu estivesse começando a ficar gripada, mas o que justificaria minhas vertigens tão frequentes? Estresse, quem sabe... Mas provavelmente não era nada de mais. Se fosse até Doc o máximo que ele faria seria me dar alguns remédios, o que não seria sensato, pois eu não iria gasta-los com uma insignificante doença. Entretanto, para Doc, um médico, era de total irresponsabilidade deixar seu paciente doente, e não hesitaria em gastar nosso estoque.

Do outro lado da caverna avistei Cal e Arrepiada juntos com Doc e Sharon. Cal passara a mão envolta da cintura de Repy, de modo que eles ficassem praticamente abraçados. Sorri de leve. Era muito bom saber que tudo estava dando certo para eles, levando em conta que Arrepiada chegara às cavernas há pouco tempo.

- Atenção, pessoal! – Jeb gritou frente à mesa branca – Hora da valsa!

Jared sorriu e, pegando na mão de Melanie, guiou-a até o centro da praça, onde os dois começaram a dançar ao som da musica lenta. E então, todos estavam dançando com seus pares. Sunny e Kyle, Brandt e Violetta, Doc e Sharon, Cal e Arrepiada... Fiquei em um canto um tanto distante do centro, observando apenas. Meus olhos cruzaram em um determinado momento com os de Ian. Ele conversava com Jamie, que fora depois se juntar ao seu par.

- Gostaria de dançar, senhorita? – Perguntou cordialmente uma voz em tom de zombaria. Era Aaron.

- Claro – sorri.

A verdade era que eu nunca havia valseado anteriormente. E como experiência, tentei me manter meus pés o mais longe possível dos dele, se era que dava para fazer isso! No final, acabei me saindo bem. Pegara o jeito. Era divertido dançar, e parecia tão fácil depois que permiti me concentrar apenas na musica.

A valsa parou e começou uma – ainda no mesmo estilo – só que mais rápida. E depois diversos outros ritmos tomaram conta do “salão’’.

- Atenção, atenção! – Gritou uma voz feminina – Hora do buquê!

POV MELANIE

Há muito que eu não me divertia tanto quanto estava me divertindo hoje. Sempre gostei de dançar, e senti como se minha vida antiga tivesse ressurgido, pelo menos por uma noite. Eu estava ao lado das pessoas que amava: amigos, familiares e agora meu marido.

Anunciei a hora do buquê. Varias mulheres se amontoaram atrás de mim para ver se iriam “tirar a sorte grande”. Afinal, que milagre um buquê de noiva, não faz? Pelo menos era o que minha mãe costumava dizer.

- Todas prontas? – gritei por cima do ombro. – Vou jogar! É um... é dois... é três!

O buquê saltou de minha mão e virei rapidamente para ver quem o tinha pego. Em relance, vi as flores passar por Arrepiada e cair quase com exatidão nas mãos de Sunny. Sorri ao ver que ruborizara. Ela olhou de esguelha para Kyle e sorriu.

Lógico que não poderia faltar aqueles engraçadinhos que ficavam tirando uma com a cara de Kyle e Sunny, e tímida como era, não bastou muito para que ficasse com o rosto em tom vermelho vivo.

Jared, Ian e eu conversávamos e riamos, relembrando alguns momentos engraçados, e desejei que Peg fizesse parte do grupo.

Depois de alguns momentos, decidimos que estava na hora de cortar o bolo. Não era nada grande ou formoso como bolos de casamento costumavam ser, mas me senti eternamente grata por ter um, ainda que fosse pequeno.

Todos se juntaram em frente à mesa.

- Gostaria de propor um brinde – Começou Jared – A minha linda esposa e a todos os presentes. E gostaria também de agradecer a todos vocês por esta noite. Ficará marcada em nossas memórias para sempre.

Todos uniram seus copos em um brinde conjunto e partimos o bolo.

A música tocou alta e forte mais uma vez e fomos todos para nossa pista de dança improvisada.

Com o passar dos minutos, tudo foi se acalmando. Já devia ser horas da manha. Nossa sorte foi ter uma folga dada por Jeb, sendo a minha e de Jared prolongada. Algumas pessoas já se despediam e iam para seus quartos dormir. A noite tinha sido incrível.

POV PEG

Depois de todas aquelas danças e conversas e risos eu percebi que era fácil esquecer os problemas quando se estava com aqueles que amamos, ainda que eles caiam sobre a gente quando estamos sozinhos.

A tontura de mais cedo não voltara a apresentar sinais durante a festa, mas com o sono, senti que sua desagradável visita não tardaria muito. Por fim, acabei me despedindo de todos e comecei a andar em direção ao quarto.

Um risinho estranhamente familiar me desviou de minha rota. Alguém estava no túnel vizinho ao que dava para os quartos. Andei silenciosamente até lá e senti um bolo se formar em minha garganta ao ver que não eram nada mais nada menos que Ian e Fernanda.

Ela se contorcia e ria, atadas as mãos de Ian que a seguravam firmemente contra a parede. Eu não conseguia ver seu rosto; a última coisa que presenciei foi ele murmurar alguma coisa e praticamente arrasta-la para fora dali. Nenhum dos dois me vira, e saí depressa antes que isso acontecesse.

Nojo. Era isso que eu sentia naquele momento. Um nojo tão profundo deles dois e de mim mesma, por ter me permitido ser tão idiota e amar um homem como Ian. Continuei andando a passadas decididas para o quarto, os olhos mareando de água, quando senti meu estomago revirar uma ânsia tão forte se apossar de mim que tive de correr em direção à sala de banhos.

Agachei-me na borda do rio e vomitei tudo que tinha dentro de mim.

Quando finalmente meu estomago pareceu se aquietar, sentei-me de modo mais conveniente. Eu estava me sentindo extremamente fraca e zonza. Afastei-me da borda do rio lentamente. Eu sabia o que aconteceria a seguir, então tentei me manter o mais longe possível da água fumegante.

Não demorou muito para que eu caísse em completa inconsciência.

POV MELANIE

Fomos praticamente os últimos a sair da praça. As decorações continuavam intactas, esperando para serem retiradas ao amanhecer.

De repente, um par de mãos se instalam em minhas costas, me erguendo. Jared, comigo ao colo, rumou para nosso quarto e abriu a porta.

- Não precisa fazer isso – Protestei rindo.

Ele não disse nada. Apenas me lançou um sorriso malicioso e me colocou gentilmente de pé. Jared fechou a porta e se voltou para mim.

Meu coração batia descompassado. Senti um arrepio percorrer meu corpo no minuto em que senti suas mãos acariciando meu rosto. Fechei os olhos.

- Eu te amo, Mel.

Abri-os e deparei-me com seus olhos escuros intensos me encarando.

Então, lentamente, aproximei-me de seu rosto e uni nossos lábios. E toda a hesitação se esvaiu, dando espaço a um incêndio incontrolável que se espalhava por nossos corpos. Minhas mãos se enroscaram em seus cabelos enquanto as mãos dele envolviam minha cintura, puxando-me para mais perto.

Separamo-nos por um breve momento, implorando por ar. Meus dedos desabotoaram sua camisa e a jogaram para um canto do quarto enquanto eu explorava mais uma vez seu corpo já conhecido por minhas mãos.

Sentia os dedos de Jared percorrerem cada canto da minha pele. Suas mãos se detiveram um instante no zíper do meu vestido e por fim o puxaram, tirando meu vestido. Eu havia perdido a noção de tempo e espaço. Me sentia como se essa fosse nossa primeira vez novamente. Cada célula do meu corpo clamava por ele.

Eu não sabia como, mas quando dei por mim, estávamos deitados em nossa cama. Cada toque, cada beijo, cada suspiro era uma marca permanente.

Nossas roupas estavam espalhadas pelo chão do quarto. Deslizei minhas mãos por seu ombro, enquanto nossas bocas se moviam juntas, num ritmo só nosso.

O compasso do meu coração era o mesmo de minha respiração ofegante. Senti Jared tirar minhas ultimas roupas e fechei os olhos. Nossa noite estava apenas começando.