You're My Boomerang

Capítulo 11 - Não Mais Dependente


Alguns dias depois

O celular de Freddie tocou sobre o criado-mudo do quarto de hotel, despertando o moreno, que, num pulo, se sentou na cama e atendeu o telefonema.

—Alô - murmurou com sono.

“Queria falar comigo?”, a voz de Sam soou do outro lado da linha.

—Sam? - Freddie abriu um sorriso.

“Não, a fada do dente.”

—Sam! Eu não achei que fosse ligar.

“Se quiser, eu desligo…”

—Não! - Freddie se desesperou - Espere aí. Eu tenho algo pra te falar.

“Então fala logo porque eu tenho o que fazer.”

—Tá, eu vou direto ao assunto: me perdoa! Me perdoa por ter dito aquelas palavras para você. Eu não queria te machucar. É que eu fui pego no pulo e, talvez tentando justificar meus erros, fui um idiota com você.

Um curto instante de silêncio e Sam perguntou indiferentemente:

“Era só isso?”

—Sim… Você me perdoa?

“Vou pensar.”

Freddie suspirou meio decepcionado. Era fato que ele esperava outra reação.

“Bom, se era só isso, Benson, eu vou desligar porque…"

—Não, espera! Ei… Amigos?

“Eu não quero ser sua amiga, Freddie!”.

Sam desligou assim que disse suas últimas palavras.

Sam Puckett

O marido da Carly tem um irmão. E que irmão! O nome dele é Vincenzo e ele chegou da Itália uns dias atrás, segundo a Shay.

É verdade que, no começo, eu não fiquei muito convencida de ir num encontro duplo com ele e com Carly e Lorenzo. Eu não sou de fazer esse tipo de coisa. Além do mais, apesar de eu não contar isso para ninguém, eu nunca tive um encontro sério. O meu último encontro foi com o Benson, há pouco mais de 12 anos, se é que podemos chamar aquilo de encontro. Então acho que é normal que eu me sinta insegura.

Depois, estava o fato de que, por mais que eu tentasse esquecer, eu sou uma ex-presidiária. Eu tenho certeza que essa não é uma coisa que uma pessoa procura na outra, pelo menos, não na maior parte das vezes.

Carly disse que não era para eu me preocupar com isso. E por mais que eu saiba que ela disse isso para me tranquilizar, não posso deixar de pensar que, para ela, é fácil dizer, afinal ela é uma mulher exemplar. Quanto à mim, sem comentários.

De todas as formas, eu tentei seguir seu conselho. Arrumei-me e desci para a sala, a fim de esperar por Vincenzo. Carly e Lorenzo foram na frente de carro. A Shay achou por bem que eu fosse a sós com Vincenzo. Aquele pilantra!

Então, enquanto eu assistia a um jornal (eu não assistia, a TV estava apenas ligada), ouvi a campainha da casa soar. Levantei-me com uma pressa que eu achei desnecessária e fui atender a porta.

Eu já havia visto Vincenzo apenas por fotos. E já pelas fotos dava para ver que ele era um verdadeiro pedaço de mau caminho. Mas pessoalmente a coisa triplicava de bom.

—Sam? - ele apontou na minha direção com um sorriso largo.

—Sou eu mesma - respondi.

Eu devo ter soado como uma boba, mas a culpa não era minha, mas sim dele. Precisava ser alto, bronzeado e ter os olhos verdes? Não sei quem caprichou mais se foi a Shay por ter posto ele no meu caminho ou se foi os pais dele por tê-lo feito tão bem.

—Prazer. Sou o Vincenzo, mas você já deve saber disso - ele brincou.

—É, eu sei…

Rimos juntos.

—Tá pronta?

—Tô. Vou só desligar a TV.

Praticamente corri até o sofá e peguei o controle. Depois, apanhei meu casaco, aliás, da Carly, pois ela me emprestou, e na sequência saí da casa. Quando então cheguei no jardim, vi que Vincenzo tinha um baita de um Maserati, que ele abriu a porta para que eu entrasse.

Uma semana depois

Pense em um cara legal; pensou no Vin.

Pense em um homem gostoso; também pensou nele.

Agora, pense em um beijo gostoso; é o dele.

Eu sei que pareço iludida falando essas coisas e talvez eu até esteja iludida mesmo. Mas a verdade é que depois da noite que eu tive com ele, eu não quero saber de mais nada.

—Você parece cansada - Vincenzo disse me abraçando de lado e me dando um beijo na testa.

Estávamos deitados, nus, na cama dele, num baita AP em Seattle.

—Claro, você me cansou - falei sem economizar no tom brincalhão. - Tinha um tempo que eu não…

Mais de 12 anos para ser mais específica - pensei.

—Sério? Você foi tão bem.

Ri e o olhei nos olhos.

—Bondade sua.

De repente, enquanto trocávamos olhares, a campainha do apartamento soou e Vincenzo se levantou, vestindo a roupa dele que estava sobre uma poltrona ao lado da cama.

—Eu já volto. Deve ser o cara do AP ao lado. Ele acabou de se mudar e tinha me pedido algumas ferramentas para montar uma mesa… Ou algo assim. Ele deve ter vindo devolver.

Vincenzo me deu um selinho e saiu do quarto enquanto terminava de vestir a camisa.

Então eu fiquei ali, na mesma posição, por alguns minutos, pensando até onde eu queria ir com Vincenzo. Ele era tão legal e, ao mesmo tempo, meio que perfeito demais para mim.

Depois de alguns minutos, vendo que ele não voltava e eu estava morrendo de vontade de beber alguma coisa, me levantei, vesti minha roupa e decidi ir pegar algo na cozinha. Ele tinha me dado essa liberdade e como eu não dispenso uma oportunidade para comer alguma coisa, fui até a geladeira.

Mas no caminho, vi a porta do AP aberta e de relance vi o Vin tentando enfiar um sofá no apartamento em frente. Ri e fui até lá.

—O que você tá…

Não teve nem como eu terminar a frase, porque logo vi o Benson do lado de dentro do apartamento. Então era ele o vizinho? Só podia ser brincadeira.

—Sam? - ouvi o Benson falar lá de dentro.

Revirei os olhos e tive vontade de ir embora. Mas que saco! Será que eu não posso ser feliz com uma pessoa nem por um instante?

—Vocês se conhecem? - Vincenzo perguntou.

—Sim - Freddie respondeu com certa pressa.

Eu não falei nada. Afinal, o que eu iria falar? Que eu conhecia aquele saco de merda? Não, eu preferi ficar na minha.

—O que você tá fazendo aqui?

—Não é da sua conta, Benson. Aliás, nunca foi! - respondi com rispidez e resolvi ir embora. - Vin, eu vou nessa, tá? Depois a gente se fala.

Até a vontade de beber alguma coisa eu perdi.

Então, pra mostrar para o Benson que eu não era mais emocionalmente dependente dele, usei o velho truque do ciúmes. Beijei a boca de Vincenzo bem beijado, enquanto olhava para o nerd, que parecia ter visto uma assombração, de tão arregalados que estavam seus olhos.

Depois, fui embora. Mas quem disse que consegui passar pela recepção do prédio em paz? Antes que eu pudesse sair, ouvi passos apressados atrás de mim e quando menos esperei, senti meu corpo ser puxado na direção da garagem.

—Me solta, Benson! - me debati nas mãos dele.

—O que você tava fazendo no AP daquele cara?

—E quem te disse que eu te devo satisfação de alguma coisa?

—Eu não estou te pedindo satisfação. Eu tô apenas te fazendo uma pergunta.

Ri da cara de pau do desgraçado.

—Olha só, Benson. Não é porque a Garibalda descobriu o filho da puta que você é e te colocou para fora, que agora você pode vir tomar conta da minha vida.

Freddie ficou me encarando por alguns segundos com aquela cara de irritadinho dele - como se ele tivesse motivo para estar irritado - até que me soltou e disse:

—Tá querendo imitar a Carly e ficar com um italiano?

Cara, como eu tive raiva daquele cabeçudo quando ele disse isso. Mas me controlei. Sim, me controlei, porque eu não ia dar a ele o prazer de perceber que me irritou.

—Muito melhor do que um americanozinho de merda - retruquei olhando ele com desprezo.

—Às vezes, o produto nacional é bem melhor.

—Não é o seu caso.

Ele riu.

Eu estava com minhas costas encostadas na parede, enquanto o Benson estava em pé na minha frente. De repente, como se ele tivesse total permissão para isso, o folgado segurou meu queixo e disse:

—Eu te amo, Puckett.

—É mesmo? Legal. Que bom pra você!

Ele não ia me convencer com aquele papo mole de homem idiota.

—Eu tô falando sério, loira. Eu sei que eu errei e eu tô arrependido, mas… Não dá para eu continuar escondendo isso.

—Ué, você não precisa continuar escondendo. Mas daí eu retribuir esse seu amor… Pode ir tirando o cavalinho da chuva.

Sim, agora eu que não queria nada com o Don Juan de araque e é tão prazeroso esfregar isso na cara dele.

—Vai me trocar pelo Italiano?

—O mundo não gira ao seu redor, Benson.

—Eu só quero saber o que ele tem que eu não tenho.

—A questão é o que ele não tem.

—O quê?

—Filhos, ex-mulher e uma amante.

Freddie ergueu as sobrancelhas. Parece que eu havia tocado na ferida de alguém.

—Bom, pelo menos nós dois temos passado - Freddie murmurou se afastando de mim.

—Não acredito que você tá tocando nesse assunto de novo.

—Ué, você pode falar dos meus erros, mas eu não posso falar dos seus?

—Acontece que você é um idiota safado!

—Ah e você é uma santa. Te prenderam por engano. Eu errei sim, mas você também errou. Mas olha pra mim e vê se eu tô colocando os seus erros como condição pra te amar.

Encarei o Benson sem acreditar no que ele estava falando. No fim, só consegui dizer:

—Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

—Tem a ver sim.

—Não tem nada a ver, Freddie! E não me enche. Eu tô mesmo colocando os seus erros como condição. E daí? Vai me obrigar a te amar agora?

—Se você não quiser corresponder o que eu sinto por você, tudo bem. É o seu direito. Mas não deixe de me amar por causa dos meus erros, eu já me arrependi deles.

—Acontece, Benson, que os seus erros são o único motivo de eu não te amar mais.

Um silêncio se instalou e nós dois ficamos nos encarando. Aquela era a mais pura verdade. Eu não estava mais reconhecendo o Benson.

—Você mudou - sussurrei ao cabo de alguns segundos.

O Benson não falou nada e eu continuei:

—É verdade que eu não gosto da Camila. Se ela é chifruda, o problema é dela. Mas verdade seja dita, se você traiu ela, o que garante que você não vai fazer o mesmo comigo?

—Aquilo foi… Foi coisa do momento.

—Coisa do momento, Benson? Que porra você quer dizer com isso?

—Ela me traiu e eu dei o troco. Só isso.

Ri com escárnio. Eu não acreditava que estava acontecendo aquilo.

—Olha só, Benson. Você perdeu a graça pra mim…

Saí andando para ir embora, mas Freddie me segurou.

—O que eu preciso fazer para te convencer que eu estou disposto a mudar?

—Nada. Porque nada que você fizer vai me convencer de alguma coisa.

Soltei-me de suas mãos e continuei andando, mas ele voltou a me segurar.

—Pare de se fazer de difícil, loira.

—Eu não tô me fazendo de difícil, Benson.

—Está sim. Ou você realmente acha que combina com aquele Italiano?

—Quem dita isso não é você.

Freddie riu não sei do que.

—Um beijo e você muda de ideia.

—Se enxerga, Nerd.

—Quer apostar?

—Não vou apostar nada.

—É porque você sabe que não resiste.

Revirei os olhos. Será que era tão difícil para aquela anta entender que eu perdi o tesão nele?

—Benson, você tá ridículo.

—E você tá linda.

Ele tentou me beijar, mas eu o empurrei e apontei um dedo na sua cara, dizendo:

—Eu não quero mais saber de você, Freddie. Mas já que você é tão gostoso, não vai ter problema para encontrar outra trouxa para iludir.

—Sam.

Freddie me chamou mais eu nem quis mais saber e fui embora. Repito: ele não era mais o mesmo. E eu é que não queria correr o risco com ele de me tornar a próxima chifruda.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.